Friday, August 26, 2011

A cada esquina há alguém obcecado com a Verdade!
Não deve haver programa televisivo (excluindo o House), filme, livro ou simples documentário ou talk show que não endeuse esta coisa da sinceridade e de ser verdadeiro.
O "The Truth Will Set You Free" é uma daquela coisas inóquos ou uma reminiscência religiosa que tenta controlar-nos os segredos...porque queremos sabê-los todos mesmo que desinteressantes.

A mentira é um fortíssimo e utilíssimo regulador social.
Já salvou muitas vidas, já evitou muitos conflitos, já preservou muitos sentimentos, já elevou a estima de quem a perdia e muito mais.
Poderão dizer que a Verdade já fez o mesmo...desconfio...

Olhando à volta e para a nossa própria vida, vejam quantas vezes foi destrutiva a Verdade. No meu caso já o foi muitas vezes e, para ser sincero, não sei se o foi mais ou menos vezes do que a mentira; o que sei é que mentir já me safou de muita coisa e quando penso realmente com profundidade na questão arrependo-me mais vezes de ter dito a Verdado do que de ter mentido.

Então, o que leva a toda esta má fama da mentira?
Simples!
A Verdade e a mentira fazem parte do mesmo conjunto de regras e se uma é o positivo a outra tem de ser o negativo. Ora, as regras são instrumentos de controlo e a melhor maneira de controlar é saber e a melhor maneira de saber é forçar a Verdade e forçar a Verdade é como abrir uma brecha na couraça que nos envolve. Já a mentira, bem, naturalmente, ela faz o contrário.

Não digo nem defendo que as regras devam ser quebradas. Eu, por exemplo, sou mais de dizer a Verdade do que mentir mas isso não invalida que reconheça as desvantagens de o fazer.
Então e porque opto pela Verdade mais vezes do que as acho que deveria?
Pois... deixei desenvolver esse monstro chamado Consciência e fodi-me.

Wednesday, August 24, 2011

A ideia de que os ursos hibernam como sendo uma inevitabilidade biológica está disseminada culturalmente. Sucede, porém, que esta ideia, como tantas outras, está errada; sabem, muitas vezes se diz que uma mentira repetida mil vezes passa a ser verdade mas, em muitas ocasiões, o que acontece não é as pessoas mentirem mas antes desconhecerem sem conhecer que o desconhecem.
Os esteriótipos não são criados, na minha opinião, como uma enorme cabala internacional e que corres em passada lesta os tempos. Os esteriótipos são, a maioria das vezes, apenas ignorância.

Então, mas os ursos hibernam ou não?
Hibernam. Sim, isso é verdade.
O que acontece, contudo, é que eles apenas hibernam quando a isso são obrigados pela natureza que os envolve porque quando é de pedra e ferro concebida a sua casa eles escusam-se a isso.
Os ursos só vão dormir durante muito tempo quando a comida escasseia e percebem que ou dormem uns tempos ou dormem para todos os tempos.

As circuntâncias chamam e vergam os ursos com a mesma intensidade que nos chamam a todos nós e, como os ursos, muitas das vezes só nos resta dormir.

Monday, August 22, 2011

EUROPA

Quando olhamos para o motivo da construção da Comunidade Europeia somos, quase automaticamente, remetidos para comércio e economia e não tanto para política. Ora, a génese da CE teve um intuito muito mais político do que comercial e económico; o comércio e a economia foram os atilhos que agregaram um plano político.
O que quero dizer com isto?
Quero dizer que esta construção europeia foi o meio escolhido para tentar pacificar uma Europa que nunca foi pacífica durante muito tempo. O objectivo foi a paz.

Se dermos uma vista de olhos a este território encontramos mais sangue do que esperanção, foi sempre assim e não me refiro, meramente, às duas grandes guerras. Podemos correr para tempos bem anteriores desde os romanos ao Napoleão e, caso nisso haja interesse, ainda mais para trás.
O que se tentou, até agora com sucesso (um sucesso que parece começar a desvanecer-se perante a primeira verdadeira provação da CE), foi ligar os dinheiros e as mercadorias de uns e outros e criar-se uma rede em que todos perderiam perante um confronto armado. O que, provavelmente, foi olvidado ou então encarado como uma esperança de que não viria a acontecer foi que uns perdem sempre mais que outros e uns são, sempre, mais fortes do que outros.

A única solução em vista - na minha vista, pelo menos - é um aprofundamento e não um alargamento; uma maior integração política e não um alastramentos desmedido em kilómetros.
O problema desta solução é que ela é uma visão portuguesa, uma visão sem voz. Ok, não será tanto uma visão meramente portuguesa mas seguramente que não é partilhada pela Alemanha e Finlândia, por exemplo. Porquê? Porque este aprofundamento ia ajudar quem deve e prejudicar quem tem a receber.

Então, se é assim, como é que se conseguiu uma coisa dessas nos EUA?
Simples.
Os americanos, ainda que com grandes clivagens entre si e, até, com uma história que não é completamente uniforme entre todos os estados, olham para si como um país; há um elemento cultural aglutinador entre eles (como, por exemplo, o propagandístico "sonho americano") e é este sentimento de pertença que pode fazer uns sacrificarem-se pelos outros, que uns aceitem ser prejudicados para que outros sejam beneficiados e, em sequência, que o todo possa prevalecer sobre a parte.

Nós não somos Europeus, ainda.
Nós somos portugueses, alemães, italianos, ingleses... estamos ligados por dinheiro e mercadorias mas não por uma consciência.
Nestes tempos de capitalismo e de materialismo parece quase uma loucura conceber que a etérea consciência pesa mais do que o Euro mas a verdade é que pesa mesmo.

Friday, August 19, 2011

Esta semana estive a ver a entrevista do Medina Carreira na TV. Não é uma verdadeira novidade nem um momento de revelação tanto porque é habitual ele aparecer na TV e, tão habitual como isso, eu ver quando ele aparece.

Durante a estrevista, Medina Carreira diz que na sua família (a passada, especificamente) só a sua Tia-Avó era salazarista e explicou porquê: pelos vistos, esta sua familiar recebia uma pensão como beneficiária do seu falecido marido e antes da entrada em cena de Salazar esta pensão era quando era, ou seja, quando o Estado tinha dinheiro pagava e quando não tinha não pagava. Esta palhaçada que muito influi na vida das pessoas, na verdade influi de forma decisiva, terá terminado com a chegada do ditador e, a partir desse momento, todos os meses recebia o que tinha a receber, sem falha.

Esta história tem várias lições a serem aprendidas.
Entre elas, teremos de dar um enorme valor ao benefício própria que se poderá sobrepor ao colectivo e, neste caso em específico, não há como criticar. Se é verdade que devemos ser solidários também deveremos esperar que se cumpra o prometido e devido. Eu não critico este salazarismo.
Outra é que a máquina estatal, com os seus subsídios e mais prestações (legítimas ou ilegítimas) vai ganhando votos, perpetuando poder e, em boa verdade, transforma-nos no sapo que é colocado na panela em água morna que vai aquecendo até o tornar numa bela entrada, sem que ele nunca perceba.

Poderia, ainda, tirar mais lições mas a que me parece mais relevante é esta: Somos todos muito modernos, muito evoluídos, muito à frente mas nunca nos libertamos do célebre bordão romano: O povo quer pão e circo.

Thursday, August 18, 2011

Sabem aquela história de que homens não choram?
No meu caso é verdade. Não que nunca tenha chorado (desde as alturas de criança, de facto, não me lembro de o ter feito) nem que me envergonhasse de o fazer e muito menos que critique quem o faça. Não choro porque não consigo.

Para ser brutalmente honesto, como costumo ser aqui e, eventualmente, em mais lugar nenhum, já me apeteceu fazê-lo e já, até, tentei...mas não fui bem sucedido.
Na verdade, desde há bastante tempo a esta parte nem sequer tenho desenvolvido sentimentos; não tenho sentido pena, saudades, carinho, medo, alegria, tristeza...é um limbo de não viver, segundo me parece. Tenho vontade de foder, sim, mas isso é mais um reflexo do que necessariamente um sentimento.

Ando tão à margem ou na estratosfera de tudo que se não pensar nisso intensamente nem sequer me incomoda esta letargia de olhos abertos. Se não me esforçar por pensar nisso, nesta fase, seria capaz de não abrir janelas nem portas e, como volta e meia acontece, apenas dormir embrulhado no escuro. E se acrescentar a isto que nem sequer sou gajo de sonhar ou, talvez mais cientificamente, de me lembrar que sonho, dormir é, nesta altura, o pior remédio mas o que mais me apetece.

Não quero ir ao cinema; não quero ir a bares; não quero ver amigos; não quero insultar árbitros; não quero estar acordado; não quero andar; não quero comer; não quero beber.

É uma merda esta fese que arrasta os pés há tempo excessivo. Eu não sou este tipo de gajo, alguém me deve ter alugado e não me avisou.

Tuesday, August 16, 2011

Há uns anos li um livro chamado Alamut. Um livro muito interessante que, até onde se consegue apurar, é muito correcto, historicamente.
Ora, o livro anda à volta da religião islâmica e do "nascimento" dos mártires suicidas e dos assassinos (haxixinos).

Não discorrerei sobre o livro em si mas antes sob a forma como encara o conhecimento no sentido de possuir informação indisponível aos outros e como este é ocultado aos elementos iniciantes da religiosidade.
O que acontece é que havia uma enorme manipulação aos que chegavam (pelo menos neste romance... a realidade pode ser muito diferente mas desconfio que assim seja); criavam-se ritos de iniciação e de passagem com promessas (que no livro passavam a realidade alterada com o haxixe) como aquelas que ainda ouvimos nos dias de hoje.

No fim da coisa, contudo, quando um dos elementos do grupo de mártires chega ao nível onde, na verdade, só ele chegou quando todos ficaram pelo caminho, é-lhe revelado que nada do que lhe tinha sido contado era verdade, nada existia além deste chão que podeia beber, comer e foder como bem entendesse porque...a nossa viagem acaba aqui.

Caso esta "estória" seja verdade...já viram? É literalmente a maior mentira da história!!

Thursday, August 11, 2011

Londres

Há muito com o que teremos, todos, de nos preocupar com o que se passa em Londres ou, nestes últimos dias, em Inglaterra.
As principais preocupações terão, forçosamente, que ver com o impedir que tal se alastre a outros países, preocupações fundamentalmente com segurança.
Sim, é óbvio que a génese da coisa é fundamental para que se entenda e previna o futuro mas, neste momento, é indispensável a repressão pura e simples!

Há, contudo, duas coisas que me preocuparam de sobremaneira neste episódio ainda a desenrolar.

A primeira prende-se com o "gatilho".
Como é sabido, esta coisa começou porque um suposto gangster levou um tiro, que o matou, da polícia. Sabe-se que o tiro o matou mas desconhece-se, ainda, o motivo pelo qual ele foi baleado.
Ora, mesmo que a polícia tivesse assassinado a pessoa em questão isso jamais seria suficiente para explicar o que se passa. Não cabe na cabeça de alguém com o mínimo de discernimento que em Manchester se esteja a revelar belicosamente solidários com o defunto.
Já escrevi neste blog sobre a Primavera Árabe e escrevi também sobre o que a desencadeou: Um sujeito a quem o Governo Tunisino tirou a balança que usava para o seu trabalho de feirante e que, em protesto desesperado, se imolou na rua.

O problema da água que faz transbordar o copo.

A segunda prende-se com a reacção de muitos ingleses e não só.
Quando os aviões abateram a américa houve uns quantos mentecaptos que apaludiram e que sentiram que aquilo era justiça. Quanto a estes marginais, pertencem à mesma minoria que pilota os aviões.
O grande problema, na minha opinião, foram opiniões em enorme quantidade deste tipo: Nada justifica este tipo de atrocidade, NADA!!!!....mas, se tivermos bem em atenção, os americanos não se têm portado bem e deviam estar à espera de qualquer coisa deste género....
Isto não é opinião de uma minoria mentecapta, há uma imensa falange de apoio a este tipo de raciocínio e os que assim raciocinam não são, necessariamente, anti-americanos e muito menos terroristas. São pessoas desgostosas, incomodadas, em desacordo com muito do que se passa no mundo mas, na verdade, não as vejo como más pessoas.
O que acontece, contudo, é que aquele mísero "mas" torna a mensagem mais ambígua, menos decisiva e em coisas deste tipo (tanto dos aviões como dos motins) não podemos ficar no meio e não podemos usar "mas".

Wednesday, August 03, 2011

Desde há uns tempos para cá ando a ler bastante. A este facto não é alheio ter descoberto as bibliotecas.
Uma das coisas que mais me incomodava em livros era a frustração de ele ser mau ou, talvez, não gostar dele. Depois de comprado e depois de lidas meia dúzia de páginas (sim, ou me apanham ao início ou desisto) era, muitas das vezes, dinheiro atirado ao lixo.
As bibliotecas, por outro lado, permitem-me levá-lo e importar-me pouco se ele corresponderá ou não às expectativas...se for mau devolvo-o e está terminado.

Agora, incomoda-me outra coisa...
Desde sempre tive a ideia e percepção que os autores portugueses são chatos; aproximei-me, por isso (fruto também do supra referido) de autores sul americanos. Para ser verdadeiro, sinto uma proximidade enorme com a américa do sul e não me deveria surpreender se o mesmo acontecesse, como aconteceu, com a sua literatura.

Ora, fruto deste plano de leitura poupado voltei a portugueses e a anglo-saxónico e até ao leste (asiáticos ainda não deu...) e voltei a sentir a mesma frustração portuguesa.
O último livro de autor português que li foi o "Mar de Especiarias"...e como a coisa foi chata!
Aguentei-o até ao fim porque achei que devia mas aquilo não era um livro de viagens, como prometia, mas um afago à grandeza nacional ancestral feita em cima do joelho com meia dúzia de factos e meia dúzia de história, nenhuma delas verdadeiramente interessantes, ou, o que também é possível, contadas de forma comatosa.

Seguramente que haverá óptimos livros de autores portugueses (deixemos, neste momento, a poesia de fora porque neste particular não devemos nada a nenhuma outra nação) mas, em prosa, ainda não os descobri...especialmente contemporâneos.

Ninguém me tira da cabeça que é culpa do Fado.
É óptimo quando entra nos poemas.
É um soporífero quando entra na prosa.

Monday, August 01, 2011

Há aqui um gajo claramente desregulado. Aquele desregulado clássico e datado do gajo faz voz grossa e massacra a namorada (espero que não seja mulher porque se for...´tadinha).

Este gajo passa metade do tempo que deveria estar a trabalhar a discutir telefonicamente, actividade que, quanto a mim, só é mais produtiva do que tentar apanhar gambuzinos; a outra metade passa a escrever e-mails kilométricos e a massacrar os tipos que com ele trabalham para que lhe ensinem a fazer coisas como comprovativo de recebimento de e-mail e de abertura do mesmo.
Para quê? Deve ser para constituir prova de alguma cuja utilidade se desconhece no que respeita a relacionamentos.
Vejam bem: é indiferente qualquer prova efectiva numa relação entre duas pessoas. Primeiro porque é impossível provar o que se não pensa e o que se não faz e metade das discussões são sobre uma destas duas coisas; Segundo porque quando se pede prova acusa-se de desonestidade e nenhum relacionamento sobrevive à desconfiança.

Mas, fazer o quê?
Neste mundo digital ainda há muito de analógico e o progresso implica uma aceitação de alteração paradigmática. Não, não basta que ele exista, tem de ser aceite.