Friday, August 30, 2013
Não me vou alongar sobre o tema nem sequer fazer grandes apreciações quanto ao comunismo em si ou aos seus percursores ou seguidores.
O que me traz a isto é a ignorância.
Tenho cada vez menos amigos e pessoas conhecidas que apoiam os comunistas, tanto do PCP como do BE, e, tenho para comigo, que os poucos que ainda o fazem não têm noção daquilo que apoiam.
Em Portugal, não se diz, ipsis verbis, que o Comunismo não é democrático. Este é o primeiro facto que é desconhecido a uma grande franja dos apoiantes deste tipo de Esquerda.
As pessoas não sabem.
As pessoas não sabem o que significa ser Estalinista ou Trotskista ou, mesmo, Leninista ou Marxista; por uma motivo que me é absolutamente desconhecido, em Portugal sabe-se que a URSS era Comunista e que também a China e a Coreia do Norte o são mas não se juntam os pontos ao ponto de entender que a URSS, a China e a Coreia do Norte são o Comunismo. Não são interepretações extremas, são o Comunismo.
O pessoal vê o estado em que a Europa de Leste se encontrava quando tombou o muto de Berlim mas nem isso faz, novamente, juntar os pontos e perceber que aquilo era o Comunismo. Era o próprio e o seu resultado.
É verdade que o Comunismo nacional enche a boca para falar de Democracia mas este é um conceito que lhe é absolutamente estranho e com quem nada querem.
O pessoal desconhece isto e isso é assustador, nos tempos em que nos encontramos.
Eu, que tenho o mesmo asco ao fascismo que tenho ao nazismo e que tenho ao comunismo, sempre me foi impossível entender como é possível existir o comunismo e, pior, como se sonega às pessoas as suas reais intenções.
Síria
A desconfiança é, hoje, a raiz de todos os males.
Eu sei que pode parecer excessivo uma vez que de males está o mundo cheio mas o que se vem passando na Síria é apenas mais um exemplo, tomando-me por modelo, da forma como a desconfiança alimenta um dos mais perniciosos sentimentos e estados de espírito: o Cinismo.
Há uns tempos, enquanto jantava e era bombardeado, por culpa própria, claro, com imagens de um Egipto a impludir disse qualquer coisa como quem deve andar aos pulos de contente com isto é o Assad!. E devia ser mesmo. Deixou de ser a belle de jour para ser substituído pela carnificina egípcia.
- Só para que se tenha, por um momento, noção do que se passou na última meia dúzia de meses, pensou-se num ataque à Coreia do Norte (que, sem que tenha sido devidamente divulgado, desapareceu...mas deve ter havido dedo de olhos em bico), depois à Síria e depois ao Egipto. À Coreia do Norte porque ameaçaram outros, à Síria porque um ditador ameaçava os próprios e ao Egipto porque um Golpe de Estado ameaçava todos (todos porque envolve Israel e Israel envolve estates e estates envolve todos) -
Surge, então, o ataque com, supõe-se, Sarin e o Egipto é esquecido e voltamos, novamente, para a Síria.
Aqui começa o cinismo.
A primeira reação que tive foi que isto era muito estranho. Então, o Assad que deveria estar em festarola de balas arriscar-se-ia a usar armas biológicas quando sabia o resultado que a coisa iria ter? Hmm.... isto é coisa para ter sido arquitectada! Inventaram isto tudo!
Senti-me, então, os tipos do capachinho e de olhos esbugalhados que para mim são todos os das teorias da conspiração (sim, na minha cabeça usam todos capachnhos!).
O meu segundo pensamento é, parece-me, mais legítimo. Estes gajos como o Assad são umas bestas e desde que viram o que aconteceu ao Kadafi e ao Sadam (poderia meter aqui o Osama) jamais se renderão e farão qualquer coisa para se manter vivos os máximo que conseguirem, seja de que forma for!
E, de volta à desconfiança:
Depois do fiasco das armas de destruição no Iraque, alguém confia no que os EUA dizem poder provar? Mesmo que apresentassem uma fotografia do Assad com uma máscara de gás a dançar entre os que morriam envenenados à sua volta seria suficiente.
Depois da cegueira do Reino Unido a seguir o cowboy poderia o parlamento inglês decidir outra coisa senão desconfiar?
Depois do falhanço da implantação da democracia no oriente (desde o Iraque ao Afganistão, por exemplo) poderá pedir-se aos ocidentais que embarquem, alegremente, noutro desastre?
Bem,
Não tenho dúvidas que o Assad está a dias de apanhar com um míssil na boca a memos que se renda...e em vez de um míssil apanha com um cordel à volta do pescoço.
Não tenho dúvidas de que quando os EUA ponderam devemos entender os aviões já estão no ar (aliás, como se viu, os porta-aviões estão a pôr-se no lugar).
Não tenho dúvidas que se o desastre Iraque não tivesse ocorrido e, mais, se não tivesse ocorrido da forma como ocorreu o Assad já tinha ido de saco porque as informações que nos deram seriam tidas, todas, como boas.
Pois, apesar do que parece, os mercados não são os únicos que sofrem com a falta de confiança.
Monday, August 26, 2013
O Bruma
Tenho acompanhado, como todos os portugueses que gostam de futebol, o Caso Bruma.
Tenho pensado um bocado nisto mas a entrevista do jogador que vi ontem deixou-me, até, consternado.
Não sigo a linha de raciocínio dos idiotas que dizem que ele deve muito ao Sporting!! Tem uma obrigação moral!!. Porquê? Vão perguntar aos dirigentes do Sporting, passados e presentes, o que fazem eles aos Brumas que vêm de onde o Bruma veio e que têm as mesmas famílias miseráveis que o Bruma tem e que são votados ao abrigo de um tipo que abriga muitos Brumas quando eles não se revelam suficientemente competentes para jogar futebol? Ou quando têm lesões que lhes terminam as carreiras antes mesmo delas começarem?
Sabem o que fazem?
Calçam-lhes uns patins e mandam-nos embora. Ou para o lugar de onde vieram ou pra outro qualquer. É indiferente.
Não é isto uma questão do Sporting mas de todos os clubes de futebol. Os casos que conheço de situações destas nem sequer são verdes, são das minhas cores.
O que me deixou consternado, voltando, é que percebi que o Bruma, como qualquer miúdo, está à toa. Percebe-se que não está preparado para o buraco onde se meteu. Pecebe-se que, apesar de o próprio talvez não achar, está perdido num emaranhado para o qual pode até não ter contribuído mas, se contribuiu, não tem quem o ajude.
Deixar que uma criança de 18 anos que vem do fim do mundo tenha dado a entrevista de ontem para tentar resolver o que outros fizeram é, além de muitas outras coisa, cobardia.
Enganar uma criança de 18 anos que ainda não é coisa nenhuma no futebol com sonhos de CR7 é pisar um jardim que ainda nem sequer se prepara para florir.
Eu tenho pena do Bruma.
Não vou tão longe ao ponto de dizer que ele não tem culpa nenhuma porque, enfim, não é assim tão criança como eu a pinto. Mas que me apetecia, apetecia.
Cavaco e os Portugueses
Sinto em Cavaco o mesmo que sinto em muitas das pretensas sumidades nacionais. Sentem ter o azar de nascer portugueses e de serem incompreendidos num país que, naturalmente, não está à sua altura. Espantoso é, contudo, que vivam à custa desse mesmo país; não quero com isto dizer que não deveriam ser remunerados pelos cargos que desempenham mas, que diabo, se não gostam do patrão, que somos todos nós, e se lhe são tão superiores, como se sujeitam a isto?
Cavaco não é caso único, como já referi, mas dele são afirmações como eu não sou um político profissional e que a reforma que recebo faz com que tenha de fazer contas à vida... (não vou nem dizer a quanto ascende a reforma porque me dá náuseas - ao que acresce que prefere a sua magra reforma ao vencimento de PR - nem vou perder tempo a dizer que se Cavaco não é político profissional ninguém é).
Mas porquê Cavaco, hoje?
Bem, porque Cavaco na sua forma oficial de comunicar (o Facebook, claro!) prestou as suas condolências à família de António Borges. Acho naturalíssimas as condolências e nem o facto de eu achar que Borges era uma besta - e a morte dele não alterou isso, apesar de parecer - faz com que deseje coisa diferente do PR à sua família. Nenhuma morte me deixa contente, seja, literalmente, de quem for.
Ora, como os portugueses andam com o Cavaco, e todos os outros, pelos cabelos e como não se esqueceram, também, que Borges era um dos infelizes por ter nascido estrela num céu negro, apressaram-se a apresentar as condolências pelo falecimento dos bombeiros vítimas dos fogos que combatem por todos nós.
Cavaco esqueceu-se disso... devia estar a contar tostões no Algarve.
Para ser franco, o esquecimento presidencial dos guerreiros da paz é triste mas não é o fim do mundo. Também é absolutamente natural as condolências à família do Borges. A junção das duas coisas num curto espaço de tempo e depois de todas as argoladas presidenciais (e são tantas...) é que faz tudo isto parecer muito estranho e torna o político profissional em questão aparentemente mal preparado.
A incompetência talvez não seja (só) nossa mas também de quem após uma vida profissional ainda não é competente no exercício da profissão.
A resposta ao porquê desta diferença de tratamentos é relativamente simples, ainda que triste: Cavaco entendia Borges como um seu igual enquanto os bombeiros não se encontram na mesma posição...e suponho que Cavaco não os entenda como seus superiores...apesar de o serem porque toda a vida foram seus patrões.
Friday, August 23, 2013
Novamente, Bourdain...
Não sei o que me levou a ver, novamente, o episódio do No Reservations em Lisboa mas a verdade é que o vi.
Tenho ideia que já aqui falei dele e do quanto me desgostou pelo provincianismo e a excessiva referência à crise, aos preços e à escuridão em geral. Não sou a favor de que se minta mas sou a favor que se mantenha a ideia geral que conforma um programa e o No Reservations, independentemente do lugar onde vai (e já foi a lugares bem mais desgraçados do que Lisboa) tende a ser divertido e colorido, o que não aconteceu por cá.
Tenho ideia que já aqui falei dele e do quanto me desgostou pelo provincianismo e a excessiva referência à crise, aos preços e à escuridão em geral. Não sou a favor de que se minta mas sou a favor que se mantenha a ideia geral que conforma um programa e o No Reservations, independentemente do lugar onde vai (e já foi a lugares bem mais desgraçados do que Lisboa) tende a ser divertido e colorido, o que não aconteceu por cá.
Desta vez, contudo, decidi ficar irritado com outra coisa. Decidi, também, extrapolar o que se pensa saber de onde quer que seja para onde quer que estejamos.
O Lobo Antunes disse aquilo que entendia dever dizer e quanto a isso pouco há a dizer (embora me tenha apanhado de surpresa quando referiu que a heroína era mais barata que os cigarros durante o Estado Novo). Relatou aquilo que entendia dever relatar e da forma como terá apreendido a experiência da ditadura.
Pareceu-me manifestamente exagerado mas como não vivi o período penso que me é permitido ter uma visão mais fria ainda que eventualmente mais precisa.
Ora, em voz off, ainda durante esta entrevista ou conversa com o Lobo Antunes, o Bourdain extrapolou a forma como o escritor falava e entendeu por bem dizer, ilustrando com maneirismos a decorrer, que aqui ainda se falava em sordina sobre Salazar e que ainda se sentia o peso da ditadura passada.
Não é verdade.
Eu vivo aqui e sei que não é verdade.
Pode ter sido mais um prego para dinamizar a já imensamente presente penumbra e ambiente depressivo mas pura e simplesmente não é verdade.
Levou-me isto a pensar, naturalmente, o quanto daquilo que vemos, lemos, ouvimos vindo de outros lugares onde nunca estivemos pode ser mentira, manipulação ou simples ignorância de quem transmite.
Eu sei que o No Reservations não pretendia ser um documentária mas sim um programa sobre comida mas o facto é que o caminho que trilhou passou a tender mais para o primeiro do que para o último. E se o caminho é este, pede-se mais.
Wednesday, August 21, 2013
Tem-me feito Espécie...
RACISMO
Aquando da condenação do Zimmerman por ter assassinado (chamaram-lhe outra coisa porque o absolveram) um adolescente preto o Obama veio dizer que aquele poderia ter sido ele há não sei quantos anos e que o Treyvon poderia ser seu filho.
Antes de qualquer outra coisa, é-me indiferente a cor do Treyvon. O que aconteceu, em primeira linha, foi que um miúdo foi assassinado e isso tem de ser reprovável, independentemente do que quer que seja.
Depois, também eu tenho para mim que o facto de o Treyvon não ser branco contribuiu para a absolvição (como já aqui escrevi, aquando da onda de massacres em escolas falava-se de gente louca mas acredito que se os assassinos não fossem brancos a primeira coisa que ocorreria não seria a saúde mental).
Posto isto, foi de muito mau gosto o Obama tomar as dores da sua raça. Porquê? Porque a assunção pelo commander in chief de que ele se sentiu particularmente tocado pela cor da pele do adolescente não lhe fica bem e faz mais pela segregação do que a sentença em si.
O Zimmerman matou uma criança desarmada a tiro (perseguiu-a, na verdade) e isso deveria ser o suficiente para que a sua absolvição fosse uma ofensa.
Depois, ainda neste âmbito, ontem ouvi uma gaja, também nos EUA (eu sei, eu sei, mas eu não tenho culpa que a atenção noticiosa ande por lá) a dar conta que entendia como muito importante e vantajoso ter um preto como (salvo erro) Ministro da Justiça.
Interessa? Combater o racismo implica ficar feliz por alguém com a cor certa ocupe um cargo? A mim não me interessa. Podia ser azul que não faria qualquer diferença.
Também isto é segregar.
Deixem-me dizer, como nota, que nunca recuperei da onda racista que encontrei quando estive no Brasil. Uma coisa generalizada. Ultrapassa a minha compreensão como se pode ser racista num país em que ninguém é exactamente coisa nenhuma mas uma mistura de todas elas.
AUTÁRQUICAS
Isto já é uma questão de náuseas.
O pessoal finge não perceber que a lei é absolutamente clara e esconde-se entre intrepertações restritivas (com fé) e literais discutindo semântica. Ora, tanto a restrição como a semântica são muito importantes, quando se fala de Direito mas quem no seu perfeito juízo, e por aqui me fico, pode entender que o facto de apenas poder cumprir 3 mandatos seguidos é uma violação inaceitável de Direitos Fundamentais?
Suponho que ainda não tenha sido dado demasiado valor ao facto de que eles não ficam limitados a 3 mandatos, ficam limitados a 3 mandatos consecutivos ! O que quer isto dizer? Que podem descansar 4 anos e voltar a exercer plenamente os seus direitos.
Depois, vi hoje a notícia do tipo chamado Ruas que anda a distribuir cheques (não pessoais, claro) pelas Igrejas.
Faz sentido?
Neste País em que nos encontrámos isto é admissível?
Que o dinheiro não lhe falte para passar o costumeiro alcatrão no cabelo.
RITA PEREIRA
Eu sei que é uma coisa frívola e sem importância mas a vida também é feita destas pequenas irritações.
Não vou falar de revistas e cenas desse tipo porque seria ainda mais fútil do que o que vou ser.
Então, nesta semana que passou vi-a dançar no programa da TVI (sim...irrita-me mas é podre de boa...o que lamentavelmente, compensa...). Durante o seu número, savou a saia e ficou com um mailot (acho que era) que revelava as óptimas pernas e a parte ainda mais óptima em que estas terminam (contendo que começas em baixo...detesto pés).
O que me irritou?
Depois de ter mostrado toda aquela carne que merece ser vista (e paga, naturalmente) depressa pegou na parte destacável e tornou a tapar-se. Rapidamente. Pudicamente. Depois disso, desafiaram-na para voltar a dançar (um improviso, claro, apesar da música estar engatilhada) e o que faz a Rita Pereira? Saca novamente do destacável; abana novamente tudo aquilo que merece ser abanado e não se esquece da empinadinha final porque poderia ter-nos escapado o óptimo par de glúteos que possui...para quando pára correr novamente para se tapar. Rapidamente. Pudicamente.
É muito irritante!!
Fez-me lembrar aqueles filmes em que as gajas depois de darem uma ou duas levantam-se da cama para fazer sei lá o quê e levam o lençol para se tapar.
Ridículo.
Parvo.
Lolita.
Monday, August 19, 2013
Judite e o Lorenzo
Como não acompanho as redes sociais, hábito que felizmente perdi ainda antes de elas terem ganho o relevo que se vê, não estava a par do escândalo em torno da entrevista da Judite de Sousa e o Lorenzo. Na verdade, ainda não estou completamente a par porque só vi referências na imprensa mas estas referências envolveram o flagelo da Judite a si mesma.
Eu vi a entrevista em causa e não tenho nenhum orgulho nisso mas não fiquei nada chocado com a suposta incisividade da Judite.
Vamos ater-nos apenas à afirmação do Lorenzo de que não é fútil. Aliás, seria necessário mais?
O Lorenzo, tanto como eu e a generalidade das pessoas sabem, vive pejado de diamantes; o Lorenzo tornou-se apresentador de um programa de televisão sobre carros no momento em que passou a ser o seu patrocinador oficial; o Lorenzo gastou 300.000,00€ na sua festa de aniversário (afirmação do próprio); o Lorenzo paga fortunas para correr no GT (ele diz que não, que são os patrocínios. E quem são os patrocinadores?); o Lorenzo posta no youtube clipes a fazer piões num dos seus Ferraris. Poderia continuar mas não me apetece.
Não é fútil?
Questão diferente é saber se alguém tem alguma coisa que ver com o facto de ele ser fútil. Questão diferente é saber se alguém tem algo que ver com a forma como ele gasta o seu dinheiro. E a ambas as questões a resposta é Não, evidentemente.
Agora, se o rapaz se quer expor (como evidentemente quer) mais valia que as suas palavras acompanhassem os seus actos. Qualquer coisa como Sim, sou fútil e isso é comigo!
Mas não, não é só exposição que o menino quer. O menino quer exposição e amado. E no Portugal em que vivemos, não amamos gente assim. Nem é por má vontade. Não conseguimos.
Palestina no 60 Minutos
Este fds revi uma reportagem do 60 Minutos sobre o Iron Dome, o novo (não tão novo assim, agora) sistema de defesa de Israel que consiste em atingir, no ar, os mísseis arremessados da Palestina e de outras regiões fronteiriças.
Por muitos motivos, em que nenhum deles pesa o judeismo, não simpatizo com Israel. Melhor: não simpatizo com a política isrealita porque muitas vezes o país e os seus habitantes não são uma e a mesma coisa. Tenho para mim que em condições de paridade Israel seria considerado um estado terrorista...sendo certo que, caso essa mesma paridade existisse, os EUA poderiam não estar muito atrás.
Mas a questão deste post não é essa, é outra.
Então,
durante a entrevista ao tipo que manda na Iron Dome o entrevistados perguntou-lhe, parafraseando, se não lhe parecia estranho (ao isrealita) que os EUA fossem contra a construção de colonatos e isso nada interessasse a Israel. Se não lhe parecia estranho que os EUA dessem tanto dinheiro em ajudas militares a Israel, onde se inclui parte significativa da Iron Dome, e que Israel desrespeitasse as opiniões dos EUA (sem olvidar que quando o Biden estava em Israel começaram a construir mais colonatos à má fila. Daí Obama gostar pouco do bonas que manda em Israel).
A resposta seria de deixar toda a gente de queixo caído, excluindo o lobby judeu de Washington: Então, não devemos confundir as coisas. A ajuda militar, pela qual somos muito gratos, é uma coisa e as questões políticas são outras. Gostamos de manter as duas separadas (evidentemente. Quem não gostaria?). Ao que acresce que este sistema de defesa ajuda ao processo de paz porque como os rockets não caem, os isrealitas estão mais propensos a pensa na paz com os palestinianos (evidentemente!).
Depois, foi a vez de falar com um activista palestiniano.
O activista em questão disse que se antes do Iron Dome os isrealitas, que se sentiam ameaçados, não estavam minimamente interessados na paz é agora com este sistema de segurança que vão estar? Jamais! (coberto de razão, como é claro).
O problema veio a seguir quando o jornalista lhe perguntou se o que ele estava a dizer era que o melhor seria devastar Telaviv com rockets para, pelo medo, os impulsionar para a paz. Touché! Apesar do que transcreverei como resposta, touché! Era exactamente isso que ele tinha dito! Não, não. O que estou a dizer é que os EUA deveriam fazer depender as suas ajudas de um entendimento político de acordo com as políticas de Washington! Pois, se calhar era isso que querias dizer mas não disseste.
Como disse, tendo a ser mais sensível aos palestinianos. Tanto por questões históricas como actuais.
Entendo, contudo, tanto o interesse internacional em Israel mas especialmente americano. Entendo, também, que um País atacado tende, naturalmente, a defender-se...mas não é exactamente isto que Israel faz.
Entendo, ainda, que os israelitas andas com as calças na mão por conta do que se passou no Egipto e no que se está a passar agora. Pode ser o fim de 79 e com o fim de 79 Israel fica muito mais cercado do que está agora.
E entendo que quando ouvem um palestiniano dizer que só à katyushada se pode pensar na paz eles ficam cada vez mais nervosos.
Não nos esqueçamos, contudo que: apesar dos pesares, não há mais país nenhum no mundo em que todos os seus habitantes (TODOS) são militares. Só mesmo Israel.
Friday, August 16, 2013
Egipto
O que se passa agora no Egipto é bastante inquietante. Não apenas por conta do número de mortes e da forma como aconteceram (e suponho continuem a acontecer) mas também porque pode ser a janela que nos mostra o que acontece quando se tem aquilo que se pede.
Quando se mandou embora o Mubarak o mundo rejubilou. Eu fiquei contente mas senti-me algo tenso porque penso, primeiro, em termos de realpolitik. Não tenho orgulho nisso nem o sinto como gratificante mas por defeito de personalidade e também profissional tenho tendência para um imediato e agora pouco tempo depois de consumado um facto.
O e agora acaba de acontecer. Não foi a eleição do Presidente. O meu e agora tendia para a democracia em si, quando entra, realmente, em prática.
Vemos o que acontece num país sem qualquer tradição democrática. Um país que poderá, até, saber o que quer mas que tem demasiados entraves para lá chegar sem derramamento de sangue. A Democracia também é suja.
Falando, agora, da sujidade da Democracia.
A Democracia, como qualquer outra forma de governação, teve de lutar pela sua sobrevivência ou pelo seu nascimento. Não é costumeiro (para dizer que seria caso virgem) alguém ou alguma estrutura abrir mão do poder em favor de outra pelo que a implantação das Democracias modernas (aquela em que vivemos e as outras que encontramos pelo mundo) tiveram a sua génese na violência, quer maior quer menos mas sempre violência.
Hoje parece que esquecemos que as transições ou as próprias guerras não são campos floridos. Porque nos sentimos civilizados perdemos a noção de que, por exemplo, em Guerras morrem pessoas e que essas pessoas, as mais das vezes, são inocentes. Ora, parece que nos choca que morra gente na Guerra mas não a Guerra em si. Os drones são o próximo passo para que as Guerras levadas a cabo pelos ricos possam ser feitas sobre toalhas de linho.
A transição para uma Democracia nunca foi muito diferente de uma Guerra. Até envolveu o próprio vocábulo acrescido de Civil. O truque de magia em que se passa de Ditadura para Democracia só fazia sentido na cabeça do Bush e, talvez, de mais meia dúzia de mentecaptos.
A tradição não se faz em 6 meses e a Democracia também não.
Então, o que é que o pessoal vai fazer?
Por muito estranho que possa parecer talvez não devesse fazer nada. Eu sei que é uma postura muito pouco humanista mas para se fazer alguma coisa terá de se encontrar um novo Mubarak. E se for essa a solução não vale a pena imaginar que a coisa é democrática.
Se algo for imposto (quer expressa quer tacitamente) o próprio conceito de Democracia está morto à partida mas a questão é, também, por quanto tempo será admitido o assassinato de gente que, ainda pior, é transmitido na TV (a julgar pela Síria ainda é capaz de durar).
Temos, então, aquilo que me parece ser o confronto entre a realidade e a realidade que conseguimos aguentar.
A Democracia não pode ser imposta. A carnificina não pode ser admitida.
O Egipto só é uma surpresa para alguém para quem o Iraque também o foi. E devem ser cada vez menos pessoas.
Wednesday, August 14, 2013
Esquenta!
"Esquenta" é o nome de um programa de tv brasileiro que celebra a diversidade e o tropicalismo. Uma coisa quase anárquica (absolutamente anárquica no contexto televisivo) em que se cruzam, por exemplo, os maiores da Bossa-Nova com os tipos que fazem Fevro. É absolutamente tolerante e muito colorido. É um dos meus programas favoritos, tenho de o dizer.
O problema deste programa, como de tantos outros onde se incluem mesmo CVs escolares, é que a tolerância e diversidade deixam de o ser no momento em que são impostos.
Por exemplo: não tenho nenhum problema com a homossexualidade nem com homossexuais mas entendo que haja gente contra o casamento de pessoas do mesmo sexo, onde não me incluo; entendo que haja pessoas contra a adopção de casais homossexuais, onde não sei se me incluo. Mas estas pessoas não são, obrigatoriamente, homofóbicas. E são assim designadas pelos adeptos da tolerância e da diversidade.
Quando o próprio conceito de Diversidade é definido ele, por definição, exclui. E é isto que muitas vezes me parece acontecer em programas como este.
O problema deste programa, como de tantos outros onde se incluem mesmo CVs escolares, é que a tolerância e diversidade deixam de o ser no momento em que são impostos.
Por exemplo: não tenho nenhum problema com a homossexualidade nem com homossexuais mas entendo que haja gente contra o casamento de pessoas do mesmo sexo, onde não me incluo; entendo que haja pessoas contra a adopção de casais homossexuais, onde não sei se me incluo. Mas estas pessoas não são, obrigatoriamente, homofóbicas. E são assim designadas pelos adeptos da tolerância e da diversidade.
Quando o próprio conceito de Diversidade é definido ele, por definição, exclui. E é isto que muitas vezes me parece acontecer em programas como este.
Outro exemplo que encontro neste programa e que me desagrada é o facto de que no Flower Power é indifernte o que as coisas custam, quem as paga e como arranja forma de as pagar.
Talvez atenta a conjuntura que abraça Portugal me faça ver isto com mais seriedade e realismo. Para que haja artistas a cantar e a comerem do que cantam tem de have quem compre os bilhetes, quem trate de os vender, quem trate de os promover, quem trate de os patrocinar e por aí adiante, factos a que os artistas, muitas das vezes, se consideram completamente alheios. Ou seja: a sociedade capitalista que tanto contestam é a que lher permite ter carros e casas e o sistema financeiro que tanto detestam é quem lher empresta dinheiro e quem faz a cheta circular.
Agora, a verdade é só uma e por isso gosto tanto do programa:
No momento em que, por exemplo, a Letícia Spiller ou a Sharon Menezes estão a sambar nada mais me importa; no momento em que o Zeca Pagodinho ou o Arlindo Cruz estão a cantar nada mais me interessa.
E, provavelmente mais importante que tudo isto: daqui por 50 anos (se ainda estiver vivo) vou-me lembrar do concerto em que Ney Matogrosso interpreta Cartola e não farei ideia de quem era o Ministro das Finanças brasileiro ou o valor do déficit em Portugal.
Monday, August 12, 2013
Quim Barreiros
Vi, há uns dias, uma entrevista do Quim Barreiros e se já simpatizava com ele fiquei a simpatizar ainda mais.
Esquecendo as viagens que ele fez desde novo, algo, para mim, absolutamente interessante, o que mais gostei de o ouvi dizer prendeu-se com a sua música e da forma como ela é percebida pelos outros. E também a forma como ele percebe a música dos outros.
Esquecendo as viagens que ele fez desde novo, algo, para mim, absolutamente interessante, o que mais gostei de o ouvi dizer prendeu-se com a sua música e da forma como ela é percebida pelos outros. E também a forma como ele percebe a música dos outros.
Quando lher perguntaram qualquer coisa na onda de você acha que há muita gente que diz que não gosta da sua música por considerá-la de fraca qualidade ele respondeu que não era necessariamente assim. Que a educação e formação das pessoas levam a que elas gostem de coisas mais sofisticadas e entendam a música que ele faz como mais pobre ou rudimentar. Acrescentou, de resto, que tinha amigos que não gostavam da sua música e que achava isso perfeitamente normal. Aliás, nem sequer teve pejo em admitir que não aprecia certas formas musicais porque não possui educação para isso e, independentemente da qualidade das mesmas, não as percebe.
Achei uma maravilha.
Gostei que não fosse dito que o que acontecia era que as pessoas fingiam que não gostavam mas adoravam em segredo (o que, acredito, não fosse completamente falso). Gostei.
As pessoas não desgostam só por preconceito. Às vezes, não gostam porque não gostam e um gajo tem de engolir com dignidade.
Friday, August 09, 2013
Como Um Gajo Pode ser Distraído
Como não vivo nos estates a informação de que vou dispondo é algo errática e conheço, apenas, parcialmente as pessoas que por lá vão tendo poder.
Um desses tipos é o Alan Greenspan, o presidente da FED durante imenso tempo.
Um destes dias cruzei-me com a biografia dele mas, naquela altura, não me apeteceu pegar nela porque os tipo da total desregulamentação e que entendem os mercados como deuses deixavam-me excessivamente tenso. Contudo, no caso do Greenspan a minha curiosidade era imensa porque depois de 40 anos a defender e a praticar uma determinada teoria económica vi-o (e pareceu-me sincero) a dizer que se tinha enganado e que as coisas não eram como ele as entendia nem como as tinha previsto.
Ora, caso ele tenha sido sincero, até a mim me doeu porque não deve ser fácil e muito menos agradável admitir um falhanço de uma vida. Especialmente um gajo que era tratado quase como um oráculo.
Caso ele se tenha flagelado apenas para inglês ver, revelaria que é uma besta como muitas outras e que andou a cavalgar a onda das influências.
Por princípio, sem nada que me empurre noutra direcção, prefiro acreditar que viveu em erro toda a vida.
Esse tempo em que estava tenso, entretanto, passou e estou agora mais ou menos a meio da biografia. Quando terminar talvez fale do que li mas o que me levou a este post é uma outra coisa.
Uma das coisas que aprendia a fazer com bastante eficácia é afastar a atenção das pessoas de locais onde a sua atenção não é por mim pretendida.
Começou com relacionamentos com os elementos femininos quando fazia o que não devia e, depois, tornou-se uma espécie de necessidade profissional. Pelo meio, ajudava amigos menos previdentes com esta coisa que consigo fazer: a dado momento passou quase a ser um número para proteger incautos.
Ora, ainda no início da biografia em questão descobri que o Alan havia sido músico profissional. Saxofonista que chegou a andar em digressão pelos estates. Este facto fez-me, de imediato, pensar nele de outra maneira até porque foi a época de ouro do jazz e a digressão que ele fez foi em Big Band, uma das minhas formações favoritas.
Depois piorou! Estava eu já meio amolecido e a repensar o que pensara dele e é revelado que um dos gajos que tinha aulas de saxofone com ele era um tal de Stanley Getz. Este passaria a ser conhecido do público como Stan Getz. Este passaria a ser para muitos um dos maiores saxofonistas da história (a par de Coltranes e afins) e, para outros, entre os quais me incluo, passaria a ser o maior saxofonista da história.
Li a breve passagem que refere o Stan mais do que uma vez, uma coisa quase inédita na minha forma de ler.
E voltamos ao título deste post:
Imaginei-me na audição do senado em que o Alan participou e imaginei que naquela altura (o auge da crise) teria vontade de o sangrar o mais que pudesse. Com olhos raiados de raiva.
E imaginei, depois, que por um qualquer motivo ele faria alusão a ter tido aulas de saxofone com o Stan Getz. É muito possível que me deixasse de interessar a bolha imobiliária e o resgate bancário e apenas quisesse saber mais e mais sobre o Stan Getz de 15 anos.
Somos todos parvos e manipuláveis, é só encontrar os botões.
Wednesday, August 07, 2013
Cover Up
Há uns tempos ouvi, já não me lembro onde mas tenho presente o sotaque americano, que o grande problema normalmente não é a asneira mas o encobrimento.
Por exemplo, apesar de ter sido grave o boquete que o Clinton recebeu da sua estagiária na Casa Branca, o que o abalou mais foi o facto de ter mentido com os dentes todos quanto ao evento em questão.
Eu, na altura, senti o mesmo. Interessava-me muito pouco ou nada que o Clinton traísse a mulher (o que, também na altura, me parecia evidente ser do conhecimento dela) mas já me incomodava muito ele ter mentido. Mesmo admitindo que os homens, como eu, têm tendência para o negar negar negar , o Clinton não era um homem como eu, era o POTUS e isso tem tanto de injusto como de verdadeiro.
O mesmo, parece-me, estar a acontecer com a novela SWAPS.
Não sei se o Secretário de Estado demissionário esteve envolvido ou não e, em abono da verdade, só me interessa no caso de ele ter mentido quanto ao seu envolvimento, mesmo que ao de leve.
Eu não entro na histeria colectiva quando ouço que o gajo em questão numa altura em que o seu trabalho consistia, também, em vender SWAPS tenha tentado fazê-lo ao Estado que é AGORA seu patrão. A menos que a venda em si ou o contrato em si se consubstanciem em algo ilícito, e nada aponta nesse sentido, o exercício da sua profissão na me incomoda.
O que torna tudo diferente é o ah, não me lembro se estive lá.... Oh pá, um gajo não se apresenta numa conferência de imprensa que tem como pano de fundo a questão para dizer que não sabe se esteve presente. Como todos sabemos, este não me lembro é igual a uma confirmação de presença que, neste caso, recebe um envolvimento de não deveria ter estado...não deveria ter feito o que fiz e é ISTO que o faz, pelo menos, parecer culpado.
Esta gente não aprende!!
Ou aprende com o pior dos exemplos que é, no caso, a Maria Luís Albuquerque. Negam quando sabem que vão ser apanhados e é aqui que radica a falta de confiança nesta gente. Eles não são dignos. Não admitem facto que poderiam ser inofensivos mas que deixam de o ser quando são manipulados ou ocultados.
Burros!
O Fim Importa?
Quando o Bnjamin Button foi nomeado para melhor filme, há uns anos, dei conta de que havia dois motivos para ter gostado tanto do filme, dois motivos que desconhecia.
Um era o David Fincher e o outro era o Aaron Sorkin. Mas só descobri, realmente os motivos depois. Ou seja: O Fincher realizou o Fight Club, o Seven, a Rede Social e, como referi, o Bnjamin Button. Destes, dois deles são dos meus filmes favoritos e outros estão mas abaixo mas ainda em lugares altos. O Sorkin escreveu a West Wing (e isto chegava para a glória eterna) e, por exemplo, o A Few Good Men e o Social Network.
Quando se encontra o elan que envolve um nome que desconhecíamos mas cujo trabalho apreciámos tudo faz sentido e encontrámos, depois, elementos que ligam uma carreira que conhecíamos mas cujo titular ignorávamos.
Ora, a questão do título do post tem que ver com o descobrir do fio condutor mas, neste caso, com a sensação de que lhe falta alguma coisa para completar um círculo que se adivinharia virtuoso.
Descobri que o JJ Abrams está ou esteve envolvido em algumas das séries televisivas de que mais gostei nos últimos tempos: Lost, Fringe e Person of Interest (esta última ainda a decorrer); e descobri, também, que todas elas, à excepção da que ainda decorre, acabam sem o brilhantismo do caminho.
Lost:
Fiquei viciado, na altura, porque era uma outra coisa. Era um estilo para o qual ninguém estava preparado e muito bem elaborado, chegando ao estranho.
Pois bem: depois de todas as reviravoltas que nos faziam, sempre, duvidar para onde a coisa iria encaminhar, terminou no Purgatório. No Purgatório! O mais evidente, comercial e espectável final.
Foi um baque tal, para mim, que dei, mais ou menos, o meu tempo por perdido.
Fringe:
Gostei mais desta que do Lost porque eu gosto de linhas condutoras. Prefiro algo menos à frente que tenha uma linha; prefiro algo menos aleatório e confuso que tenha tempo para as personagens.
Pois, mais uma vez, como agora se previa (porque tinha visto o Lost antes), a coisa caiu no totalitarismo nos óbvio estilo III Reich.
Person of Interes:
Esta ainda está a andar e apesar de ser relativamente mais pedestre que as anteriores continua a ter imenso interesse enquanto desenvolve. Continua a ter o mistério típico do Abrams mas, espero, que tenha um final menos evidente e ignorante quando comparado com o caminho que se percorre.
Então: O Fim Importa?
Importa, importa muito. É a última imagem com que ficamos e a última é sempre a mais nítida.
Um era o David Fincher e o outro era o Aaron Sorkin. Mas só descobri, realmente os motivos depois. Ou seja: O Fincher realizou o Fight Club, o Seven, a Rede Social e, como referi, o Bnjamin Button. Destes, dois deles são dos meus filmes favoritos e outros estão mas abaixo mas ainda em lugares altos. O Sorkin escreveu a West Wing (e isto chegava para a glória eterna) e, por exemplo, o A Few Good Men e o Social Network.
Quando se encontra o elan que envolve um nome que desconhecíamos mas cujo trabalho apreciámos tudo faz sentido e encontrámos, depois, elementos que ligam uma carreira que conhecíamos mas cujo titular ignorávamos.
Ora, a questão do título do post tem que ver com o descobrir do fio condutor mas, neste caso, com a sensação de que lhe falta alguma coisa para completar um círculo que se adivinharia virtuoso.
Descobri que o JJ Abrams está ou esteve envolvido em algumas das séries televisivas de que mais gostei nos últimos tempos: Lost, Fringe e Person of Interest (esta última ainda a decorrer); e descobri, também, que todas elas, à excepção da que ainda decorre, acabam sem o brilhantismo do caminho.
Lost:
Fiquei viciado, na altura, porque era uma outra coisa. Era um estilo para o qual ninguém estava preparado e muito bem elaborado, chegando ao estranho.
Pois bem: depois de todas as reviravoltas que nos faziam, sempre, duvidar para onde a coisa iria encaminhar, terminou no Purgatório. No Purgatório! O mais evidente, comercial e espectável final.
Foi um baque tal, para mim, que dei, mais ou menos, o meu tempo por perdido.
Fringe:
Gostei mais desta que do Lost porque eu gosto de linhas condutoras. Prefiro algo menos à frente que tenha uma linha; prefiro algo menos aleatório e confuso que tenha tempo para as personagens.
Pois, mais uma vez, como agora se previa (porque tinha visto o Lost antes), a coisa caiu no totalitarismo nos óbvio estilo III Reich.
Person of Interes:
Esta ainda está a andar e apesar de ser relativamente mais pedestre que as anteriores continua a ter imenso interesse enquanto desenvolve. Continua a ter o mistério típico do Abrams mas, espero, que tenha um final menos evidente e ignorante quando comparado com o caminho que se percorre.
Então: O Fim Importa?
Importa, importa muito. É a última imagem com que ficamos e a última é sempre a mais nítida.
Monday, August 05, 2013
Velocidades
Ontem apanhei o Dangerous Liasions e no dia anterior o The Postman Always Rings Twice. Nunca tinha visto nenhum deles (ainda que tenha visto o remake do Dangerous Liaisions e tenha gostado) mas tinha essa vontade e agarrei a oportunidade.
(antes de continuar o assunto, há que dizer que a Jessica Lange continua a ser uma mulher muito bonita mas em 81, quando fez o Postman, era um absurdo de fazer inveja a qualquer das estrelas actuais. Mete medo!!)
Porque chamei a isto Velocidades ?
(antes de continuar o assunto, há que dizer que a Jessica Lange continua a ser uma mulher muito bonita mas em 81, quando fez o Postman, era um absurdo de fazer inveja a qualquer das estrelas actuais. Mete medo!!)
Porque chamei a isto Velocidades ?
Estes dois filmes são muito diferentes. O Dangerous é semelhante, na minha opinião, a uma grande produção enquanto o Postman me dá uma vibração mais do género filme de autor. As diferenças são imensas e, entre elas, a velocidade a que se desenrola a acção mas em ambos os casos essa mesma velocidade é incrivelmente inferior ao que se vê agora. E não me refiro a acção apenas quanto a filmes da dita, refiro-me a qualquer género de filme.
Neste dois temos tempo para respirar e entender ou, na pior das hipóteses, para tentar. Não estão cheios de shinny things nem de reviravoltas a todo o momento. Podemos ver as pessoas que as personagens são e ouvir um argumento que não se limita a informar o que se está a passar, como se fossemos cegos e não estivessemos a ver.
Outra coisa que têm de agradável é a tragédia. A aplicação da lei de Murphy. São pluri-dimensionais. As coisas que podem correr mal, correm; a história não tem de ter uma final feliz até porque, na maioria das vezes, não tem; pessoas más fazem coisas boas e pessoas boas fazem coisas más; os opostos podem atrair-se (caso do Liaisions) ou são pessoas do mesmo género em que isso pode acontecer (Postman).
Não é que hoje não se façam coisas boas e muito menos quero fazer parecer que não gosto, mesmo que involuntariamente, de lixo (eu vejo o Big Brother), o que me parece ter acontecido é que se esconderam as coisas boas longe das vistas das pessoas. Não sei se em festivais soturnos ou em caves. O que me parece ter acontecido é que deixou-se de entender o espectador como um ser capaz de interpretar e assim interagir com o que vê.
Mas a culpa não é só do público!!
Fosse o público o culpado por exigir lixo e não teria tornado o Magnolia ou o Pulp Fiction, por exemplo, um sucesso. Fosse só o público que gostasse de se rebolar no lixo e não teria havido uma indignação geral quando Forrest Gump (perdão...ânsia de vómito) ganhou melhor filme em cima do dito Pulp Fiction.
Um gajo até pode parecer parvo mas isso nem sempre é verdade.
Thursday, August 01, 2013
Peste Negra
Quando a Peste Negra chegou à Europa o pessoal entrou, muito justamente, em pânico.
Uma das medidas adoptadas foi o assassinato em massa de gatos, animal tido como portador da doença mas que, daquilo que li, sem qualquer fundamento científico para a crença.
Como hoje se sabe, o portador da doença era o rato e, ainda que hoje no ambiente citadino a coisa esteja mais esquecida, os gatos controlam a população dos ratos. Quando passaram a haver menos gatos para controlar os ratos...
Lembrei-me disto a propósito das teorias da conspiração e similares.
Os tipos que disseram, com autoridade que desconheço, que os culpados eram os gatos não sabiam que os culpados eram, de facto, os ratos. Também não me parece que tenha sido acto de uma companhia de extermínio de ratos que face à ausência de concorrência veria o seu trabalho aumentar na quantidade de extermínio que seria necessário.
O caso deu-se por ausência de informação e ciência e não por maldade ou por outro motivo posterior.
Tenho para mim que ainda hoje é o que acontece com frequência: não planos maquiavélicos ou super à-frente mas apenas ignorância e erro.
Ainda no que concerne aos gatos, há outra parte da questão que me pareceu manifestamente interessante.
Quando o pessoal decidiu que eram os gatos quem transmitia a Peste foi emitida legislação no sentido, em último caso, de condenar à morte quem possuísse um gato. Logo, foi uma enorme ajuda para acabar com eles.
Mas!!!
O pessoal mais rico e que tinha gatos não estava muito virado para matá-los. Como é natural, tinham estima pelo seu animal de estimação e não ligaram para a legislação nem justiça nem nada. Previligiados como eram (e são) sabiam (como sabem) que as leis eram iguais para todos mas que a sua aplicação já não o seriam e que uns eram mais iguais que os outros.
Qual foi a paga para esta atitude do pessoal do dinheiro?
É bastante engraçado!
Como desrespeitaram a lei e mantiveram os seus gatos, foram menos afectados pela Peste porque continuaram a possuir a melhor arma contra ela: os predadores gatos!!
As coisas não mudaram assim tanto, pois não?
Uma das medidas adoptadas foi o assassinato em massa de gatos, animal tido como portador da doença mas que, daquilo que li, sem qualquer fundamento científico para a crença.
Como hoje se sabe, o portador da doença era o rato e, ainda que hoje no ambiente citadino a coisa esteja mais esquecida, os gatos controlam a população dos ratos. Quando passaram a haver menos gatos para controlar os ratos...
Lembrei-me disto a propósito das teorias da conspiração e similares.
Os tipos que disseram, com autoridade que desconheço, que os culpados eram os gatos não sabiam que os culpados eram, de facto, os ratos. Também não me parece que tenha sido acto de uma companhia de extermínio de ratos que face à ausência de concorrência veria o seu trabalho aumentar na quantidade de extermínio que seria necessário.
O caso deu-se por ausência de informação e ciência e não por maldade ou por outro motivo posterior.
Tenho para mim que ainda hoje é o que acontece com frequência: não planos maquiavélicos ou super à-frente mas apenas ignorância e erro.
Ainda no que concerne aos gatos, há outra parte da questão que me pareceu manifestamente interessante.
Quando o pessoal decidiu que eram os gatos quem transmitia a Peste foi emitida legislação no sentido, em último caso, de condenar à morte quem possuísse um gato. Logo, foi uma enorme ajuda para acabar com eles.
Mas!!!
O pessoal mais rico e que tinha gatos não estava muito virado para matá-los. Como é natural, tinham estima pelo seu animal de estimação e não ligaram para a legislação nem justiça nem nada. Previligiados como eram (e são) sabiam (como sabem) que as leis eram iguais para todos mas que a sua aplicação já não o seriam e que uns eram mais iguais que os outros.
Qual foi a paga para esta atitude do pessoal do dinheiro?
É bastante engraçado!
Como desrespeitaram a lei e mantiveram os seus gatos, foram menos afectados pela Peste porque continuaram a possuir a melhor arma contra ela: os predadores gatos!!
As coisas não mudaram assim tanto, pois não?