Sunday, December 30, 2018
O meu ego é gigante.
Em parte, foi criado e alimentado para ser assim; Em parte, mantive-o assim porque entendi justificar-se. Não me preocupa, particularmente, o tamanho do meu ego. Preocupa-me se for maior do que se justifica.
...dá-se que, entretanto, fui descobrindo que o ego é a génese de muitos problemas.
É por causa dele que não admito que me olhem de cima, mesmo quando isso poderia ser vantajoso. É por causa dele que não levo a bem que - sequer! - pensem que me dão ordens, mesmo quando também isso me seria vantajoso.
Consegui fazer pouco para controlar esta necessidade de alimentar o bicho mas consegui fazer alguma coisa.
Era muito de corrigir as pessoas quando se enganavam. Deixei isso.
Era muito de mostrar e demonstrar quem era o mais esperto, ali. Deixei isso.
Era muito de abrir os olhos a quem quer que se cruzasse comigo quanto à realidade que existe e não há realidade que se queria que existisse. Deixei isso.
As minhas relações familiares são óptimas se me focar apenas nas pessoas com quem me dou. E estas pessoas com quem me dou deixei - durante o máximo tempo que a realidade permitiu - que pensassem que era apenas o meu feitio de merda que impedia que me desse com os outros.
Ah, o K é assim.
Ah, o K leva algumas merdas demasiado a sério.
Ah, o K é um bicho que não dá segundas oportunidades.
Tudo isso pode ser verdade mas não é porque pode que é.
Os anos foram passando e, agora, percebem o que realmente se passa e quem as outras pessoas realmente são.
Já o tinha visto. Não precisei e nunca preciso que me seja esfregado na cara.
ESTÃO A VER, BURROS DA MERDA?! É POR CAUSA DESSAS MERDAS QUE NÃO ME DOU COM ESSAS BESTAS!!! poderia o meu ego - e talvez a justiça - obrigar-me a gritar.
Não fiz nada disso.
Lamento que tenha acontecido.
You can fool some people some time
but you can´t fool all the people all the time.
Friday, December 28, 2018
Thursday, December 27, 2018
Monday, December 24, 2018
Mensagens de Esperança
A minha confiança em amanhãs que brilham é nenhuma, como nenhuma é na bondade inerente da humanidade.
Isto é uma péssima maneira de começar a falar de esperança mas desconheço outra. Melhor. Desconheço outra que possa reflectir o que o quotidiano nos mostra. Poderemos confiar no que nos dizem mas devemos confiar no que nos mostram.
Então,
não confio em amanhãs que brilham mas confio em amanhãs.
Confio que finda a tempestade, o Sol nascerá e que this too shall pass.
É verdade que o Sol que vem depois da tempestade não tem de ser mais quente e é, também, verdade que quando passa isto vem outra coisa que não é, necessariamente, melhor...mas em ambos os casos será uma outra coisa.
Se tivermos em conta que as frases em questão são um tónico que não é tomado quando tudo está impecável, uma nova coisa é desejável e o risco de ser pior é tolerável.
Nunca me esqueço que quando o Pessimista diz ou Optimista isto não pode piorar o Optimista responda Pode, pode! Também não me esqueço que só se afere o sucesso - e a dor - quando pouco ou nenhum tempo nos resta por cá. Podemos achar que estamos no fundo do poço mas isso só se torna certo quando for impossível encontrar um ainda mais fundo.
Se estavam à espera de uma mensagem de esperança sem qualquer tempero de realidade, foderam-se.
E se estavam à espera de uma coisa desse tipo da minha parte, mereceram foder-se.
Wednesday, December 19, 2018
RACIONALIDADE
Como é sabido, a igualdade tal como a vendem eu não a compro. Nós não somos todos iguais. Começa mas não termina na aparência.
Como é, também, sabido, faz-me espécie o racismo porque apesar de não sermos iguais (da mesma maneira que o meu pé esquerdo não é igual ao direito) somos, no fundo, a mesma coisa (da mesma maneira que o meu pé esquerdo e o meu pé direito são pés).
Talvez o que mais nos distinga seja o que fazemos ou tentamos fazer mas não necessariamente o que somos.
A racionalidade tem um peso significativo nisto, na minha opinião.
No seguimento do primeiro parágrafo: eu tento ser o mais racional que consigo mas não me é possível desligar-me, por completo, da parte emocional...ainda que o quisesse, o que não é certo. Também no seguimento do primeiro parágrafo: provavelmente por tentar com mais força, sou mais racional do que a maioria de nós e isso acontece, apenas, porque reconheço as minhas limitações e não sou iludido.
Ah, K, andaste a fumar merda?
Não. Tentarei concretizar.
A irmã dEla é agarrada ao dinheiro. Além de ser, parece.
Eu sou agarrado ao dinheiro. Apesar de ser, não pareço.
Ah, K, tens a mania que és super seguro e confiante e andas a enganar as pessoas?!
Não. Mas isso fica para daqui a pouco.
A principal diferença entre eu e ela é que me chateia a irracionalidade de ser agarrado porque não é produtivo e faz-me mal. É possível que ela ache o mesmo mas não sabe como evitar; eu aprendi.
Nunca me ouviram discutir uma conta num jantar com amigos e nunca me viram cobrar dinheiro que tenha emprestado.
Nunca me ouvem dizer que tenho X dinheiro ou perguntar a quem quer que seja quanto ganha. Além de não perguntar, só em casos muito excepcionais e que me possam afectar directamente me interessa.
Nunca me ouviram falar de dinheiro ou querer saber quanto alguém pagou por sei lá o quê.
O meu comportamento é tudo menos de agarrado...mas sou agarrado.
...só que chateia-me ser agarrado.
É verdade que o meu agarranço não é materialista nem social. Não guardo dinheiro porque quero comprar isto ou aquilo. Não guardo dinheiro para ter mais dinheiro do que outra pessoa.
O dinheiro, para mim, é paz. Segurança contra um imprevisto. Liberdade.
...mas não deixo de ser agarrado.
Por exemplo: não consulto o meu saldo bancário quase nunca. É certo que se passam meses sem que vá ver quanto tenho no banco. É certo que se me roubarem dinheiro - contando que não é uma batelada violenta - não darei por ela.
Porquê?
Por estes dias fui ver se me tinham pagado uma determinada merda por mera curiosidade de quando será que isto é pago? e, já que lá estava, fui ver o saldo e pensei caralho, mais 3.000,00€ e ficava com um número redondo e será que já recuperei o dinheiro que rebentei nas férias?!
O que interessa o número redondo? Nada.
O que interessa se já recuperei o dinheiro que gastei nas férias? Nada.
A minha cabeça sabe que ambos os números são irrelevantes mas a minha emoção, não.
Ela, por exemplo, é incapaz de fazer isto.
Ela é vencida pelo emocional de quanto tenho? e será que consigo atingir os X?. E ela tem muito mais dinheiro que eu.
Como sei isto? Porque tenho uma ideia aproximada - hoje, muito aproximada - de quanto tenho mas sei exactamente quanto ela tem porque...ela fala dessas merdas.
Tento controlar a natureza com a racionalidade e tenho de usar artimanhas para isso.
Este é apenas um dos muitos exemplos.
A maioria de nós sucumbe. A maioria de nós é o que não quer ser porque desconhece que nasceu e sempre será limitado. A maioria de nós quer mudar quando deveria, apenas, querer controlar.
Racionalidade. Realismo.
Voltando ao eu fingir e querer enganar as pessoas.
Nada disto acontece.
O que se dá é que os outros vêm-nos com se vêm a si.
Para ela, será virtualmente impossível imaginar que eu sou agarrado apenas porque não pareço. Confundirá o trabalho com a naturalidade. Confundirá o construído com o inato.
E a maioria é assim.
A maioria não se dá ao trabalho de olhar para lá do umbigo e isto nem sempre é por serem más pessoas ou burros. Somos montados no egoísmo. Todos nós.
Só para que entendam até onde vai o meu esforço e o meu asco pela irracionalidade de que não consigo desgrudar.
Ontem, depois do episódio do número redondo e do será que recuperei o dinheiro das férias? senti-me sujo e estúpido.
Entrei no carro e disse-Lhe:
Foda-se, acho que vou ter de te comprar qualquer merda cara!
- Porquê?
Pá, porque não sou capaz de comprar merdas caras para mim e esta estupidez de ser o gajo mais rico do cemitério não faz sentido. Um gajo não pode ser refém da estupidez!
Poderão pensar que estúpido é eu querer gastar dinheiro de qualquer maneira.
Pode ser mas não para mim.
A minha luta para ser o que devo ser ou o que acho que devo ser é-me muito mais importante.
PS Por descargo de consciências acrescentarei o seguinte: eu sou afortunado por poder usar estas estratégias. Eu posso não olhar para a conta bancária e eu posso gastar dinheiro por uma questão de princípio.
Não estou nem próximo de ser rico - nem remotamente! - mas juntando as minhas baixas necessidades e o que vou ganhando, posso dar-me ao luxo de tratar dos meus princípios e perder tempo com evolução pessoal.
Não sou desligado da realidade nem moralista: o que fiz aqui, hoje, foi falar de mim e não tenho qualquer intenção de traçar um qualquer código de conduta.
A necessidade é rainha.
Friday, December 14, 2018
"VOU CONTAR ATÉ 5!!"
Ouvi isto sexta-feira à noite, praí às 4 da manhã.
Saíram uns quantos idiotas de dentro de um bar, divididos em 2 grupos, a parecer que queriam andar à pancada. Só pareciam.
Um dos gajos desse grupo disse para um do outro vou contar até 5 e se não fores embora dou-te na boca!
Estava ao lado, eu e mais 2 amigos, e rimo-nos um bocado com aquilo porque os 3 - e, pensava eu, o resto do Mundo - sabe que se um idiota me dissesse aquilo estava a comer na boca antes de chegar ao 2.
Eram miúdos e estúpidos (sendo certo que eu mesmo quando muito miúdo nunca disse que contaria até merda nenhuma. Sou capaz de dizer vou-te foder a boca e, depois de um pequeno compasso, fodo mesmo).
Mas não é por estar a ficar velho para estas merdas de noite que falo disto.
Tenho cada vez menos vontade de me chatear.
Não me apetece.
Na circunstância que descrevi e que envolvia uns 15 gajos, estava praí a um metro de distância da confusão, pelo que não seria necessário nada de esquisito para espirrar para mim toda aquela merda.
Obviamente, eu e os meus amigos devíamos ter feito o que a maioria que estava à volta fez: afastar-se.
Não. Não aconteceu.
Ah, K, e se tivesse caído para o vosso lado mesmo que não fosse nada convosco?!
Pois, é isso mesmo. Teria passado a ser e a merda teria azedado.
Se sei que devia ter-me afastado, o que me impediu de fazê-lo?
Bem...uma das partes é racional mas a outra não.
A parte irracional é esta:
Não fui educado para recuar. Não foi uma opção que me tenha sido dada.
Em momento algum da minha educação primária me foi dito nã, há momentos em que o melhor é baixar a bola e evitar merda! Nunca.
Não se procura mas também não se foge.
Obviamente, como acima escrevi, aprendi que há momentos em que o melhor é baixar a bola e outros em que se deve evitar que dê merda mas isto é meramente teórico e intelectual.
No momento em que devo fazer uma coisa ou outra é uma terceira e muito mais natural que acontece.
É um bocado como darem-me ordens.
Eu sei que ninguém me dá ordens nem manda em mim; eu não sou um gajo inseguro.
O pessoal podia dar-me as ordens que quisesse e eu só não faria. Estava resolvido. Mas não. Se me entram nos ouvidos palavras desse tipo as minhas luzes acendem todas e a reacção é imediata.
A parte racional também existe e - espero - justifica.
O Mundo não respeita racionalidade. O Mundo respeita músculo.
Eu sei que andamos até às orelhas em sensibilidade e o caralho mas é meramente verniz.
O EUA não metem a cave no exército e no armamento para se defenderem; eles metem a cave no exército e no armamento porque quem manda é quem tem o pau maior e quem manda decide no que participa e no que não participa e escolhe o que respeita e o que não respeita.
A vida é assim. O Mundo é assim.
Este bando de panisgas que andam a educar. Estas crianças que ganham medalhas de participação e que têm de usar as palavras e que não podem sofrer bullying hão-de estar, a dado momento, fodidas.
Ah, K, mas se todos forem assim, a coisa vai lá.
É.
Dá-se que nem todos são e nem todos vão ser. A realidade e o Mundo não param na fronteira.
Se o pessoal do ISIS tiver armamento a sério, vai fazer o quê?
Se os desgraçados lituanos e romenos passarem a ter força vai acontecer o quê?
Os recursos são finitos. Todos eles.
Quando estes sensíveis que se anda a educar entrarem no mercado de trabalho e começarem a perder - porque aí há sempre mas sempre gente a perder - vão reagir como?! Vão entender que, afinal, não são só rosas? Vão recupera o que haveriam de ter aprendido na infância? Vão descobrir aos 20s que há gente mais esperta e mais forte e que os vencedores ficam com os despojos?
...e esta é a racionalidade atrás do podem andar aqui perto a matar-se, eu não me importo. Toquem-me e fodem-se.
Não é bonito.
Não é politicamente correcto.
Mas é uma extensão da realidade que rodeia, mesmo que não a queiram ver.
Mas é, também, pelo que descrevi que os novos roubam os lugares aos mais velhos.
Não é só porque fisicamente os ultrapassam é porque a sua ignorância permite-lhes atribuir valor ao que, no fundo, não tem.
Que me interessa a mim que um gajo me chame filho da puta?
É certo que lhe posso, em tese, partir os cornos mas se lhe partir os cornos com a vontade que tenho é possível que vá preso; mais vale deixar passar.
E é também assim que se destroem impérios.
Tuesday, December 11, 2018
Gordas e Transexuais
(respira...)
Tento não prestar atenção nas conversas que me rodeiam. Esta é uma tentativa que ganha força quando aplicada a quem trabalha perto de mim e é manifestamente mais novo.
- se há muita coisa que não me interessa, a colecção nova da Mango está muito lá em cima -
Nem sempre sou bem sucedido...
Há uns dias, uma das miúdas falava de uma gorda e uma das outras diz não há mulheres gordas!! O cérebro parou-me e perguntei-lhe se queria que lhe mandasse fotografias de gordas. Não são um mito. Existem mesmo.
Isto parece irrelevante por estúpido mas ganha alguma importância de acordo com o contexto geral.
Esta perguntou-me se não achava desagradável chamar gorda a uma mulher; respondi é claro que é desagradável. Mas quem é que no seu perfeito juízo vai dizer a uma mulher que ela é gorda do nada?! Isso é falta de educação...mas uma outra coisa é dizer que não há mulheres gordas.
(o principal problema desta gaja é ela achar que é gorda, por isso é que lhe dói mas, como sou educado e ninguém me perguntou nada, não lhe disse...da mesmíssima maneira que não vou ter com uma gorda para lhe dizer és gorda)
...mas esta estupidez não está sozinha.
Li por aí gente que dizia qualquer coisa como isto:
Se um homem se recusa a sair - foi em Inglês; para nós, o termo seria namorar - com um transexual é transfóbico!
Percebem?
De hoje em diante, se um Homem se recusa a namorar com uma gorda ou com um transexual ou com uma preta ou com uma asiática ou com uma loira ou com uma morena ou, daqui a uns dias, com uma cabra é racista de alguma forma.
Interessa se é heterossexual? Nop;
Interessa se quer constituir família? Nop;
Interessa de gosta de paus de virar tripas? Nop;
Interessa se é homossexual? Nop.
Qualquer recusa ou aceitação com base em preferências é racista.
...sendo certo que é, também, espectacular que não veja o mesmo raciocínio aplicado a Mulheres.
Sabem quantas gajas eu quis comer? Sabem quantas vezes elas não estavam praí viradas?
Racistas. Todas.
Se estes e estas progressistas fossem pó caralho...
Monday, December 10, 2018
Ânimo
A falta de ânimo esgota-me.
A ligação mente - corpo não me é exclusiva. Também não sou dos que acha que tudo é uma questão de mentalidade. A exaustão existe. O corpo tem limites,
...mas se me falta ânimo falta-me tudo.
Detesto andar de avião e quanto mais longa a viagem mais a detesto.
Da última vez, passaram 36 horas desde que entrei no primeiro até que cheguei ao meu destino e 36 horas rebentam mesmo os que gostam ou, pelo menos, detestam menos do que eu andar em trânsito aéreo.
Dá-se que quando as 36 horas terminaram teria encarado, no imediato, mais uma batelada delas porque era algo que queria fazer. O meu corpo não deu ares de estar vencido.
Não estava cansado nem com sono, apesar de perdido nas horas e de ter dormido, ao todo, uma 2 horas no decorrer das 36.
...mas, depois, dormi e dei conta de ter regressado.
Caiu-me a ficha que iria ficar por cá muito mais tempo do que desejaria e que voltaria ao quotidiano que não aprecio por aí além.
Tinha descansado;
Estava, novamente, em fuso horário conhecido;
Estou, agora, muito cansado.
A isto não é alheia a maravilhosa quadra em que estamos todos metidos mas...ânimo. Tudo ânimo.
Não tido fotografias desde que voltei e não é, necessariamente, por falta de tempo. Também não estou com a maior das vontades.
Os sinais não são bons.
Nesta época, nunca são bons mas costumam passar.
Pode ser que a meio de Janeiro esteja de regresso.
Thursday, December 06, 2018
...e aí está o Natal!
Chegou a altura da minha diatribe anual quando a esta quadra e ao Ano Novo que o segue. Confirma-se, uma outra vez, que Dezembro é o meu pior mês do ano.
Este ano demorou um bocado a chegar e até pensei que saltasse uma ano da mesma forma que algumas características genéticas saltam uma geração.
Pensei mal.
Normalmente - segundo a minha falível memória - rebelo-me contra a hipocrisia em que esta época é pródiga. É certo que a hipocrisia não tem uma estação em concreto mas mais certo é que ganha proporções diferentes nesta altura.
Temos a hipocrisia do somos todos irmãos e ajudamos os pobres do Natal e a do vou mudar e ser melhor! do Ano Novo.
Detesto as duas mas em maior medida a segunda. A primeira, pelo menos, beneficia quem precisa ainda que apenas uma vez ao ano enquanto a segunda é só estúpida.
Vamos deixar a hipocrisia de fora.
Vamos centrar-nos no sentimento de exclusão que, como a hipocrisia, não tem estação mas que aumenta de intensidade.
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Parece-me que andei na ilusão de que não seria afectado pela quadra porque não estive cá quando começou a borbulhar e no estrangeiro tinha mais com o que me preocupar...ao que acresce que apesar de haver decoração natalícia nos trópicos o clima impediu-me de a sentir.
....e depois cheguei.
Ainda tive uma semanita de paz mas acabou. Andei uma semana meio anestesiado e em modo caralho, era tão mais fixe não ter voltado! mas acabou.
Jantares de Natal;
Anúncios de televisão;
Conversa quanto à indumentária para os jantares;
Recolhas de alimentos por ser Natal;
Decisões quanto a onde passo 24 e onde passo o 25;
O que se quer receber e o que se quer dar de presente;
Decorações e montagem de merdas;
Cobertura dos enfeites de Natal da cidade;
Confirmações de comparência a cenas.
Foda-se.
Quando dei com as costas por cá, tinha 4 jantares de Natal para os quais tinha de decidir se ia. Maluco como andava, ponderei dar um sim a todos.
...e depois o tempo passou.
A 2 deles não poderei falta e já confirmei;
A 1 deles já me desmarquei;
A 1 deles estou com esperança de não ir mas é muito ténue;
E ainda falta 1 outro que ainda não apareceu mas que estará para aparecer ainda que a minha esperança seja poder dizer ah, já tenho tudo cheio até Janeiro...
A racionalidade não me permite embarcar em muitas fantasias e uma dessas fantasias é tempo de família.
Família não me diz grande coisa. Pode ser por nunca ter tido uma com muita gente; Poder ser por não apreciar ser desiludido e quem está ou esteve mais próximo ter mais hipóteses de o fazer; Pode ser porque a ligação de sangue é uma tanga inventada para nos fazer achar que algo de mágico se passa que impede uma avaliação que faríamos e fazemos a todos os que nos rodeiam.
Sou pela terceira.
Ah, é sangue do meu sangue! e A família é o mais importante! e A família é tudo! e, o pior, pensar que se elogia alguém ao dizer-se Tu és como da minha família!.
Tanga. Tudo tanga.
A cartada somos família sinto-a sempre como a de um parasita que está a falar com o hospedeiro.
Afinal, quando é que se ouve este tipo de expressões quando não é para pedir alguma coisa ou para justificar uma qualquer merda que se fez?
É sempre quem anda a correr atrás do prejuízo que manda este tipo de linhas.
O problema é que tudo isto que escrevo é incrivelmente desadequado.
Ah, K, mas tu não queres saber o que as pessoas pensam de ti nem do que tu achas!!
É certo. É mesmo verdade.
Há, contudo, o seguinte:
muitas vezes digo e penso que é inacreditável como é que uma pessoa de quem ninguém gosta não pára para pensar caralho, se calhar sou eu ou quando alguém que falha de relacionamento em relacionamento não pensa caralho, se calhar sou eu.
...nesta época temo ser uma destas pessoas por uns momentos.
Vejo um Mundo unido em irmandade - que sei ser falsa - e toda esta unanimidade leva-me a ponderar o raciocínio que referi: caralho, se calhar sou eu...
E se durante a esmagadora maioria do tempo sou capaz de perceber não, não sou eu. Pode dar-se o caso de estar sozinho mas não estou errado! todo este bombardear faz um ou outro buraco na minha armadura.
Estou farto disto e ainda nem a meio cheguei.
Tuesday, December 04, 2018
Machismo ou Realismo?
Quando andava a pesquisar os lugares para onde queria ir, excluí desde logo países em que o islamismo fosse muito predominante.
Ah, K, xenofobia!! clamarão.
Não é.
Sou muito tolerante com as crenças dos outros, especialmente com as crenças que são praticadas no próprio lar e, para mim, o País é o lar dos nacionais. Em abono da verdade, em muitos aspectos - incluindo históricos - sou mais apreciador da cultura islâmica do que da católica onde ando embrenhado todos os dias.
Então, porquê?
Bem...mulheres.
A minha experiência em países muçulmanos acompanhado não foi boa. As mulheres estrangeiras são demasiado assediadas e, quando sozinhas, pode dar-se de serem ainda mais que isso; quando acompanhadas por mim, dá-se que a coisa pode azedar.
Ah, mas as mulheres são assediadas em todo o lado! Sim. Mas os graus são diferentes.
Uma estrangeira de bikini é o absoluto oposto de uma nacional tapada dos pés à cabeça e a minha impressão - vamos chamar-lhe impressão - é que a indumentária ocidental (não falo só de bikinis; calções e tops não são muito diferentes) será código para hmm, esta gaja não é merecedora de respeito ao que poderá ser acrescentado o pouco hábito de ver pele feminina nas ruas.
Isto chegaria mas não é só isto.
Estive, por exemplo, com a Indonésia em vista mas eu não queria ir a Bali - sim, eu não quero ir para onde os outros vão mas isso pode ser tema para outro post - e indo para onde queria ir significaria que Ela não usaria a roupa que quer usar num país quente e na praia.
Reforço o seguinte: a minha postura quanto às questões de roupa e tal não é crítica. Sou eu quem vai para lá e sou eu quem tem de se sujeitar. E como não A queria sujeitar, risquei a possibilidade.
Mas em qualquer circunstância, viajar com Ela limita-me.
Há coisas que eu faria e não faço porque considero um risco excessivo para Ela suportar;
Há coisas que eu faria e não fiz porque Ela tem um receio que em mim não existe e forçá-la para lá do razoável não é algo que queira fazer;
Há mínimos que se impõe porque o bem-estar dela me preocupa muito mais do que o meu. Eu arriscaria não ter onde dormir e passar a noite numa praia ou estação de camionetas (já o fiz) mas não o farei com Ela.
Ah, K, isso é machismo! Achas que só por ser mulher não suporta o mesmo que tu!
Duas coisas:
1. Não é que ache que Ela não suporta. É que não a quero colocar numa posição em que tenha de suportar;
2. Sim, acho que por ser mulher suporta menos que eu em determinadas circunstâncias porque o corpo dela tem limitações mais próximas do que as minhas e as pessoas não olham para Ela como olham para mim.
(pedi-lhe para ir pagar o pequeno-almoço e quando voltou, uns minutos depois, disse-me que o gajo lhe tinha cobrado mais do que era devido. Mas não lhe explicaste?! ao que Ela respondeu expliquei mas ele insistiu e eu desisti.
Fui lá. Disse-lhe o mesmo e em meio minuto voltei com o dinheiro que não havia de ter sido pago. Disse o mesmo e dei a mesma justificação mas ela não tem nem voz grossa nem 100 kgs a apoiar as palavras.
Quem acha que Homens e Mulheres são literalmente iguais é estúpido ou nunca saiu da bolhinha que criou)
Admito que isto possa parecer um longo acumular de palavras para terminar com prefiro ir sozinho mas não é.
Mentiria se dissesse que em determinados momentos não penso que seria melhor e mais fácil se fosse só eu mas, ponderando todo o tempo, não preferia ir sozinho.
Ela não limita muito. Eu é que não tenho quase limites.
Ela parece bichinha quando comparada comigo mas não é bichinha em geral.
Ela que apenas fez resorts e tours guiadas, mandou-se para o outro lado do Mundo durante 3 semanas sem nada marcado além de uma viagem de avião e duas noites no primeiro lugar. E sabia que vida de hotel era para esquecer. E sabia que esta merda não ia ser estar sentado na berma da piscina - piscina que nunca existiu! - a matar umas bebidas.
O que descrevi não é uma dissertação sobre machismo ou sobre preferir ir sozinho.
O que descrevi é a realidade.
E não, não preferia ter ido sozinho.