Tuesday, November 29, 2011

À medida que o tempo vai passando as respostas às mesmas perguntas vão mudando.

Quantas vezes se perguntou, por exemplo, qual o teu tipo de mulher?
A esta pergunta já tive resposta kilométricas que iam desde o tom da pele à própria integridade moral; integridade moral que era, como seria de esperar, de uma rigidez férrea que se ia amenizando quando aplicada a mim.

Hoje, a mais importante característica que exijo a uma mulher é que não seja chata! Tolero muito mais coisas do que tolerava antes mas não pode ser chata!
Gosto, por exemplo, de imaginar que comeria a Jolie mesmo que ela se fingisse de morta ou que malharia a Megan Fox mesmo que ela não conseguisse somar 2 + 2. É tudo mentira...o navio não navega na estupidez.

E aí está! Quando se julga que tudo está perdido e que somos todos (nós, homens) escravos da beleza e juventude feminina vemos que não é verdade!!!

....bem.... que nem sempre é verdade...

Saturday, November 26, 2011

West Wing

Já por aqui devo ter escrito alguma coisa sobre esta série, apesar de talvez lhe ter chamado Os Homens do Presidente, o nome nacional.
Além de não me lembrar se já escrevi sobre isto menos me lembro, ainda, o que terei dito mas ontem, enquanto via mais um episódio, houve uma coisa que me chamou a atenção e me foi familiar: A Vida no meio do Caos.

O que quero dizer com isto d´A Vida no meio do Caos?
Bem, o título pode não ser o melhor mas não perderei tempo com isso.
Enquanto se decide, muitas das vezes, o destino do mundo e dos EUA, com mais frequência (e quantas vezes se confunde uma coisa com a outra?), os tipos que estão a tentar resolver isto ainda se perguntam, entre si enquanto se vão curzando num corredor ou numa relampejante visita aos respectivos gabinetes, como vai o filho recém nascido de um, quem anda a malhar o outro, porque estava um dos estagiários a usar um qualquer pin... enfim, as coisas banais que a todos assolam.
Não me pareceu estranho, pareceu-me real!!

Quando comecei a trabalhar, ou melhor, antes disso, parecia-me ridículo que um médico me deixasse à espera, por exemplo.
Apeser de não ser médico, pertenço também a uma profissão de elevada pressão e em que toda a gente tem imensa urgência, o que é normal; afinal, os nossos problemas, sejam eles quais forem e tenham a irrelevância que tenham, aos nossos olhos são imensos!!

Ora, eu já deixei pessoas esperarem um pouco mais do que seria necessário porque precisava de um café ou de um cigarro ou de saber onde ia jantar naquele dia.
É mal feito?
Sim, naturalmente... mas se não se forem abrindo uns pequenos buracos para se ir escoando a pressão, a panela rebenta.

Thursday, November 24, 2011

Ultimamente tem chuvido.

Sabem, sonho constantemente em passar a vida de calções, t-shirt e havaianas. Não quero usar mais nada até ao fim da vida; não quero mais um dia de chuva; não me apetece ter estações frias.
Mentira, tudo mentira.

A verdade tem destas coisas. É triste, muito triste, mas tem a valência de encostar-nos os pés ao chão, mesmo quando se viaja em fantasia, e mostrar-nos que apesar de fazer parte de nós esta coisa de exasperarmos em polos, somos mais meios do que tudos.

Adoro chuva!
Das melhores sensações possíveis, a sós (e às vezes acompanhados), é ver a chuva a cair enquanto, por exemplo, se fuma um cigarro ou ser embalado pelo crepitar das gotas na nossa janela quando nos preparamos para nos entregarmos à vida que começa quando fecham os nossos olhos.
Desde sempre fui assim. Não me lembro de época em que não adorasse ver a chuva. Houve tempos em que pensei que este deslumbramento por um facto perfeitamente corriqueiro se devesse a uma coisa pseudo-profunda do tipo "a água levará os teus pcados"...mas já pouco acredito em pecados; havia, ainda, uma outra coisa que me ocorria, veiculada, julgo, pela adolescência: aquela coisa de ser um tempo triste e que eu, no fundo, era triste também...mas o cinzento não me ficava, nem fica, bem.

Sobra pouco, hoje, dessas explicações.

Hoje vejo-me bem mais simples mas sou, na verdade, bem mais complicado. Naquela altura via tudo em absoluto e hoje faço-o em relativo.
Esses absolutos complicavam-me a vida porque nunca encontravam resposta nos outros. Naturalmente, só eu sentia o que sentia e sabia o que sabia. Em contrapartida, faziam de mim simples, faziam de mim uma cor em oposição às outras, num campo em relação ao outro. Visto agora, era uma situação extrema mas, também, extremamente simples.
Agora, instalou-se em mim uma apetência por ver um arco-iris e não me irritar o facto de não gostar de todas as cores; hoje vou tolerando e isso torna-me mais complicado e mais complicado torna o meu lugar porque o meu lugar não é lugar nenhum, sinto um constante desafio e metamorfose porque as nuances interessam.

Hoje gosto de chuva porque me apraz vê-la cair.
Parece simples, mas não é.

Tuesday, November 22, 2011

Tive uma conversa, há relativamente pouco tempo, com duas mulheres, numa mesa onde estavam mais pessoas, entre elas os respectivos maridos, sobre Psicologia. Não sobre aquilo que trata ou mesmo o tipo de tratamentos mas antes o clássico, para mim, do "Para Quê?".
Era uma conversa sem final porque, à partida, já me parecia para onde elas iam e para onde elas iam seguia na direcção contrária à minha.

Então, uma era psicóloga e outra uma antiga "psicologada". Naturalmente, eu não sou uma coisa nem outra e não tenho perspectivas de o ser.
Como é natural entre mulheres e especialmente entre aquelas que dominam, ou coisa parecida, a psique, não ficaram contentes em falar da sua experiência e dos benefícios de um gajo "se abrir", pretenderam, ainda que inocentemente, acredito, vender-me isso.
Não resulta.
Quando, perplexas, me perguntaram o porquê desta aversão expliquei-lhes que não se tratava de aversão; não tennho nada contra psicólogas ou a quem a elas recorre (aliás, tirei o curso por baixo de psicologia e só tenho a agradecer a existência de psicólogas), acredito que cada um deve procurar a melhor solução para o que os aflige e não entendo a psicologia como charlatanismo.
O que acontece é que não procuro desculpabilizações mesmo quando elas vêm sobre a égide do conhecer-se e aceitar-se a si mesmo. Soa-me tudo a busca de um perdão que nos ilibe do que fizemos ou fazemos e do que queremos ou quisemos... é uma coisa a raiar a confissão no catolicismo, uma espécie de "admitir o pecado e arrepender-se dele é suficiente", independentemente de quantas vezes incorremos no mesmo pecado ou no mesmo erro.

Bem, parece-me bem sabido, se não mesmo documentado, que as mulheres adoram casos perdidos e que casos perdidos adoram mulheres. Multiplicando isto por não sei quantas vezes devemos ter o quanto gostam desta mesma situação quem se dedica a tentar, profissionalmente, recuperá-los.
Assim como assim, fico a pensar quem "psicologará" a psicóloga que vai ter de ter umas quantas sessões para se recuperar da sua essência carnal que viu a luz do sol, ainda que de noite.

Saturday, November 12, 2011

1 de Tristeza, 2 de Revolta, 3 de Reconforto

1
Encontrei-me, há uns dias, com um conjunto alargado de amigos ou conhecidos, já não sei dizer exactamente (ainda que "amigos" me pareça forçado porque este nunca é um "conjunto alargado").

Sabem, há muitos de nós, talvez com maior incidência no mundo feminino mas em vias de se equilibrar) que entendem o passar do tempo como inimigo. Incomoda-nos que as ressacas demorem mais a passar, que uma directa seja cada vez mais difícil de encarar, que as rugas apareçam a velocidades cada vez menos recomendáveis...enfim, um sem número de efeitos visíveis.
A mim, em particular, o passar do tempo incomoda-me porque se perdem afinidades, porque os trilhos se multiplicam, o que nos faz andar mais sozinhos, que quem tínhamos por muito interessante já não o é, porque com os minutos foram-se os abraços.

Insisto, não sou saudosista e não venero ou pretendo o regresso do passado...mas quando me confronto com esses dias idos vem-me um sabor a azedo. Temos e devemos de andar mas não me agrada embater nesta evidência porque, quase sempre, é uma fonte de desilusões.

2
O pessoal, por aqui, vai venerando Abril e querendo que se faça outro.
Ok, vamos esquecer que foi esse mesmo Abril que nos trouxe a esta posição de joelhos e vamos esquecer não porque Abril, o mês, mereça qualquer bad rep por si só mas porque é evidente que era necessário. Só não era necessário que Maio fosse como fosse.

Ora, aparecem de debaixo das respectivas pedras (de que muitas saudades tenho) dois tipos de Abril, dois dos Capitães.
Para quê?
Para apelar a que os militares tomem as rédeas, para que se faça um golpe de estado.
Não me alongarei muito sobre estes miseráves inergúmenos porque tenho medo de devolver o pequeno-almoço que tomei há pouco mas direi isto: ODIOSOS, MISERÁVEIS E RIDÍCULOS!!!

São estes os "filhos de Abril" e ainda há quem deles tenha saudades.
Portugal não merece e eu também não.

3
Bem, este reconforte vem salpicado de alguma amargura.

Embora eu entenda que o tempo não regressa e, novamente, nem eu quero que regresse, não gosto desta coisa da música em MP3 e semelhantes.
Porquê?
Olhem, eu quando compro um CD ganho-lhe um verdadeiro carinho. Primeiro porque pago por ele (excessivamente, é certo) e Segundo porque fico com o objecto que me dá prazer ter nas mãos e ler.

O pior desta vaga de música de borla, porém, pra mim, é que se tornou demasiado descartável e, por isso, deixou de representar, verdadeiramente, arte...mesmo para quem, de facto, a faz.
Conheço milhares de gajos que têm um infindável número de CDs que não ouviram. Têm porque não os pagam e se andam ali "um gajo apanha".
Está-se a perder a magia da admiração, o tempo de maturação que algumas coisas (as melhores) demoram a assimilar, o prazer de ir embora durante mais do que 10 segundo.

Isto, que colocarei agora, não sei como resistiria e reagiria hoje e correr-se-ia o risco de nunca ter um vislumbre de paraíso.
Enjoy:

http://www.youtube.com/watch?v=GbKlvWvpD2g

Wednesday, November 02, 2011

A irrelevância é uma coisa triste mas mais triste é a incapacidade de reconhecer essa irrelevância.
Não é uma cena metida à filosofia que me levou a escrever o período anterior, nada disso. Nos dias que ando a percorrer já perdi há muito esta arte de reflectir pura e simplesmente sobre a substância, distanciando-me da forma e da própria realidade fáctica. O que pretendo dizer é manifestamente mais simples: se desconhecemos o que somos, e o que somos está directa e umbilicalmente ligado a onde estamos, teremos uma imensa dificuldade em descobrir o nosso lugar e a forma como nos devemos tentar evidenciar no meio.

Adiantaria ao Einstein confrontar, num ringue, o Mike Tyson? Adiantaria ao Nelson Mandela confrontar, num campo, o Michel Jordan?
Não, não adiantaria.
É necessário termos pé, é necessário vermos o espelho.
É necessário sabermos que o destino pode ser o mesmo mas o caminho não terá de o ser, é necessário o diálogo quando a ameaça não pode ser concretizada.

Temos de ir mas não conseguiremos, nunca, ir todos juntos.