Saturday, July 30, 2016

Paz Desconhecida

Dentro de mim, existem dois lobos: O lobo do ódio e o lobo do amor. Ambos disputam o poder sobre mim.
E quando me perguntam qual o lobo vencedor, repondo: O que eu alimento.
(provérbio indígena)

Ninguém manda no K!!!
- Isso dizes tu. Ninguém de fora manda em ti mas por dentro...
(diálogo com quem tinha razão)

Nunca está contente, K.
- Isso não é verdade!
Tens razão. Está contente antes, durante e um bocadinho depois.
(diálogo com quem tinha razão)

K, por que motivo não tens ninguém?!
- Simples: ninguém me quer porque ninguém está para me aturar.
Não me parece. Tu é que és demasiado exigente...
(diálogo com alguém que só tinha metade da razão)

És a pessoa mais espectacular que eu já conheci, K.
- É porque tiveste azar a vida toda. Sou um buraco negro e isso não é espectacular.
Não, não és!
(diálogo com quem não tinha razão)

Então?! Vamos fazer o quê, agora?
- Descansar, K. Descansar não faz mal...
Pois. Não sei. Eu sou o gajo que faz sempre magia, caso contrário não sei para que sirvo.
(diálogo com uma afirmação verdadeira)

Somos todos imperfeitos e, infelizmente, eu também. É uma coisa que me chateia e com a qual vivo mal.
Facto é que apesar de verdadeira, a afirmação que precede contém um dilema maior do que a simples verdade de que falta-nos sempre um bocadinho mais; a afirmação que precede indicia que sabemos que somos imperfeitos e que conhecemos e sabemos qual a imperfeição de que padecemos...e isso não corresponde à verdade.

Quantas pessoas conhecemos que encaram as suas imperfeições como virtudes? E quantas pessoas conhecemos na situação precisamente inversa?
Mais: aquilo que a sociedade qualifica como defeito será um defeito? Ou será a sociedade a olhar por si e a ver aquilo que lhe interessa e, por isso, a encaminhar-nos para a virtude que a serve mais a si que ao próprio?

Não gosto, particularmente, da sociedade e ela também não gosta muito de mim. É um caso feliz de concordância entre a matilha e o lobo. Não fomos feitos um para o outro.
Quer que eu use fato quando não é fato que quero usar;
Quer que não diga palavrões quando são palavrões que gosto de dizer;
Quer que me preocupe com a educação plástica que vendem desde cedo quando é verdadeiro que me apetece ser;
Quer que compre o carro que não quero ter para dever o dinheiro que não tenho para aparentar um sucesso que não possuo nem quero possuir;
Quer que dê valor ao que me interessa pouco e que preencha o meu vazio com palavras ocas e gestos vazios;
Quer que, também eu, seja o gajo que não se importa de levar no rabo desde que ninguém saiba.

....

Este desfasamento com a distopia em que vivemos faz com que o espelho em que me vêm distorça.

Não me apetece usar sapatos. Blasfémia.
Os outros dizem uma coisa e fazem outra. Relaxado.
Não me apetece dizer bom dia a todos que comigo se cruzam na rua. Animal.
Os outros dizem bom dia como eufemismo para vai pró caralho. Relaxado.

Percebo, enquanto escrevo, que isto parece um bocado um desabafo adolescente ou, pior, uma coisa de revolucionário mas, até nisso, estarão enganados. Distorcem.
Não tenho vontade - nem possibilidade, julgo - de mudar o mundo nem de corrigir toda esta gente que nos envolve. Sei muito bem onde estou metido e com maior ou menor custo tenho de cá andar.
O que isto é, de facto, pluraliza. Por um lado, resulta do meu mau-feitio reinante de agora; Por outro lado é mais um prego na pouca esperança que tenho na correspondência entre pensamento e palavras daqueles que me rodeiam.

.....

E é por causa deste emaranhado de palavras e frases e sentimentos e cenas que é melhor vir aqui do que mandar alguém foder pelo telefone ou rebentar a cara a alguém no trânsito.
Não se confundam: não tenho problema com nenhum dos actos descritos, o que tenho problema é com a prática de actos em momento destemperado que me pode fazer arrepender do foder que usei ou do nariz que meti para dentro.

Sou bem como muita coisa mas péssimo com arrependimento.

....e por causa de tudo isto, suponho não ser necessário deixar expresso qual dos lobos costumo alimentar.

Friday, July 29, 2016


Apanhei isto sem querer e, como o que se ouve no fundo, também me ri mas, depois, o riso torna-se trágico.
Este gajo foi o chefe do Partido Republicano no Congresso quando o Partido Republicano era maioritário. Este gajo foi um candidato - sério! - a Presidente dos Estados Unidos.

O que diz este gajo?
Não interessa o que acontece, interessa o que parece que acontece.
É muito por isso que os ataques terroristas funcionam tão bem: morrem meia dúzia de pessoas (cujo valor não desconsidero) e parece que vamos ser conquistados pelo Estado Islâmico.
Não vamos. Não vai acontecer.

É muito por isso que nós, portugueses, temos a taxa de criminalidade mais baixa da Europa (tínhamos quando vi isso) mas somos quem tem mais medo de criminalidade violenta.

Percebem?!
São estes idiotas sedentos de poder que aterrorizam as pessoas para que possam fazer o que lhes apetece ou ganhar as eleições.

Foi assim que foi permitido, nos EUA, que se torturassem pessoas.
Poderão dizer que foi justificado e o fundo do que me chateia nem é esse:
a discussão sobre a validade, ou não, da tortura em determinadas circunstâncias pode ser levada a cabo mas nunca por medo.

Não se tomam boas decisões quando se tem medo.

Thursday, July 28, 2016

Na Senda "Pouca Vontade de Fazer Cenas"

Ry em Co-Protagonismo:


Ry em Apoio:

Dr. Jon & Johnny Winter:

Podia fazer cosias piores com o meu tempo.

Abstracções e a Kim Kardashian

(mais umas linhas em que vou parecer o abraçador de árvores que não sou e em que vou terminar com vontade de me dar um carolo)

Li não sei onde que a Kim Kardashian cobra 600.000,00 para uma aparição de 1 hora num qualquer evento, valor que não contempla as despesas de viagem e a segurança exigida. Despesas que correm, também, por conta de quem a contrata.
Quando contei isto - com ar de nojo - pensou-se que estava a criticar a Kim.
Não estava.
A burra não é ela, são os outros.
Os outros é que dão tamanha importância a quem faz coisa nenhuma. Ela só alimenta, em benefício próprio.
Palmas para a Kim.

Ah, eu gostava de conhecer o Cristiano Ronaldo, ouvi há algum tempo.
Excluindo o facto de querer conhecê-lo para o malhar (há gostos para tudo...), é-me impossível entender porquê...
É um incrível jogador de futebol, o que faz sem falar, e, das entrevistas que vi, pouco ou nada mais que isso.
Presumo que o único motivo que há para o querer conhecer é o mesmo que leva alguém a pagar 600.000,00 à Kim: É famoso.
Que contributo tem o CR para a minha vida ou para quem quer que seja, além dos que ganham dinheiro com ele? Nenhum, não é?

Sublinho: não critico, de forma alguma, tanto a Kim como o CR, por ganharem o que ganham ou fazerem o que fazem. Limitam-se a beneficiar de uma sociedade que vive em likes e soundbites, uma sociedade que se esquece o que interessa por oposição ao que parece interessar.

....e daqui pulei para a Abstracção.

Coisas como a especulação financeira fazem parecer existir o que, realmente, não existe.
A Nintendo, aparentemente, subiu a sua cotação em 50% com o Pokemon Go, o que significa, em tese, que aumentou o seu valor em igual medida.
Este caso não é dos mais gritantes porque, realmente, aconteceu alguma coisa mas é impossível aferir o impacto do jogo...muito menos em 50% do valor de uma empresa;
Podemos procurar e encontrar empresas com variações diárias significativas de valor sem que absolutamente nada aconteça.
É possível e real que uma empresa de calçado veja a sua cotação subir uns quantos por cento sem que nem a sua produção nem o seu lucro conheçam o espelho disso.

É abstracto. Quem compra não vai ver, acha que vai acontecer e este achar sai muito caro, quando corre mal, porque é criar valor do ar; quando se quer converter o valor em algo palpável ele pura e simplesmente não existe.
Os crash bolsistas são, em geral, isso mesmo.

O que leva a que uma garrafa de Dom P custe 200,00€? O que leva a que uns Manolos custem 1.000,00€? O que leva a que um diamante custe 5.000.000,00€?
Nada. Além do valor imaginado que lhe é atribuído pelo mercado. 
O valor real de uma garrafa de champagne, de uns sapatos ou de um diamante é obvia e claramente inferior porque nenhum dos artigos descritos são necessários (sapatos como os que descrevi, claro).

Mas é o Dom P, o Manolo ou o diamante que trazem os likes, likes de gente que não conhecemos e que nem queremos conhecer; gente que nada é na nossa vida; gente que desliza de um lado para o outro sem prestar atenção a nada.

...mas isto, para mim, é uma luta...

Eu bebo e gosto de Dom P (ainda que não tenha prazer em fazê-lo em público) e de Manolos, ainda que menos de diamantes.
Eu - de entre quem me rodeia e sonha com todas estas merdas que não dizem nada - é que conheço os restaurantes chiques e os sapatos de gama alta e o caviar verdadeiro e os jipes feitos por encomenda e os fatos de Saville Row...

Porque estes meus gostos são privados, imagino muitas vezes que são mais reais do que os dos outros.
O meu asco pela partilha inócua do que quer que seja faz-me sentir que é um gosto adquirido e sofisticado e não uma moda que provém do que é publicitado pelas estrelas.

E, talvez, por falta de modéstia não me considero errado nas apreciações tecidas nos dois parágrafos anteriores...mas não deixo de me sentir parvo.
E parvo porque também esta minha construção é uma abstracção. As coisas descritas até podem ser por mim melhor apreciadas e apreciadas pelos motivos certos mas, independentemente de tudo isso, despindo o argumentário, continuamos a ter supérfluo.

Ah, tu achas estúpido gastar 200,00€ numa garrafa de champagne porque não ganhas mais dinheiro! disseram-me.
O problema é exactamente esse e é isso que desapareceu da mente das pessoas: Não é uma questão de quanto se tem nem de comparação nem de utilidade marginal! 200,00€ por uma garrafa do que quer que seja é um absurdo injustificável! Infelizmente, toma-se a possibilidade de adquirir como a vontade de ser parvo...

Enfim... eu que passo o dia com uma página com gajas boas aberta é que venho pregar cenas.
É que se foda.
Um gajo tem de se aceitar mas não tem de pensar que é perfeito.

Ps.
Na Utopia, do Mann, para desvalorizar as pedras preciosas estas eram dadas às crianças para brincar.
Ora, como em tudo o resto, as crianças crescem e, neste caso, quando cresceram, deixaram de querer pedras preciosas por serem pueris.
Tem graça, não tem?

Ps1.
Porque sou um gajo à frente:

Wednesday, July 27, 2016


Queria tanto...
 - K, para que querias isso?!
Para nada. Queria porque é cool!
 - Não percebo a utilidade...
Utilidade?! Mas eu lá quero merdas úteis! Sou uma máquina de lavar?!

Utilidade é chata.
É tão melhor querer-se do que precisar-se.

Ah,
e é apenas mais uma prova de que, mentalmente, tenho 2 anos, nos melhores dias.

...e por falar em coisas cool

Ah,
e só para ficar registado:
Apesar de considerar que há coisas bem piores (olá, selfie stick!):
Foda-se o Pokémon Go!

Tuesday, July 26, 2016

Apareceu, sem anunciar, um gajo que queria discutir um assunto com alguém aqui, dando-se que o assunto, em si, não seria com esse alguém mas antes com outra pessoa que não anda por cá nem está, geograficamente, por cá.
Então, alguém não o recebeu e comunicou à outra pessoa que o assunto precisava de ser tratado.

O que se passa é que esse assunto só conhece o alguém e não a pessoa, pelo que - e bem! - dirigiu-se a quem conhece.
Esta situação, ou semelhante, já me aconteceu.

Alguém acho que a pessoa vai tratar do assunto, como é sua obrigação, e eu, quando no mesmo quadro achei diferente e estava certo.

Em resumo, quanto a esta situação: people suck!

Lembrou-me, ainda assim, outra coisa sobre mim.
Eu teria recebido o gajo mas não por uma qualquer obrigação deontológica nem por ser um tipo às direitas; teria recebido o gajo porque não jogo à defesa.

É o mesmo instinto que me faz sair do carro quando me parece que pode dar merda;
É o mesmo instinto que me faz procurar gente que pode ter um problema comigo;
É o mesmo instinto que me faz pôr a jeito e não escapar.

Concedo que nem sempre é inteligente e nem sempre dá bom resultado mas eu detesto fugir.

Da experiência que fui juntando, acho que a única maneira de um problema deixar de existir sem que tenhamos de fazer nada é desaparecendo, por completo, do contexto onde se insere, ou seja, deixarmos de conviver por completo com a fonte do problema.
Fingir que ele não existe não costuma resultar.

Monday, July 25, 2016

LOSE/LOSE

Hoje tive de ir, uma outra vez, ao médico (nunca queiram ficar velhos...e nem precisam de ser tão velhos assim...) e o resultado nunca poderia ser bom.
Para cortar ao dramatismo com que se iniciou e com que se continuará, não se trata de uma doença terminal nem vão fazer um filme sobra a bravura com que enfrentei a adversidade. Não chega a ser uma paneleirice porque não é coisa pouca mas também não é uma ode à coragem.

Então,
os resultados poderiam ser os seguintes:
1. tinha uma cena;
2. não tinha uma cena.
A cena a testar e o resultado teria implicação numa outra cena, ou seja, se eu tivesse esta ela poderia ser a fonte da outra, pelo que tratar uma seria um passo no sentido de tratar a outra.
Naturalmente, se tivesse esta cena, a minha vida iria ser mais controlada e mais cuidadosa.

Percebem?!
Nunca ganharia e sabia disso à partida.
Se, normalmente, evito médicos e nunca os encaro com alento, hoje ia claramente para um matadouro e, pior dos piores, nem tive de ser arrastado.Fui a guiar.

Ora, não tenho a cena. Provavelmente tenho menos da cena em questão do que vocês porque testei abaixo da média.

Não vou ter de ter mais cuidados;
Não tenho uma solução para a cena com a qual esta poderia estar ligada.

Preferia ter...a outra apoquenta-me muito mais que esta...
Não é um dia bom. Nunca poderia ser.
Lose/Lose é um sonho!

...mas porque a vida é feita de equilíbrios, a nostalgia do Choro


e a alegria de ainda haver, bem...porcas no Mundo


K WAS HERE!


Sempre Animais...

Na tarde de Sábado, estava a conversar sobre o que nos aproxima dos animais irracionais e aquilo que podemos aprender sobre a natureza humana observando o que se passa com os outros.

O exemplo que me lembrei é um clássico: pontapear quando se está em baixo.
No reino animal, os animais feridos ou diminuídos são os primeiros a serem varridos. Há mais do que uma explicação para o efeito mas, em termos de evolução, é dito que é a forma natural de proteger os genes mais fortes e impedir a propagação dos mais fracos (como o leão que rebenta o outro para ir acasalar com a leoas e, de caminho, elimina as crias que não lhe pertencem).

Olhando à volta, a coisa entre nós não é muito diferente.
É ver os Madoff desta vida que eram os maiores e quando ficaram mancos não faltou quem os quisesse apedrejar;
É ver um gajo que é espancado por uma multidão que não teria coragem, individualmente, de o fazer;
É ver a repórter que foi violada em grupo no Egipto quando, eventualmente, a maioria dos violadores não o seria se não encorajado pela manada que feriu o animal.

fastforward para a noite de Sábado, madrugada de Domingo:

Estava relaxado num bar quando me pareceu que começou a haver uma qualquer tenção que não consegui identificar de imediato.
Quando tive ideia do que se estava a passar, tomei posição e pus-me mesmo no meio, instigando para que a tensão passasse a acção.
Lamentavelmente, algo comum: não fiz nada em concreto, coloquei-me de modo a que o risco fosse pisado. Bora, burro. Faz lá o que estás a pensar fazer que vamos ver onde esta merda acaba.

Felizmente, o gajo não foi suficientemente burro para ir nessa e acalmou quando percebeu que aquilo ia azedar e que - desse para que lado desse - não ia sair dali direito. Concedo que poderia sair mais direito do que eu - é sempre, mas sempre!, uma possibilidade - mas direito, não saía.

...e aqui estamos:

 - Vocês (as mulheres), dizem e podem até acreditar que querem gajos ponderados e que resolvem os problemas com as palavras. Homens das cavernas são horríveis!
Depois, quando o Mundo acontece, voltam para as cavernas onde andam esses horríveis seres porque o vosso cérebro reptiliano e as vossas células grita-vos que quando a merda azeda é sempre melhor estar-se segura.
É por isso que, como os leões, os homens Alpha sacam as melhores gajas. Não será uma regra infalível nem será consciente, é um imperativo com milhões de anos de evolução.

- Lembrei-me, então, do primeiro casal de Bull-Mastiffs que houve na minha cidade (acho que se escreve assim o nome da raça).
Como na maioria dos casos, o cão era manifestamente maior do que a cadela e dava-se uma coisa muito engraçada: o dono não os podia passear ao mesmo tempo.
Quando lhe perguntei porquê ele respondeu-me qualquer coisa como:
Pá...ele sozinho anda relaxado e ela, sozinha, anda mais ou menos calma, também. O problema é que quando andam os dois, ela dá o sinal daquilo que não lhe está a agradar e ele "vai tratar do assunto". Se é fodido segurar uma cadela de 45 kgs, segurar um cão de 60 é muito mais.

Sempre animais...

Friday, July 22, 2016

...Por Coincidência, Tem Que Ver Com O Anterior

Fui onde almoçar onde costumo ir e servido por 1 dos 2 empregados que me costumam servir.
Gosto de um e não gosto de outro. Fui servido pelo outro.

O outro é incompetente. Esquece-se do que quero e de como quero e, quase religiosamente, obriga-me a entrar no estabelecimento (só lá vou por causa da esplanada) para relembrar o café que pedi ou, de vez em quando, para o ir buscar.
Isto deixa-me muito irritado.

Como tenho vindo a dizer, ando há anos a praticar a paciência e a regular a agressividade.
Por conta das melhorias, não costumo fazer muito mais do que má cara ou, na passivo-agressividade que odeio, ir buscar eu o café.
Se detesto, porque faço má cara e sou passivo-agressivo?
Bem, porque a alternativa é falar e raramente sou menos que um bocado excessivo e, menos raramente, quando falo estou pronto para muito mais do que falar.
Então, entre o deve e o haver de evolução pessoal e retrocesso, opto por aquilo que entendo corresponder a evolução.

O problema é que fazer o que não quero tende a incomodar-me e, neste caso em concreto, faz-me sentir que sou um bocado manso...só que como acho que sou demasiado esquentado, pendo para comigo: não estás a ser manso. Estás a ser adulto. Para que te vais chatear?!
Mas esta ideia está sempre na cabeça.

Hoje, o gajo foi mais incompetente do que é costume e quem estava comigo também se irritou um bocado. Além de se irritar um bocado disse se te está a incomodar, reclama.
Juntando a sempre presente ideia de que estou a apaneleirar com a expressão de que deveria reclamar, a coisa ardeu um bocado.
Quando voltou com o sempre atrasado café, depois de me ter obrigado a ir relembrar, tive de falar e, como de costume, não falei fofo...nunca falo...E acho que falei demais.
O gajo ficou de olhos esbugalhados sem perceber - isto, por ser, de facto, estúpido - o que estava a acontecer.

Quem me disse que devia ter reclamado, arrependeu-se...

Ela conhece-me, deveria saber o que ia acontecer, certo?
Bem...certo. O que ocorre, ainda assim, é que pessoas normais (como ela) chateia-se um bocado e eu não. 
Ela, como muitos de nós, chega-lhe desabafar mas eu, quando abro a boca, já há muito que estou com vontade de matar;
Ela, como muitos de nós, acha que reclama e, quando com razão, a sua reclamação será ouvida e respeitada mas eu não acho isso. Eu acho que o idiota vai responder e eu vou ter lhe partir a boca.
Ela, como muitos de nós, se a coisa azeda é capaz de pensar este tipo é um anormal, não vale a pena... mas eu penso este tipo é um anormal, hoje vai aprender!

....e ela tem, talvez, 1.60mts e pesa uns 55kgs,
...e eu tenho quase 1.80 e peso uns 100 kgs.
Quando um e outro se irritam a resposta e a consequência não são as mesmas.

...e também se arrependeu porque não abri mais a boca desde o ocorrido e não abri a boca porque, como de costume, estou a pensar que o gajo abusou porque pensou que eu ia papar e, em resultado, devia ter feito muito mais do que o que fiz.

Percebem? Se eu não achasse que estava a ser manso demais é provável que não tivesse sido tão violento na primeira intervenção.

ps. quando de volta:
- Coitado. O Senhor fartou-se de pedir desculpas quando fui pagar...
Coitado a puta que o pariu! Fizesse o trabalho dele e não tinha de engrossar. Vá pedir desculpas ao caralho!

...
Uma amiga tem uma doença degenerativa fodida, ainda que esteja apenas no começo.
Numa conversa com uma terceira pessoa, disse-me esta que ela devia ter mais calma, tem muita coisa a correr ao mesmo tempo e não está enganada...o que ela não percebeu é que uma coisa decorre da outra.

A pessoa em questão, porque se sente desfavorecida (e é) em relação ao comum de nós, tende a não demonstrar incómodo ou cansaço; a resposta à fraqueza é força, uma força excessiva mas, ela, como nós, quando reage em consequência ao invés de agir tende a exagerar.

Eu sou diferente de muitas pessoas nas coisas ou na forma como se revelam algumas coisas mas, no íntimo, somos todos um bocado iguais.
Eu quero sempre ser impressionante, quando quero impressionar. Parece óbvio mas não é tanto assim...e é pouco comum porque quando não quero ser impressionante não me preocupo nem um bocado.

Trocando para tentar explicar:
1. a minha natureza é impressionar quem me interessa da forma como me interessa;
2. a minha natureza impede-me de me preocupar com quem não me interessa.

Mesmo quando estou a impressionar, o que estou, de facto, a fazer é impressionar-me por ser espectacular. É muito egoísta e narcisista, apesar de poder parecer uma outra coisa.
Só não é completamente narcisista e masturbatório porque quero que as pessoas de quem gosto fiquem contentes e faço por isso.

Win win?
Tem dias...

Thursday, July 21, 2016

...e quase a tombar...

Porque de vez em quando é preciso distrair;
Porque gosto de gajas baixas;
Porque acho que o Robbie faz bem em convidar gajas que quer comer para fazerem participações.



...e porque um gajo não se pode distrair demais:


Wednesday, July 20, 2016

Misticismo....

Foi-me contado há uns dias (alguns) que uma pessoa bem sucedida nos termos socialmente entendidos (curso superior, ganha bom dinheiro, é gira - dizem-me) queria experimentar servir às mesas e, por isso, concorreu a um part-time num restaurante para os FDS.
 - gosto disto. Pessoas curiosas e que querem fazer cenas. É verdade que fazê-lo por curiosidade dói menos do por necessidade mas, independentemente disso, a verdade é que queria experimentar e experimentou - 

Poderão pensar que isto é uma história inspiradora e seria caso se dessem duas coisas:
1. Acabar por aqui;
2. O blog não ser meu.

Então,
o namorado (agora noivo) dela conhecia este desejo mas, pelos vistos, disse-lhe eh pá, se quiseres fazer isso, pelo menos faz fora do país! (e a experiência foi mesmo fora do país)

Agora poderia bater neste retardado que temeu pela imagem que transbordaria para ele caso a namorada servisse às mesas, ainda que apenas para experimentar. A vergonha de um trabalho menor, mesmo quando feito por uma licenciada (e quantos licenciados o farão).
Agora poderia bater no retardado porque me irrita profundamente que alguns trabalhos se julguem menos dignos que outros. É repugnante e muito pequeno que nos pensemos como superiores por ter Dr antes do nome ou por ganharmos mais dinheiro.

(só por consciência: não gostava de fazer alguns tipos de trabalho mas nunca por serem pouco dignos. Não gostava e estudei para tentar fazer o que queria mas não por dignidade; foi por gosto e por vontade de tentar ter uma vida melhor.
Nada do que disse, contudo, atenta contra a dignidade de uma profissão)

Mas...piora!!!
O que faz este tono que se sente afectado por trabalho menor?
É operário fabril e carrega pnéus de um lado para o outro.
Percebem como isto entra na dimensão do incompreensível?
Ele não é CEO de merda nenhuma nem médico de coisa alguma;
Ele não ganha milhares de euros por mês nem olha para uma garrafa de Mumm e diz quero uma caixa.
Nestes dois cenários, seria um idiota pedante.

No cenário em concreto, pensando que um operário fabril carregador de pnéus é muito mais qualificado que uma empregada de mesa...especialmente quando esta! empregada de mesa ganha bem mais que ele e é bem mais qualificada que ele, é só muitíssimo estúpido.

Mas, mesmo que assim pareça, não foi por causa do descrito que me lembrei desta história e o motivo principal vou resumi-lo porque já me cansei:

Servir às mesas onde se possa saber, NUNCA.
Onde possa passar despercebido, TUDO BEM.

Não interessa se se é corno, interessa se os outros sabem que se é corno;
Não interessa se se leva no rabo, interessa se os outros sabem que se leva no rabo;
Não interessa se se é uma besta, interessa se os outros sabem que se é uma besta.

...e depois de destilado o veneno:

Tuesday, July 19, 2016

Coisas Com Graça...

(sim, o Inferno continua, pelo que preciso de fazer cena diferente.
Sofram!)

Não gosto de compras...
Pode parecer demasiado generalizado mas a minha resposta, se perguntado, será esta: não gosto de compras! E não é de algum tipo de compras é de todas as compras.
Vou a um super-mercado, não gosto;
Vou a uma loja de roupa, não gosto;
Vou a uma sapataria, não gosto;
Vou a um Shopping, tenho vontade de matar ou morrer.

Acontece que o que acabo de dizer não é completamente verdade; é verdade para a esmagadora maioria das vezes mas não para todas as vezes.
Gosto de ir a super-mercados para comprar cenas fixes: vinho, whiskey, condimentos, temperos, carne de tipo x, entradas do tipo y...só que muitas das vezes é preciso comprar papel higiénico e líquido da louça e guardanapos e todas as merdas que detesto porque apesar de entender a utilidade não me dão qualquer prazer.

Eh, pá...falar de sapataria é um bocado específico, K!
Pois é. Papei isso ontem.

Não é que eu não goste de colaborar quando me pedem a opinião mas gosto de colaborar durante um curto espaço de tempo. O estas calças fazem-me gorda levam os meus olhos para a nuca, algo que é manifestamente visível.
Sapatos, é pior.
Não gosto de pés e detesto sapatos (neste preciso momento não tenho um único par).

Ora,
passadas duas lojas sem nada que goste, comecei a ver tudo vermelho.
DETESTO COMPRAS, não é?

Bem...
Acabei por entrar numa de que gostei. Não gostei um bocado, gostei. Não me importei de lá estar.
Porquê?
Porque como tenho prazer ao ir ao super-mercado para comprar coisas que considere cool, o mesmo acontece com quase tudo o que me rodeia.
No caso dos sapatos, por exemplo: eu não gosto de pés e não gosto de sapatos mas aprecio tudo o que é bonito e nenhum objecto ou prédio ou carro está imune a isso: a beleza agrada-me.

Só para que percebam - e possam gozar a minha falta de gosto (não tenho falta de gosto, só para atestar!) -, aqui fica o que vi ontem e pensei: hmm...sim. Gosto disto!



Monday, July 18, 2016

MIMO

Como tem sido bom de ver, o tempo anda apertado e nem deveria vir aqui mas um gajo precisa de desopilar.
Este FDS que passou fui, meio contrariado, por cansaço, ao MIMO à Amarante.

Sexta, Gismonti;
Sábado, Hamilton da Holanda.

Por falta de tempo, contarei, apenas, o momento que mais me marcou a memória:

Estava bastante gente para ver o Gismonti, coisa que, à partida, me agradou. Acresceu que o centro histórico de Amarante é muito bonito e o palco para ele foi lá montado (especificamente para ele, depois desmontou-se).
Ora, 
a dada altura, ele veio falar-nos e disse que ia tocar mais umas duas ou três e que a primeira dessas duas ou três seria Miudinho do Villa Lobos...e o pessoal irrompeu em festejo e aplauso.
Quando estou no meio de público que se excita quando vai ouvir Villa Lobos sinto-me em boa companhia, havia muita gente que não tinha ido por ser de borla mas por ser o Gismonti.

Fiquei contente.

...e aqui fica o Miudinho.
Não é uma versão daquilo que ouvi, foi mesmo o que ouvi. Estava lá.


Tuesday, July 12, 2016

O Que Diz Isto de Mim?!

I

Quando procuro lugares para visitar ando atrás - obviamente - daquilo que me interessa. É o mais importante, o fundamental.
Há, no entanto, uma outra coisa que nunca é esquecida: a Popularidade.

Em tempos passados, andei a ver as Ilhas espanholas e descartei, de imediato, Ibiza e Palma de Maiorca.
Ibiza, porque não gosto de purpurinas e de música electrónica non stop (os sunsets com DJ são pior que o cancro);
Palma de Maiorca, porque já conheci Benidorm e preenchi a cota de bifes bêbedos.

Na altura, sobrou Menorca.
No entretanto, Menorca começou a ser publicitado e objecto de promoções, o que levou a que as ordas começassem a pulsar nessa direcção.

Há umas semanas: K, o que me dizes a Menorca? 7 noites por X, em tudo incluído.
Respondi Não sem qualquer tipo de hesitação.
TI, não. Clausura de Hotel nunca me atraiu;
Menorca, agora, para onde toda a gente vai, não obrigado.

Poderia, agora, ser um gajo à frente e dizer que não gosto de turistada. O que quero é ir para o mais virgem e local possível e não para a ementa turística.
Ora,
é verdade. Sou um gajo à frente. Tudo o que transcrevi é real. 
Acresce uma outra, menos evoluída: eu não quero ir para onde toda a gente vai. Não se trata de turistada. Não se trata de virgindade. Trata-se, também, de não querer ir para um lugar que é comum aos outros.

Eu sou especial.
O lugar precisa de ser especial.
O comum não é especial.

É um bocado ridículo mas é o que é...

II

Entre Domingo e ontem decidi fazer uma experiência em FB alheio.
A experiência foi a seguinte:

Domingo, pedi para ser colocada uma foto de uma mini-horta que estou a desenvolver (tomilho, oregãos, hortelá, morangos e pimentos padrão).
Ontem, pedi para ser colocada uma foto de um rio que havia sido o destino da caminhada pós-jantar.

A foto da horta - 23 likes;
A foto do rio - 24 likes.

Pá....
As plantas são seres vivos a serem criados numa selva de pedra. Além de serem seres vivos criados neste ambiente cinzento, estas, em concreto, são comida. Não são decorativas (ainda que as considere bonitas), são úteis.
O rio (é bonito, não se confundam!!) mas está lá. É água! Vai estar lá amanhã, igual.
MAIS!
o rio, em concreto, está a meia dúzia de metros de onde todos os likadores se encontram! Não têm de se esforçar nada para o ver...

Fiquei fodido e não sei bem porquê.
Não foi surpreendente, não foi inesperado.
As pessoas são vulgares e fofas. Não percebem. Não vêm.

Puta que os pariu...

Monday, July 11, 2016

Inesperado e Esperado

A vitória de Portugal no Europeu foi inesperada.
Visto de fio e pavio, era impossível achar que era provável a vitória. Mesmo quando todos os que nos apareceram até à final (excluindo, talvez, a Croácia) foram mancos, nada indiciava uma vitória na final, fosse ela contra a Alemanha ou a França.
Visto o jogo de ontem, desde a lesão do CR até ao massacre que sofremos por parte dos franceses, não ganhou a melhor equipa nem os melhores jogadores... 

Podem estar a pensar que estou triste com a vitória porque não acreditava nela e estava enganado.
Não estou. É das vezes em que fico contente por estar enganado.
Podem estar a pensar que talvez, agora, pense que o Fernando Santos foi menos iludido quando disse que iríamos ganhar o Europeu.
Não estou. Foi iludido.

O que aconteceu é simples:
as probabilidades falharam, como acontece de vez em quando;
como no Magnolia, choveram sapos;
o Éder marcou o golo que nos deu o campeonato...

Ainda bem que me enganei.
Mas não estava enganado.
Acertarei mais vezes do que as que falharei e só isso interessa.

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Por estes dias, acho que sou um bocado o Fernando Santos.
Acredito num resultado que é improvável, para dizer o mínimo. 

Agora, posso dizer ou podem dizer-me que então, mas o Fernando Santos não foi iludido porque acertou!
Não.Não.Não.

O Fernando Santos acertou porque foi iludido.
A minha ideia, que já apresentei, não muda: ele estava enganado mas deu-se o caso de acertar.

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Só para que fique claro, porque não me transformei noutro gajo:
Portugal não mereceu ganhar mas o facto é que ganhou.
Sa foda o resto. 
Jogou mal? Jogou.
É pior equipa? É.
Parecem crianças de 10 anos a jogar contra homens adultos? Pareciam.

Marcou.
Ganhou,
O resto pode ser giro de conversar mas não interessa.

...mas.

Desisto.
Esta merda não está a correr bem e deveria apagar e esconder esta vergonha de linhas amontoadas que não fazem nem dizem nada em conjunto.

Só que não sou de esconder lixo.

Friday, July 08, 2016

Para Ocupar Os Dedos

Hoje, enquanto falava da futura final do Europeu, levei uma banhada de lugares comuns.
Espaço entre linhas, dinâmica, não é como começa é como acaba, fazer o nosso jogo, damo-nos melhor com jogos grandes... e tudo isto porquê? Porque disse que, provavelmente, o melhor seria Portugal jogar com 2 trincos contra o meio-campo francês.

O problema destes lugares comuns são vários mas, resumindo:

Ontem, ouvi que Portugal não ganha à França há mais de 40 anos. Será de pensar que contra equipas pequenas - Islândia, por exemplo - estaremos 50 anos sem ganhar?
Não. Não quer. Quer só dizer que se repetem baboseiras sem pensar nelas.

Por causa dos 2 trincos, o problema é que revela pouca confiança e medo.
Pá. Não. Revela que a realidade existe. 
O Mourinho, quando foi a Barcelona com o Inter, a dada altura tinha o Eto´o a jogar a lateral esquerdo. Porque o Mourinho é medricas? Não. Porque é realista.

....mas não.

Repare-se nisto: Portugal viu-se fodido para empatar com a Islândia; a França chapou-os com 5 e não deu mais por ter decidido - e bem - descansar.
Isso não tem nada que ver?!
Say what?! Ok. Um joga na fase de grupos e nos quartos-de-final não é a mesma coisa mas não é diferente ao ponto de não tem nada a ver!.

Pode Portugal ganhar? Pode.
Pode a dupla William Carvalho - Adrien Silva sobrepor-se à dupla Pogba - Payet? Pode.
É provável algum dos cenários que precedem? Não.Não é.

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Estas banalidades são fortemente apoiadas e, até, baseadas no que se vê nas televisões.
Ouvem-se comentadores, políticos e (no caso Americano em curso) candidatos a falarem horas sem dizer nada!
O Marcelo Rebelo de Sousa, excluindo a intriguinha, não era nem é assim tão diferente.

Depois, torna-se supostamente aceitável ouvir tempos infinitos de inanidades e de uso indevido de ar.

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Há uma cena para a caridade que está a rolar por aqui.
A ideia, desta vez, é vender as cenas cuja receita reverte para a organização.
(vamos esquecer, por um momento, que não gosto nadinha de dar dinheiro...)

O que aconteceu é que se deu um caso de vergonha. Quer isto dizer que as pessoas se sentiram mal ao dizer que não iriam vender cenas por ser para a caridade.
Não desconsidero o facto de que muita da caridade resulta da vergonha de se não dar e não da vontade, pura e dura, de colaborar.

Não surgirá como surpresa que a quantidade que veio para mim ou será distribuída ou devolvida.
Não tenho orgulho de não participar. Não tenho vergonha de não participar. Pela culpa não me levam e o meu jeito e vontade de ser comercial é zero!

Ainda não decidi se vou comprar, ainda que possivelmente o faça, mas vender? Esqueçam!

Thursday, July 07, 2016

Na Senda das Costas dos Outros...

Ainda que nem sempre bem sucedido, especialmente quando irritado, tenho tentado ser menos crítico com os traumas dos outros. Quando os compreendo, não é difícil; quando não os compreendo...bem, é mais.

Este esforço concerne um outra que é o de não me tomar como a medida de todas as coisas. 
É verdade que temos sempre de ter termos de comparação para conseguirmos aferir não apenas a normalidade mas o eventualmente exigível e eu não sou um bom termo de comparação.

Lembrei-me disto, agora em específico, porque:
Hoje não me apetecia almoçar sozinho mas (coisa mais forte que eu) fui na mesma.
Esta decisão, e outras que tais, não são, em essência, a falta de vontade de chatear os outros com as minhas merdas, ainda que também sejam. 
Esta decisão, e outras que tais, são um misto de:
1. Tenho de aguentar tudo sozinho porque, obviamente, nascemos e morremos sozinhos;
2. Não tolerarei uma resposta negativa caso verbalize o que quero e, se a receber, vai dar merda da grossa.

Quanto ao ponto 2, a repercussão nunca é particularmente agradável quando o meu humor não melhora rapidamente:
Ou o meu humor não melhora e paga quem aparecer;
Ou acho que a(s) pessoa(s) deveria(m) ter adivinhado que não me apetecia almoçar sozinho.

Ser super independente é sexy mas, de vez em quando, um gajo fode-se.

Tuesday, July 05, 2016

...E O Mundo Não se Acabou!


Monday, July 04, 2016

Há uns dias disseram-me qualquer coisa como isto:
Não, preciso de sair do país para sentir que estou de férias...

Isto faz sentido?
Depende, não é?

É manifestamente mais impressionante colocar no FB que se está numa piscina em Biarritz do que no Alentejo.
Apesar de as palavras quererem dizer outra coisa, a verdade é que a própria da ida para o estrangeiro é mais uma exteriorização de sucesso do que outra coisa.
Ah, gosto de ir a lugares diferentes...também se ouve. E conhecer outras culturas.
Será que se conhecem lugares diferentes em regime de TI? O TI de Tróia é diferente do TI de Cuba? Tróia é diferente de Cuba mas será que o TI é?
Será que a piscina de Biarritz é muito diferente da do Alentejo? Biarritz, é. A piscina, será?

Eu viajo exactamente para conhecer outras culturas mas elas não estão a trazer-me mojitos enquanto me sento numa cadeira meia metida na água.
Não é que não seja fixe mas...

Bem.
Depois de ter e exteriorizar este tipo de pensamentos tenho vontade de me bater porque ouço um abraçador de árvores que não sou de todo...
O que se passa é que é-me difícil ouvir o que afronta a realidade...

Disse, não na mesma altura mas à mesma pessoa:
Não leves nada disto a mal. Não é um ataque ou uma ode à tua estupidez. Quem está bem adaptado ao meio és tu, não sou eu.
O ET não és tu, sou eu.
Ser sociável e dar valor ao que os outros dão - desde que com peso e medida - é uma das marcas d´água de uma comunidade...eu estou do lado de fora da janela.

Já achei óptimo ser o rebelde e, a dado momento, além de achar óptimo, achava que trabalhava para isso. 
Sucede que eu não pareço rebelde, eu sou rebelde e, deixem que vos diga, eu queria querer estar dentro da casa e não à janela mas não quero e nem consigo.

É tudo muito chato e epidérmico e não há nada que me irrite mais do que a chatice.

Orgulho e o seu Contrário

Comecemos pelo contrário porque é melhor acabar bem.

A minha incapacidade de estar bem é um problema sério, antigo e, espera-se, não perene.
A ideia de que nunca nada está bem não pode ser considerada parva. O princípio mantém-se tão verdadeiro como sempre foi.
A ideia de que não vale de nada pensar no que está bem feito porque só os erros interessam para progredir não pode ser considerada absurda. O princípio mantém-se tão verdadeiro como sempre foi.

O problema é a falta de medida e como isso afecta os outros.

Guerra permanente é uma ideia mais estúpida do que as ideias que precederam são verdadeiras.
Na constante tentativa de melhorar, é minha intenção ficar contente (vá, mais ou menos satisfeito) quando um problema se resolve; é a minha intenção confrontada com a minha natureza e a intenção costuma perder.

Como é meu apanágio, contudo, não desisto.
...e a graça disto tudo é que o confronto da intenção com a natureza torna-se, em si...um confronto e, por isso, um problema.

Percebem?
Mesmo o que eu quero. O que eu sei que quero. O que entendo ser acertado. É só mais um problema a ser resolvido e, infelizmente, depois deste virá outro.

O inferno dos outros sou eu.

E o orgulho.

Este fim-de-semana que passou fiz almôndegas. Não as cozinhei (ainda). FIZ!
Fiquei orgulhoso. Fico sempre orgulhoso e satisfeito comigo quando faço cenas.

A maioria não entende por que motivo faço quando posso comprar meio feito.
A maioria não entende a minha aversão a usar um picador para a cebola e para o alho e a preferência pela faca...quando com a faca pico pior.
A maioria não entende o asco que tenho à Bimby e afins.

É possível que este meu gosto resulte do facto de o conseguir fazer com as mãos. 
Não me queixo do meu intelecto mas as minhas mãos - quando não para bater ou masturbar - são quase imprestáveis. Já devo ter escrito por cá que já se deu o caso de partir uma lâmpada na mão quando a queria trocar; já parti um copo ao tentar lavá-lo por empurrar a esponja demasiado para baixo e o vidro não aguentou; fico maravilhado com gente que sabe fazer instalações eléctricas e coisas realmente úteis.

Quando páro para pensar, dá-me sempre a sensação de que o agricultor que não conhece Ezra Pound e é incapaz de ter um pensamento sobre a influência do cultura pop sobre a sociedade é bem mais útil que eu porque se esta merda der para o torto, ele continua a ter batatas e eu fico a olhar para o ar a pensar em John Locke ou coisa equivalente...

Acabadas as almôndegas, tomou conta de mim um sentimento que me lembra um outro:
Quando comprei o primeiro carro com o meu dinheiro fi-lo a pronto e, porque eu sou assim, tinha dinheiro para comprar mais 4 iguais.
Pelos parâmetros que nos regem a todos, impostos, é certo, isto deveria ter-me dado um sentimento de sucesso. Não deu.

No mesmo dia, porque estava irritado por ter comprado o carro quando não o queria ter feito (foi uma necessidade e eu detesto necessidades), fui comprar um CD dos Led Zepp.

Adivinhem o que contei às pessoas a quem conto que faço cenas sobre o meu dia?
Pois, caguei no carro.