Thursday, November 30, 2006

Insuficiências

Ao longo do meu (curtíssimo) percurso houve alturas em que me surgiu uma dúvida:
Mas... tu aguentas mesmo tudo aquilo que dizes?!"
Também eu, poucas vezes é verdade, tenho dúvidas quanto à solidez das minhas estruturas e à força real e não aparente.
Tenho o péssimo hábito de ganhar. Péssimo porque nunca me preparo para uma derrota, péssimo porque a descida ser-me-á muito mais dolorosa quando acontecer, péssimo porque não sei o que irá acontecer...e gosto sempre de saber como reagirei às circunstâncias.
Pra mim tudo é um jogo.
Quer dizer isto que tudo mas TUDO tem um vitorioso e um derrotado.
Sou extremamente competitivo e é isso que me serve de gasolina, mais que o dinheiro, mais que a aceitação e mais, até, que ter alguém do meu lado pra preservar.
Na verdade, os meu movimentos são tão bruscos que são difíceis de acompanhar por alguém que tem de se adaptar e não tem sequer tempo.
Quando dá conta, o comboio está em movimento e se não correr para o apanhar ele já foi....porque parar o comboio não pára, porque esperar o comboio não espera.
Já ouvi várias vezes "mas tu não tens de ser assim...precisas de te abrir"
Mais engraçado do que ouvir isto, porque é reflexivo e já nem é pensado, é momentos depois a mesma pessoa precisar que eu seja novamente a pedra insensível e a fortaleza inviolável.
Quando as coisas estão a correr bem, ela (a pessoa) quer que eu seja mais acessível e que esteja mais em contacto com os meus sentimentos e que seja mais afável...
Quando as coisas estão a correr mal, ela (a pessoa) quer que volte a movimentação imparável e a indiferença férrea e a capacidade de não me deixar abalar.
Não estou ao serviço de ninguém.
Não sou um brinquedo de "liga desliga".
Não consigo ser o cordeiro e o lobo em função de "discos pedidos".
Não dispo a armadura para a vestir momentos depois porque além de dar muito trabalho pode vir naquele preciso momento a bala fatal.
Não me entendem e nem o peço.
Quem quer quer e quem não quer não precisa de querer.
A pureza está na aceitação e não na vontade de querer aceitar.

Tuesday, November 28, 2006

Simplicidade



Há uns tempos, nem tanto assim, deparei-me com uma coisa simples que me deixou realmente feliz...
Poucas vezes me senti assim leve, despreocupado e calmo.
Pareceu-me, na verdade ainda me parece, que era suficiente ficar assim pelo resto da minha vida.
Combinação mágica?
Cerveja (ainda que prefira um jovem irlandês) + cigarros + boa companhia + (o elemento novo) uma mesa rectangular com uns tipos de instrumentos na mão e cerveja à frente a cantar.
Será difícil explicar (nem por parábolas ou metáforas conseguiria) transmitir o quanto aquilo me fez bem... ao ponto de me deixar, antecipadamente, angustiado porque eu sabia que teria um prazo de validade limitada no meu quotidiano.
Terá sido das primeiras vezes em que por mais de 2 minutos não pensei em como iria resolver esta questão ou como iria fazer avançar a minha vida profissional ou mesmo qual seria a próxima fêmea que me iria ocupar um par de dias.
Pairei por uns dias (ou semanas) por cima da terra, levitando e não me preocupando onde iria colocar os pés no momento seguinte.
Foda-se... acabou.
Mas GARANTO que vou sentir isso mais vezes, não poderia ser de outra maneira...

Saturday, November 25, 2006

Surpresas

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Confesso que sou um observador atento das pessoas.
Além de gostar de as observar, não no sentido voyeur de lhes procurar os segredos e as inconfidências mas antes de apenas as ver, sou um admirador.
De tanto ficar parado de olhos nos movimentos, aprendi que as características não variam tanto quanto isso e as combinações das mesmas também não. Uma característica, normalmente, é suficiente para entender metade do quadro, ao bom estilo do fio que se puxa e do novelo que se desenrola.
Raramente me aparece alguma coisa que eu tenha interesse em entender e não entenda.
Quando isso acontece o meu interesse agudiza-se e a minha mente desperta.
Tipo: "Ah?! Quê?!"
Não sei porque alguém se priva do que realmente quer, não sei porque razão se prefere o nada a alguma coisa (quando o tudo é fisicamente impossível), não sei porque uma acidez latente e violenta me sabe a doce quando me toca os lábios, não sei porque motivo os dias se sequenciam e continuo a boiar em alto mar.
Poder-se-á dizer que é a aparição de alguém tão imprevisível como eu (se bem que a minha imprevisibilidade é, para mim, altamente previsível).
Poder-se-á dizer, também, que a minha aleatoriedade só o é comparativamente à maioria e se torna linear quando o termo de comparação muda.
Poder-se-á, ainda, dizer que existem pedras com mais faces que eu.
"Mas porque te preocupas tu com isso?!"
Bem, não é preocupação e nem mesmo vontade de entender.
Tributo também não é pelo simples motivo que não os presto.
É a constatação de que a alegria da diversidade ainda existe e que no arco íris ainda há espaço para o cinzento...se for esse o caso.

Thursday, November 23, 2006

Se Saio a Correr


Não sou necessariamente a pessoa mais difícil de agradar mas sou necessariamente uma pessoa difícil de aguentar.
Desde muito cedo (sendo esse cedo o meio da adolescência) soube qual a principal qualidade que uma mulher precisa ter para me ter (não merecer...isso seria pretensioso demais até para mim).
A capacidade de me segurar pelo braço quando saio a correr.
Naturalmente não basta, mas é, talvez, a coisa mais importante.
Ter a percepção de quando a coisa está em ebolição (e está bem mais vezes do que deveria) e saber que aquele não é o momento pra me picar nem pra me contrariar nem pra querer entender ou pedir explicação.
Isto posto em linhas parece até fácil, uma coisa simples de conseguir.
Pois...mas não deve ser, ainda não foi conseguido.
Não é preciso muita coisa para o meu humor variar do tudo bem para o onde anda o isqueiro quero incendiar esta merda toda.
A força motriz da minha personalidade é o avanço brusco, rápido e, muitas das vezes, sanguinário.
Nunca aprendi a ser temperado, ou porque nunca me ensinaram ou porque nunca foi minha vontade ter essa qualidade.
Estou claramente mais calmo e até mais tolerante, fui limando umas arestas, fui tendo noção de que não tem de ser tudo exactamente como eu quero.
Uma das minhas maiores conquistas foi aceder a, por exemplo, ir jantar a um restaurante de que não sou particularmente apreciador (se não gostar mesmo....aí ainda não há solução..).
Infelizmente, quando o sangue ferve regrido 20 anos e a coisa ou é como eu quero ou de maneira nenhuma...nada a fazer....
Pois...
É por isso que preciso quem me segure ou quem me saiba segurar ou, melhor ainda, quem me queira segurar.
Sei perfeitamente que talvez seja pedir demais, sei perfeitamente que de simples não tem nada.
Sorte a minha que aprendi a viver dentro de mim senão acho que sofreria de solidão aguda.

Wednesday, November 22, 2006

"A Escola Da Vida!!!"


Há uns tempos atrás deparei-me com um tipo que, como tantos outros, se orgulha de ter "aprendido com a escola da vida" e que não era "desses meninos que só porque têm um canudo julgam que sabem tudo".
Antes do mais, parece-me tão idiota o tipo que julga que sabe tudo porque tem um canudo como o que não tem e acha a mesma coisa.
Em traços largos, a mesma merda saída de bocas diferenetes.
O gajo de que falo é uma pessoa cheia de virtudes, trabalha como um animal, ganha bem porque faz por isso e tem o que tem a pulso, não lhe deram nada.
Sucede que, tanto como me foi dado a entender, fica fodido por haver quem tenha tido a vida mais facilitada que ele...quem são esses bichos nojentos?
Os Doutores!!!!
Incomodam-me estes recalcados.
De um lado, tens os gajos que colocam os Drs. num pedestal porque são Drs. e do outro os que acham que são uns filhos da puta incipientes...porque são Drs..
Depois querem que eu seja contra o apedrejamento em praça pública...
O único problema é que não há tantas pedras como há idiotas.
A Escola da Vida ensina muitas coisas e é de uma utilidade considerável.
O Ensino Superior ensina outro tipo de coisas, no entanto, tem a mesma utilidade.
É ligar a TV e ver onde a Escola da Vida por si só nos leva...
É só merdas a puxar ao sentimento banal, séries cómicas (?) de 5ª categoria, concursos pra bananas, telenovelas até entupir... porque se tentam qualquer coisa mais elaborada e que exija alguma preparação os Escolados da Vida não acham graça.
Enquanto o pessoal andar anestesiado pela estupidez e pela destrinça entre cursados e não cursados a massa social continuará amorfa e acéfala.
Enquanto a ideia de que o curso superior não serve para nada e há Drs. demais as eleições continuarão a ser ganhas por demagogos e por uma pêga que vai ao comício abanar as mamas.
O saber não ocupa lugar mas a ignorância é um verdadeiro elefante dentro de uma loja de porcelanas.

Tuesday, November 21, 2006

Mulheres de Armas


Muitas vezes ouço mulheres dizer que a independência delas e o facto de terem personalidade afugenta os homens.
Balelas
O que há por aí de mulher sozinha porque é insuportável não há dedos que cheguem para contar, no entanto, como o defeito é sempre alheio, o problema é seram independentes e não subservientes.
Pior é que estes protótipos de auto suficiência são os mais simples alvos para o caçador barato porque andam desesperadas.
Existe, não tenho dúvidas, o problema de a mulher ter um rendimento mensal superior ao do homem que está consigo.
Eu, particularmente, não tenho qualquer problema em que me paguem o jantar (especialmente quando têm, de facto, mais dinheiro que eu).
Não tenho qualquer problema com ganharem mais que eu, o meu problema seria ganhar menos que ela.
O que quero dizer é o seguinte:
Não sinto inveja nem desejo mal a quem ganha 10.000 Euros, o que me cheteia é eu não ganhar.
Esta mentalidade provinciana de ficar fodido porque aquele ganha muito dinheiro é-me absolutamente estranha. Não me faria feliz que ele (neste caso ela) ganhasse menos dinheiro...far-me-ia feliz eu ganhar mais dinheiro.
Infelizmente a minha felicidade custa dinheiro, os meus prazeres saem disparados da minha profissão.
Eu gosto do cognac e do cheruto, do relógio e da viagem... e isso é a minha felicidade.
Há dias em que gostaria que me chegasse a satisfação profissional, sentir-me realizado por fazer o que gosto...
O que acontece na realidade é que o que me faz feliz acontece fora do horário de expediente...

Monday, November 20, 2006

Conflitos



O avanço é feito à custa das desavenças e não das alianças.
Por muito que se queira um mundo de Madres Teresas, se tal acontecese acho que ainda não teriamos encontrado Edison e estariamos às escuras.
É a mesma coisa com a escrita, se todos fossem felizes e tal mais de metade das grandes obras que conhecemos não existiriam.
Se estivessemos constantemente em estado de graça desconheceriamos o que é a felicidade porque não haveria contraponto.
O que seria do Heroi sem o Vilão?
Não seria porque nunca existiria heroi algum.
O Bem existe em razão do Mal.
A Má Acção em razão da Boa e por aí fora.
Eu quero o Anel do Poder e nem me interessa se isso é reprovável.
Ficar sentado e parado é que não!

E Se?



Sempre me fez alguma confusão o facto de ser a sociedade e meia dúzia de dogmas a decidir o que é a virtude.
Estava a ver o Angels In America (muito bom) e um tipo foi crucificado por todos (além das personagens e ele próprio, acredito pelos que viram a série também) porque quando descobriu que o tipo com quem vivia (sim...eram gays) tinha SIDA o abandonou.
O sistema de virtudes é altamente castrador e laico.
Este, o que abandonou o amigo, decidiu que era demais pra ele aguentar um tipo moribundo (não foi bem isto que aconteceu mas é bem melhor pra exemplificar o que quero) e desperdiçar o tempo que tinha por aqui.
Ora, se esquecermos que existe (?) um céu e que existe (?) uma coisa chamada castigo divino, não terá ele feito muito bem?!
O pessoal tem um determinado tempo pra fazer o que tem vontade e gozar estas férias terrenas, se não existir o temor de ir para o inferno a tendência é para pecar como se não houvesse (e se calhar não há mesmo) amanhã.
Quando alguém morre é admirado pelo bem que fez e tal... mas não seria melhor pro defunto ter vivido uma vida de putaria e alcool e todas as drogas conhecidas ao homem? Será que para ele, que agora definha no caixão, não teria sido muito mais divertido?
O melhor para os outros está, eventualmente, no oposto do que é melhor para nós.
A virtude é de mim para mim ou de mim para os outros?
Querem-me convencer que os outros decidirão o que fiz de bom e de mau...mas e se eu estiver mais preocupado com o que eu acho?
Serão tão quentes assim as chamas do Inferno? Se existirem...

Saturday, November 18, 2006

Perdidos, O Regresso


Há uns tempos atrás, um amigo denominou as pessoas que se cruzam por acaso e que se entendem no meio da confusão e forma alternativa de ver o mundo de "Perdidos".
Não o fez com o intuito de tornar um grupo elitista (na verdade, são amantes do mundano e da não explicação) nem fechado (apesar de não ter tantos membros como isso).
Descobri mais um membro há uns tempos atrás, um membro que entrou sem o saber e sem sequer saber que existia tal grupo.
Não conhece os outros membros mas conhece-me a mim, o que se torna mais que suficiente.
Cruzei-me em linhas com o pretensiosismo despretensioso e com o humor que raramente se encontra com o sorriso.
É desta desnecessidade de fazer coincidir o A com o B que me atrai às pessoas.
É da dentada que apenas é sentida por quem a entende e aos restantes, apesar de deixar marca, nunca será descoberta.
Os "Perdidos" falam-se poucas vezes mas esquecem-se vez nenhuma.
Não vivem da pancadinha nas costas, estranhamente, vivem bem mais através das facadinhas plenas de intencionalidade e de doçura com que se brindam reciprocamente... estranho? Pra ti que não fazes parte do elenco.
As luzes não têm de brilhar e nem a alegria de marcar presença.
O mundo não precisa de girar e nem o sol de se manter constantemente no mesmo lugar.
A cadência dos acordes não tem de ser amiga dos tímpanos mas tem de se fazer notar.
A gota de sangue vale o mesmo que uma lágrima.
O corpo encontra-se mas não tem de se tocar.
O negro não tem de ser sinal de luto e nem o vermelho de alegria.
Não faz qualquer sentido não é?
Pois... mas nem tem de fazer.
A vida encontra-se na ponta dos dedos e não nos neurónios.
A saudade não tem de ser uma dor porque transmite o abraço a quem está longe.
A importância não é o telefonema mas a vontade de marcar os dígitos, ainda que não se consiga terminar.
Quando te querem sem ter de te entender a candura aparece...

Friday, November 17, 2006

O Devir


Naõ sei se existem, de facto, as tais forças cósmicas que nos empurram para um determonado resultado e nem sequer quero saber.
Conhecendo o meu temperado e requintado temperamento tentaria contraria-las só de birra, o que acabaria, em última instância, por ser uma manipulação por parte desse pó cósmico... o que me incomodaria mais ainda do que a existência da dita força invisível (nem da Guerra das Estrelas sou fã...).
Acho, isso sim, que há uma onda que se vai formando, um elan que se vai criando (e como gosto da palavra elan).
Conheço gente (nem tão pouca quanto isso) que procura a cura para as suas maleitas numa outra pessoa, não sei se lhe poderei chamar antídoto ou anestesia... pesoalmente não acredito que alguém possa resolver problemas alheios porque os interesses são próprios e as ajudas direccionadas a um determinado fim.
Se tu não sabes o que precisas acaba por ser bem mais fácil que te digam o que devias precisar.
É o típico caso da Mulher Galho.
A Mulher Galho é uma sub espécie bem comum.
É aquela que não sabe ficar sozinha, porque precisa de ter um apoio (O Galho) que normalmente usa calças e tem pica.
Só de solta de um para se agarrar a outro e acaba por enganar a muleta da hora.
Nunca percebi esse tipo de mulheres (e conheço e previligiei da companhia de algumas).
Não gosto delas.
Uma vez uma disse-me uma coisa do tipo "querias que ficasse à tua espera a vida toda?! Quando é mais que visível que vives dentro de ti?! Quando sei que de um momento pro outro podes desaparecer sem não se entender bem porquê? Quando não sinto que precisas de mim?!"
Começando pelo fim, é um facto que não preciso de uma mulher a tempo inteiro (preciso fisiologicamente de mulheres), não preciso de bengala.
Gostar deixou de ser suficiente, é preciso ser dependente para que a outra pessoa se sinta segura.... o que me ocorre quando me lembro disto? FODA-SE!
Depois, adoro como porque não quer esperar por mim apanha o primeiro debiloide que aparece pelo caminho.
Não que eu queira que esperasse/ficasse na eterna cadeira. Se eu tivesse vontade manipularia nesse sentido.
O que me deixa feliz de ter saltado fora do barco é que não quero (MESMO) que alguém esteja comigo para não se sentir sozinha.
Nenhum par de coxas me faria suportar isso.
Os caminhos são trilhados e eventualmente compartilhados mas JAMAIS vendidos.

Wednesday, November 15, 2006

Teoria do Caos Organizado

(tinha de ter uma justificativa pra não fazer sentido eheheh)
A Teoria do Caos Organizado é uma forma de descrever o que quero para o meu caminho e porque motivo escolho umas ruelas e deixo outras escolherem-me a mim.
O mais importante, para mim, é o onde e não o porquê.
Dou muita importância às marés que passam por mim e pouca à Lua cheia que as influencia.
De dia o fato veste-se e de noite a pele cobre-me.
O que quer isto dizer?
Que preciso de manter o turbilhão controlado e contido mas não posso passar sem ele.
Eu sei que não poderia estar com alguém infiel...mas aceitaria com a calma de uma perguiça que me permitissem ser infiel, sem nisso ver qualquer injustiça.
Eu sei que a mãe do condutor que vai à minha frente não será puta mas não me coibo de assim a intitular.
É a aspreza do mundo e o carinho dos mundanos que me atira pra frente e me arrepia a pele, algo que, em si mesmo, é antagónico e que ainda assim existe.
Se as coisas o são malgrado a sua não coerência....assim eu sou também.
Nunca poderia, por exemplo, ter tirado um curso de medicina ou de engenharia porque o que tem uma explicação provada deixa de me interessar nesse preciso momento, gosto do que me parecer ser e não necessariamento do que é.
Não tenho uma especial apetência pela seriedade, no entanto, também sou sério.
Não tenho um especial prazer em ser inconstante, no entanto, não sou linear.
O desafio do espinho na rosa salpica a sua beleza e torna-a menos acessível, o que me agrada, apesar de também gostar da frivolidade básica.
Se até os meus gostos de conflituam por que razão quereria que os meus actos fossem passos domesticados e plenos de previsibilidade?
Onde estaria a minha humanidade e a minha diversão nisso?
Nem sequer corrijo estas linhas que agora te entram nos olhos porque também não posso retirar as palavras que uma vez te disse, a vida não tem takes e as minhas sensações também não....e assim também as emoções que me passam pelos dedos.
A única coisa que procuro é que esta desplicência de entendimento não se revele no meu andar porque isso implicaria uma revelação e um conhecimento externo que em nada me interessa.... ainda assim, permito que me vejam o olhos neste blog mas já não permito que me vejam a cara,
Se eu soubesse exactamente para onde vou a caminhada perderia o interesse...

Tuesday, November 14, 2006


Esta parte da minha vida que aparece sobre a forma de escrita e até de vómito de sentimentos e sensações, de tão visceral e impensada que é, não é do domínio público.
Muito pouca gente (sei exactamente quantas pessoas) sabe que que, eu que escrevo sou o Phenris/Kaiser Soze que aqui anda.
Não se trata de vergonha e nem de medo.... trata-se, principalmente, de cada um saber de mim aquilo que eu quero que saiba ou que eu ache que aguenta saber e, secundariamente, da minha absoluta falta de vontade de explicar porque sinto as coisas que sinto e porque escolho as situações que escolho.
Eu sou, por natureza, uma pessoa reservada.
Não gosto de me expor e quem me vê passar na rua vê um tipo pró arrogante e nada acessível.
Percebo porque pensam isso e não sinto gáudio e nem pena que assim seja...apenas é.
Quando alguém se aproxima de mim é muito comum ouvir duas coisas:
1) Ah....tu queres parecer um durão e não és... até és porreiro.
2)Não sei porque queres parecer assim...
Foda-se
Irrita-me ao tutano os psicanalistas de vão de escada.
Irrita-me profundamente esta gente que pra se sentir segura tem de compreender exactamente o que está à sua frente (ou achar que compreende).
Irrita-me até me encher os olhos de sangue esta coisa de "se és isto não podes ser aquilo".
Puta que Pariu
Se eu sou capaz de chamar Filho da Puta a um gajo no trânsito não posso escrever um poema.
Se eu não sou capaz de sorrir pro arrumador não posso tentar ajudar um mendigo.
Se eu sou capaz de comer uma tipa e não ligar no dia seguinte não posso gostar da minha mãe porque não respeito mulheres.
Se eu não quero ter um relacionamento sério não posso querer constituir família no futuro.
Se eu consigo mentir nunca me será permitido dizer a verdade.
Caralho
Nunca vi estas regras escritas... e se as visse provavelmente rasgaria o livro onde estão.
Ninguém manda em mim, nem mesmo esses dogmas inquestionáveis que nunca foram os meus.
O Planeta tem Pólo Norte e Pólo Sul mas os habitantes têm todos de ser o Equador....
Ah....Foda-se!

Monday, November 13, 2006

Lembranças


A lembrança é a corporização da estagnação.
Quando se vê alguém a olhar bucolicamente o horizonte, a admirar um pôr do sol, a ouvir deliciado e em silêncio uma música.... abanem-no com força, do tipo "snap out of it".
Aquelas pessoas que se lembram exactamente a data em que alguma coisa ocorreu e descrevem-na até à exaustão, o pormenor que muitos têm por delicioso, aquela troca de olhares que aconteceu há 3 anos numa paragem de autocarro e que ele se arrepende para sempre de não ter entabulado uma conversa...
Mesmo o cérebro humano tem um limite de capacidade de armazenamento... é preciso apagar umas coisas do disco rígido.
São os mesmo que acreditam no destino e no que está escrito... bem, a ser assim, o melhor é sentar numa cadeira...pra quê o esforço?!
Conheço uns quantos assim, que vivem de uma coisa passada e aguardam que o devir a traga de volta.
Enquanto não regressa, espera-se... num estado do tipo catatónico e profundamente cansativo pra quem convive com eles.
Eu até gosto de muitas das coisas que se passaram na minha vida, no entanto tento apenas guardar os traços e não o pormenor.
Tive eu tanta sorte em passar por elas como elas por mim.
Aliás, ao bom estilo masoquista, vejo mais utilidade em lembrar com mais precisão a merda que fiz do que as coisas boas.
Com os erros aprende-se e com as virtudes para-se.... são o fim em si mesmo.

Thursday, November 09, 2006

Burras e Afins


Descobri ontem que umas subalternas (Burras) andam (Idiotas) em clima de guerra fria (Pêgas) com alguns dos seus superiores hierárquicos (eu sou um dos superiores).
Soube disto por uma das subalternas (a única de quem gosto, porque trabalha).
Foi-me dito que "nem sabe o que dizem do X...insultam-no do piorio" (esse X que é um tipo impecável e até é cordeal com essa cambada de incompetentes), ao que eu respondi "bem..se falam mal dele nem imagino o que dirão de mim" (seguido de uma ruidosa gargalhada porque quero bem que elas se fodam e se as incomodar tanto melhor).
Disse-me então que "de si não falam muito... já se habituaram..."
O que me leva a depreender que elas gostam é de ser tratadas na ponta do chicote.
O tipo que sempre foi cordeal com elas é insultado e tentam minar-lhe o trabalho.... de mim nem falam (é quase insultuoso!!!!)
Pois...roça o ridículo não é?
Uma dessas Idiotas tentou sacar-me, em tempos disse-me "não quer vir ver um concerto comigo?", ao que respondi "ah?! a que propósito?!" (confirmo que sou fraco pra fêmeas mas ainda assim não tenho vontade de dar toda essa confiança a troca de uma foda).
A outra Idiota é a imagem do inferno...
Burra, mal educada, feia, torta....mas acha-se POOOOOOOOOOOOOOODRE de boa.
São ambas execráveis.
Pergunto-me onde andam estas tipas com a cabeça (se a têm).
Pergunto-me quem (além da mãe por nítida comiseração) lhes disse que elas eram inteligentes.
Pergunto-me porque a miss piggy se vê Mónica Bellucci no espelho.
Apertem os cintos...acabamos de entrar na twilight zone!

Wednesday, November 08, 2006

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Se querem que a vida seja linda ofereçam-lhe maquilhagem.... a minha está com olheiras.

Se as coisas que nos acontecem resultam do "destino" arranjem-me uma cadeira confortável pra me sentar.

Se quem ama sofre eu só quero foder.

Se a sociedade é a selva dos nossos dias odereçam-me uma juba, não tenho feitio pra presa.

Se o homem do futuro for o metrosexual vou-me mudar pra caverna mais próxima.

Se existe uma coisa chamada "vida eterna" e ela é depois da morte queria trocar para que seja antes.

Se é preciso perder para dar valor às coisas, é favor avisar-me antes de que vou sentir falta.

Tuesday, November 07, 2006

Mãos


Apesar de tudo, nomeadamente de não merecer, tenho anjos na minha vida.
Não é que me sinta a cair, na verdade nem acho que precise deles... no entanto nada é melhor do que ter as coisas sem precisar.
É muito mais agradável saber que as tens do que teres necesidade de as teres.
Não há um motivo para que aquelas mãos se coloquem debaixo de mim, não existe sequer uma necessidade premente de as ter lá... mas não há coisa melhor do que teres alguém que lá está para o caso de o acaso acontecer.
Lembro-me da voz que aparece de lado nenhum e te pergunta "como estás? parecer abatido..." e de eu responder, mesmo quando não é verdade "não te preocupes, está tudo tranquilo" com um sorriso que junta um misto de felicidade e de agradecimento.
"Eu nunca vou precisar de ti... mas jamais me esquecerei que estás aí!"
Será amor?
Será a forma mais pura de amor assexuada?
Será uma força que impele e atrai?
Será o meteoro que se sente chamado pelo planeta?
O que sei é que se há necessidade não há prazer...e eu não tenho necessidade.

Saturday, November 04, 2006

Ilusionismo


Já dei por mim a pensar se as coisas serão, de facto, como as vejo...tanto as que me rodeiam como aquelas que me são imanentes.
Há a célebre "o cobarde é aquele que foge pra trás e o heroi o que foge pra frente".
É assim tão ténue a linha que separa o altruismo do egoismo, fascismo e comunismo...cobardia e heroismo.
Da mesma forma há dias em que me questiono se me defendo ou se ataco, se sou uma fortaleza ou uma cabana de feno, se sou a força ou a fraqueza.
É imperceptível a quem olha de fora e até pra mim, que olho de dentro.
Não se chama dúvida....
Primeiro porque não o é....e depois porque não tenho tempo.
Não páro e nem olho...o caminho é aquele e vou segui-lo.
Todas as guerras implicam baixas, todas ficam pejadas de morte....
Não vejo nisso qualquer beleza nem nada de grotesco....apenas é.
As explicações ficarão para outro dia e a razoabilidade aparecerá quando achar conveniente.
Até lá...
Viva a Vida no Fio da Navalha!

Friday, November 03, 2006

O Dr.


Ontem tive o desprazer de ir a uma conferência.
Já tenho pouca paciência para os oradores que contam as suas estórias em que eles próprios são o actor principal, o realizador, o produtor, o argumentista.... mas ontem caiu-me mais uma pedra em cima.
Ao meu lado sentou-se um casal.
O tipo eu conhecia de vista, um gajo cheio de gel no cabelo (tipo...mosca que lá toca não sei), uma pose e um aspecto profundamente gruno e a achar que era muito bom e cheio de bom gosto (como alguém acha isto vestido com um fato de riscas de terceira e uma camisa xadrez por baixo é um mistério...mas o cabelo dele também o é).
A tipa, que suponho ser a mulher dele (Deus nos livre de ser namorada ou amante...puta que pariu).
Sombra azul em forma de mancha à volta dos olhos (olhos castanhos, CLARO), pele branca cortada abruptamente pela dita sombra, uns botins que não sei quem confeciona e muito menos quem compra e uma saia acima do joelho, justa e com folhos (a fazer pendent com a sombra dos olhos)
Sim, a visão do inferno.
Poder-se-á pensar agora que eu sou manifestamente superficial e snob.
Pois... não é o caso.
A mim nem amarrado me apanhariam assim vestido (é facto) e se me apaixonasse por uma mulher com o gosto terrífico daquela teria de limar umas arestas... mas não os desconsidero por isso.
O que me deixa em ponto de bala é como aquele idiota mal ajambrado e vindo lá da puta que pariu falava com a funcionária da conferência.
Porquê? Porque é Dr. oras!!!!
O mesmo Filho da Puta que dá o cú para outro Dr. que tenha um sobre nome composto porque..também é Dr..
Pompas e circunstâncias que não são as minhas.
Amigas de amigas que me conhecem pela primeira vez e me estendem a mão...profissionais não dão beijos...apesar de amigas de amigas.
A palavra "Dr." dita de 2 em 2 interjeições.
Advérbios de modo como ervas daninhas.
Eu estou completamente fodido...
Já me vêm como enfant terrible porque uso cabelo pró comprido e não me penteio, porque uso sapatilhas vermelhas e t-shirts do tipo "A camel can go up to 3 weeks without drinking...I CAN´T" e porque me irritam os excessivos formalismos...
Onde vou acabar?
Provavelmente a pegar fogo ao país...

Thursday, November 02, 2006

A Recolha


Ando cansado...
Não tenho nada contra a rotina, muitas das vezes é uma almofada reconfortante e, em aquipa que ganha não se mexe não é?
O problema é que a minha rotina está a tornar-se viciosa e a perder o encanto de outrora.
Ainda ontem passei o dia todo a dormir porque decidi ir pra noite.
Ora, ir pra noite é uma práctica que me é muito familiar e que me agrada naquele sentido de não tenho mais nada pra fazer.
Não tenho qualquer problema em passar o dia na ressaca da noite anterior, a ver os programas de TV que me desligam o cérebro e me deixam em estado catatónico de leveza.
Gosto desta rotina.
O que me incomodou é que a própria noite de festa e copos com os amigos não me anda a acrescentar nada de novo, não é surpreendente, não é especialmente divertida... e a rotina de marasmo essa incomoda-me.
As gajas continuam lá, o pessoal safa-se mas nem para isso ando com grande paciência para fazer...
Além de festival de caça para mim a ausência da residência das 8 da noite até sei lá que horas é (era) festa de amizade, convívio à volta de uma mesa regada do veneno da hora (cerveja, whiskey, vodka...) a dizer o máximo de merda possível e depois, se der, ver umas fêmeas.
Infelizmente anda a cansar-me.
Vou dar um tempo a isto de Puta da Loucura.... se conseguir...