Wednesday, February 20, 2019
Tuesday, February 19, 2019
Seria de pensar que, no meu caso, fazer o que confio ser de fazer não levantaria qualquer questão. Seria de pensar e seria um pensamento acertado na esmagadora maioria do casos; a maioria é de tal forma esmagadora que se torna um mero erro estatístico. Mas os erros estatísticos ocorrem.
O que acontece então?
Nesta altura, estou de tal forma tenso que acho que a minha cabeça vai rebentar.
Então, K, mas qual é, então, o problema?
O problema é que estou destinado para uma coisa mas evoluí para outro.
As minhas entranhas perdem, as mais das vezes, para a racionalidade. De vez em quando, não.
Novamente, erro estatístico.
Monday, February 18, 2019
Thursday, February 14, 2019
Tuesday, February 12, 2019
Ainda no tema "Dinheiro não é o mesmo que Felicidade"
Padeço de algumas paneleirices.
Uma das paneleirices é a ânsia de vómito (já ocorreu vómito mesmo) quando me cheira a sopa fria.
Ora, eu aprecio sopa mas tem de estar muito quente para a comer e não pode estar fria quando me chega ao nariz.
Ela foi trabalhar uns dias para outro sítio de deixou-me sopa (gosto muito de cozinhar e cozinho quase sempre mas sopa não faço, ainda). Ela sabe que deixar-me sopa não resolve o problema porque não a vou comer; há uma semana tentou-se e fui aquecer...e tive de desistir (mais uma vez, porque nunca é demais, paneleirice).
Então, dividiu a sopa em doses individuais por tachos de acordo com a quantidade de vezes que estarei sozinho. Assim, só tenho de pegar o tacho fechado e pôr em cima da placa.
Ah, K...és um terrorista!
Posso ser, de vez em quando, mas não neste tipo de questões.
A única pressão psicológica que ocorre é a de que eu não comerei a sopa e nada mais. Não me faço de desgostoso. Não fico com ar infeliz. Nada. Ela sabe que eu me safo.
Naturalmente, nunca me ocorreu a solução que Ela encontrou porque acho um trabalho parvo e imerecido. Grow a pair, K! poderia dizer, e com razão, porque eu digo-me o mesmo.
Mas não.
Fez aquilo que descrevi.
Dinheiro não paga isto.
Monday, February 11, 2019
Euromilhões e Caixas de Resonância
Hoje joguei no Euromilhões.
Coisa pouco característica minha mas ontem ouvi 150 milhões e pensei sa foda!
Fi-lo porque quero ganhar? Sim.
Fi-lo porque espero ganhar? Não.
Fi-lo para resolver problemas? Não.
150 milhões mudariam a minha vida. A minha e a de qualquer um de nós mas não a faria nem fará necessariamente melhor.
Os meus problemas não se vão resolver com 150 milhões. Talvez ajudassem a resolver 1 ou 1 e meio mas nada mais que isso.
Filho da puta vivo continua a ser filho da puta depois de morto e infeliz pobre também será infeliz rico.
Aquilo que considero serem os meus maiores e piores defeitos em nada se alterariam com milhões.
Há coisas que apreciava fazer e esta dinheirama ia permitir-me fazê-lo mas nenhuma destas coisas me iria fazer feliz pelo simples facto de agora, que não as faço, não sou infeliz.
A Caixa de Ressonância só muito lateralmente tem algo que ver com isto.
A mim, em concreto, ser rico ia permitir-me conhecer muita coisa que, por agora, não posso. Não só por uma questão de dinheiro...na verdade, fazer o que quero fazer nem sequer é caro mas custa tempo que não tenho porque estou a trabalhar.
Quando se pode fazer o que eu quero fazer, sai-se de onde se está em sentido literal e figurado. Tenho a certeza que se andar de resort em resort iria conhecer sempre as mesmas pessoas, ainda que com caras diferentes, independentemente das coordenadas geográficas onde me encontrasse.
...e lembrei-me disto por causa - surprise surprise! - das redes sociais.
Cobre-se loas a diversidade mas a diversidade - a real diversidade! - está cada vez mais enclausurada.
Um gajo que trabalha comigo é benfiquista doente e todos os dias me vem contar merdas recambolescas e teorias da conspiração e repetir-me uma qualquer merda que ouvi um dos porta-vozes oficiais ou oficiosos a dizer.
Certa vez, disse-lhe: Oh, caralho! Não quero mais saber das merdas que lês no FB. Quando tiveres portistas e sportinguistas no teu círculo, ponderarei ouvir. Enquanto só tiveres benfiquistas, larga-me!
Poderão pensar que é aversão a benfiquistas mas não é.
O problema dele é que está num circuito fechado em que só se junta gente com uma determinada afinidade - no caso, benfiquistas - em que comungam de uma mesma opinião. E quando toda a gente que te rodeia comunga de uma mesma opinião tenderás a pensar que 1. tens razão e que 2. toda a gente acha o mesmo que tu.
Esta pequena amostra dá para tudo.
Acabei de ver que a Katy Perry teve de descontinuar uns sapatos que tinha lançado porque são pretos e têm olhos, logo, Blackface e, logo, racistas.
Isto é profundamente estúpido e resulta da falta de noção que outras pessoas existem.
O Trump também resulta, pelo menos em parte, deste fenómeno.
Os EUA liberais - NY, LA, SF e por aí - pensam que todos são como eles e como todos são como eles, jamais o Trump venceria.
Não pensam todos como eles, como se comprovou.
Mas eles não entendem isto.
Este fenómeno não é novo! Existia quando ainda tínhamos de conversas uns com os outros.
O que se deu é que nos idos tempos em que se conhecia gente, de vez em quando tinhas de te confrontar com outro ponto de vista porque nem sempre ias a tempo de bloquear.
Nos velhos tempos, a tua ideia idiota era vista como idiota mas, agora, se encontrares 500 idiotas num universo de biliões que concordam contigo, se calhar já não é estúpida.
....Mas é!
Sem FB e afins os camelos que acreditam que a Terra é plana ficariam enterrados na mediocridade e não teriam tempo de antena.
....mas como há muito estúpido no Mundo, passam a ter tempo de antena porque têm um público alargado: todos os mentecaptos que acham esta merda.
Voltando ao natural egocentrismo:
Nunca leio o jornal O Jogo. Este jornal é afecto ao meu clube e para eu ouvir dizer que o meu clube é espectacular não preciso de gastar dinheiro.
A esmagadora maioria dos livros que leio são ou sobre assuntos que me interessam mas não entendo ou escrito por gente com quem não concordo para ver se me convencem. Para concordarem comigo, não preciso de perder tempo. E é por isso que li O Capital em vez de dizer que o Comunismo é estúpido só por dizer.
Gosto muito que me chupem mas em termos literais, não metafóricos.
Thursday, February 07, 2019
Ventos e Tempestades
É sabido que não acredito que a vida é justa. Talvez menos fácil ou claro de perceber é que também não a acho necessariamente injusta.
Lamento a imprevisibilidade da vida mas aceito-a. Lamento a incapacidade de controlar tudo mas aceito-a.
Dito isto, poderá parecer parvo, por dicotómico, conceder numa expressão como quem semeia ventos, colhe tempestades. Não é nem uma coisa nem outra.
Não é minha intenção demorar muito mas isto não é dos assuntos mais simples porque obriga a perceber a existência do cinzento quando é sempre mais claro e transparente pensar em preto ou branco.
Bem:
ontem, estava numa reunião sobre avaliações de desempenho - coisa que adoro! - e as minhas competências e resultados vieram, obviamente, à baila.
Os meus resultados em 2018 foram incríveis, daí seria óbvio e fácil assumir que evoluí muito em termos técnicos e de sabedoria. Talvez até de inteligência.
Poderia, então, cavalgar a onda e assumir que assim foi e que estou tão melhor que deveria receber sei lá o quê! Poderia. Seria mentira.
Mas K, não podes, de facto, ter sido mais competente em 2018 do que em 2017?
Posso. Espero, até, que tal tenha acontecido. Contudo, os resultados foram exponencialmente bons. Bons a um nível que não me parece ser possível ter uma tal evolução pessoal.
Então, K, o que aconteceu?
Simples: sorte.
Ora, o problema de se assumir a sorte como um factor determinante é o mesmo de se pensar na imprevisibilidade da vida e, ainda assim, confiar na realidade que é quem semeia ventos, colhe tempestades.
E o problema é este:
gente que viva de sounbites ou de notícias do FB tenderá a ouvir, apenas, foi sorte. E como me ouve ou lê dizer ou escrever que o que separa o sucesso e o insucesso é a sorte, passa, directamente, para tudo é uma questão de sorte! Sa foda!
Não é.
A sorte mudou tudo mas eu sempre trabalhei como um animal.
A sorte apareceu porque dando-se tudo...ainda assim pode correr mal.
Deve haver quem trabalhe mais que eu e quem seja mais esperta que eu e, ainda assim, tenha piores resultados porque....teve menos sorte.
O que me parece muito difícil haver é quem não faça um caralho e tenha o mesmo resultado que eu. Pode tê-lo num mês. Dois meses. Perderá nos 12.
Em suma: podemos fazer tudo o que pudermos e ter azar...ou sorte. Não fazer um caralho não vai resultar.
Ah, K, mas há quem ganhe o Euromilhões!
Há. Agora, alguém que jogue uma vez e ganhe? Mesmo aqui, para mim, tem de haver investimento e esforço, mesmo que seja por se jogar constantemente.
....e, muito tempo depois, voltamos aos ventos e às tempestades.
Não confio que tenhamos o que merecemos.
Também aqui precisamos de sorte.
É perfeitamente possível que se se ofereça a melhor educação a uma criança que se tornará uma besta;
É perfeitamente possível que um casal abstémio dê à luz um drogado;
É perfeitamente possível que um não fumador morra de cancro no pulmão;
É perfeitamente possível que o mais controlado e consciente dos condutores morra num acidente de viação.
Tudo isto deve acontecer todos os dias.
Então, para quê tentar ser-se decente?
Porque as hipóteses de a vida nos correr bem é maior.
Sejam simpáticos com as pessoas que elas serão simpáticas convosco.
Todas? Obviamente que não mas muitas mais do que aquelas que serão umas bestas.
Tratem as pessoas com dignidade que elas não vos pisarão quando tombarem.
Todas? Obviamente que não mas muitas mais do que aquelas que vos pisarão.
Reparem: eu não pratico o que acabei de pregar.
Eu não dou a outra face.
Eu não sou bom a perdoar e péssimo a esquecer.
MAS, mesmo no que a mim diz respeito, se me tratarem com respeito e simpatia, receberão o mesmo. Se forem dignos comigo, receberão a mesma dignidade.
Sejam-me leais e serei leal sem olhar para trás ou a custos.
Quando coisas boas acontecem a gente boa não é só sorte.
Quando coisas más acontecem a otários não é azar. Semearam ventos.