Friday, February 12, 2010

Estou a ler um livro/reportagem sobre um dos assuntos que mais me interessa e escrito da maneira que mais gosto. Ora, apesar de ser um livro deste tipo, resulta da vida inteira de um tipo e das experiências pelas quais passou o que torna impossível a sua pessoalização em determinados momentos.
Num desses mesmos momentos, o Autor fala do pai. Na verdade, fala várias vezes do pai mas, no momento a que me refiro, revela aquilo que todos reconhecemos em toda a gente mas tentamos ignorar, precisamente, nos progenitores: o dualismo e a humanidade.

Falei sobre este assunto algumas vezes com pessoas pelas quais tenho interesse e respeito. É um assunto muito ingrato e só gente que presta atenção ao que viveu é capaz de perceber a importância que isto tem.
A maioria destes amigos, tal como eu, foi capaz de apontar, exactamente, o momento em que descobriram que os seus pais (é verdade que é mais fácil em relação ao pai do que à mãe, como comprovei neste estudo nada científico) sangravam, não eram assexuados, não eram brilhantes e nem mais rápidos do que uma bala. Este momento teve uma profunda influência em todos eles e, segundo me pareceu, quanto mais tarde ocorreu mais traumático foi.

Lembrei-me deste assunto exactamente por causa do livro e do Autor ter descoberto o mesmo que nós.
O que me irrita mais nesta evidência (para alguns, é claro) é que não deveria ser surpreendente. O que nos leva a pensar que eles não somos nós? O que nos leva a crer que eles têm uma obrigação que jamais aceitariamos para nós?

Depois de voltas e voltas, parece que o pião cai sempre no mesmo sítio. Somos fracos demais. Somos avessos a agruras. Somos limitados e lidamos muito mal com isso.
Em todas as civilizações foi necessário criar (artificialmente ou não, depende sempre a quem se pergunta) imagens de castidade e de maldade. Imagens de prémio e de castigo. Uma racionalização que ultrapassou a dissertação e se tornou em mito/lenda/sobrenatural. Um instrumento de domínio de consciências que nada mais é do que o conforto de um plano divino, de uma perfeição, de um caminho para o "bem", um caminho que se for trilhado garante o que nada pode garantir.

Poderia com uma enorme facilidade falar de religião, neste momento. Não o farei...
Eles somos nós...

Wednesday, February 10, 2010

Gosto de saber das coisas mas isso nem sempre me é agradável.
Desde que me lembro, sempre defendi que quero sempre saber tudo, não admitido que me seja escamoteado nada, mesmo que pela melhor das intenções. Apesar disso, à boa maneira do olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço, evito dizer o que, na minha opinião, é irrelevante ou faça mais mal do que bem.
Sim, dois pesos e duas medidas. Sim, incoerência e, eventualmente, algum egocentrismo. Sim, não me interessa.

Um destes dias, um amigo contou-me que tinha visto uma ex minha com o seu actual. Como não mantenho contacto com as minhas ex (parece-me pouco salutar e, felizmente, não tenho um único caso no meu historial de amizades que se tornaram carnais), não sabia se esse actual era o mesmo que em tempos soube que o era.
Pela descrição que me foi feita (o nome, desconheço) pareceu-me claramente ser o mesmo e, sem nada dizer, lembrei-me que, há coisa de um mês, acho, o tinha visto engalfinhado com outra fêmea. Ok, realisticamente, isso até pode não ser nada demais, há noites em que a cerveja possui as pessoas... não é correcto nem desculpável mas é daquelas verdades que, caso seja um acto isolado, não merece ser contada (especialmente em respeito à irmandade masculina, uma irmandade em que não se precisa de conhecer os irmãos).
Acresce que ao longo destes anos que se passaram (já são bastantes), fui tendo notícias, por amigos que pensavam que me interessava, do anda desanda entre a minha ex e o seu actual.

Isto fez-me relembrar o motivo pelo qual é minha ex e não minha actual.
A qualidade menos sexy numa mulher (além de pelo em demasia) é a necessidade. A necessidade de ter alguém. A necessidade de cumprir o padrão de que, a partir de determinada data, isto tem de resultar. A necessidade de ser morno para não se queimar. A necessidade de ter um lago e não um mar.

Nunca fui um produto de consumo em massa, não fui feito para agradar.
Companheirismo não me chega, preciso de paixão.

Thursday, February 04, 2010

É engraçado olhar para trás e perceber o que no momento não se percebeu.

Depois de volvidos muitos dias do acontecimento, por vezes conseguimos olhar pelo retrovisor e ver o guião daquela história com uma enorme clareza. Como se de um filme se tratasse, ouvimos uma vez mais aquela fala que foi colocando o pavimento, vemos aquela expressão que não resultou do cansaço mas antes do enfado e, a pior das piores, descobrimos onde demos a machadada que nunca cicatrizou.

É por essas e por outras que detesto retrovisores.