Emigração
É um assunto que voltou a ser recorrente, 20 ou 30 anos depois.
Por princípio não encontro qualquer problema, na verdade, é algo em que penso há imenso tempo mas só recentemente lhe vi a parte horrível.
Não falo das saudades ou do desconhecido, nenhum destes problemas se me apresentou como novo nem me preocupa em demasia. Conheço ambos e sei, perfeitamente, que tenho perfil para aguentar.
A questão que não conhecia, porque nunca me havia acontecido nem pensado nela, começou a delinear-se, sem que por isso tivesse dado conta, há coisa de uns meses quando se iniciou o périplo de idosos encontrados mortos em casa. Quando digo "sem que por isso tivesse dado conta" foi porque lamentei, naturalmente, as ocorrências mas não as liguei, imediatamente, à questão da proximidade.
É de notar que estas situações se têm dado em centros citadinos. A alienação cosmopolita levou a que desaparecessem pessoas sem que por isso se tenha dado conta. O mesmo cosmopolitismo policromático de que tanto gosto, a mistura de raças e de credos que tanto me agrada traz consigo o fétido cheiro da alienação (quando saio das metrópoles - se é que as temos - surpreende-me que me digam "olá" sem que os conheça...agrada-me mas surpreende-me).
Recentemente perdi um elemento familiar. Era idoso e já contávamos que o fim estaria ao virar da esquina, daí ter sido menos doloroso do que se fosse de um momento para o outro.
Independentemente disso, caso nós (a família mais próxima) não estivessemos por perto tudo teria sido pior para a idosa que sobreviveu. Não sei quanto mas muito pior...no entanto, com a proximidade, tudo foi mais mitigado, houve muito mais apoio e o facto, apenas, de estarmos por aqui, à distância de uma chamada, ajudou a que a península não se tornasse ilha.
Com esta pequena história, que nem sequer é parábola, quero dizer que o mundo capilatista que me vendem e que comprei, sem reservas, pode sofrer de um mal que apenas a maturidade revela. A maturidade e a inevitabilidade da finitude.
É verdade, ontem como hoje, que é sempre melhor ter dinheiro: rico e com saúde é sempre melhor que pobre e doente, é evidente; mas a alienação é como um cancro que vai metastizando de uma célula para outra e o capitalismo é a maior das suas vitaminas.
Não, não virei à esquerda.
Não, não acho que o capitalismo é o mal que tudo corrompe.
Agora... não é tudo. E isso descobre-se da pior maneira.
Por princípio não encontro qualquer problema, na verdade, é algo em que penso há imenso tempo mas só recentemente lhe vi a parte horrível.
Não falo das saudades ou do desconhecido, nenhum destes problemas se me apresentou como novo nem me preocupa em demasia. Conheço ambos e sei, perfeitamente, que tenho perfil para aguentar.
A questão que não conhecia, porque nunca me havia acontecido nem pensado nela, começou a delinear-se, sem que por isso tivesse dado conta, há coisa de uns meses quando se iniciou o périplo de idosos encontrados mortos em casa. Quando digo "sem que por isso tivesse dado conta" foi porque lamentei, naturalmente, as ocorrências mas não as liguei, imediatamente, à questão da proximidade.
É de notar que estas situações se têm dado em centros citadinos. A alienação cosmopolita levou a que desaparecessem pessoas sem que por isso se tenha dado conta. O mesmo cosmopolitismo policromático de que tanto gosto, a mistura de raças e de credos que tanto me agrada traz consigo o fétido cheiro da alienação (quando saio das metrópoles - se é que as temos - surpreende-me que me digam "olá" sem que os conheça...agrada-me mas surpreende-me).
Recentemente perdi um elemento familiar. Era idoso e já contávamos que o fim estaria ao virar da esquina, daí ter sido menos doloroso do que se fosse de um momento para o outro.
Independentemente disso, caso nós (a família mais próxima) não estivessemos por perto tudo teria sido pior para a idosa que sobreviveu. Não sei quanto mas muito pior...no entanto, com a proximidade, tudo foi mais mitigado, houve muito mais apoio e o facto, apenas, de estarmos por aqui, à distância de uma chamada, ajudou a que a península não se tornasse ilha.
Com esta pequena história, que nem sequer é parábola, quero dizer que o mundo capilatista que me vendem e que comprei, sem reservas, pode sofrer de um mal que apenas a maturidade revela. A maturidade e a inevitabilidade da finitude.
É verdade, ontem como hoje, que é sempre melhor ter dinheiro: rico e com saúde é sempre melhor que pobre e doente, é evidente; mas a alienação é como um cancro que vai metastizando de uma célula para outra e o capitalismo é a maior das suas vitaminas.
Não, não virei à esquerda.
Não, não acho que o capitalismo é o mal que tudo corrompe.
Agora... não é tudo. E isso descobre-se da pior maneira.