Tuesday, December 27, 2016
Provavelmente por não estar tanto tempo com os meus como costumava estar, o Jantar de Natal passou mais rápido e foi mais agradável.
Poderão pensar que sou uma besta por fazer parecer que este Jantar me pesa e não me importo. Pesa mesmo.
Não tenho paciência para que me seja imposto amor fraternal ou coisa que o valha;
Não tenho paciência para que me seja imposto um Jantar que não me apeteça;
Não tenho paciência para ter de ter mais paciência por ser Natal.
Não tenho paciência e não tolero.
Não gosto de ter de comprar um qualquer doce específico;
Não gosto de ter de comprar um qualquer presente;
Não gosto de ter de ficar a empatar à mesa quando quero fazer outra coisa.
Não gosto e não faço.
Então, se não toleras e não fazes, qual o problema?
Bem, o problema é que, de facto, tolero e, de facto, faço.
A minha independência curva-se perante a necessidade de não deixar triste quem não quero deixar triste sob quase todas as circunstâncias.
Há uns dias, em conversa com o meu amigo que é tão ou menos materialista que eu, estava a perguntar se ele ia dar presentes à filha e, naturalmente, ele respondeu-me que sim.
Quando, provavelmente, esperaria que lhe chamasse hipócrita (e ele estava um bocado envergonhado por vergar) disse-lhe:
Oh, J, caga nisso. Os teus princípios têm de ceder perante a possibilidade de a tua filha, que ainda não pode entender o que é consumismo ou materialismo, ficar triste e sentir-se pouco querida.
Há-de chegar o dia em que ela percebe mas, agora, o que vai acontecer é que os Pais dos outros meninos gostam mais deles do que tu e isso, nesta fase, é o mesmo que ser verdade.
Dá-lhe presentes e fica feliz com isso.
Eu não tenho filhos mas o que lhe disse aplica-se a mim.
Compro 1 presente de Natal.
Pergunto a 1 pessoa o que é preciso levar.
Compareço a isto por causa de 1 pessoa.
Não é que só goste de 1 pessoa mas as outras pessoas, querendo ou não, terão de entender que eu não gosto disto e que eu não colaboro com isto. Não gosto de hipocrisia e não me compadeço com ela...menos para essa 1 pessoa.
Aí, dentro de limites muito largos, que se fodam os princípios e não me pesa mandá-los foder.
Mas...
Amanhã conto contigo para o almoço, certo?
- Bem...se quiseres que eu venha, eu venho mas não estava a pensar nisso.
Não, K. Queres descansar, não é?
- Não, não preciso de descansar. Mas também não preciso de vir almoçar. Quero ver televisão e esperar que as renas vão prá puta que as pariu (não disse prá putas que as pariu porque não digo palavrões mas já não sei que termos usei).
Tá bem.
Não ficou contente mas percebeu que já tinha feito muito.
Não fiz demais. Faria muito e muito mais mas, realmente, fiz bastante.
...e dia 25.12 o meu telefone quase não tocou e dia 25.12 vi Sons of Anarchy desde que acordei até que me deitei.
...e, por isso, quero isto:
Monday, December 26, 2016
Fácil e Difícil
Às vezes, parece uma distinção fácil de fazer.
Às vezes, percebe-se depressa se o outro é de trato fácil ou difícil mas nem sempre é assim.
No meu caso, por norma, passam-se por três fases:
1ª Não tenho ar de quem está muito disposto a fazer qualquer coisa que não me apeteça, pelo que não me pedem nada - Difícil;
2ª A minha tendência geral é dizer sim ou não e manter o sim ou o não, pelo que é preto e branco e nunca cinzento - Fácil;
3ª A minha tendência geral é dizer sim ou não e manter o sim ou o não, pelo que é preto e branco e nunca cinzento - Difícil.
A 2ª e a 3ª parecem a mesma coisa mas são, na realidade, muito diferentes.
Estas 3 fases são relacionadas com o grau de proximidade, daí a grande diferença entre a 2ª e a 3ª.
Na fase intermédia, é óptimo relacionar-se com alguém de quem se pode esperar aquilo que diz e que diz o que quer depressa mas quando se passa disso...
Por hábito, quando se recebe um não de alguém que nos é muito próximo confia-se que o não mudará porque a outra pessoa perceberá que a importância ou a vontade de agradar levará a que se repense a resposta; e pensa-se isto porque se é assim.
Vamos ouvir muitos nãos que são mais uma manifestação de pouca vontade de fazer mas, no meu caso, a minha pouca vontade de fazer traduz-se em sim e não em não. O meu não é um não mesmo, logo quando me sai da boca.
...e aqui começa a parecer mais Difícil do que Fácil.
Por exemplo:
K, queres vir ajudar-me a fazer isto?
Não respondi e fui.
Quando lá cheguei, disse: Não quero fazer isto. e dirigi-me, de imediato e sem mais nenhum comentário, para o sofá de onde tinha saído.
As pessoas habituam-se a esta estranha maneira de ser e, pelo menos no princípio, estranham-na.
Tem, ainda assim, algo de muito positivo tanto para mim como para quem me conhece o suficiente:
é sabido que se não quiser não faço, daí perceberem que se faço não o farei contrariado.
Ah, filho. Eu sei que fazes porque queres, não precisas de me dizer.
Quando não queres fazer só não fazes.
True that!
Tributo:
Friday, December 23, 2016
Running To Stand Still
Procuro usar poucos estrangeirismo mas nem sempre sou bem sucedido.
Neste caso não usarei a expressão em Português quer porque me soa melhor em inglês quer porque é das minhas músicas favoritas dos U2 (são cada vez menos com o passar dos anos),
Padeço disto.
Requer-me mais esforço ficar quieto do que andar. O movimento embala-ma e este movimento é tanto metafórico como literal.
Tenho sempre um livro em curso ou um post para acontecer aqui;
Tenho sempre necessidade de andar e andar muito.
No remanescente da minha vida, as coisas não são muito diferentes, tanto em termos metafóricos como literais, uma vez mais.
As minhas relações pessoais têm muito de o que posso eu fazer por ti mas não no sentido altruísta Madre Teresino; quando posso fazer alguma coisa por alguém significa que EU POSSO FAZER ALGUMA COISA POR ALGUÉM.
É sobre mim. Mesmo quando, aparentemente, nada tenho a ganhar é sempre sobre mim.
No momento em que me parece não poder fazer mais nada começo a sentir que é altura de me ir embora o que pode ser injusto.
Ontem, depois de ter ido ao jantar que não queria e à (meia) prova de vinhos que não me apetecia ainda caí no samba.
De entre tudo o que não queria ainda tive tempo para algum vinho, ainda tive tempo para algum wiskey, ainda tive tempo para alguma cerveja e ainda tive tempo para voltar relativamente tarde.
Quando cheguei, ela não tinha ido para a cama. Estava a dormir na sala.
Ainda fiquei uns minutos a ver o quadro porque achava que sabia o motivo.
Não gosto de ir para a cama sem ti...
Estou a correr muito para ficar quieto porque é o que quero fazer.
...e porque falei disso:
Thursday, December 22, 2016
...Mas Ainda Há Coisas Boas...
De vez em quando somos tão bombardeados por brilhantismo que olvidamos o que não deveríamos olvidar porque, quando recebemos tantas cores, é difícil dar ênfase a tudo.
Tenho essa sensação, por exemplo, com o Messi. Aquilo é tanto talento que um gajo se esquece que deve dar muito trabalho.
Tenho essa sensação, por exemplo, com o Leonardo Davinci. Aquilo é tanto talento que um gajo se esquece que, a dado momento, ele desenhou um avião.
...os exemplos não são uma enormidade mas também não são assim tão poucos.
Por estes dias levei, de frente, outra vez com o Prince.
Se podemos pensar em perdas artísticas a do Prince é superior à do Bowie (longe...muito longe) e de muitos e muitos outros que receberam muito mais loas.
Sobre o Prince, para descrever o seu apelo, pode-se dizer que ele tem James Brown, ele tem Jimi Hendrix e Marvin Gaye. Ele combina tudo isso. Sempre. Isso é o que ele é. E no palco, é o Charlie Chaplin. Pode dizer-se e o Miles Davis disse.
Ouve-se isto e talvez se apanhe um bocado de tudo, apesar de poder parecer exagerado para alguns (a mim, não parece) mas o que ficará mais perdido será a alusão ao Hendrix...porque o guitarrista que o Prince era ficou um bocado perdido no meio de tudo o resto.
Não devia.
As pessoas, e eu, quando vêem este título pensarão que ele vai cantar.
Não vai. Não foi.
A dado momento, saca do Hendrix (dizer que é mais melódico do que o Hendrix não me parece exagerado mas fica ao critério) e lembrei-me que ele conseguia tocar assim. Tinha-me esquecido.
E porque falei do Miles:
E agora uma coisa boa e pessoal:
Queixei-me da Prova de Vinhos de hoje;
Não me queixei do Jantar de amanhã a que também não tinha vontade de comparecer.
Então:
mudei o jantar de amanhã para hoje.
Chegarei mais tarde - com esperança de ser tarde demais - à Prova de Vinhos.
Jantar mais curto;
Prova de Vinhos mais tarde.
Deram-me limões...
Wednesday, December 21, 2016
Tuesday, December 20, 2016
Um Prazer Esquecido no Natal: Os Jantares!
Como é óbvio e seria escusado dizer, fujo aos jantares de Natal como quem foge da peste!
Felizmente - sim, neste caso é felizmente sem contra-indicações - o meu grupo social é cada vez mais reduzido, pelo que fui esquecido para muitas destas actividades. Felizmente, já não ando de dia para dia a correr para mais um meeting de gente que se reúne uma vez por ano para falar dos bons velhos tempos.
Bem, vou ter um...
Mandei um SMS ao meu amigo mais chegado para saber se um gajo marcava um jantar e fingia que era por ser Natal, escapando às grilhetas.
Em resposta, ligou-me e disse-me tenho uma boa e uma má notícia: a boa é que vamos ter jantar de Natal e a má é que vamos ter um jantar de Natal...vai ser uma prova de vinhos...
Depois de o mandar para o caralho uma imensidão de vezes, lá acedi...não por ser fraco mas porque pensei safoda.
Eu tenho um asco profundo a Provas de Vinhos.
Não tenho asco algum a provar vinhos mas a piroseira metida à sofisticação em que este conceito (adoro esta palavra e o vazio de significado que adquiriu) se transformou.
Estar rodeado de uma dúzia de macacos que acham que sofisticação é o mesmo que uma viagem numa máquina do tempo ao futuro e ser servido por um camelo que pergunta veja se adivinha o ano da colheita e qual é casta? dá-me vontade de matar!
No ano passado, fui a uma merda destas e quando estas perguntas chegaram perguntei se o gajo achava que eu tinha concorrido a algum concurso.
Bem.
Foda-se.
E para ilustrar:
Domingo encontrei o organizador.
Para fazer conversa - dois minutos depois de a começar porque já não sabia o que dizer - perguntei como estava a coisa organizada em horas e tal.
Respondeu-me eh, pá. Isso ainda não está decidido. Não vale a pena fazer muitos planos. Vamos indo e vamos vendo para onde a noite nos leva!
Caralho! Eu já sei que a noite me vai levar para a puta de uma prova de vinhos!
Não...este gajo é uma ave solta e selvagem...para quê fazer planos? Somos livres!!
E ORGANIZA UMA PROVA DE VINHOS!!
Pensam, agora, que fiquei surpreendido...
Infelizmente, não.
Este é o mesmo que se achou rebelde e desafiador da ordem instituída porque para um evento que exigia smoking ele foi de fato e gravata escura.
Fuck My Life!
...e a ver se arrebita:
Monday, December 19, 2016
É Engraçado:
Ao pintarmos um tigre, podemos pintar-lhe a pele mas não os ossos.
Provérbio Chinês.
Os chineses que compraram o BES investimento decidiram colocar na Administração Pedro Rebelo de Sousa.
O Pedro Rebelo de Sousa - tanto quanto sei e sei umas quantas coisas a respeito - fez muito pouco além de ser irmão do PR.
É assim que se faz na China.
É assim que a China fez nos lugares para onde vai.
...e uma bocado de beleza (ia pôr uma gaja mas, contrariamente à beleza de uma gaja, esta não se desvanece):
Friday, December 16, 2016
A Importância de Ser Céptico
Ontem tive uma conversa sobre um tema que me desagradou.
O tema, em si, não é desagradável; é desagradável para mim.
Ainda pensei discorrer sobre isso mas não estou com vontade.
O que me parece mais interessante é isto:
enquanto falava dei-me conta de que é, para mim, extremamente importante ser céptico. É verdade que se corre o risco de ser cínico quando se exagera, coisa pouco recomendável, mas ser céptico é uma outra forma ou uma vertente muito importante de ser realista.
Como a minha cabeça anda sempre a mil à hora - por contraposição ao meu muito repousado corpo - ocorreu-me isto, a meio da coisa:
Sei que a história me fará justiça, até porque tenciono ser eu a escrevê-la, by Winston Churchill.
Ora, se não podemos olhar para um livro que conta factos e acreditar, cegamente, nele, haverá alguma coisa que mereça fé ilimitada?
Eu respondo: Não.
E pensam que o Churchill é diferente ou pior que os outros? Bem, talvez seja mais honesto e apenas isso.
Em Portugal é constitucionalmente proibida a constituição (pleunasmo, olé) de partidos políticos de extrema direita...não merecendo a extrema esquerda o mesmo tratamento.
Porquê?
Porque não foi a direita que escreveu a constituição...
(e sim, também me lembrei disto)
Thursday, December 15, 2016
3 Coisas
I Eu + 6
Fui convidado para jantar com as minhas duas amigas e no dia em que o jantar ia ocorrer descobri que ia mais gente.
Fosse o jantar num restaurante e teria desmarcado a minha presença; sendo o jantar em casa de uma delas...tive de ir.
Então,
o jantar consistiu de seis gajas e eu.
Conheço-as há muito e ainda assim não iria, como disse antes e não iria porque ando a ter más experiências com reencontros com pessoas com quem me dava bem.
Os meus amigos envelheceram. Agora são adultos. Agora são chatos.
Estes encontros têm sido mais uma manifestação daquilo que nos separou do que daquilo que ainda nos unirá. Eu tenho uma profissão e um emprego porque preciso tanto em termos económicos como em termos de preenchimento de tempo mas o meu emprego e a minha profissão constituem uma ínfima parte das coisas que me interessam. Tão ínfima que falo pouco de qualquer uma dessas coisas.
Nesta altura, podem pensar ah, K, chateia-te andarem a falar dos filhos e dessas coisas porque não tens e estarão enganados; a conversa dos filhos não me chateia (muito). O pior são as perspectivas profissionais e o construir de CVs e networkink e esse tipo de merdas.
(divaguei. Vou voltar)
Elas não envelheceram para chatas. A coisa foi muito mais divertida do que imaginei tendo chegado, quase, a ser muito divertida em termos gerais.
Uns dias depois, uma das minhas duas amigas contou-me que a minha outra amiga não andava muito contente com uma das mulheres que lá estava (que foi muito minha amiga num determinado período mas que não via há mais de 5 anos) porque ela afastou-se...
Respondi-lhe que o pessoal dá-se imenso crédito. As coisas mudam, as pessoas afastam-se e ninguém tem tanto valor como imagina.
Ela disse-me que as pessoas não valem todos o mesmo na vida uns dos outros e eu concordei, por ser verdade, mas...o pessoal afasta-se por um qualquer motivo e, de vez em quando, é melhor deixar que assim seja.
Olho à volta e, pensando muito rapidamente nisso, não sinto falta de ninguém e neste ninguém contabilizo gente de quem, de facto, gosto.
Não é que deseje mal a quem se afasta, bem pelo contrário...mas não está cá, é o que é.
II Era Evidente
Se estivermos atentos, conseguimos ver onde fazemos cócegas sem nos mexermos mas temos, também, de estar muito atentos para não imaginar as risadinhas.
Há por aqui uma recente que me parece, desde que me pousou os olhos, que me acha graça.
Não quero dizer que me queira sacar nem que esteja apaixonada nem que vá fazer alguma coisa...acha-me graça e isso só tem mais graça porque eu não devo fazer o tipo dela porque não faço o tipo de ninguém.
Os dias foram passando e eu fiquei, como sempre, quieto. Aliás, mais do que quieto porque, normalmente, digo uma piadas e tal mas neste caso não será boa ideia tanto porque não quero alimentar o que me parece como porque...bem, não posso alimentar.
Então, depois de ter reparado que ela fica como um gato a preparar-se para atacar a presa sempre que me levanto para fumar, por estes dias disse-me posso ir fumar contigo? Acedi porque não sou indelicado e por falta de motivo para recusar.
Confirma-se. Tinha razão.
Tem sempre graça e never gets old.
III A Importância
Outro dia, numa das séries que acompanho (era o House, claro!) houve uma personagem que disse que os relacionamentos duram pouco quando (ou porque) as pessoas quando estão na fase de enamoramento fingem ser quem não são e, depois, revelam-se porque o tempo revela tudo.
Não sei se concordo em pleno e só tenho dúvidas porque não me parece ser o único motivo. É, contudo, um motivo fortíssimo.
Acho que é um problema generalizado.
Hoje, andam meia dúzia em alvoroço para bem receber uma pessoa nova.
Parece-me mal? Não, o facto não me parece mal.
O que está, de facto, a acontecer era uma outra coisa: quem recebe está a fingir que se interessa e, mais do que fingir que se interessa, está a tentar transmitir domínio porque, obviamente, quem recebe é o dono ou a dona da casa.
Fico feliz.
Deixam-me me paz porque este jogo de merda não me interessa.
Não recebo ninguém para me valorizar mas apenas porque acho que esse qualquer ninguém deve sentir-se estrangeiro.
Depois, os gurus dos RHs e esse tipo de coisas maravilhosas que servem mais de embrulho do que de presente, parecem muito preocupados com a impressão o que, para mim, é sempre esquisito...
Faz sentido estarmos muito preocupados com a impressão para coisas rápidas e de resolução em igual hiato temporal mas, no longo curdo, não direi que a impressão é irrelevante mas empalidecerá quando confrontada com a realidade do dia-a-dia.
Ah, K, tu és anti-social.
- Nop. Eu sou anti-hipocrisia.
Tuesday, December 13, 2016
Democracia e Cenas
A Democracia faz-me alguma espécie mas não lhe vejo alternativa viável.
A ideia será a de sermos representados pelos mais capazes mas não sei se alguma vez isso aconteceu.
Agora, o grande problema são os profissionais da política.
Ter uma profissão que tem como foco obter e gerir poder é uma coisa muito pouco recomendável. O resultado, como se tem visto, não é grande coisa.
Não sei se será o melhor dos paralelismos mas é um bocado como dinheiro fazer dinheiro. Sim, já o ouvimos há muito e o capital é indispensável mas quando o capital apenas serve o capital tudo se torna um pouco mais pernicioso.
Não pensem que descambei para o Comunismo, ainda não enlouqueci. O que quero dizer é mais ou menos isto: se o valor das empresas varia de acordo com factores diferentes com a sua produção e capacidade de gerar lucros, tudo é um bocado esquisito...é feito no ar e nada voa para sempre.
(poderia entrar pela moeda fiduciária, agora, mas não me apetece).
Antigamente, não haveria esta questão dos profissionais da política e tudo seria melhor...mas seria mesmo?
A Constituição dos EUA (o mais perfeito documento democrático, talvez) foi elaborado tendo em vista a protecção da propriedade e para evitar que os comuns decidissem de forma pouco conveniente. O Colégio Eleitoral é um bocado isso e ainda que tenha sofrido algumas mutações acabámos de testemunhas que mais votos não significaram a eleição de quem os recebeu.
O Estado Social como o entendemos é uma criação do Bismark e ele não o criou para beneficiar as pessoas - ainda que o tenha feito -, ele criou-o para garantir a sua manutenção no poder.
Novamente: o princípio da democracia não é errado mas, no fundo, a democracia é uma outra forma de domínio e de ilusão.
Então, estarei a dizer que algo de semelhante a uma Ditadura seria melhor?
Bem... em tese, é possível.
Parece-me claro que se tivéssemos à frente de um País um gajo realmente brilhante e realmente altruísta, tudo seria melhor.
Não se trata de soberba mas apenas de lógica: a minha Mãe, que muito preso, não teve a possibilidade de saber as mesmas coisas que eu sei nem possuir a mesma instrução que me foi garantida. Da mesma maneira, a minha Mãe não está preparada para entender o que é uma Constituição Europeia ou o impacto da queda do Dólar em relação ao Euro.
Ela não é estúpida nem eu sou particularmente brilhante.
Eu estudei; eu viajei; eu leio; eu não tive de começar a trabalhar aos 14... A minha Mãe tem muito mais valências do que eu em muitas e muitas coisas (incluindo ser melhor pessoa, em geral) mas quando o ar fica mais rarefeito ela não consegue respirar.
O problema das Ditaduras são os Ditadores.
É sempre assim: o problema são as pessoas.
Os Ditadores, como todos aqueles com quem nos cruzamos na rua, são egoístas e egocêntricos.
Os Ditadores, como todos aqueles com quem nos cruzamos na rua, são corruptíveis e corruptos. Não tem de ser uma corrupção em termos materiais, que parece ser a única existente, mas outra qualquer... a boa vontade é corrompida por ouro e sexo e admiração e adulação e sei lá mais o quê.
A Democracia chateia-me porque as pessoas me chateiam.
Infelizmente, não vejo uma alternativa melhor ao governo de todos nós que não a Democracia e infelizmente, também, não me estou a ver a mandar-me para o meio do mato sem televisão, água potável ou saneamento básico.
Nada é perfeito e um gajo tem de se satisfazer com o menor dos males, coisa com a qual tenho problemas por não ter, ainda, chegado à puberdade mental.
...e Ry Cooder só porque é cool:
Monday, December 12, 2016
A Ficção que Imita a Realidade?
Ando a ver, outra vez, o House (Netflix, I Love You) e estou na fase em que o House se volta a cruzar com a Stacy.
Como já disse, o meu gosto pela série é, em larga medida, alimentada pelo facto de me identificar com a personagem (excluindo a droga, a deficiência e, especialmente, o brilhantismo).
A relação entre a Stacy e o House é, também, muito próxima de algumas das minhas relações passadas, excluindo o facto de o House ter voltado a perseguir a Stacy e eu nunca ter feito tal coisa.
Acontece que o que me impediu - ok, uma das coisas - de pensar em segundas oportunidades está reflectido naquilo que o House lhe diz ser o motivo para voltar atrás: as pessoas não mudam e o que as fez afastarem-se, na primeira vez, irá fazê-las afastarem-se na segunda e na terceira e na quarta...
O House tem razão;
Eu tenho razão.
Dir-me-ão, como a Stacy lhe diz, que não tem de ser assim e não tem mesmo...dá-se que é.
Também me ocorre, contudo, que o Wilson possa ter razão naquilo que diz.
Being miserable doesn't make you better than anybody else, House. It just makes you miserable.
A doutrina diverge.
Justiça
Apesar de ser expectável que tivesse uma visão de justiça no sentido de congregação e acordo da sociedade para a sua definição que, posteriormente, é codificada...não tenho.
A minha ideia de Justiça é igual à minha escala de valores: própria e não necessariamente comum.
Também não acredito em karma.
Também não acredito em ter o que se merece, o que é quase a mesma coisa.
E também não acredito na concretização da justiça porque, como disse, não acredito numa justa retribuição pelo que fazemos ou pelo que não fazemos.
A vida é selvagem e na selva não há juízes.
É confortável acreditar num poder superior que regula ou em meia dúzia de homens de preto que aplicar a justiça e o que a sociedade onde se inserem e que representam consideram justo.
É confortável mas não real.
Por isso, vivemos num vácuo
Wednesday, December 07, 2016
Tuesday, December 06, 2016
Venho pra cá muitas vezes falar do meu desapego a coisas...e é verdade, sou desapegado mesmo.
...mas às vezes torna-se confuso para os outros:
A utilidade não me interessa muito.
Se a coisa é útil não me desperta interesse e o que não me desperta interesse não me interessa. Como sou uma pessoa como as outras, também tenho coisas úteis mas cheteia-me gastar dinheiro nelas.
O que me interessa é inútil.
Passo metade da minha vida a massacrar os mentecaptos que trocam de Iphone por motivos que roçam a profunda estupidez, coisa que não me canso de apontar.
Hoje, porque ando a ouvir muito falar de vestidos mas não só, descobri que o vestido que disse ser top custa 2.000,00€.
K, até te devem ter arrepiado os pelos...2.000,00€ por tecido!
- Não. Pagaria 2.000,00€ por esse vestido sem pensar muito nisso.
E porquê?
Porque aquele vestido - como muitos objectos - não era como os outros e pelo que se quer especial paga-se mais. O único motivo para se gastar dinheiro em excesso é o prazer de ter algo para que se olha e se pensa ah....isso mesmo! e pode ser qualquer coisa.
Um exemplo perfeito é o confronto entre um Patek Phillipe (acho que se escreve assim) e um Rolex.
MAS! este prazer e esta beleza não se prende com dinheiro, apesar de andar encostado várias vezes.
Um exemplo perfeito é o confronto entre um Ferrari e um Fiat 500. O Fiar 500 é manifestamente mais bonito e propenso a causar ah.....isso mesmo!
Monday, December 05, 2016
Ah, O Natal...
Não. Não vamos esperar por Dezembro. Dezembro é um mês de merda, para mim.
O melhor é antecipar para Novembro.
Isto foi uma conversa - reduzida, neste trecho, a monólogo - que aconteceu há uns meses e referia-se a uma coisa que queria que acontecesse a para a qual estava a perder a paciência.
Naquela altura, lembrei-me que Dezembro seria um mau mês...depois, esqueci-me.
Desde há uns dias para cá o meu humor anda a dar um curva para o mau; melhor: o meu humor anda cabisbaixo e, por via desse acontecimento, a minha paciência começou a rasar o chão.
Hmm...devo estar com o período ou coisa do género pensei. É coisa que me dá de vez em quando.
...mas está a durar muito...
K, vamos montar a Árvore de Natal?
- Nã. Não gosto. Não participo.
E é verdade. Tenho pouco apreço por qualquer tipo de bricolage só que, mesmo tendo essa quase completa ausência de apetência, não me nego a ajudar porque entendo ser desagradável.
Recusei e não pensei duas vezes nisso.
- Este mês que vai entrar é uma seca...a altura mais deprimente do ano são as suas últimas duas semanas!
Ah, K, abstrai-te...
- Como?! Mesmo que tente muito, levo com o Natal na tromba a cada minuto do dia!
Nenhum destes avisos, contudo, me fez luz.
Só hoje, enquanto caminhava à hora do almoço, me dei conta caralho, K...estás assim porque estamos a chegar à última quinzena!
Em minha defesa, só costumo dar a curva para baixo mais próximo do fim ou durante aquele período mas, este ano, começou mais cedo e acho que em força.
Como acontece todos os anos, ainda cá venho desfazer no Natal e no Espírito Natalício mas, por agora e desde há uma centena de horas a esta parte, estou sem força.
Compreendo a paneleirice que isto é mas parece que me custa cada nova arfada de ar.
Não tenho vontade de trabalhar;
Não tenho vontade de ir jantar fora;
Não tenho vontade de falar (que nunca é muita...);
E, dando corpo à célebre Lei de Murphy, hoje recebi uma chamada familiar, chamada que não ouvi. Quando devolvi a chamada, entrei com um então, o que aconteceu? e perguntam vocês: teria de ter acontecido alguma coisa?!...bem...obviamente, eu achei que sim.
Por norma, eu e os meus não nos telefonamos muito e eu, como todos os bons egocêntricos, acho que é assim porque estamos todos em sintonia porque eu sou assim mas para pior: eu nem quando aconteceu alguma coisa ligo; eu não quero chatear.
- Não, K. Não aconteceu nada. Já não falámos há sei lá quanto tempo e queria saber de ti.
Caralho.
Os meus dias não andavam a grande altura e com esta fodi-me mais um bocado.
Afinal, se calhar, os meus também querem atenção e eu não sabia e acho que só não sabia porque eles não querem que se saiba. Eles, como eu, não querem chatear.
Tentei algumas coisas e, durante algum tempo, isto resultou:
Vi, ouvi e li a letra.
Deu umas risadas.
Friday, December 02, 2016
Os Meus Problemas Começam Depois...
Já por mais de uma vez me foi dito que eu não era nada difícil nem tão estragado como achava - e acho! - que era.
Nas ocasiões em que ouvi isto (acho que não me esqueço de nenhuma), veio de gente que estava a atravessar problemas chatos e desagradáveis na minha presença...e eu sou muito bom quando exposto a este tipo de confusões.
...mas estavam enganadas e disse-lhes isso.
O que estava a acontecer é que porque considerava os problemas delas mais relevantes que os meus - poderia dizer que considerava os problemas delas reais mas não disse -, tudo o que me poderia fazer confusão seria, enquanto necessário, amassado e passado para segundo plano.
Assim que a situação mudasse:
Os teus problemas são agora. Não te preocupes, os meus vêm depois.
E vêm mesmo.
Isto é muito difícil de explicar mas serei sucinto porque não estou certo de mais palavras tornarem a coisa mais perceptível:
Os de nós que são saudáveis reclinam a cadeira quando tudo está a correr como devia. Eu não.
Quando tudo encarreira. Quando a tempestade não se vê. Quando os dias são a paz que se deseja...tudo me passa a fazer confusão.
Enquanto a tempestade está a decorrer, não sou um problema. Eu nunca largo o leme. Eu nunca abandono o barco.
Quando deixa de ser preciso intervenção, começo a pensar o que está a acontecer? É uma extensão do meu problema de estar desocupado: começo a pensar demais e começo a ver o que não está lá só porque, suponho, preciso de actividade.
Não é fixe.
Queria ser mais fixe...
E tentando não ser demasiado deprimido:
Conversa com um gajo que me conhece há algum tempo:
K, não percebo como é que te dás tão bem com gajas...sendo tão desagradável, às vezes...
- Pois...eu não sou desagradável. As palavras que tu ouves elas ouvem diferente. O que elas sabem é que eu gosto delas. E acho que gostam de mim porque eu gosto delas.
Não estou a dizer comê-las!
- Nem eu. Eu não saco muitas gajas. Eu dou-me bem com gajas. Dou-me com mais gajas do que as que como.
Pá...a L continua a falar de ti, passado este tempo todo. E a X disse-me que com a D é a mesma coisa; ainda fala muito de ti... foda-se, tou como a S que diz que tens uma pila de outro!
- Não tenho e a explicação para isso é mais fácil. Eu sei o que são Laboutins e ofereço merdas La Perla. Também sei qual o vestido da Versave que a Jlo usou e que a catapultou para a fama.
Foda-se...isso é um bocado gay...
- Pois é mas não me deixaste acabar. Eu sei essas merdas todas...mas também fodo a tromba a quem se meter com elas...e, acima dessas duas coisas, fodo-as!.