O Que Mais Me Interessa Interessa Pouco
DOMINGO À NOITE
De vez em quando, se estivermos atentos, apanhamos momentos que se pudessemos guardar seriam muito úteis para que as outas pessoas soubessem quem nós somos e como somos sem que precisássemos de dispensar muitas palavras ou demasiado tempo.
Domingo passado tive um desses momentos. Quando parei e vi o que se estava a passar não consegui evitar rir-me muito...e sozinho, como todos os bons lunáticos fazem.
Que momento foi este?
De vez em quando, se estivermos atentos, apanhamos momentos que se pudessemos guardar seriam muito úteis para que as outas pessoas soubessem quem nós somos e como somos sem que precisássemos de dispensar muitas palavras ou demasiado tempo.
Domingo passado tive um desses momentos. Quando parei e vi o que se estava a passar não consegui evitar rir-me muito...e sozinho, como todos os bons lunáticos fazem.
Que momento foi este?
Estava sentado na mesa de jantar a ler, como faço com muita frequência, e com a televisão ligada, o que faço sempre. Até aqui, nada a dizer de muito especial.
O caso concreto, contudo, era este: Estava a ler Noam Chomsky ao mesmo tempo que via/ouvia intercaladamente a Casa dos Segredos. Um oxímoro em movimento.
Podia, agora, se fosse essa a minha intenção, dizer que não estava com atenção à televisão, estava ligada porque está sempe mas seria mentira; o que acontece, na realidade, é que gosto tanto de ler Chomsky como de ver a Casa dos Segredos.
É parvo e virtualmente impossível de explicar uma coisa destas a muita gente... uns acharão Chomsky insuportável e outros acharão isso mesmo da Casa dos Segredos. São dois círculos que não têm elementos em comum, certo?
ERRADO! Têm-me a mim!
O QUE ME INTERESSA
Há uma miúda que parece (uso o termo parece mas não me parece, na realidade) ter desenvolvido um interesse em mim. As circunntâncias são-me claramente nefastas por muitos motivos, o que me impede de tratar este tipo de assuntos da forma como estou habituado: como um leão trata de uma gazela.
Isto causa-me, portanto, desconforto. Primeiro porque a miúda é muito boa e gira e segundo porque se eu falhar não estou em situação de me ir embora e não me voltar a cruzar com ela.
Porque uso o termo parece se não o queria usar?
Porque há inconsistências na abordagem. Há uma vontade muito forte de me picar se estiver mais gente presente e uma vontade ainda mais forte de evitar picar-me quando estamos só os 2; há uma tentação, concretizada, de me tocar quando está mais gente presente e uma tentação ainda maior de não o fazer quando estamos só os 2; há um perseguir quando me ausento para parte conhecida mas um desviar fortíssimo para me pedir o número de telefone.
Confrontadas estas coisas, haveria algumas hipóteses a ter em conta:
a) estou a perceber tudo mal;
b) é uma teaser;
c) ainda não está preparada para um gajo como eu, ainda que o queira.
Agora o título deste mini-post:
Ainda que alguma das alíneas possa estar certa (e eu acho que a c) tem fundamento), o que se descobriu - não eu mas uma outra pessoa - é que ela tem namorado há uma porrada de anos! Acresce a isto que não é leviana - facto que presumo baseado na experiência de observar pessoas e nada mais.
Ora, isto explica TUDO!
O que lhe está a acontecer é o que acontece à maioria das pessoas: o hábito faz a relação e não o contrário. Vai andando até não dar mais e costuma não dar mais quando aparece um incentivo para que a correia se quebre.
Que eu saiba, nunca estive do lado do hábito mas sei que estive muitas vezes do lado do gajo que quebra o hábito.
Isto interessa-me muito! O comportamento interessa-me muito!
Ela interessa-me menos.
PESSOAS
É mais um dos muito oxímoros que as pessoas têm dificuldade em entender: adoro o comportamente humano, gosto pouco do humano em si.
Não gosto de falar ao telefone, não gosto de grandes festas, não gosto de pessoas novas, não gosto de conversas de circunstância, não gosto de casamentos - uma forma pior de festas, não gosto de jantares grandes - uma forma de festa entre a festa e o casamento.
Gosto muito de ver pessoas, gosto de ver como resolvem os problemas, gosto da forma como sentem os problemas, gosto de observar as alterações de comportamento e entender o que as leva a isso.
Estas breves linhas que precedem encerram o motivo pelo qual eu gostava - e gosto - tanto do House. À minha dimensão de não génio entendo-o muito bem!
Percebo porque evita perguntar coisas porque as pessoas tendem a mentir;
Percebo o motivo de preferir ver o que fazem do que o que dizem;
Percebo e compreendo o toda a gente mente;
Percebo a falta de vontade de perder tempo com pessoas e, ao mesmíssimo tempo, a incontrolável curiosidade e paixão por elas.
Pequenos exemplos:
Uma vez o House disse que quase morrer não altera nada, morrer altera tudo. Parece uma parvoíce como o caminho faz-se caminhando e só não é porque não há outra maneira de fazer um caminho, como todos sabem, mas a crença geral é a de que uma experiência de quase morte muda tudo; Não muda, apenas pode fazer um pequeno desvio durante algum tempo.
O Gone Girl do David Fincher causou revolta em muita gente por ter terminado como terminou. A mim não. É por coisas como essa que acho o Fincher o maior. Quando todos esperavam a vitória do moralismo sobre o materialismo e o conforto foram defraudados. Porquê? Porque o Fincher retratou o que é e não o que se diz ou parece. Entre a moral e o sofá as pessoas vão escolher o sofá, ESPECIALMENTE se os outros não souberem que teve de acontecer uma escolha.
A miúda de que falei antes é um exemplo acabado também deste post:
Não é que eu não a quisesse ou queira comer. Se ela se põe na recta, apanha! Mas neste momento, interessa-me muito mais a forma como ela vai resolver o dilema dela. Isso é-me muito mais atraente e isso faz-me perder muito mais tempo do que a imaginá-la nua.
Ps. sem descurar do facto de ter percebido que as glandes mamárias dela são ainda melhores do que o que pensava, o que não é despiciendo.