Tuesday, November 30, 2010

Realismo

Ainda no seguimento do post anterior, acabo de falar ao telefone com um amigo. Não foi exactamente a mesma conversa (a maioria dos homens concorda e, por isso, não discute o tema) mas antes sobre a traição e o que fazer para evitá-la.

Estamos os dois de acordo. A melhor (ok, única) maneira de manter a fidelidade (no universo masculino) é fugir.
O grande erro e o culpado pela maioria das traições prende-se com aquilo que ouvimos na televisão e que está tão na moda: podemos ser amigos de mulheres, claro. De todas elas, até! O que não podemos fazer é ultrapassar um determinado limite! - BALELAS!

Se eu achar graça a uma mulher quero beijá-la e, depois de beijá-la, levá-la para a cama e, depois de levá-la para a cama, foder.
Poderão aparecer os pregadores dos bons costumes e as feministas de pêlo na axila; é esta a sequência a seguir, SEMPRE que possível.
É, nesse sentido, que aparece o fugir.
Evita-se fugindo.

Não, não é cobardia, é realismo, respeito e, talvez, amor.

Friday, November 26, 2010

Ontem encontrei gente que não via há muito tempo. Não sentia a falta da maioria absoluta dessas pessoas mas foi agradável ver uma ou outra.
No meio da clausura a que nós fumadores nos vemos confinados por estes dias (anos, décadas...enfim) sempre surge a oportunidade de falar de uma coisa ou outra que no meio de uma multidão seria, virtualmente, impossível.

Então, enquanto fumava o primeiro e, depois, o segundo cigarro, duas mulheres acompanharam este momento de prazer quase proibido. Uma delas de quem gosto e outra que não simpatizo (esta última é daquelas a quem, no meu grupo de amigos, nos referimos como "comia...mas batia-lhe muito naquele rabo").
Sem saber exactamente como, a coisa caiu para a eventual relação de amizade entre gente que já teve uma relação amorosa. Ou seja, aquilo que não acredito ser possível.

Uma das minhas fragilidades é a incapacidade de entender o verdadeiramente importante como menos do que absolutamente alvo. Não acredito que uma amizade o seja quando algo mais está envolvido. Não acredito em relacionamentos amorosos que sejam, da mais ínfima forma, ensombrados por uma qualquer sombra.
Amizade é amizade, sem grau. Amor é amor, sem grau.

Disse-lhes, por isso, que contrariamente ao que acreditam (ou dizem acreditar), nenhum dos ex é amigo ou amiga. Ninguém que vemos nu por mais roupa que tenha vestida consegue ultrapassar essa barreira. É uma impossibilidade.
Sim, tenho ex com quem me dou bom. Sim, tenho ex a quem prestaria a ajuda que pudesse e conseguisse. Sim, desejo o bem a essas pessoas que comigo partilharam a cama.
Lendo este último parágrafo, parece, exactamente, uma amizade...mas não é. Não existe uma reciprocidade pura, não existe o completo desinteresse...voltava a comê-las sem perder meio neurónio a pensar nisso, o que não acontece (nem me ocorre) quanto aos meus amigos ou, no caso em particular, às minhas amigas.

Como é óbvio, não concordaram comigo. Não entenderam que, pelo menos para os homens, não é possível esta despromoção de intimidade, não é possível passar de partilhar fuídos para partilhar ideias, alegrias ou angústias.
Para fechar a minha argumentação, disse-lhes:
"Ok. Imaginem, então, que são duas da manhã e, por qualquer motivo, precisam de falar com um amigo. Não interessa porquê, precisam! A qual dos vossos ex ligam?"
(Silêncio)
"Pois... se fossem amigos como os outros, não ficariam caladas."

Wednesday, November 24, 2010

Tratamento Diferente?

Uma das revistas de um dos jornais de fim-de-semana termina com um inquério non sense, o humor da moda e que de tão na moda se encontra, rapidamente, em vias de extinção criativa (caso dos Gato Fedorento que, apesar da inteligência em ausentarem-se ciclicamente, para não enjoar, não disfarçam o vira o disco e toca o mesmo). Uma das perguntas que fazem é "trata as pessoas de forma diferente em virtude de serem bonitas ou feias?" ou a mesma coisa com outras palavras.
A resposta óbvia e politicamente correcta é que não e confesso que é também a minha. Não porque parece bem mas porque acredito que não discrimino nem trato melhor ou pior.
Ok, hoje fiquei na dúvida.

Acabo de ter uma reunião que, como tantas outras, começou ao telefone.
Depois de tantas e tantas decepções, parto sempre do princípio que a mulher com quem me reunirei terá muitas virtudes mas que a beleza não será uma delas (pode-se perguntar: se estás tão convicto que não discriminas, porque te interessa o aspecto?. A razão, para mim, é simples: apesar de não ter em conta, profissionalmente, o aspecto, a verdade é que prefiro dizer sim ou não a uns belos olhos verdes ou, como diria o Dr. House é sempre bom ter uma mulher bonita para descansar os olhos).
Bem, esta era um estouro!
Bonita, morena, olhos verdes, bem feita (ou a maior certeza que se pode ter de que alguma mulher é bem feita vestida) e ainda por cima simpática.
Sim, dou por mim a pensar se não utilizarei o número que tenho para algo mais do que reuniões de negócio...mas inclino-me para não o fazer. Não por qualquer pudor mas porque o que me correu bem a mim correu-lhe mal a ela e não tenho a certeza se pretende que a foda outra vez apesar de esta segunda poder beneficiar os dois.

Bem, não tratei com maior beneplácido a sua beleza mas que tive que lutar muito tive. Até porque a circulação sanguínea, a dado momento, mudou de polo.

Thursday, November 18, 2010

O objecto do desejo é o que não temos. O desejo é futuro e não presente.
Gostava de gostar. Gostava de querer ter.
Não gosto. Não quero ter.

Não sou de dar mas não me importava de ser roubado.

Friday, November 12, 2010

Durante quanto tempo se consegue andar sem respirar?
Uns dirão que 5 minutos é imenso tempo mas, a esses, poderei dizer que ando sem respirar há meses e, se quiser ser sincero, meses será um eufemismo para anos.
Estava hoje a pensar quando foi a última vez que enchi os pulmões, a última vez que o oxigénio veio impregnado de felicidade e...não sei ao certo. O que sei é que não durou muito tempo.

Lembrei-me disto, também, porque uma das pessoas que partilhou algum tempo a minha vida me disse uma vez que eu "só estava feliz um pouco ante, durante, e algum tempo depois". Pareceu-me excessivo mas, reparem, apenas me pareceu excessivo, não me pareceu falso.
Ora, consigo imaginar mais um par de coisas que me deixam feliz ou, pelo menos, muito contente e nem todas elas estão directamente relacionadas com a troca de fluidos corporais.
Música dá-me alguns espasmos de felicidade (alguma música, claro), paisagens que desconhecia até as encontrar também, pessoas simpáticas que acabo de conhecer num lugar absolutamente inesperado tem o mesmo efeito... bem, talvez a novidade seja o denominador comum de momentos iluminados.

O que é fantástico, contudo, é que me agradam rotinas. Gosto de saber o que esperar. Gosto de controlar o ambiente.
Sim, aqui poderá surgir a ideia de uma enorme dicotomia mas, pensando bem, não há dicotomia alguma. Na verdade, é o ponto mais alto desta ideia de controlo e incapacidade de me deixar levar pela corrente.
Eu gosto de surpresa e do inesperado, sim...mas apenas nos momentos em que decido que isso pode acontecer.

Tuesday, November 09, 2010

"O medo é o pai da moralidade."

Nietzsche

Tuesday, November 02, 2010

Ia Ser Mas Mudou

Antes de entrar aqui vinha determinado a escrever sobre um determinado tema que, como tantos outros, me irrita profundamente. Ia destilar algum veneno (o que, se quiser ser sincero, será o que faço melhor) e entrar na veia de pessoas mononeuronais que se juntam num lugar específico a praticar uma determinada actividade...mas mudei de ideias.

Porquê?
Bem, porque contrariamente aos verdadeiros iluminados, sou afectado pelo que vejo, cheiro, leio e por aí fora, sou, em alguma medida, um produto do que me rodeia diariamente; ok, talvez não um produto mas, seguramente, uma reacção.

É verdade que 2+2 serão sempre 4 mas nem esta simples aritmética é insensível e imutável quando utilizada como metáfora. Neste caso, o 4 poderá continuar a ser 4 bem como o 2 somado com outro 2 continuará a ser 2, contudo, a qualidade e a vida do 4 varia de acordo com a qualidade e a vida do 2; nem todos os 2 são iguais e, assim sendo, também os 4 serão diferentes uns dos outros.
Digo-vos, ainda, uma outra coisa que aprendi há relativamente pouco tempo num lugar profundamente inesperado: uma recta (no sentido de estrada e não geométrico) perfeita não o é de facto. Uma recta perfeita acompanha a curvatura da terra e, como tal, deixa de ser visível mais cedo do que uma outra que tenha sido desenhada e executada com perfeição geométrica; a recta perfeita, para guiarmos, tem esse nome mas, para ser perfeita, desvia-se.

Assim sou eu e assim somos todos.
A pureza dos conceitos que usamos, sejam eles o amor ou o ódio ou a amizade ou a estranheza ou a solidão nunca são como vem no dicionário porque não somos papel. A nossa pureza tem poeira e, porque tem poeira, é uma pureza adaptada e não uma flor de laranjeira.

ps: juro que estou sóbrio, não bebi nem fumei nada.