Wednesday, March 28, 2018

Conta Conjunta

Já tinha ouvido falar disto; para mim, era um bocado como extra-terrestres que alguém viu mas nunca sabemos exactamente quem.
Então, ontem contaram-me que se abriam contas conjuntas por causa de contas de casa e de férias e cenas desse tipo. Cada um contribui com determinado valor.

- Mas...eu tenho uma conta...para que queria outra? Para isso associava-te à minha conta....
Pois mas as pessoas abrem essas contas para não haver confusões no caso de dar merda.
- Mas...se continuarmos a ter duas contas, mesmo que um conste da do outro, os rendimentos e o dinheiro em si continuam a ir para a conta de cada um...
Sim mas, se der merda, não há maneira de se mexer no que não é seu.

Pensei (e acho que disse) foda-se, não percebo essas coisas. Mesmo que desse para o torto comigo eu não ia andar a palmar merdas que não me pertencem...

....mas, como é bom de ver, o assunto não morreu na minha cabeça.
Estive a pensar nisto.

Tudo o que me foi dito é da mais óbvia clareza e acerto.
É como um seguro. E é verdade que é muito comum não conhecermos bem a pessoa com quem dormimos.

...mas isto, para mim, não faz sentido.
Se desconfiasse da pessoa com quem estou, não estaria com ela.
Não é ainda mais óbvio?!

Bem.
Quantos gajos e gajas foram aldrabadas por ter este mesmo pensamento?
No que faço todos os dias torna-se óbvio que quem nos fode são as pessoas em quem se confiar. Aliás, não se pode ser atraiçoado por quem não se confia, não é? Então, se todos aqueles em quem as pessoas confiam fossem confiáveis a palavra traição nem sequer teria sido inventada.

Consciente de tudo isto, duas coisas:
1. Confio ser um melhor avaliador de carácter do que a maioria das pessoas que me rodeiam, pelo que, ainda que seja possível ser enganado, é mais difícil;
2. Eu não quero estar com alguém que me faça, sequer, imaginar que tenho de olhar por cima do ombro.

Este 2 será o mais importante.
Os minutos que compõe as horas e as horas que compõe os dias e os dias que compõe as semanas e as semanas que compõe os meses e os meses que compõe os anos são passados em constante estado de alerta; Estou constantemente em defcon 3 e em condições de passar a defcon 1 muito depressa. 
Eu preciso de paz, de vez em quando, porque é muito cansativo andar de antenas ligadas.

A paz fui conseguindo sozinho e não poderia vendê-la por companhia.
Eu sei que isto pode parecer um exagero e mais do que parecer pode até ser mas...
Ok: Eu tenho uma imensa dificuldade em encontrar alguém com quem consiga dormir. Posso não zarpar logo depois de foder mas não durmo.

A minha confiança sai muito cara e só confio plenamente (ou o mais próximo disso que consigo porque nem em mim confio a 100% e eu sou muito mas muito confiável).

Pensar que a pessoa de quem eu gosto poderá, um dia mais tarde, foder-me a vida por ser uma besta é um peso e uma realidade que não consigo carregar.
Acho que levarem-me, num futuro distante, o dinheiro é menos mau.

Se me puser a pensar que um dia poderei ser enganado, hasta la vista, bitch!

Tuesday, March 27, 2018

TBT


Saturday, March 24, 2018

Não Ouvir

Outro dia, Ela disse-me:
...e eu disse-lhe que há outro problema com a minha autoridade: sou uma Mulher a mandar em Homens.

Eu conheço-a e o gajo a quem Ela disse isto é esperto o suficiente para entender exactamente o que foi dito mas, as mais das vezes, quem a ouvisse dizer tal coisa presumiria que iria estar a vitimizar-se por ser Mulher.
Não estava.
É um facto que, por muitos motivos, é mais difícil a uma Mulher impor o seu papel de líder especialmente quando pretende/tem de liderar Homens.

....e isto de se pensar que se ouviu o que não se ouviu é um problema.
Há uns anos, quanto terminei um relacionamento longo, soube que os amigos dela lhe tinham dito que seria uma coisa boa porque...eu a tratava mal...

Reparem: eu não sou um santo e há, de certeza, melhores amigos/namorados/maridos que eu mas eu trato muito bem as mulheres da minha vida. Isto não é uma pergunta. É uma afirmação de um facto.
O que se dá é que sou, também, um Homem e há muito Beta que se sente inseguro e não entende Alphas. Há muito panisga por aí que é incapaz de entender como pode alguém ser assertivo e, em boa verdade, até desagradável quando há motivos para desagrado mas trata bem quem escolhe tratar bem (o que é típico de Beta).
E sim: foram Homens (?) que disseram que achavam que a tratava mal. É muito raro Mulheres acharem que eu trato ou sou capaz de tratar uma Mulher. Porquê? Porque as Mulheres percebem o que é dirigido aos outros e o que lhes é dirigido a elas.

Bem, mas não era bem isto:
as pessoas tendem a ouvir as palavras e, depois, interpretá-las à luz daquilo que entender ser a normalidade. 
Quando a maioria ouvir alguém dizer uma Mulher liderar Homens é mais difícil achará que se está a fazer de coitada;
Quando a maioria - dos Homens, talvez - vir um gajo dizer-lhes olha, isso não me interessa; não estou para ouvir essa história ou olha lá, estás a falar com quem?! pensará que esse tratamento hostil será indiscriminado.

....e isto lembrou-me outra coisa:

Durante muito tempo foi defendido que os psico e sociopatas eram incapazes de empatia e isto é estúpido.
Achava-se que os psico e sociopatas eram incapazes de se colocar no lugar dos outros.
E isto é estúpido porquê?
Ora, porque sendo esta gente óptima a avaliar carácter e características dos outros, era impossível desempenhar esta função sem se colocarem no lugar delas, para as avaliar.

O que será verdade é que não são capazes de valorizar os sentimentos dos outros; não que não os entendam.
Quando dão conta de uma vulnerabilidade, exploram-na.

Lembrei-me disto porquê?
Ora, porque os gajos que acham ou achavam que os psicopatas eram incapazes de empatia não conseguiam, realmente, distinguir o não conseguir empatizar com tou-me a cagar com o que tu sentes.

São coisas diferentes mas ouviam e viam o que queriam ouvir.

Mellow Saturday (enquanto se trabalha)


Friday, March 23, 2018

A ilustração de como todos os Guitarristas e todos os Bateristas seriam, se pudessem


Thursday, March 22, 2018

Abstracto é giro mas Prático é Melhor

Mais um assunto que não é novo (sempre que retomo cenas de que me lembro já ter falado tenho a sensação de ser chato mas, depois, lembro-me que os melhores assuntos nunca são novos por serem intemporais).

Há uns dias tive um jantar com gente que trabalha com Ela.
Apesar de ter sido aquilo que esperava - conversa de trabalho que acho profundamente desinteressante, quer seja meu quer alheio - não foi muito mau. As pessoas não eram demasiado chacete.
O interesse para este post é, contudo, outro.

Naquilo que me parece um misto de interesse eventual e vontade de A agradar, o Director que lá estava perguntou se eu não estava interessado em ir trabalhar para lá. Não foi novidade. Ela já me tinha dito que ele tinha a intenção de abordar comigo este assunto; assunto que já tinha abordado com Ela.
Em suma: não foi uma surpresa e, por isso, eu estava preparado.
Então, ajustei o meu comportamento para esta entrevista de emprego informal gostaria de escrever mas isso não corresponderia à verdade.
Fui o que sou e não escondi nada.

Ah, K, isso é espectacular!!! poderão estar agora a dizer os de vós que acreditem na merda de devemos ser verdadeiros connosco mesmos, sempre e serão ou tão estúpidos ou 50% tão estúpidos como eu.
Tão estúpidos se além de dizerem aplicarem o princípio;
50% estúpidos se só disserem defender o princípio mas não o aplicarem quando confrontados com a realidade.

...esta não é maneira de ser bem-sucedido quando queremos impressionar e aproveitar uma oportunidade.
Quando queremos aproveitar devemos dizer o que os outros querem ouvir e, depois de aproveitada a oportunidade, logo se vê.
Eu sei isto.
Eu não sei fazer isto.

Não houver merda ou foda-se que tenha evitado e nem sequer omiti opiniões contrárias ao que eles queriam ouvir.
Será que pensei que se foda!? Não. Só caguei no que eles queriam.

Estás a ver? Tu achas que eu sou um génio mas, no fundo e quando conta, eu sou muito mais estúpido do que a generalidade das pessoas.
Podiam ter feito o que sei que devia fazer mas...caguei e, no caminho, sou capaz de me ter fodido.

Wednesday, March 21, 2018

PT Anderson

O PT (eu trato-o assim) é dos meus realizadores favoritos.
E porque, por norma, quem faz uma coisa bem é capaz de fazer uma variante com a mesma correcção:


É verdade que serem os Radiohead (são estes dois quem mais interessa, certo?) ajuda sempre e em qualquer circunstância mas, aqui, é um bocado juntar a fome com a vontade de comer.

You´re welcome, bitches.

Tuesday, March 20, 2018

Ontem, graças ao Blacklist

Makes me happy


Monday, March 19, 2018

PASMADA!

(para que se perceba mais ou menos: conversa sobre termos de avaliação em que a pontuação vai de 0 a 5. 5 é o mais alto)

Então, K? Como correu?
- Bem.
Bateu a auto-avaliação com a que te deram?
- Sim. Bate sempre. Quando não corresponde é porque me dão mais do que o que me atribui.
A sério?!
- Claro. Bombei vários 5s mas também me dei 3s.
Porquê?!
- ...porque era 3 que merecia, nesses casos. Tu não de deste nenhum 3?!
Não.
- Tudo 4s e 5s?!
Claro.
- Foda-se, isso é impossível. Tem de haver parâmetros em que não desse para teres 4 e 5.

O terror, aqui, não é tanto a ilusão ou a óbvia imprecisão na avaliação que as pessoas fazem de si.
Eu também avaliei a pessoa com que se passou este diálogo e dei-lhe 3 numa ou noutra cosia; e a minha avaliação foi, a meu ver, bastante positiva mas...há 3 a atribuir é 3 que se atribui.

Em abono da verdade, diga-se o seguinte:
1. a minha avaliação é justa e todas deviam ser assim;
2. a minha avaliação é justa mas quando o único justo sou eu é capaz de passar a injusto; não me parece que vá haver uma avaliação valorativa do tipo Ah, é um 3 do K? Isso é um 4.5 das outras pessoas!

É um equilíbrio difícil mas como quero que o equilíbrio se foda, faço o que tenho a fazer.
...mas seria mais fácil fazer o que tenho a fazer em Marte.

Friday, March 16, 2018

Sempre que vejo a Malala lembro-me do Brecht


...mais triste ainda quando é uma criança.

I look into the mirror and I see that life has taken its toll


So cool.

Wednesday, March 14, 2018

Racionalidade

O que se seguirá poderá parecer esquizofrénico mas não é.

Sou um adepto da racionalidade, como se pode ver facilmente de quase tudo o que escrevo e a palavra chave, aqui, é quase.
E isto não é estranho.
E isto não é hipócrita.
Isto é a própria racionalidade em funcionamento e a capacidade de produzir pensamentos complexos; pensamentos complexos como complexa é cada pessoa; pensamentos complexos como complexa é a realidade.

Seria estúpido eu fazer a defesa daquilo que considero marginal.
As mais das vezes em que tento desenvolver um raciocínio o meu objectivo é que seja lógico e racional, pelo que tendo a defender, também as mais das vezes, a racionalidade que melhor serviria o dia-a-dia porque - como já muitas vezes por aqui leram - a realidade está-se a cagar no que tu queres ou no que tu achas.

Dá-se que tenho muito apreço pela Irracionalidade mas, por tudo quando escrevi, não a defendo por ser nefasta muitas vezes. 

Sem irracionalidade não haveria relacionamentos amorosos, para mim. Tudo que começa tende a ter um fim e, por isso, na minha cabeça racional tudo no meio é uma perda de tempo que poderia gastar a fazer outra coisa.
Irracional.
Sem irracionalidade metade do que por cá escrevo não apareceria. Não tem um retorno directo e nem sequer sei quem lê isto mas satisfaz-me. Em vez de perder o meu tempo aqui deveria estar a estudar coisas que me fizessem um melhor profissional.
Irracional.
Sem irracionalidade não teríamos Rio de Janeiro mas apenas Hamburgos, Berlins ou Zuriques. O Rio de Janeiro é, de longe, a minha cidade favorita e não me imagino a retirar prazer de viver em países nórdicos. Deveria querer a Suécia mas não quero.
Irracional.

A arte não é racional.
Os maiores avanços científicos só se tornam racionais depois de acontecerem; antes não o eram.
O prazer não deriva do Racional e não estou a ver o que seja mais agradável do que prazer.

Eu sei, eu sei.
K, isto é confuso!
Não é confuso. Apenas exige um bocadinho mais de atenção.

Tuesday, March 13, 2018

...ainda não dá para mais...


Monday, March 12, 2018

Irracionalidade

Não me apraz a irracionalidade mas aceito-a nos outros. Não de forma desmesurada mas aceito-a dentro daquilo que considero aceitável.

Dá-se que, por muito que me custe, de vez em quando os outros sou eu e - o que me custa ainda mais - também se dá o caso de ser irracional, de vez em quando.
Ah, K, como tu te aceitas como és, isso não é um problema! A irracionalidade deverá ser aceite como todas as outras características!.
Sim, racionalmente a coisa funcionaria desse maneira.
Irracionalmente, a ordem e a lógica são um elemento estranho.

Mas!
Mais ainda que a minha irracionalidade tendo a detestar incoerência. Ainda que não tenha a irracionalidade sob rédea curta - quem tem?! - a coerência nunca me escapa mesmo nos casos em que a não consigo aplicar.
E há casos em que não consigo ser coerente?
Há. Ainda não vai há muito tempo a dor e a incapacidade de encontrar uma porta fez com que a coerência fosse com a puta que a pariu; em boa verdade, não fiquei muito fodido comigo porque entendi como desculpável esta falha nas circunstâncias mas, ainda assim, não a levei a bem.

Nos mais dos casos, não me desculpo quando digo uma coisa e faço outra e porque assim é fico muito limitado. As respostas encontradas como soluções não tendem a ser comedidas.

Trocando estas linhas desordenadas - resultado óbvio de estar no meio de uma ponte que não é nova nem estranha mas é demasiado desagradável - por uma coisa mais simples:

Estou um bocado fodido.

Yeah...



(não é a música transcrita parcialmente na descrição deste blog mas é do mesmo autor, tem a mesma intérprete e vem do mesmo concerto.
Já lá não ia há um bocado)

Friday, March 09, 2018

Eu Também Gosto de Rock e Que Tais mas...

música mesmo é uma coisa deste tipo:


UR Welcome!

Thursday, March 08, 2018

Slonimsky

Muito por culpa de merdas como a wikipedia e de opinion makers que o são apenas por terem uma imensa quantidade de ursos a ouvi-los, tudo parece muito fácil.
Antigamente, se um gajo quisesse saber alguma merda tinha de a ir procurar activa e fisicamente e, além disso, para essa coisas existir fisicamente alguém teria de se dar a um trabalho significativo para a pôr cá fora.

Ah, K, mas não havia vendedores de banha da cobra antigamente?
Havia, claro.
Dá-se que mesmo no caso desses vendedores de mentiras existia um maior esforço na venda; e, além disso, o empenho é inimigo de muita e muita gente, pelo que mais valia ficar quieto.

Por exemplo:
o Coltrane andou dois anos com o Thesaurus do Slonimsky debaixo do braço para aprender do seu ofício e isto aconteceu quando já era um mestre no seu ofício.

Agora, um filho da puta desafina e acha que isso é fixe por ser orgânico.
Não, camelo! Não é fixe!
Vai aprender a fazer as merdas bem feitas.

Wednesday, March 07, 2018

Lições Não Aprendidas

Há uns dias, Ela falou-me de um gajo que lá trabalha e que será manifestamente desagradável com as pessoas com quem contacta telefonicamente.
Na minha cabeça neandertal, perguntei mas o gajo é grande? ao que me foi respondido que não...é um vegetariano finguelinhas...

Daqui ocorrem-me dois cenários:
1. nunca lhe deram na boca;
2. já lhe deram na boca e ele, agora, só é desagradável com um telefone pelo meio.

Como tendo mais para o cenário 1, presumirei que nunca teve a sorte de levar na boca para aprender que o corpo paga o que a boca diz e a própria da boca tende a pagar em dentes.

Num dos episódios do House, ele teve uma ideia para resolver um problema que - obviamente - ninguém conseguia.
Implementou o plano e, naquele momento, não resultou.
Passado pouco tempo, o resultado apareceu mas mentiram-lhe; disseram-lhe que não tinha funcionado e que o paciente estava na mesma.
O fundamento da mentira foi mais ou menos isto:
Se lhe dissermos que tinha razão num caso destes em que não havia qualquer indício de que o problema foi o que ele "adivinhou" ele nunca duvidará de si na vida!

Isto parece parvo e, naturalmente, não funcionou na série mas pergunto-me se não seria justificado.
Todos falhamos e todos tendemos a fazer o mesmo até ocorrer a falha que nos fará contemplar outra saída ou outro comportamento. E, mais vezes do que se desejaria, quando a merda dá para o torto dá mesmo para o torto, pelo que mais vale mais cedo com algo pequeno do que mais tarde com algo grande.

E, agora, eu:
como já contei, a merda esteve para azedar e como já contei, também, isso nada mudou na perspectiva que tenho das coisas.
Uma das coisas que não mudou - e que me agrada - é que tenho noção de tudo o que tinha antes e no que tange à enfermidade em si, nada poderia ter feito além do que fiz. Ou seja: eu não fiz merda, apenas aconteceu.
É óbvio que doravante estarei atento a situações que me pareçam similares mas, à partida, não tinha como identificar o problema.

Outras das coisas que não mudou e que pode ser menos agradável é esta:
(não me lembro se disse isto) A possibilidade de eu ter ficado bastante tempo fodido nos intensivos era real e a possibilidade de me ter fodido de vez também (ainda que, segundo me parece, bem mais remota) mas o que aconteceu e não o que poderia ter acontecido é que me tiraram a tubaria toda e, passado uma hora, estava a enfardar comida e com uma cor saudável; além disso, estava a sentir-me bem e de bom-humor.

Isto alimenta a minha ideia de que sou indestrutível e de que sou capaz de rebentar paredes à cabeçada com muitos mais prejuízos para a parede do que para mim.
Isto não mudou.

Teoricamente, percebo o erro do meu raciocínio;
Na prática, eu estou certo: podem tentar foder-me mas não conseguem. Nem sequer numa mesa de operações.

Sunday, March 04, 2018

Actualização e Reflexão

No último post estava adoentado.
Deveria, primeiro que todos, perceber que não faço coisas a metade e não se justifica que o fizesse na doença, certo?

Então: curto, grosso e cronológico:
. umas poucas horas depois do post fui ao meu médico;
. uma hora depois de ter ido ao meu médico estava nas urgências com uma carta manuscrita a dizer qualquer coisa como botem os olhos neste gajo. A coisa não está impecável;
(agora, os hiatos temporais serão menos precisos mas é assim que me lembro deles)
. meia hora depois, fui atendido na especialidade e cuspi um bom bocado de pus (sim, nojento) e foi-me dito que teria de ficar para observação;
. fui fazer um TAC e, quando voltei, a análise revelou hmm...isto está pior do que se previa. Vai ter de ser operado. Disse Ok, quando? e foi-me dito que seria Agora;
. na mesa de operações - onde tiveram de me amarrar porque não cabia nela - avisaram que iam ter de me meter tubos na boca;
. acordei com tubos metidos na boca e na unidade de cuidados intensivos.

Espero não estar a parecer dramático.
A situação foi dramática;
Eu não sou dramático.

Fui visto muito stressado quando não conseguia perceber por que caralhos não melhorava com a merda dos medicamentos mas já não quando num curtíssimo espaço de tempo me foi revelado que a coisa é séria e terá de ser tratada de urgência.
Na primeira situação, estava perdido e sem saber o que fazer;
Na segunda situação havia uma identificação e um plano. É sempre bom haver uma resposta, seja ela qual for.

(ah e sim, eu sou espectacular)

Passando ao que interessa:
Ah, K, agora vais repensar a vida e não vou merda nenhuma.
Isto não mudou a minha perspectiva, Isto reforçou a minha perspectiva.

Somos merda nenhuma e duramos merda alguma.
É por isso que não quero saber do BMW e nem da conversa de circunstância nem no frete que me pode trazer dividendos profissionais.
Quanto tenho uma amigdalite que pode redundar em bater as botas, essa merda interessa o quê?
Percebem? Isto é realidade e não drama.
Percebam: isto não acontece aos outros porque eu era os outros e já não sou.

Sabem no que pensei?
Hoje, enquanto estou anjaulado, estava a ver um programa de Natureza em que um pássaro se lavava num lago e pensei: caralho...eu nunca vi isto...eu quero ver isto...
É deste tipo de coisas que temo não fazer. É da beleza intangível a que posso não ser exposto e já não ao tangível que não me acrescenta nada.

Pensei mais:
Tenho tido algumas visitas que muito aprecio.
Em alguns dos casos aprecio muito as pessoas e o tempo que gastam a vir-me ver; noutros casos aprecio mais o tempo que gastam do que as pessoas em si mas em todos os casos acho que estão mais tempo cá do que o que devem.
E reparem: não vi ninguém que não me seja íntimo. Gente próxima nem tenho.
A excepção é Ela.
Quero-a sempre cá. Nunca quero que abale.
Ah, K, isso é uma bichice... e assumo-o com algum pesar;
Ah, K, estás assim porque a merda, para ti, azedou um bocado e este não é o caso. Não A aprecio mais nem A quero mais. Isso está igual e isso é bom...eu é que não me consigo habituar a esse sentimento.

Estou contente contigo escrevi eu.
Contente?! respondeu Ela. Respondeu bem. Contente não é o melhor nem o mais exuberante dos adjectivos...se não foi eu a dizê-lo.