Friday, March 31, 2017

Ri-me. Sempre Bom.


Thursday, March 30, 2017

Confirmações

Às vezes não é fácil sabermos se o que dizemos parte de uma convicção ou da aceitação de uma circunstância que se confunde com uma ideia própria e uma conclusão despegada do que rodeia.

Por exemplo:
Há gente que diz que não quer encontrar ninguém.
A ideia, filosoficamente, é lógica por motivos que, para o caso, não interessa, mas e se essa mesma gente o diz não porque evoluiu para a solução - como se de um problema matemático se tratasse - mas porque, pura e simplesmente, ninguém a quer?

Eu estou convicto de não ser materialista e, as mais das vezes, não tenho qualquer dúvida a respeito.
Há muita e muita coisa que não compro porque não dou valor mas, naturalmente, há algumas que não compro porque não tenho dinheiro para isso.
Além disso, mais do que não ser materialista, só gosto de coisas a que acho graça, independentemente do preço mas, coincidentemente, muitas das coisas a que acho graça são caras para caralho e entram no plano do que não posso, ainda que quisesse.

Então,
acho um bom princípio saber se faço o que quero ou se o faço porque tenho de fazer e ignoro a circunstância.

Depois:
Foi barato e estou contente com ele há uma semana.

Confirma-se: não é do preço que eu gosto, é da coisa.
Não é do que a coisa revela de mim aos que me rodeiam em termos de sucesso ou posição, é da coisa em si que eu gosto.

...apesar de não gostar de coisas por aí além.

Dei por mim a pensar será que me importava se a merda do candeeiro partisse? E a resposta foi não.
Será que se a merda do candeeiro partisse ia comprar outro? E a resposta foi não.

Eu gosto desta coisa mas...caguei em coisas. 

Hope So!


Tuesday, March 28, 2017

"Era a fúria organizando-se em ritmo!"

Trecho de Carlos Drummond de Andrade sobre Heitor Villa Lobos.

Também gostava de ser descrito assim.
É certo que tento com força evitar ou retardar a fúria mas, convenhamos...a fúria é manifestamente mais sexy que a calmia e eu tenho muito apreço pelo que é sexy.

Tenho vontade de escrever mais coisas mas, hoje, estou furioso a um nível que deixa de ser sexy.
Afinal, um lobo a mostrar os dentes é cool  mas uma bomba atómica a explodir não; deixa o apelo sensual e sexual para ser, apenas, devastação.

...e como todos os dias são (ou deviam ser) de Villa Lobos:



Friday, March 24, 2017

À Volta

No ano passado vi um filme obscuro (o que é o mesmo que dizer que não era de Hollywood e sim croata - acho que era croata) que só muito para a frente se entendia tratar-se de uma alegoria ao movimento circular do Mundo e da vida. Este filme era desgarrado, temporalmente, e isso não fazia muita diferença efectiva porque a soma dava a mesma, independentemente da ordem das parcelas.
(lembro-me de ter escrito sobre ele aqui mas, obviamente, não fui procurar)

Esta é uma ideia muito chata a de correr para nunca sair do sítio mas não é por ser chata que deixa de verdadeira ou, pelo menos, possível porque os desejos sem fundamentação são ar quente. Vão subindo mas não mudam nada.

Há uma qualquer teoria que diz que as meninas andam à procura dos papás e os meninos das mamãs e isso é, em si, sinistro mas outro dia dei por mim e realizar que não será mentira.
As pessoas com quem tive/tenho relações têm qualidades parecidas com as da minha mãe e, algumas delas - ouçam algumas e riam porque nem com algumas eu tive relações, atento o reduzido número - até fisicamente têm semelhanças.

Bem, isto deu uma volta para o what da fuck que não era suposto.
Lembrei-em deste assunto porque, como resulta com alguma claridade, tenho andado a ouvir coisas muito diferentes - o que não é esquisito - e pouco Samba.
MAS! de vez em quando, não interessa quanto tempo passa, dou de frente com ele e a coisa volta ao que sempre foi: Felicidade.

Não sou um gajo muito propenso a ser ou sentir-me feliz e, por isso, sou imensamente grato ao que me traz alguma. Pessoa, situação, lugar, música, o que quer que seja. Se me deixa contente, sou e fico grato e, confiem, eu sou um gajo que vale a pena deixar contente porque a minha gratidão é uma coisa boa de se ter no bolso.

Então,
Candeia para vocês:

Acho que Ainda Volto


Thursday, March 23, 2017

Thoreau e Fixações

Apresentei o Thoreau a um amigo porque achei que ele ia gostar.
É sempre engraçado ver alguém ficar embasbacado com alguma coisa que já existia e que se coaduna com aquilo que pensa ou que gosta mas que não conhecia.

Hoje, mandou-me uma citação da apreciação do Thoreau ao trabalho e à sua maleficência. 
Não estou certo, agora, que ele entendesse o trabalho como mau mas, como eu, fazia-lhe confusão o quem és com o que fazes profissionalmente
Provavelmente porque trabalho é o que faço e não quem sou, tenho oportunidade de apresentar coisas a pessoas.

K, agora estás obcecado com casas modulares? Outro dia eram carros antigos. Outro dia eram viagens de avião. Outro dia eram câmaras fotográficas.

Sim. Estou.
Sim. Sou.

Gosto de coisas cool e não me interessam o que são.
Podem ser livros; podem ser carros; podem ser caçadeira; podem ser escorredores; podem ser óculos de sol; podem ser sapatos.
Não interessa o que é. Interessa se é interessante.

Entre ontem e hoje, foi isto:

Monday, March 20, 2017

FC Porto e o Campeonato

Este FDS, o Benfica empatou, no Sábado.
O empate do Benfica e a vitória do Porto, no Domingo, significaria que o Porto passaria para a frente e quando fosse à Luz, na próxima jornada, estaria em vantagem, coisa que não seria de somenos.

O que aconteceu?
Empataram os dois e, por isso, o Porto irá à Luz com 1 ponto de atraso.
Se o Porto ganhar na Luz passará sempre para a frente e não me incomoda o empate em si nem, sequer, ir à Luz em segundo porque dará para sair em primeiro.

O que me incomoda é isto: há momentos em que não se pode falhar se o que se quer é ter sucesso.
Quando jogava cenas, havia gajos que eram incríveis a treinar mas quando era altura de jogar a coisa era muito diferente.
No caso do MMA, por exemplo, já ouvi muitos profissionais dizerem que não entendiam - mas que se habituaram - a ver animais no ginásio e nos treinos e, depois, a levar na boca como gente grande quando a campainha tocava.

O Mundo está-se a cagar em nós e convém que um gajo se habitue a isso.
Infelizmente, 
podemos ser absolutamente brilhantes durante a maior parte do tempo mas o contexto não é sempre o mesmo. Há momentos em que é mais importante ser brilhante. Há momentos em que não de pode falhar. Há momentos em que um pequeno erro tem dimensões muito maiores do que um erro gigante noutros.

A pressão muda tudo e todos.
É verdade que não somos melhores pessoas só por aguentarmos melhor ou pior a pressão. 
Não somos melhores pessoas...somos só melhores.

Thursday, March 16, 2017

CURTAS

ÁS VEZES SABE-SE A SORTE QUE SE TEM

Ontem tive um jantar com pais recentes.
Poderia dizer que fui espantado com a seca que é contacto com gente que acabou de parir, especialmente quando é a primeira vez mas não fui. Sabia da probabilidade de papar um chacete gigante mas tenho sempre a - estúpida - esperança de ser diferente.

Ah, K, mas tu não és um gajo esperançoso! e não sou mesmo. Às vezes tem de se papar este tipo de merdas e nem eu estou a salvo disso.

Lembrei-me, então, da sorte que tenho em os meus poucos amigos não serem como a maioria das pessoas. Não é um juízo de valor em que os considero melhores; é um juízo objectivo que resulta do correr dos anos e da apreciação do que se passa à volta.

(love and peace are largely overrated in my view, acabo de ouvir o Christopher Hitchens dizer, enquanto escrevo. Concordo)

O meu mais próximo amigo foi pai há relativamente pouco tempo e foi extremamente interessante.
Falámos sobre a interacção dos familiares e conhecidos e da necessidade, dos próprios, em serem os primeiros a ver o bebé; falámos de como é espantoso que a criança não fale e não perceba, que seja crua, e que, ainda assim, consiga comunicar e entender coisas; falámos da mãe que antes dela nascer a entender como sendo parte de uma comunidade e que, depois de a ter, a entendeu como própria.

Não são as crianças nem o nascimento nem a paternidade que são chatas.
São as pessoas que são chatas.

Estive a mais uma informação sobre quantas vezes é preciso trocar uma fralda para espetar uma faca na carótida.
....em vez de afogaram os prisioneiros, em forma de tortura, mandem-nos jantar com pais recentes.

EL CHAPO

El Chapo é um traficante de droga em formato macro que foi preso recentemente (look it up, vale a pena).
Quanto a este gajo, duas cenas engraçadas:

1. foi encontrado pelo Sean Penn e um dos principais motivos para ter sido apanhado foi a estar obcecado com a Kate Del Castillo (look it up);
2. foi notícia, agora, de que ele se sente muito sozinho na solitária. Está a ter alucinações. Não fala com ninguém...enfim. Pobre decapitador...

Este assassino é engraçado por ser, no fundo, igual a todos nós.
Da mesma maneira que o Hitler matou milhões e adorava o seu Pastor Alemão.

O que nos assusta nesta gente e o que nos causa mais repulsa é o facto de, se não soubermos, inferirmos que eles, como nós, são pessoas.

A HUMIDADE

Há uma miúda que trabalha no mesmo prédio que eu que me acha graça de uma forma óbvia e juvenil.
Parece-me novinha e, provavelmente, achará atraente alguma coisa em mim.

Hoje, o namorado (marido ou seja o que for) veio trazê-la e eu estava a fumar.
Ela despediu-se dele como as pessoas se despedem daquelas com quem têm relacionamentos mas menos como quem tem relacionamentos (gostava de acreditar nisto), quando ele abalou foi a olhar para mim até entrar no prédio.

PIOR! Não foi a olhar para mim com ar sensual de quem me queria comer. Foi a olhar para mim com ar envergonhado de quem se tinha portado mal.

Tem muita graça.

Uns minutos antes, estava a almoçar acompanhado e a miúda na mesa ao lado não estava a fazer segredo quanto à vontade de saber a marca do que tinha calçado até ao shampoo que uso.
Não era má.
Era brasileira,

Tem muita graça.

Wednesday, March 15, 2017

Um Bocado de Arte


O Medo e Henry David Thoreau

Este fim-de-semana que passou, tive um jantar em casa de um amigo para o qual não me desloquei de carro. Nem eu nem ela.
A ideia foi de que, eventualmente, haveria demasiada bebida envolvida para, depois, se guiar. Não estou certo que a ideia se tenha confirmado mas, independentemente disso, não havia carros.

Passo seguinte: ir de Metro (o que também não aconteceu mas, para o caso, não interessa).
Saímos por volta das 3 da manhã e tivemos de fazer uma certa distância a pé e, entre a casa dele e o Metro, tem de se passar por um sítio algo sombrio e sem grande fama de ser seguro.

K, vamos passar por aí?
- Óbvio. É o caminho mais perto.
Não gosto de passar aqui.
- Não te deixava passar aqui sozinha.

Sou imune ao medo? Não. Não sou tão parvo.
Ignoro o perigo? Bem...se o considerar demasiado eventual e injustificado, Sim. Sim. Sou um bocado parvo.

Não admito temer sem que seja um perigo actual e obviamente claro. Melhor. Se for um perigo actual e obviamente claro pode ser que pondere caso não esteja sozinho e o risco não seja apenas meu. Se for só meu, encaro também.

Como se liga isto a Thoreau?
The mass of men lead lives of quiet desperation.

Ora,
a ideia de que vivo em silencioso desespero não me cai bem.
A maior parte das vezes em que a tampa me salta resulta da impressão de que estarei a tolerar aquilo que não deveria estar a tolerar.
A percepção, nem sempre certa, de que me estou a sujeitar dá-me cabo do sistema e, como bom animal que sou, quando o sistema está a ser atacado...ataco.
É, para ser honesto, neste momentos que me torno mais destrutivo e, em consequência, é destes momentos que guardo piores memórias (ainda que raramente me arrependa).

A história com que comecei, é um bocado disto.
A ideia de que me estou a sujeitar ao medo não me é querida e o resultado de me sujeitar é manifestamente mais doloroso que uma pancada, um assalto e coisa que tal. Talvez não seja pior do que ser baleado mas como ainda não aconteceu, não sei.

Há muitos anos atrás, levei um soco tal que fiquei uma semana sem ver do lado direito.
Lembro-me disto porque:
1. Passou;
2. Jurei que merda daquele tipo e naquelas circunstâncias não me aconteceria mais...e não aconteceu. Fui estúpido e esperei em vez de tomar as rédeas. Poderei ser espancado outra vez mas não daquela maneira.

Há menos anos atrás, um arrumador estava a chatear-me e respondi-lhe. 
Depois, fingiu (ou tinha mesmo) uma faca no bolso e eu, que estava enclausurado dentro do carro e não teria tempo de sair e foder-lhe a boca antes de uma eventual facada, fiquei-me.

O olho pisado passou-me.
O ter-me ficado com o arrumador, não.

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Candeia que vai à frente, alumia duas vezes

Monday, March 13, 2017

Hoje


...mas sem ser tão fixe como parece, na foto.

Saturday, March 11, 2017

Pensar Não Faz Mal

Há uns dias, numa conversa com uma pessoa que estará a passar uma fase de merda, disse-lhe:
Não faz de ti má pessoa ocorrer-te, de vez em quando, "foda-se...se ela morresse este meu tormento passava!. Só faz de ti uma pessoa...
Ela não me tinha dito que tinha pensado tal coisa mas não me desmentiu. Para mim era óbvio que já lhe tinha ocorrido e era, também, óbvio que lhe doía que tal coisa lhe tivesse passado pela cabeça.

Ela ficou chocada, por uns minutos, por eu ter dito o que disse mas percebeu que não estava a fazer um juízo de valor sobre a péssima pessoa que ela poderia ser.

Pensar não faz mal.

Quando colocados perante a adversidade, o mais natural é que queiramos que a adversidade acabe e, instintivamente, que acabe como tiver de acabar. É o Maquiavel que há em todos nós. Não interessa por que motivo acaba, interessa que acabe,
Depois,
os valores, a decência, a perseverança, a educação, o sentido de justiça e tudo o resto que nos impregna o cérebro há-de tentar encontrar uma solução que satisfaça ou que torne a situação mais tolerável mas, no início, só queremos o fim do que nos magoa,
E querer o fim do que nos magoa não é mau.

É certo que não partilhamos estas coisas feias que nos andam a massacrar o lado lunar da nossa mente e não o partilharmos quer porque temos vergonha delas quer porque achamos - com bons motivos para isso - que quem ouvir vai ficar pasmado com a nossa falta de escrúpulos ou com o nosso egoísmo. Sucede que estes apóstolos dos bons costumes são como nós.

Perdi a vergonha dos meus pensamentos há muito.
Em primeiro lugar,
porque não tenho completo controlo sobre o que penso e, honestamente, nem sempre tenho controlo sobre o que faço;
Em segundo lugar,
porque quero que se foda o que os outros pensam sobre o que faço e muito mais quero que se foda o que pensam sobre o que penso.

O maior problema da pessoa de que vos falo é um bocado este:
ela sente a obrigação que lhe é imposta como sendo própria e cumpre-a independentemente do que lhe custar.
Este sentimento de ter de cumprir com o que julga estar obrigada ou que pensa ser-lhe imposto redunda em queimadela e ameaça ao seu estado psíquico, pelo que uma situação de merda, alheia, faz com que a situação própria seja de merda; o que, por sua vez, a faz sentir que está a quebrar e que não pode quebrar; o que, por sua vez, a faz sentir que se a velha tombasse a situação e a obrigação e o queimanço terminariam; o que, por sua vez, a queima ainda mais porque deseja  a morte de alguém em proveito próprio.

Quando um gajo anda fodido só serve para foder os outros e eu sou dos melhores exemplos disso.
Porque aprendi que o meu mau-estar alastra, preocupo-me muito em andar o mais equilibrado que consigo em benefício próprio e alheio.
Pode parecer, de vez em quando, que o meu egoísmo é apenas isso, egoísmo. E de vez em quando é porque os outros, como massa amorfa, interessam-me pouco mas nem sempre é uma manifestação de Rei Sol.
Mesmo para as pessoas a quem quero bem é preciso que eu me preocupe muito comigo, caso contrário ando a desejar que mesmo estas parem de me foder a cabeça, incluindo os momentos em que não me estão a foder a cabeça.

Em suma:
Pensar caralho, se a X morresse a minha vida era tão melhor...não prejudica ninguém nem faz de ninguém má pessoa;
Pegar numa almofada e sofocar a X já é muito mais questionável, não é?

Bem,
há mães que no desvario da depressão pós-parto e por privação de sono abanam crianças até as matar, não há?
(SEM A MÍNIMA INTENÇÃO DE AS CULPAR) Se calhar, se tivessem dito aos maridos/namorados/pais/mães/avós pá, tirem-me a criança das mãos por umas horas porque preciso de dormir e não estou a aguentar mais este camelo! alguns teriam sobrevivido.

Friday, March 10, 2017

Chateia-me um bocado parecer que estes últimos tempos têm sido uma espécie de homenagem póstuma ao Prince. 
Não aprecio descobertas e dar valor depois do desaparecimento.

Em minha defesa, voltei a cair em Prince não por ele ter morrido mas por ter apanhado, ao acaso, o My guitar Gently weeps com ele a tocar guitarra, apenas.

Então, vamos bombar para o FDS com FUNK!!


Thursday, March 09, 2017

Lá Pra Mim, Já É (não é mas fica a intenção)


O Inferno Somos Nós

Não direi que é comum mas ouve-se, de vez em quando, que o inferno são os outros e é mais ou menos verdade quando somos montados de uma determinada maneira.
Porque sou mal integrado, os outros chateiam-me mas não os qualificaria como inferno porque não lhes ligo por aí além. Os outros muito dificilmente me causam dor; naturalmente, uso o termo outros no contexto devido, ou seja, uma massa indiferenciada de gente e não outros para os que identifico e me são próximos.

O Inferno sou eu.
As pessoas com quem tenho mais atritos e de quem quero distância são, as mais das vezes, aquelas onde vejo as minhas características que me são menos queridas num volume que temo ser o meu.
Ou seja,
eu vivo bem com as minhas limitações e exageros e defeitos mas, por conceder a minha imperfeição, admito como possível que essas limitações, exageros e defeitos sejam maiores e mais pronunciados do que me parecem. E quando me cruzo com pessoas que têm esses problemas numa medida que me parece desmedida...não gosto delas ou, talvez mais realisticamente, não quero conviver com elas.

Há uns minutos, soube que alguém tinha sido contactada para uma entrevista de emprego. Não o procurou (tem um e não anda em busca). Lembraram-me dela, e bem, por ser competente.

Estas coisas não me acontecem.
Nunca tive reclamações do meu trabalho nem da minha intelectualidade nem esforço mas também não costumam andar à minha procura.

Ok, acabo de me lembrar que já me aconteceu duas vezes e dessas duas vezes aconteceu porque as pessoas me conheciam.
Não foi um favor nem uma cunha. O que ocorreu foi que porque essas pessoas me conheciam, viam além da minha pouca vontade de conviver e de conversar e de lamber cus e de perder tempo com o que não me interessam.
Estas pessoas sabiam, à partida, que as minhas características especiais (eufemismo, olé!) eram compensadas por tudo o resto.

Voltando:
quando soube disto pensei caralho, a mim não me acontecem estas coisas! mas passou-me depressa.
Há mais do que um motivo para ela ter sido e ser, regularmente, contactada e eu não. Não é, apenas, uma questão de competência, é, também, uma questão de ser, ao nível da derme, ela ser uma pessoa de contacto agradável e com quem os outros se conseguem identificar.
Eu não sou nada disto. Eu não entro no radar também por isto.
Eu compreendo isto.

E, ainda assim, tive o momento caralho, a mim não me acontecem estas coisas! e fiquei muito irritado.
Não me devem nada.
Não me devo queixar daquilo de que sou responsável.
Não é inteligente querer ser aquilo que sou e, depois, pensar que deveria beneficiar daquilo que beneficiam aqueles que se integram onde não quero estar.

É verdade que, no momento em que escrevo, já me passou o momento descrito mas também é verdade que existiu e essa merda chateia-me muito.
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

(Ney, sempre!
Mesmo com um som fraco.)

Wednesday, March 08, 2017

Just Sometimes


O Dia da Mulher e Um Problema

Hoje anda metade da população feminina num excitamento porque é o seu dia.
Aqui, rolaram flores e fotos e merdas.
Ora,
poderá pensar-se que sou contra o Dia da Mulher mas não sou. Gosto muito de mulheres. Gosto tanto de mulheres que até me agrada que tenham direito ao seu dia e que mereçam um tratamento preferencial.
Sucede que, em grosso, a existência de um Dia da Mulher e a ausência de um Dia do Homem revela - para mim - que os dias do homem são 364 e não precisam de uma data para que o Mundo se lembre que eles existem.

Se as mulheres que tomam este dia como um agrado não fossem as mesmas que andassem a queimar soutiens estaria tudo bem mas, na esmagadora maioria, são.
Querem tratamento igual mas também serem especiais.
E se pensam que estas são as piores, não são.
As piores são as coerentes. As piores são as Feministas que querem ser tratadas e se tornam naquilo que mais detestam: Homens.

Ah, K. Assim ninguém ganha!
Ganha, sim.
Ganham as mulheres que mais aprecio e que são as que agradecem a gentileza de passarem primeiro nas portas e que lhes carreguem coisas pesadas mas que não sentem que por agradecer e apreciar são forçadas a cozinhar e a limpar. Não são. Não devem ser.

As Mulheres são especiais.
Gosto muito de Mulheres.

...e O Problema.

Foi-me oferecida uma viola no Natal e ainda não lhe toquei.
Não é porque não aprecie o presente ou guitarras. O problema é o seu oposto e o problema sou eu.

Uma viola deve ser tocada assim:

e eu não vejo como isso poderá suceder.
e eu não estou virado para ser desiludido, por muito que compreenda, intelectualmente, que não deveria ter estas expectativas.

Tuesday, March 07, 2017

Quando a Substância Vence!

Isto parece uma observação óbvia porque, afinal, a verdade vem sempre ao de cima mas isso é uma visão pueril das coisas.
A verdade que nos chega às mãos será a vitória sobre as mentiras mas não serve de unidade de medida. É como dizer que não há corrupção quando, de facto, há: ainda não se descobriu ou não se provou.

Por estes dias, escolheram-se 2 restaurantes a visitar e a escolha estava entre 3. 
Avisei, à partida, que se se quisesse ir a 1 desses 3 era bom que não ficasse nas minhas mãos. Não o escolheria, nunca!
Previdentemente, foi escolhido.

O que eu escolhi foi um sucesso;
O que eu não escolhi foi um fracasso.
Não fiquei surpreendido com nenhum dos casos. 
O que eu não escolhi interessava-se por muitas coisas que não se coadunam com comida ou, pelo menos, que não têm na comida a sua principal preocupação.
Ora,
eu vou a um restaurante comer.

Poderão dizer-me ah, mas é possível um restaurante estar preocupado com o seu aspecto, a forma como apresenta a comida, as porcelanas, as cadeiras e forma sem descurar o conteúdo.
Bem...em tese e, ainda assim, com conta peso e medida.
Se acho que pode ser-se cuidadoso sem se perder o foco? Acho. Só que tem limites.
É possível ter-se atenção à envolvência sem descurar o conteúdo mas não quando essa atenção é, obviamente, mais importante.

NÃO VOLTAREI A FAZER UMA COISA DESTAS MAS VEM A PROPÓSITO

A seguir, colarei uma foto do Thor que serve para ilustrar um bocado tudo o que escrevi de forma confusa.
O cabedal que o gajo apresenta não lhe permite ler livros. Não há tempo para tudo. Ou bem que se conta calorias e a quantidade de gorduras e a percentagem de massa gorda e a proteína e os batidos e o ritmo de queima e sei lá mais o quê ou se lê.

Ah, K, mas não se pode ser esperto e educado e inteligente e instruído e estar em forma?!
Pode mas não se pode estar em tão boa forma. É anti-natural.

Com o restaurante - e incontáveis outras coisas - foi isto que aconteceu:
Demasiada atenção ao brilho e falta de atenção à comida.

Fico contente quanto tenho razão.
Aconteceu exactamente o que tinha previsto.

...e, foda-se, a foto:

Monday, March 06, 2017

Ficámos Todos Muito Sensíveis...

As questões do sexismo e do racismo são-me caras.
Assuntos que colocam as pessoas em pólos opostos são sempre interessantes.

Então,
não tenho um osso de racista em mim. Na verdade, acho que nunca tive.
É certo que quando era mais ignorante me parecia que poderia haver uma questão genética que diferenciaria, intelectualmente, as raças. Não posso afirmar, agora, que tal não acontece mas com o passar dos dias fui-me convencendo - não em esforço mas meramente por observação - que a questão cultural é muito mais significativa que a cor.

De todo o modo, queria que isto ficasse claro: mesmo quando ponderava o que descrevi, nunca me passou pela cabeça discriminar com base nisso. Não discrimino um branco estúpido e não o faria nem o fiz com um preto, independentemente da genética.

Mas andamos muito sensíveis porquê? Não deveríamos ser sensíveis ao racismo?
Quando praticava desporto competitivo, cruzei-me no campo com pretos e chamei-lhe tudo aquilo de que me lembrava. Tentava, ostensivamente, ser ofensivo.
É bonito? Não.
O que acontece é que este meu comportamento pode ter muito de má formação pessoal e falta de desportivismo mas não tinha nada de racista.
Não faz sentido insultar sem querer ofender e eu queria ofender toda a gente. Branco, preto, côr de laranja, de cabelo curto, unhas mal tratadas. Qualquer merda. Tudo que desse para lhes foder a cabeça, eu faria.

Há uma diferença imensa entre insultar porque se insulta e se insultar porque se é de outra raça.
Essa diferença perdeu-se.
A mim, por exemplo, chamavam-me gordo e diziam que não via a minha pila há 10 anos.
Hoje poderiam continuar a dizer-me isto mas eu jamais poderia chamar preto burro.

Acho bem insultar pessoas?
Bem...depende, não é?
O tema central, contudo, não é esse: nem sempre que se insulta alguém se é racista.
Eu não sou.
Eu insultava.

Ia falar do sexismo mas já não me apetece. Nem falar nem alterar o Título.
Sa foda.

Ser beijado por música há-de ser mais ou menos isto:

Friday, March 03, 2017

Coisa(s) que Me Agrada(m)

Como é bom de ver, não dou muita importância ao que faço profissionalmente. 
Sempre que me perguntam o que fazes respondo Magia! porque o que faço não é quem sou e, se for isso que querem saber, Magia! é mais correcto.
(na verdade, definições chateiam-me, mesmo que as considere necessárias, e, por isso, tenho um porta-chaves que diz Rúben e é óbvio que não me chamo Rúben. Poderia chamar-me mas, além de revelar mau gosto de quem me baptizou, isso nada alteraria).

Então,
eu, como vocês, suponho, faço mais ou menos a mesma merda todos os dias. Pode ser mais ou menos desafiante ou complicado do que o que vocês fazem mas, no fundo, nada que se faça vezes suficientes não passa a ser repetitivo. E quando se faz muitas vezes o mesmo acaba-se, inconscientemente, por fazer e nem sempre se sabe porquê.

Hoje tive um caso desses.
Numa cena esquisita, disse a um gajo mas não se pode, porquê? e ele respondeu-me porque não. Não desarmei do porquê, para ir partindo aos bocados uma ideia pré-concebida mas não fundamentada, e ele acabou por perceber a diferença entre não se pode fazer e nunca se fez; muitas vezes parece a mesma coisa mas não é.

É preciso sair da caixa.
Eu gosto de sair da caixa.
Eu sou bom a sair da caixa.

Deram-se, então, duas coisas que me agradam:
1. uma ideia tida como certa foi destruída;
2. eu tinha razão.
(a ordem de gosto tem interesse porque está escrita inversamente)

E descobri isto:

Eu gosto muito de Radiohead e desta música.
Acho, até, que os Radiohead talvez sejam a melhor banda rock do mundo (indie é para adolescentes e alternativa é para velhos), pelo que o que direi não é desprimor: quando a mesma música é tocada e cantada por quem percebe muito mais de música e, ainda mais que perceber, é capaz de executar ao nível do que entende...bem, a música fica melhor.

O Prince é um génio.
Como FDP vivo é FDP morto, nada se alterando.
Génio vivo é Génio morto.

(ia colar o sometimes it snows in April mas, depois, veio isto)

Thursday, March 02, 2017

Não Vai Ser Animador!

O meu Avô padeceu de uma doença que o foi degenerando enquanto o tempo foi passando.
O pessoal sabia que a coisa estava a azedar mas não sabia porquê e ele sempre mentiu a respeito. O que se estava a passar só foi descoberto quando ele deixou de ser capaz de coerência e teve de ser internado.
Entre a descoberta e o fim da vida dele deve ter decorrido uns 5 ou 6 dias.

Por que motivo não contou?
Bem, haverá mais do que uma hipótese mas, conhecendo-o, o que ia acontecer é que ele sabia que o pessoal o ia apertar com tratamentos e estilo de vida e isso não lhe apetecia - como nunca apeteceu.
Então,
decidiu esconder e continuar a fazer o que lhe dava na real gana.

Alguns dos meus familiares ficaram fodidos porque se ele tivesse dito poderia ter sido feito mais alguma coisa e ele poderia ter durado mais algum tempo.
Eu não fiquei fodido. Foi o que ele quis e não estou certo que estivesse errado.

O que se passou, no entretanto, nos 5 ou 6 dias a que me referi, foi, de entre outras coisas, o seguinte:
A minha Avó percebeu para onde a coisa caminhava se ele acabasse por não tombar.
O meu Avô estava completamente incapacitado de tomar conta de si e iria ficar acamado e demente o resto dos dias ou meses ou anos que durasse.
Sendo certo que esta talvez não fosse a principal preocupação da minha Avó (talvez), preocupava-a muito o que iria ser a vida dela a partir daquele ponto: o que lhe ia sair do pêlo; o que lhe ia sair do bolso; o transtorno que lhe iria criar e por aí fora.

A minha Avó chegou a dizer que Deus o leve! e este sentimento não foi altruísta pelo sofrimento dele mas sim pelo dela que seria vindouro. Bem, pelo menos em parte.

Poderão vocês agora pensar foda-se! Esta gaja é uma pessoa de merda! e não poderei afirmar o contrário porque, se calhar, vocês ou alguns de vocês passaram pelo mesmo e a vossa reacção foi diferente (espero que a minha também seja, se chegar a isso).

Eu, contudo, não penso assim.
Somos todos - uns mais que outros - inerentemente egoístas e pensamos, primeiro, em como o que quer que seja se irá reflectir em nós.
Não fiquei com má ideia dela. A preocupação dela era legítima. Não fiquei a pensar como é possível! e nem que cabra!! e não pensei nada disto porque aceito as limitações humanas.
É o que é e nada mais.

Madre Teresa, eu?
Nã. Isto ainda não acabou.

A minha aceitação encerra-se e demora pouco a encerrar-se. É rápido e, as mais das vezes, insusceptível de regressar.

Não aceito que se exija aos outros o que se é incapaz de dar.
Não aceito que se peça aquilo que, pelo que se fez, não se tem direito.
Não aceito que se afronte quem não merece ser afrontado.
Não aceito que gente injusta clame justiça.

Eu sei que isto não é particularmente fácil de explicar mas espero que não seja demasiado difícil.

As limitações que todos temos fazem de nós aquilo que somos. A soma de virtudes e defeitos compõe o quebra-cabeças que se cruza connosco todos os dias.
O meu problema não é com aquilo que se faz mas com aquilo que se espera e, pior, com aquilo que se exige.

Aceito que a Justiça seja o caralho mas não admito que se espere Justiça quando se faz pouco por isso.
Não espero que ninguém me ajude mas se esperarem, do nada, serem ajudados: Justiça é o Caralho.

.....

Não sabes o que passo... Outro dia fui ao trabalho do T e ele fingiu que não me conhecia! Nem me respondeu quando o cumprimentei!

Isto foi dito sobre o meu irmão.
Quando soube desta merda, liguei-lhe e perguntei:
- Olha lá, a tua Avó disse ao P que foi ao teu trabalho e que tu a ignoraste?!
Tás maluco, K. Claro que não!
- Pera. Expliquei-me mal. Não te estava a perguntar se a tinhas ignorado, isso eu tenho a certeza absoluta que é mentira; o que queria perguntar era se ela alguma vez tinha ido ao teu trabalho.
Nunca, K. Nunca!

Não sou bom a perdoar estas merdas.
E, infelizmente, o T também não.

Somos muito diferentes, apesar de termos partilhado o mesmo útero em alturas muito diferentes, e apesar de ter tentado apoiar uma atitude mais complacente dele para com o Mundo, não fui particularmente bem sucedido.

Olho por Olho, Dente por Dente.
Deus Perdoa, Eu Não.