Tuesday, January 31, 2012

A Quinta

Nós temos disto.
Hoje estava a ler um jornal que noticia que o Banco de Portugal possui uma quinta onde os filhos dos colaboradores - suponho que também as mulheres e maridos e não vejo motivo que leve a que tal não englobe também os pais, primos e amigos próximos - podem ter aulas de equitação e usufruir de momentos de lazer.
Ah, e, por vezes, para reuniões mais restritas; para as reuniões eu até percebo, quem não quer ter uma reunião num lugar repleto de éguas?! Eu quero!

Perguntarão, nós, os menos esclarecidos, o motivo que leva a que o Banco de Portugal, uma entidade reguladora, a possuir este tipo de...bem...luxos? instrumentos de trabalho?
Fácil! A resposta a esta questão é a mesma que deu Jeremy Clarkson quando lhe perguntaram por que motivo a Aston Martin pede tanto dinheiro pelos seus carros e a mesma, também, que se dá quando se pergunta porque lambém os cães a sua genitália: Porque podem.

É a puta da loucura, isso sim.
Talvez fosse boa ideia convidar o Gervais para apresentar os Globos de Ouro da SIC, este ano. Era disponibilizar material de primeira ao tipo e um incentivo para que nos ríssemos das nossas desgraças.

Thursday, January 26, 2012

Neste tumultuoso continente Europeu a questão do "quanto" tem-se revelado cada vez mais importante, nomeadamente, seguida das palavras "mais iremos aguentar?".
Historicamente, foi uma questão cuja resposta nunca foi amável ou agradável; isto porque raramente foi elencada em palavras e ainda mais raramente se avisou quando iria ser dada.

Não sou fatalista nem revolucionário. Não desejo tumultos, não desejo desacatos e muito menos desejo sangue mas, por este caminho, a coisa poderá resvalar, em crescendo, para todos eles.
Se pararem um pouco para olhar em volta, nem sequer é preciso uma consciência histórica, irão reparar que as mais incontroláveis pessoas são aquelas que nada têm a perder. Ok, poderão chamar-me de La Palisse mas a verdade é que só há bem pouco tempo me dei conta que a paz não se faz pelos ricos, de classe alta, nem pelas pobres, de classe baixa. Em ambos os casos, por muito estranho e abominável que isso pareça, eles querem mais e quando se quer mais tem de se tentar tirar a quem o tem. Quem contribui para a paz são os do meio, é uma classe média, que tem mais do que pouco mas menos que muito, são aqueles que pretendem manter e não perder nem ganhar, são aqueles que se querem longe da confusão e que os deixem estar.

A sociedade ocidental moderna ganhou a sua estabilidade e paz pós II GGM com base nestas pessoas.
A resposta que não quero ouvir e muito menos sentir, o que será tarde, é o que acontecerá quando os do meio deixarem de existir.

Tuesday, January 24, 2012

Volta e meia dou uma vista de olhos ao programa do Piers Morgan para ver quem por lá anda. Não vejo o programa independentemente do entrevistado porque não morro de amores pelo entrevistador (como não morreria de amores por ninguém em nenhuma profissão que admirasse o Donald Trump).

Ontem o convidado era o Sean Penn. Metade por ser famoso e metade por causa do estupendo trabalho que tem vindo a fazer no Haiti.
Como seria de esperar, a coisa resvalou para a corrida à presidência dos EUA e aos concorrentes Republicanos. Como seria, ainda mais de esperar, nenhum destes candidatos agrada ao Sean Penn (como não agradam a qualquer pessoa instruída) mas a surpresa, para mim, foi outra. Pareceu-me relevante e fez-me pensar (mesmo correndo o risco de me magoar).

O Santorum defende, por exemplo, a criminalização do aborto. Ora, isto não é novo, aqui acontecia o mesmo há uns anos mas a diferença, que não é, de todo indiferente, é que QUALQUER ABORTO SOB QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA SERIA CRIME. O que quer isto dizer? Que nem mulheres grávidas em virtude de violação ou incesto nem mulheres cuja gravidez lhe acarrete risco de vida poderia abortar.
É a puta da loucura, eu sei, mas a parte que me fez pensar não foi esta, esta só me deu uns arranques.
O que me intrigou foi isto:
O Piers pergunta ao Sean Penn qualquer coisa dentro deste genero: "Não sente algum respeito por um tipo como o Santorum que, apesar de se discordar dele, assume aquilo que é sem tentar enganar ninguém?"; depois de uns segundos, o Sean respondeu-lhe: "Se o respeito? Se respeito um tipo que pretende que a minha filha seja presa caso decida abortar? Não, não o respeito!"

Ora, é evidente que o Sean Penn não podia respeitar um tipo destes - interrogo-me como poderia alguém fazê-lo - mas o facto de nem a sinceridade deste candidato granjear alguma simpatia preocupa-me.
Não é que eu consiga, racionalmente, explicar que deveríamos ter algum apreço por quem se assume como é por mais estúpido, ignorante e, até, criminoso que isso seja mas consigo, racionalmente, perceber que é muito mais perigoso instigar à mentira e à mascara para que, quando for tarde demais, a mentira acabe e a máscara caia.

E o grande problema é este: Quando apenas estamos dispostos a ouvir aquilo que nos interessa estamos, também, a instigar para que nos mintam.

Thursday, January 19, 2012

CLOSER

Ontem revi este filme.
É o tipo de história que me atrai; uma coisa não muito difícil de seguir em termos de linearidade mas extremamente complexa porque versa exclusivamente sobre pessoas e sentimentos e relações.
Uma outra coisa que me faz lembrar dos filmes são frases memoráveis e este tem uma:

"Lying is the most fun a girl can have wiyhout taking her clothes off"
(não sei se é verdade mas que é bonito, porque trágico, lá isso é)
Estava agora a ver os prize money para o Open da Austrália e constatei que são iguais para homens e mulheres.
Esta é uma luta antiga, por parte das mulheres, naturalmente, na sua constante luta pela absoluta igualdade, mesmo que essa igualdade se torne, em si, desigual.
No caso em concreto do ténis temos que os homens jogam mais tempo (são mais sets), os jogos são mais disputados (porque para além de os homens serem fisicamente mais fortes a concorrência é, em si, maior) e a maioria (esmagadora?) das pessoas que assistem ao Open da Austália (como aos outros) são direccionados para a parte masculina.

Então: menos tempo de jogo, menos intenso e menos retorno em termos de audiências dão igualdade de prémios. Não faz qualquer sentido!

Não se pense que é uma questão de machismo, não é. É, apenas, uma reacção ao seu extremo oposto (o que o torna seu vizinho), o feminismo.
Intrinsecamente não acho que existam ou devam existir diferenças entre homens e mulheres; não acredito que ser mulher deva ser uma desvantagam em termos de direitos e de deveres, não é, em termos de humanidade, o homem superior à mulher (ainda que me pergunte se o contrário é verdade).
Agora, fazer transpor essa génese comum para o que é economicamente quantificável parece-me excessivo. Quem trabalha mais e dá mais retorno deve ser por isso compensado e a isto não se chama machismo ou desproporcionalidade, chama-se justiça!

Tuesday, January 17, 2012

Medo é um Vislumbre de Esperança

Desde que me comecei a dedicar a ler mais do que o que lia, por motivos não inteiramente agradáveis, é verdade, dei comigo a prestar atenção ao que nunca tinha prestado, como por exemplo, as notas.
Numa dessas notas, li um texto, óptimo, em que agarrei a frase que serve de título a isto que agora vos escrevo: Medo é um vislumbre de esperança.

Apesar de fazer todo o sentido e de não ser, de todo, um conceito novo para mim, nunca o tinha visto formulado desta forma, como uma clareza que, à data, tinha sido incapaz de lhe dar. É a ideia, plenamente acertada, a meu ver, de que só não tem medo quem ou nada tem a perder ou o que esperar ou quem sofre de um doença mental. Não é esta uma apologia à cobardia ou uma cruzada contra o heroísmo (sendo que isto do heroísmo terá imenso que se lhe diga e tem pouco de claro), é uma constatação, para mim, evidente: quem não teme não tem, no momento, nem tem esperança de o vir a ter.

Neste mesmo texto, a autora dá o exemplo do boi que vai para o matadouro e o condenado à morte. O boi esperneia na ânsia de escapar e de viver, ainda que isso nunca venha a acontecer, enquanto o condenado vai, ordeiramente, para o seu lugar de execução. A autora não chama a esta acto, do humano, de estóico ou de corajoso, entende-o como derrotado e indigno, porque desistiu, ao contrário do boi que luta com todas as forças por mais mal sucedido que venha a ser.
Sim, é sempre muito duvidoso comparar comportamentos de animais racionais com os outros mas não deixa de fazer sentido... Lutar pela vida, ainda que de forma pretensamente indigna tem mais dignidade que morrer. A morte não é digna. Pode ser útil, pode ser desejada, pode ser inevitável mas nunca é digna.

Vale mais um herói morto ou um cobarde vivo?
Se perguntarem a quem passa na rua eles defenderão o herói mas se a pergunta for interna, de si para consigo, será a resposta a mesma?

Tuesday, January 10, 2012

Com a contagem dos dias que se vão transformando em vida fui aprendendo a ser mais tolerante. Quer dizer, fui aprendendo a ser um pouco mais sociável e a admitir, ao não revelar em voz alta, o quão estúpidas acho certas coisas.

Por exemplo, para termos uma coisa mais contemporânea, admito - ao não entrar numa discussão acesa - que haja quem entenda que o Cristiano Ronaldo é melhor que o Messi. No meu íntimo sei que é uma estupidez mas já não sinto uma vontade incontrolável que comprar esta batalha.
O que acontece é que ainda não me transformei em outra pessoa.
Um dia destes, um tipo disse-me o fatal "para mim, o CR é melhor" e eu, como vem sendo hábito nesta cruzada para contornar instintos que me são quase tão naturais como inspirar, respondi o clássico "pois... não concordo de forma alguma mas...bem...cada um pensa o que quer" - e dei uma palmada nas costas a mim mesmo por ter sido tão civilizado.
Depois, o mesmo tipo, diz isto: "Não, para mim, o Messi é melhor que o Maradona!!"; pronto, entramos na fase em que não há desculpa admissível: "Então, o Messi é melhor que o melhor jogador de futebol de todos os tempos e o CR é melhor que o Messi! Ouve, deixa de ser burro que isso não fica bem a ninguém!!" - e não havia palmadas nas costas para me congratular.

Acho que todos devemos tentar controlar aquilo que entendemos exagerado e isso varia de uns para outros. É assim que se evolui e assim que se aprende; aqueles mentecaptos que dizem "sou assim e vou ser sempre assim" ou "se pudesse voltar atrás não mudaria nada" merecem uma de três coisas:
1) uma paulada na cabeça, para ver se acordam ou desmaiam de vez;
2) serem esterilizados para evitar a sua reprodução;
3) pena.
("pena" não é um sentimento que alimente ou sinta com frequência mas, a bem de alguma democracia, admito a hipótese).

Quanto a mim, digo o seguinte: Tenho um interesse extremo em melhorar mas não quero ser outra pessoa.

Thursday, January 05, 2012

Tenho para mim que a única coisa que me impede de ser um joguete em mãos femininas, como aqui já disse, é o meu mau feitio. Hoje não falerei desse mau feitio e das coisas que me foi safando durante o tempo mas antes o que pode acontecer quando ele não se manifesta.

Há pouco tempo estive num casamento. Este casamento, como todos os casamentos por agora, não são um oásis de solteiras (estão na fase pós-casamento e pré-divórcio), daí que não vou com grandes expectativas...ou melhor, vou sem expectativas porque, na verdade, a única hipótese viável é sacar uma gaja com o namorado/marido lá (que neste casamento quase aconteceu...mas isso é outra história) e isso não faz o meu género.
Bem, neste casamento, contudo, havia lá uma que era quase solteira, ou seja, tinha namorado mas o namorado não tinha ido o que é a mesmíssima coisa uma vez que não o conheço. Eu tinha ideia que sabia quem ela era mas não tinha a certeza disso mas ela sabia quem eu era.
Então, conheci esta belíssima mulher há uns anos atrás (sublinhe-se o belíssima) mas não relacionei uma com a outra, a passada e a presente porque, neste momento, ela estava completamente produzida e quando a conheci não estava...e achei-a ainda mais belíssima sem produção, na altura.
A dado momento, ela diz-me "Olá Kaiser, eu sou a Belíssima" ao que eu respondi "Ah!!!! Não te estava a conhecer!!", o que era só meia mentira.

Amigos meus que presenciaram isto acharam que tinha sido genial, que era assim que se tratava gajas deste calibre porque precisam de sair do pedestal de serem assim tão boas. Sim, talvez tenham razão mas, no meu caso, não foi talento... foi falta de reacção como apenas me tinha acontecido uma vez antes em toda a minha vida.

A outra é de agora, fresquihna!
Na Passagem de Ano fiz o que gosto de fazer: nada de especial com vinho e cerveja.
Nesta festa imensamente reduzida antes de ir para as ruas, estava uma mulher em que vou tendo as vistas de tempo a tempo e que não sei ao certo se quer ou se não quer ser comida por mim. Para o caso isso não interessa e seria uma outra história.
Resumindo, no fim da noite, com bastante cerveja em cima (suponho que os dois mas só posso atestar por mim), vem aquela conversa meio deprimente de fim de ano de "não sou nada de especial e nem acho assim tão gira, só vejo defeitos!!!". Em condições normais isto dava para eu a mandar foder e que se enxergasse mas, como havia cerveja e ela tem um corpo de....bem....tem UM CORPO, a coisa terminou com as minhas mãos no rabo dela e um beijo na boca que se tornou um resumo em si mesmo porque o namorado dela estava a chegar.

Resumindo a coisa:
Detesto sentir-me aparvalhado e determinadas mulheres conseguem com que eu aparvalhe ao ponto de me apetecer partir a cabeça numa árvore;
Quando ninguém respeita relacionamentos, porque hei-de eu respeitar? E quem ira respeitar quando o relacionado for eu?