Como me parece uma evidência coloquei desta forma.
O cinismo espalha-se como um verdadeiro cancro, um cancro social em que cada um de nós (se bem que, felizmente, não todos) se torna numa nova célula cancerigena.
Não é minha intenção, como habitualmente, alongar-me muito sobre as causas "esotéricas" do "porquê?" mas deixarei 3 exemplos que, a meu ver, alargam o espectro desta crescente maleita e, verdade seja dita, uma maleita lamentável mas quase inevitável.
André Villas-BoasEste era até há 1 dia atrás o treinador do meu clube.
O meu clube deu-lhe uma oportunidade única na sua tenra idade e além da oportunidade deu-lhe tudo o mais que foi possível, onde se inclui um massivo apoio dos adeptos.
Em retorno recebemos títulos (que apesar de serem do clube e não do treinador este último tem uma enorme fatia do mérito) e jurou eterna fidelidade ao clube dizendo que aqui ficaria independentemente das propostas que recebesse.
Pois, não aconteceu.
O cinismo alimentado aqui não se prende com a sua ida, prende-se com a maneira como vai.
Nunca criticarei a vontade de evolução e de ganhar mais dinheiro de ninguém, quando se é profissional é perfeitamente legítimo até porque, sejamos honestos, se o profissional, no caso o treinador, não ganhar mandam-no embora. Há uma relação de reciprocidade na precariedade da relação.
O que critico e muito me irrita são as promessas e as certezas que deixam de o ser em minutos; é a quebra do prometido que nos desmonta os sentimentos e entenebrece a alma.
Se prometesse menos amor teria ido abençoado pelos que querem outras e melhores coisas; prometendo a quantidade de amor que prometeu sai como um mentiroso.Fernando NobreCom este e o próximo perderei menos tempo porque ainda são mais ridículos.
Dizem (não quero saber se é verdade) que é um tipo que muito ajuda a sociedade e que é de um enorme prestígio.
Este ilustre concorreu a Presidente da República e a base da sua campanha, a sua dialética, era anti-partidos e, se quiser ser menos benévolo e algo exagerado (que não muito) até anti-democrático e anarquista.
Perdida a campanha, foi convidado e aceitou fazer parte das listas de um partido político (?) e, para que nenhuma dúvida restasse quanto à sua baixeza moral, aceitou fazer parte do que 1 mês antes elogiava, no mínimo, como sujo mas apenas para se tornar, depois de eleito, Presidente da Assembleia da República... Assembleia da República que, nas palavras deste tipo era qualquer coisa como uma casa de putas das mais reles.
Foi eleito mas os outros, aqueles que foram insultados, aqueles que laboram naquele antro mandaram-no, quase profeticamente, foder.
Foi bonito!!
Aqueles que eram descrito, no mínimo, como habitantes de uma enorme pocilga não o quiseram para o que ele queria ser: O Rei dos Porcos.Francisco LouçãSerei curto porque muito teria para dizer da esquerda política e ainda mais deste pequeno Lenine (ia dizer Estaline mas pareceu-me um pouco demais).
Bem: este decidiu não falar com a equipa que veio cá para nos emprestar dinheiro. Não direi que veio cá para nos salvar porque também têm uma agenda própria mas...quando apenas eles nos emprestam o dinheiro de que precisamos para sobreviver...
Voltando: chamou-lhes de tudo, sendo que o mínimo foi agiotas, e a farsa era tão grande que se recusou a participar.
Depois da banhada nas eleições (perdeu METADE dos deputados) veio dizer (julgo que ontem) que foi um erro colossal não ter ido falar com os estrangeiros. Não porque sinta que o deveria ter feito, afinal entende que está coberto de razão, mas porque os portugueses não entenderam o que ele fez e castigou-o.
Repare-se: Eu fiz bem mas como os portugueses não gostaram eu devia ter ido. Devia ter ido para dizer que não ia, ou seja, precisava de uma fotografia que provasse que eu entrei na sala para os portugueses verem mas, uma vez lá dentro, madava-os foder.
Assim, enganava o povo e ele já não me castigava.
A estupidez, contudo, é esta: independentemente desta posição de um chauvinismo atroz, os portugueses não o castigaram por isso; na verdade, o Partido Comunista fez precisamente o mesmo e até ganhou um deputado em relação aos que tinha na anterior legislatura.
A estupidez continua a ser este tipo pensar que os outros são estúpidos mas nunca ele.
A este, felizmente, nem o cinismo salvou.