Thursday, September 29, 2011

A morte prematura de estrelas de cinema ou de música deve ser a melhor opção de carreira que eles jamais tomaram.
Reparem que a Monroe será sempre lindíssima, o Kurt Kobain, Hendrix e Joplin, por exemplo, nunca se renderão ao mercado pop e tudo aquilo que fizeram será visto como melhor do que o que realmente foi porque estará para sempre ligado ao trágico...e nada é mais romântico do que a tragédia.

Estes que nos deixaram no momento que a sua fama disparava ou tinha há pouco disparado nunca irão desiludir-nos. Olharemos para eles como o exemplo de integridade artística ou de beleza porque, como já disse, não terão tempo para nos mostrar como estamos errados e como, futuramente, iriam fazer qualquer coisa que nos iria abrir os olhos no sentido de que eles, como nós, são de carne e osso.

É inevitável a desilusão a menos que a ilusão não termine.
É uma coisa cínica, eu sei, mas, como já ouvi alquém dizer, "o antigo alcoólico não existe. Ele será sempre alcoólico e se nunca mais beber é porque não viveu suficiente tempo para isso". É triste e, até certo ponto, desmotivador para que queiramos ser mais e melhor - outra coisa que nos puxa os pés para o fundo do oceano - mas não é, por isso, menos verdade.

Tuesday, September 27, 2011

Já escrevi muitas coisas que rimam. Chamo-lhes assim porque não acho que alguma vez foram poesia ou que em algum tempo fui poeta. Mas já escrevi cenas assim; não eram brilhantes mas não eram, também, más...e para mediania temos de mais, não é precisa ajuda nem incentivo.

Olhando para trás, houve mais do que um motivo para ter deixado de ter vontade para escrever coisas a puxar ao lirismo. Não foi apenas a mediania que me afastou porque, felizmente, ainda não sou competitivo na escrita, foi também, ou principalmente, a aparência plástica que a coisa tinha.
Quando faço prosa consigo ser visceral mas quando tentava rimas isto raramente acontecia e qualquer forma de arte ou pseudo-arte tem de, pelo menos, levar umas gotas de sangue.

Mas não foi só isto.
A sensibilidade para este tipo de coisas também a perdi em algum lado. Houve tempos em que me permitia a sensações hiperbolizadas, desde o sentimento demasiado pesado da perda à alegria mais incomensurável de uma vitória. Hoje tudo é mais relativizado. Hoje a eteriedade dos sentimentos torna-os exactamente isso, ar.
Poderia forçar o regresso mas a verdade é mesmo isso: a verdade.
Soube quando tinha de saber que as rosas têm espinhos e, depois disso, deixei de conseguir imaginar que alguma delas os não teria; descobri no momento exacto que não há ganho que não se traduza numa perda, própria ou alheia, porque tudo é limitado e, em directa consequência, nada é suficiente para todos.

Deixei de mutilar em verso e pode ser que o mesmo caminho lhe siga a prosa mas não aguardo esse dia com nada que se pareça com alegria.

Saturday, September 24, 2011

Começou o novo reality show da TVI, ou melhor, a segunda edição do mesmo.
Adorava ser daqueles tipos superiores à maioria (superiores à maioria porque quando um programa rebenta com as audiências isso significa que a maioria viu) que acham isto degradante e um atentado à inteligência mas não sou; quer dizer, também considero um ataque à inteligências mas é mais forte que eu...

É irresistível, para mim, este olhar pela fechadura mesmo quando sei, à partida, que o que se passa para lá da porta não é natural porque os residentes daquela morada sabem que estou a olhar...mas ainda assim é mais forte que eu.

É voyeurismo, sim.
Sou um gajo que gosta de ver e, para ser sincero, nem me importo que saibam que estou a ver.

Wednesday, September 21, 2011

Há a questão milenar que é colocada aos actores e actrizes (os mais bem parecidos, claro) sobre o facto de a sua beleza ser uma ajuda ou um empecilho. As mais das vezes, para parecerem sérios e pouco preocupados com a aparência - como se fosse possível alguém desmazelado estar naquela forma física - dizem que os prejudicou mais do que os benificiou. Isto é uma escabrosa mentira em 90% dos casos.

Ao ver a Soraia Chaves, ontem, em entrevista dei-me conta, contudo, de que um ínfimo número de gente que representa pode, de facto, sofrer de um problema que não se liga, apenas, à sua beleza mas que lhe está intimamente ligado.

Vou tentar dar 3 exemplos daquilo a que me refiro: Monica Bellucci, Anjelina Jolie (apesar do óscar, completamente merecido) e a própria Soraia Chaves.
O que liga, aos meus olhos, estas três actrizes - obviamente com intensidades diferentes, elas não estão todas ao mesmo patamar - é o facto de me ser impossível apreciar, com exactidão, a qualidade do seu trabalho. O primeiro instinto que tenho quando as vejo é que são, de facto, más actrizes e que se safam por serem boas.

Ledo engano.

O que se passa, na verdade, é uma outra coisa que, essa sim, as prejudica. Há uma qualidade intrínseca nestas mulheres que hipnotiza; é uma luz que se acende e ofusca; é um odor captado pelos olhos que substitui qualquer cenário por cama e qualquer trapo como a mais sensual das lingeries.
Há gente deste tipo. Há mulheres que fazem os homens gravitar à sua volta como se elas fossem o próprio Sol e nada fazem por isso. É uma presença de seda que se impõe como um pedaço de granito.
Sim, isto é mais do que suficiente para lhes garantir a vida mas se a sua verdadeira vontade é serem reconhecidas por aquilo que fazem - seja o que for - serão mal sucedidas porque nós não o conseguimos fazer.

Lembro-me de, uma vez, estar numa festa e de a Namoi Campbel ter comparecido. A música não parou, a bebida não cortou, as luzes não se acenderam e, contudo, TODA A GENTE sentiu a sua chegada e ficou atónito a vê-la descer as escadas.
Não, não era por ser uma celebridade ou por ser podre de boa, era por ser ela e por um motivo que não se consegue explicar.

Monday, September 19, 2011

Californication

Isto é uma série de TV. Se não conhecem ou se conhecem mas nunca viram pode valer a pena dar-lhe uma vista de olhos.
Não é comum na forma como aborda o tema ou como o desenvolve mas, para mim, é uma história antiga a que é relatada; é a história de quem sabe para onde quer ir e onde, inclusivamente, já esteve mas onde não é capaz de ficar por muito que tente e queira. É a clássica e intemporal situação do que se quer e do que se quer querer.

Não sei se já todos terão passado por isto. Não sei se faz parte da narrativa generalizada uma atracção irresistível e, até, incompreensível por alguém que nada trará de bom...facto conhecido à partida.
Na minha cabeça, é como a vertigem que nos dá quando estamos no precipício, é emoção pura e desconfortável que deverá atrair uns e retrair outros mas a que nunca se fica indiferente.

Eu sempre fui o precipício e nunca o tipo que chega perto dele.
Descobri esta minha localização geográfica relativamente cedo mas não o fiz sozinho.

Contrariamente à personagem da série, contudo, não posso afirmar para onde quero ir e não tenho intenção de voltar a nada. É verdade que em tempos difíceis e em noites em que os meus dedos correm soltos sobre o telemóvel já tentei o retorno ao que conheço e onde já fui feliz mas, verdade seja dita, era um buraco que me impelia para a segurança que não voltará e não a vontade.
Não posso, também, afirmar que, como a dita personagem, sou uma besta de bom coração. Estou mais perto de ser a besta do que o tipo de bom coração.

O que sei e o que tenho de comum é a vertigem que provoco. A vertigem misturada com a miragem de que apenas parece um percipício mas que o não é.
É um precipício, apenas.

Tuesday, September 13, 2011

Não é de todo a minha cena, nunca foi, mas hoje - e quando digo "hoje" refirmo-me a um tempo que se esvai há mais tempo do que o que gosto de pensar - não estou para ninguém e não estou com ninguém.

Não me agrada, não me sinto eu mas, contrarimente ao que se lê do percurso dos meus dias, apetece-me ficar às escuras, sempre.

Quando vai terminar?
Não sei se vai terminar e muito menos como vai terminar.

Friday, September 09, 2011

"Só Sexo Não Existe!!"

Ouvi esta frase muitas vezes, com diferentes redacções e em múltiplos idiomas. Como Macho que sou, pareceu-me, durante anos e anos, uma coisa abichanada ou feminina.
Fodo há muitos anos e apenas tive 3 relacionamentos sérios (na verdade, 2 mas, por questões temporais, direi 3) o que significa que sou um mestre a compartimentar coisas. Nunca devemos misturar carne e espírito porque quando isso acontece temos sentimentos.

Esta última frase diz tudo quanto a existir, ou não, apenas sexo. Ou seja, revela se é possível, ou não, a inexistência de consequências numa troca de fluidos.
Ora, a resposta é, obviamente, NÃO.

Quando achava que uma tal coisa era possível e que eu era um mestre nesta tal coisa, a única ligação que me preocupava era a que a receptora da minha masculinidade ficasse apaixonada, que quisesse mais alguma coisa do que prazer horizontal (algumas vezes vertical, também), o que era tudo que eu não queria.
Então, tinha regras para evitar iludir ou fazer germinar algo mais do que vontade de foder, coisas como apenas malhar a mesma fêmea em 2 ocasiões diferentes, NUNCA dizer que ia ligar ou que gostava dela e outras que não me apetece revelar porque, vistas à distância, são ridículas.

O que eu não percebia era que todas essas regras eram criadas tanto para não permitir que elas se aproximassem com para impedir que eu me aproximasse delas.
Não que estivesse ou temesse apaixonar-me por elas, até porque quando teve de acontecer aconteceu, mas porque eu não queria empatia ou mais que isso. Sentimentos são âncoras e eu tinha sempre muitos sítios onde ir.

Na ânsia de as evitar evitei-me também mas não sabia.
Hoje, por muitos motivos, não me importo de me evitar e de evitar os outros mas sempre que o faço fico um pouco mais longe de qualquer bóia que se apresente e, novamente, não existe só sexo. É uma acção como as outras e como todas as outras tem consequências.

Há uma enorme diferença entre não perceber o que damos ou perdemos e o que damos ou perdemos de facto.

Wednesday, September 07, 2011

Tenho um estranho fascínio pelo deserto.
Estranho tanto porque, friamente, não percebo o que de tão belo e intenso lhe encontro e porque a maioria absoluta das pessoas quando pensa em areia não pensa em tanta e tanta areia assim.

A explicação com mais sentido, para mim, é uma coisa mais próxima do metafísico do que com o...bem...físico; uma qualquer ligação que poderá ser espiritual (para quem é espiritual) ou química dentro do cérebro (para quem cai pró cientifico). Seja lá o que for é muito forte e intenso, ao ponto de ficar pasmado sempre que o vejo; seja ele qual for e seja a forma como o vejo uma qualquer, também.

É assim parecido com o que sinto por samba...
Quando vejo samba (ouvir, apenas, não chega) fico num estado consciência alterada em que sou incapaz de dar atenção ao que quer que seja.

É isso!!!
Se eu fosse uma cobra era mostrarme o deserto ou o samba e eu não morderia ninguém!

Monday, September 05, 2011

Puta da Loucura

Ontem vi uma reportagam sobre Luxo.
A coisa era muito mal ajambrada, uma péssima reportagem. Não se percebeu o que a reportagem pretendia transmitir, se Luxo, se futilidade, se idiossincracias sociais...bem, a coisa era sem sentido mas sobre isto não me apetece falar porque viraria a coisa para o jornalismo e não é o que me apetece fazer.

Uma das pessoas que integrou a reportagem foi uma pessoa que aparece constantemente nas revistas (daquelas que não se percebe porquê) e a quem nunca tinha ouvido a voz. Desconhecia que era algo de tão valioso, esta ignorância quanto à sua voz e palavras. Sabia que beneficiava do beijo da Sra. Sorte por nunca a ter ouvido mas não sabia o quanto...

Ora, vamos lá!
Este mulher vive numa casa óptima e isso viu-se mal a imagem entrou. Além disso, possui kilómetros e kilómetros de roupa e pilhas e pilhas de sapatos.
Na voz da repórter, ela é "muito ocupada" apesar de não ter profissão e, por isso, emprego. Poderíamos ser levados a pensar, porque não seria caso único, que esta mulher ocupada apesar de não ter profissão o era porque prestava auxílio social, levava os filhos ou os netos à escola (não tem uma coisa nem outra) ou que tomava conta da sua imensa casa (o que me pareceria trabalho a tempo inteiro).
Não. Nada disso.
Porque lhe chamava, então, ocupada a repórter?
Bem, ela acordava e traziam-lhe o pequeno almoço; depois dos pequeno almoço lia as revistas do dia - jornais e livros quê?! - suponho que para apurar se tinha aparecido; ia para a passadeira fazer uns quantos kilómetros a andar; pegava numa ou outra laranja e mandava a empregada fazer laranjada (sim, ao menos era ela que pegava nas laranjas); saía para fazer uma cena cujo nome não me recordo mas que tinha uns fios que lhe ligavam à pele e mais umas massagens; ia ao shopping para comprar umas roupas e uns sapatos (perguntava logo que entrava se havia novidades porque o que via exposto já tinha - é alucinante mas verdade); voltava para casa e descansava deste dia ocupado.

Poderia pensar-se que foi isto que me deixou em ponto de bala mas a verdade é que não foi. Quero lá saber o que as pessoas fazem ou com aquilo com que se divertem, alguém lhe paga os vícios e esse alguém não sou eu.
Compre tudo e entre na maior das futilidades que nada disso me incomoda.
Então, porque fiquei irritado? Voltamos ao quase princípio.... A Voz!!!

Começou esta mulher por dizer que um dia, quando era nova (em outro milénio, portanto) disse para consigo que iria ter aquela vida, gente que tomasse conta dela (tomar conta no sentido de servir) e que teria uma casa fabulosa e imensa roupa sapatos e cenas desse tipo.
Ela tem tudo isto porque casou com um gajo rico e isso, pelo menos, não foi contestado.
A dado momento chamam-lhe a atenção para isso mesmo: "Teve sorte em conhecer o seu marido, então". Não, não foi sorte. Ela tinha sido revendedora de ouro e outra cena qualquer, daí, como teve (?) estas duas profissões não teve sorte, fez acontecer.
Quando perguntada se tinha sido afectada pela crise diz que não mas que sabe que o dinheiro não cai das árvores, daí não sair por aí a comprar "barcos e ferraris" porque as coisas não são assim tão fáceis! O que acontece é que o marido lhe dá uma verba (que ela evita chamar de mesada) e ela gere (?) esse dinheiro.

Meus amigos, é isto que me enoja!
Podem ser o que forem e ter o que tiverem mas esta alardoada de estupidez, burrice, presunção e sensação de merecimento pelo esforço inexistente deixa-me doido!
Ela "sabia" que ia ter o que tem e para isso revendeu ouro e outra merda qualquer mas a verdade é que não foi com isto que ela teve acesso a dinheiro (que não é dela) mas porque casou com um gajo rico. Se sabia que ia ter tudo mas conseguiu-o com o marido - não esquecendo o enquadramento com que tudo é descrito - das duas uma: 1) conheceu um gajo e decidiu furar-lhe o baú; 2) andou a vida toda à procura de um baú para furar - não serei eu a usar termos como "puta" por exemplo porque esta recebe mediante serviço e é uma profissional.
Ela "sabe" que o dinheiro não cai das árvores, daí apenas comprar roupa ao peso mas não o fazer com Ferraris e barcos...a vida está difícil e ela tem noção da responsabilidade.

É a Puta da Loucura.

O que me intrigou foi o que levou a que o seu patrão/dono permitisse que ela viesse dizer, publicamente, que quem manda nela é apenas um saco de dinheiro e que se casou por interesse.
Depois percebi: o marido é caquético e deve ter perdido a noção da vergonha e do ridículo.