Wednesday, November 30, 2016

IR

Espero que haja coincidências.
Comecei a ver o programa da NatGeo Safari Brothers ao mesmo tempo que iniciei a leitura da biografia do Alexander van Humboldt...e ambas as coisas me incitam ao ir embora que me apoquenta tantas e tantas vezes.

Com a biografia, penso caralho, era isto que eu deveria fazer!;
Com a série, penso foda-se, gostava tanto de estar ali...

A série, provavelmente por ser uma série, não me deixa tão inquieto porque sou exposto às imagens que me fazem querer estar lá mas o sentimento é mitigado pelo facto de não preencher, por completo, o meu ideal.
Ontem, o guia perguntou ao grupo de gajos que iam fazer o safari o que querem ver? e eles responderam uma chita!. É certo que o guia, realisticamente, disse-lhes que ia tentar mas que a Natureza não era muito previsível (e acabou por encontrar uma chita...).
Pensei no que responderia e, provavelmente, responderia nada.
Não é que não queira ver uma chita ou um elefante ou um hipopótamo ou um leão ou uma girafa...o que acontece é que quero ver tudo e tudo é aquilo que acontecer no momento.

Eu queria estar lá.
Eu não queria ver nada.

Não posso garantir o que estou a fazer mas, quando penso, acho que deixo escorrer os dias e acumular os anos para chegar o momento em que pensarei hmm...agora é tarde. O problema é que esperei este momento, para outras coisas, diversas vezes e esse momento nunca chegou.

Nunca sinto que é tarde mas, com alguma frequência, tento convencer-me que o é.

...se a minha personalidade não mudar, e em certos parâmetros espero que mude, mais tarde ou mais cedo vou.

E agora, Magia!

Tuesday, November 29, 2016

Igualdade de Géneros

Há uns poucos dias, casualmente enquanto caminhava, disse que é mais difícil a progressão na carreira das mulheres e que essa dificuldade é, até certo ponto, justificada. 
O meu argumento é de que é legítimo pensar que entregar um cargo de responsabilidade e importância a uma mulher poderá ter a desvantagem de que se decidir engravidar a empresa ficará sem ela uns 4 ou 5 meses. Na verdade, já houve empresas que tentaram integrar uma cláusula no contrato que previa que a mulher não poderia engravidar, o que é e foi considerado, naturalmente, ilegal.

Isto foi dito a uma mulher e poderão pensar que deu confusão.
Não deu.
Ela conhece-me e sabe que sou muitas coisas mas machista não é uma delas. 
Tratou-se de uma mera observação fisiológica e anatómica.

Ela disse-me isso é injusto... e eu respondi pois é mas é um problema da natureza...
Poderia, agora, carregar com outros argumentos para o facto de ser mais difícil a progressão na carreira das mulheres mas não o farei. E não o farei por não ser este o principal objectivo da coisa.

O que me trouxe, hoje, é isto:
Se eu tivesse dito a mesmíssima coisa a quem não tem qualquer opinião a meu respeito, por não me conhecer, é provável que a indignação fosse profunda. 
Nos dias que hoje correm, há assuntos que não podem ser abordados sem ser pela noção parva do politicamente correcto; nos dias de hoje, não se pode ter uma opinião que não bata com os indignados que percorrem todos os meios de comunicação; nos dias de hoje, não é possível, sequer, chegar à justificação porque nem a premissa é aceitável.

Pode-se dizer, por exemplo, que o instinto maternal não é igual ao paternal?
Pode-se dizer, por exemplo, que as mulheres são mais individualistas e os homens são melhores a trabalhar em equipa?
Não. Não se pode.
O que acontece é que os indignados provavelmente não conseguem entender que desde a altura das cavernas os homens saíam para caçar e faziam-no em equipa. Nestes mesmos tempos, as mulheres ficavam a tratar das crianças e, apesar de poder ser uma prática com auxílio comunitário, não era, em si, uma prática colectiva.
Isto são factos. Isto não é aceite.

Podem-me dizer que as coisas estão diferentes e, de facto, estão. O que não me podem dizer é que estes eventos recentes podem concorrer com milénios de informação genética.
As coisas mudam mas não mudam porque se diz que mudam. A coisas mudam quando mudam.

É deveram engraçado que neste tempo de suposto respeito pela individualidade e de tolerância continue a ser impossível ter-se uma opinião - mesmo que fundamentada - sobre temas interditos.
Só para que conste: quando digo fundamentada não quero dizer correcta. Quando digo fundamentada quero dizer com motivos e alicerces para assim se pensar, só e apenas.

Em nota e talvez com alguma ligação:
Anda toda a gente feliz e contente com o Presidente Marcelo. É um sonho!
Esquecendo o que me desagrada nele e que é manifestamente subjectivo, direi o seguinte: ontem vi-os com os Reis de Espanha e tive alguma vergonha alheia pelo ar embevecido do Marcelo. Um deslumbramento provinciano.
Só achei isto ontem?
Não. Com a Rainha de Inglaterra foi pior...

Apesar de preferir, sem comparação, o Marcelo ao Cavaco, não posso deixar de admitir que o Cavaco, pelo menos, ciente da sua qualidade de provinciano (que era, é e sempre foi) não abria o flanco a este tipo de demonstrações.
O Marcelo tem-me em muito melhor conta do que o que devia.

Monday, November 28, 2016

...foi mais forte que eu:


FIDEL

Quando soube que o Fidel tinha morrido não fiquei contente. A morte de pessoas não me deixa contente.
Quando o Bin Lade tombou, tive o mesmo sentimento: provavelmente, é uma coisa boa mas não me deixa contente.

....e depois comecei a ver e a ouvir o tempo de antena que foi posto à disposição dos Comunistas e dos hipócritas.
Dá-me náuseas ouvir gente do PC e do BE falar do Fidel como defensor da liberdade e que tais;
Dá-me náuseas ouvir esta gente lamentar muito o desaparecimento de alguém que nunca soube, sequer, pronunciar democracia;
Dá-me náuseas ouvir os hipócritas que devem achar do Fidel o mesmo que eu, ou pior, usar termos como estadista e merdas do género.

Sempre que um Comunista usar termos como liberdade e democracia deve:
1. sentir a boca a arder;
2. rir-se por dentro.

Não é engraçado a mesma pessoa usar o termo ditadura para o Antigo Regime e lutador da liberdade para o Fidel?
Salazar era um menino de coro quando comparado com o gajo que, de tão impecável, fazia com que se enfrentassem tubarões em cima de pnéus para se bazar.

Reparem:
a minha perspectiva histórica não é linear; tenho bem presente que a diferença entre a palavra terrorista e lutador pela liberdade depende muito do lado da História em que ele se encontrar, ou seja, se ganhou ou se perdeu.
Não tenho pejo em admitir que para uns o Fidel fosse um terrorista e, para outros, um lutador da liberdade mas o que já não me desce é pensar que deve ser louvado como estadista, defensor da liberdade ou democrata: nunca foi nenhuma destas cosias.

Então,
quando sou exposto aos mentecaptos mentirosos que nos tratam, a todos, por burros fico sem vontade nenhuma de ter uma perspectiva real e objectiva das classificações atribuídas às personagens históricas; fico sem vontade nenhuma de respeitar opiniões; fico sem vontade nenhuma de sentir que a morte de alguém não deve ser comemorada.

Agora e nos últimos dias, tenho vontade de usar a expressão que a terra lhe seja bem pesada!! só porque os que cá ficaram me fodem a cabeça.

Saturday, November 26, 2016

If it keeps on rainin', levee's goin' to break


Foda-se, Falhei...


Ia ouvir isto para depois destilar veneno.
Fui derrotado.
Aos 5 minutos, desisti...

Friday, November 25, 2016

Henry David Thoreau

(o título parece que nos mandará para uma cena intelectual, o que nunca acontece)

É, mais ou menos, público que não tenho um particular apreço pelos profissionais que fazem o mesmo que eu.
O primeiro motivo é o de que são, normalmente, chatos;
O segundo motivo é o de que se têm, por hábito, em demasiado boa conta;
O terceiro motivo é o de que são pessoas como as outras.
(poderia elencar mais motivos mas não me apetece)

Então,
infelizmente, tenho de contactar com alguns dos companheiros de profissão por muito que tente evitar e por muito que seja bem sucedido nas tentativa.
Quando vou para o lugar primordial de desempenho das minhas funções, vêm-se rebanhos deles (deveria dizer nós mas não consegui) agrupados, o que é normal porque terão muito em comum.

Eu opto por me sentar longe e olhar para o tecto. De vez em quando sou forçado a fingir que estou ocupado ao telefone ou a ler qualquer merda de última hora.
A minha paciência para estar a ouvir histórias de guerra onde cada um dos declaratários é o herói chateia-me; a minha paciência para gente que só faz magia e que não caga ou, se caga, a merda cheira bem, chateia-me.

O problema não são eles.
O problema sou eu.
Não me estou a vitimizar nem a dizer que sou super especial. Acredito que quando a maioria aponta para um lado, sendo nós gregários, deve seguir-se com a manada.
Novamente, o problema sou eu.

Ontem tive de fazer uma dessas infelizes deslocações e voltei a olhar para o tecto num lugar afastado. Felizmente, não tive de fingir que estava ocupado.

Depois, lá fui eu desempenhar funções.

Quando fui para a labuta, estavam lá mais 3 labutadores.
Os labutadores foram falando, um de cada vez, e todos (sem excepção) explicaram a cagada que tinham feito desta forma:
Hmm..tenho de ver. Não fui eu quem fez isso. Foi o X (nuns casos) ou foram os nossos colaboradores de Lisboa (noutros casos).

Isto deixa-me em brasa...
Não foi o X nem foram os gajos de Lisboa! Para todos os efeitos foram vocês! 
Se, depois, quiseram foder a cabeça ao X ou aos gajos de Lisboa, fodam mas aqui o X e os gajos de Lisboa são vocês!
Não estive presente numa situação em que eles eram os heróis...foi galo...devo ter dito azar...
Já tinha entrado quentinho por me terem obrigado a lá ir; depois do que descrevi fiquei, como disse, em brasa e a coisa azedou.

Ainda quanto a este assunto:
há uns tempos fui a uma cena comer e a coisa demorou mais do que devia.
Disse desculpe, disseram-me que ia demorar 10 minutos e já passou bem mais que isso e disse-o sem agressividade. Só disse.
Se me tivessem respondido tem razão, desculpe ou sim, está um bocado atrasado, desculpe ou enganei-me no tempo que lhe disse, desculpe a coisa não teria escalado. É o que é. E se forem educados, não sou de pisar em gente para nada.
Não me responderam nada disto.
O que me disseram foi não tenho culpa. A cozinha está atrasada, hoje. Eu já fiz a minha parte! ao que respondi, menos amistosamente, e? Se tu não tens culpa, menos tenho eu. Eu nem sequer trabalho aqui... preferes que me vá queixar à cozinha?! e o gajo respondeu-me que se quisesse ir, que fosse.

Não me conhecia. 
Eu fui.

Depois de me ter deslocado à cozinha - ficaram de boca aberta - ainda fiz a festa do Livro de Reclamações e passei pelo agora, chame-me quem manda em si para terminar com um pronto. Feito isto, não ponho mais os pés neste pardieiro.

A reacção foi excessiva?
Bem, será discutível mas não me arrependi, coisa que quando o sangue me ferve acontece.

Ah, ia-me esquecendo.
A referência ao Thoreau:
ele foi para a floresta para provar uma cena e eu queria ir para não ter de aturar gente. 

Wednesday, November 23, 2016

Choro nº 1


Tuesday, November 22, 2016

Coisas Com Graça II

O meu discurso com as pessoas de quem gosto tendem a parecer, num primeiro impacto, um bocado agressivos mas este primeiro impacto dura muito pouco.
É fácil perceber-se, por mais que não seja pelo tom, que estou a ser sarcástico ou a massacrar por graça e não para implicar. É fácil perceber-se, também, porque tendo a respeitar sem desgosto o que me é respondido - incluindo bem recebidos insultos - e a fazer as vontades sem resmungar e sem qualquer ressabiamento.

Ontem, a mesma fã da B, a dada altura, disse mas vocês estão sempre a discutir? e eu fiquei incrédulo. Não estava, sequer, no modo sarcástico nem algo de tão típico como isso.
Fiquei a pensar mas será que esta gaja acha que sempre que as pessoas não estão a ser tão educadas e limpas como um anticéptico estão a discutir? Será que a vida desta gaja é assim tão chata? Será que ela é assim tão chata?
Estou em crer que a resposta será afirmativa a ambas as questões.

Quando sou exposto a este tipo de coisas, o que acontece com muito pouca frequência, lembro-me sempre que me é impossível compreender como podem as gajas achar que por serem boas ou magras ou seja lá aquilo que for verão os problemas resolvidos.
É-me impossível perceber como podem as gajas achar que depois do primeiro impacto das belas mamas ou do cu fantástico que andaram a trabalhar no ginásio não vai ser descoberta a triste verdade de que são chatas e isso é o antídoto para qualquer pila excitada.

Por exemplo:
Ora, acham que não a queria comer? Enganam-se.
Acham que toleraria alguém que tem como principal preocupação a contagem de calorias e que diga proteína em cada 4 palavras? Não. Não. Não.

Deveria usar termos fofos?
Deveria dizer sim, querida?
Deveria demonstrar contenção nos palavrões?
Deveria manter os olhos no chão?
Ah...foda-se!

Gente chata não me serve nem nas imediações.

....e estava há muito sem Samba, por mero acaso.
Hoje, lembrei-me caralho, por que não tenho ouvido Samba?! e resolvi o problema.
Eu sei que não parece mas o meu humor melhorou muito!


Coisas Com Graça

Quantas vezes ouvimos gente irritada com coisas que, para nós, são parvoíces?
Nem sequer me refiro à gota que faz o copo transbordar, facto que nunca é absolutamente perceptível. Refiro-me a assuntos que, aparentemente, são inócuos.

Eu que, em condições normais, sou, mais ou menos, o rei do laissez faire porque não me sinto afectado pelo que fazem os outros em geral, também não sou invulnerável a este tipo de minudências.

Ontem, enquanto ouvia a música de Natal da Mariah Carey (a minha segunda música de Natal favorita) disse, quase como um desabafo, que acho que a Mariah é das melhores vozes de sempre...possivelmente a melhor.
Ora, poderão, vocês que estão a ler, ter opinião diferente. Não me faz confusão. Também tenho dúvidas quanto a isto mas...
...uma das pessoas que estava comigo a ouvir meteu a Queen B e disse que era muito melhor que a Mariah...

Pá...o sangue ferveu-me.
Percebi que ia entrar em ataque (apostaria muito dinheiro que quem acha que a B é melhor que a Mariah não fará ideia de quem é a Dinah Washington e só saberá quem é a Nina Simone de ouvir falar) e tive de me segurar para evitar ser o pedante que posso ser por ter conhecimento para isso.
Perguntou-me ouviste-a a cantar para o casal Obama?! e não respondi. Como estava a aquecer, a minha resposta seria que sim para, em seguida, perguntar se sabia que música tinha sido cantada e quem era a intérprete (foi o At Last da Billie Holliday. Billie Holliday que, coincidentemente, também era melhor cantora que a B - ainda que, aqui, admita dúvidas).

Fiquei muito fodido.
A coisa ia azedar...por causa desta estupidez.

Monday, November 21, 2016

TRUE THAT!


Saturday, November 19, 2016

2016 TERÁ SIDO MESMO UMA MERDA!

Há uns dias vi, no Last Week Tonight, a seguinte cena:

Isto pareceu-me um bocado dramático mas, bem pensadas as coisas, talvez 2016 tenha mesmo sido um ano de merda. Eu nem tenho muita razão de queixa, o meu 2016 não foi - até agora - mau mas...

(Não vou falar do Trump. Anda tanta gente histérica com a eleição dele que me começa a parecer demasiado, até porque, this too shall pass)

Por que motivo me lembrei disto?
Estava muito excitado por ir ver o Charles Bradley, este mês,
Há uma ou duas semanas perguntei como estamos de bilhetes? Está assegurado? e responderam-me estavam, K. A digressão foi cancelada porque o Charles descobriu que tem cancro no estômago.
Foda-se!

Agora, estava a dar uma volta nas notícias e descobri que a Sharon Jones bateu a bota.
Foda-se!

São péssimas notícias para o funk que já quase não se faz e para mim que gosto tanto dele.
 
RIP Sharon Jones:

As melhoras, Charles.
Espero que ainda venhas cá, mais tarde ou mais cedo:


Friday, November 18, 2016

HIPOCRISIA & REALISMO

HIPOCRISIA

Por este dias, fui almoçar com um amigo que me contou o que se passava com uma terceira pessoa (mulher).

A primeira fase, que já conhecia, era esta:
Ela casou-se e, de forma triste mas normal, o casamento não correu como pretendido (acho que cheguei a saber porquê mas não me recordo).
Divorciou-se? Sim.
Ficou por aqui? Não.
Esta pessoa mexeu todos os cordelinhos que conseguiu para se descasar perante Deus, o que é o mesmo que dizer que foi atrás do cancelamento junto do Vaticano.

Não falhou no casamento para sempre, conseguiu não se ter casado, aos olhos da Igreja.
Poderia dissertar sobre o quão parvo isto é mas não o farei. Esta história não serve para isso; esta história serve para perceberem de que tipo de pessoa estamos a falar, quanto a crenças (ou convenções da pequena sociedade em que se insere).

Isto não me surpreendeu mas ri-me, quando soube.
Não me ri da desgraça do falhanço. Ri-me da mentalidade mesquinha de fingir que não aconteceu o que aconteceu (ok. Tive de aludir a parvoíce, o que lamento).

A segunda fase, que descobri, é esta:
Ela, depois, arranjou namorado.
Ela, agora, está grávida. Ela está grávida fora do casamento! Relembro que se pode casar, novamente, pela Igreja porque, antes, não contou.

Isto tem graça.
Acho que, na definição católica da coisa, a criança será bastarda.

Quem me contou disse-me que isto não poderia ter acontecido a melhor pessoa. É uma oportunidade que a vida lhe dá para ultrapassar preconceitos parvos.
Respondi-lhe que era bom que assim fosse e espero que assim seja...mas não boto fé. O que me parece que vai acontecer, conhecendo a peça e outras peças do tipo, é que vai ocorrer uma racionalização: "Filhos fora do casamento são péssimos! No meu caso aconteceu assim porque... e enche com uma qualquer justificação que não existe.

Ele acredita nas pessoas como acha que podiam ser.
Eu acredito nas pessoas como elas são.

Para ilustrar o que queria dizer, contei-lhe que algumas das gajas que vi fazerem campanha contra o aborto, acompanhadas dos não abortados tinham feito um ou outro em Espanha e, presumo, acreditavam que se fosse fora do País não contava porque Deus está em todo o lado mas não passa fronteiras.
A racionalização que encontraram para justificar o pecado eu não conheço mas deve ter havido alguma.

O título é mais uma previsão do que um facto:
Ela pode mudar com este choque e espero que o faça...só não acredito.

Morrer muda tudo. Quase morrer não muda nada.
House, MD.

REALISMO

Quem por cá passa e quem me conhece relativamente bem há-de estar, volta e meia, tentado a achar que exagero ou, até, que minto quando conto algumas coisas.
Já me disseram que esta cena onde escrevo é só gajas e, de vez em quando, acho que é verdade. (In)Felizmente, tenho muitas para contar e gosto muito de mulheres. Essa é uma das justificações.

Além do descrito, a sabedoria popular ensina que quem muito fala, pouco faz e apesar de eu só falar alguma coisa com quem tenho confiança - ou com quem não conheço de todo, como vocês - poderia enquadrar-me neste conceito; às vezes temo que o faça e redobro a atenção.

Então,
trabalha comigo quem trabalhava, antes, no mesmo edifício onde eu também trabalhava. Devemos ter-nos cruzado mas nenhum se lembra um do outro.
Há bastante tempo, enquanto falávamos desta proximidade que nunca deu em toque:
- Sim, K, trabalhava lá. Trabalhava comigo a X que era assim e assado (não me lembro de pormenores quanto a isto nem como chegámos à X).
Dela lembro-me. Cruzei-me algumas vezes com ela no corredor. Ela lembra-se de mim.
- Hmm...será? Eu também trabalhava lá e com ela e não tenho nem ideia de te ver!
Eu sei. Já te disse que também não me lembro de te ver. A X sabe quem eu sou de certeza!

Passou-se muito tempo e, hoje, passámos no tal edifício onde a tal X ainda trabalha e encontrámo-nos com ela.
Fiquei um bocado de parte, para as deixar falar, e depois aproximei-me.

- Tu não trabalhavas aqui? Lembro-me de ti...
Sim. Olá, sou o K.

Porque sou um bocado mesquinho, quando saímos de onde estava:
Vês? Não te disse que sabia quem eu era?
- Pois... Não percebo.
Ela achava-me graça. É por isso que ela se lembra.

Não fui iludido. Fui como sou: realista.
Poderão pensar que fiquei contente por ela se lembrar de mim e tal e estarão enganados. Entendam, não é que não goste e que não tenha achado graça mas não foi o mais relevante.
O mais relevante é que eu vi o que estava lá e não sonhei.

Good times!

Coisas Bem Feitas!


Thursday, November 17, 2016

Ia Ser Irritado mas Vamos Evitar


Quando isto entra, fica em loop.
Normalmente, as músicas de que mais gosta - eu e todos, presumo - são aquelas com que me identifico, de alguma maneira e este caso é parecido mas não exactamente. Ou seja: não é tanto que me identifique mas antes que perceba e que, em certas partes, deseje.

Por partes mas resumidamente?

Nosso amor que eu não esqueço
E que teve o seu começo
Numa festa de São João

Morre hoje sem foguete
Sem retrato e sem bilhete
Sem luar, sem violão

Perto de você me calo
Tudo penso e nada falo
Tenho medo de chorar.
 - Gostava de saber o que é uma dependência deste tipo; não gostava de sentir ou viver, só queria saber porque acho bonito.
Pelo que sei de mim, seria incapaz de uma coisa deste tipo ou, pelo menos, seria incapaz de perceber que lá estava metido.

Nunca mais quero o seu beijo
Mas meu último desejo
Você não pode negar
 - Sou bem capaz de não querer mais o beijo (já o fiz umas quantas vezes) mas não tenho últimos desejos porque eu só desapareço.

Se alguma pessoa amiga
Pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não
Diga que você me adora
Que você lamenta e chora
A nossa separação
 - Este é o trecho que bate mais perto da minha realidade.
Não quero que se diga nada de mim a ninguém. Não proíbo nem desgosto mas não sinto essa vontade...mas ser esquecido e ultrapassado chateia-me um bocado.
Aceito! Mas chateia-me...

Às pessoas que eu detesto
Diga sempre que eu não presto
Que meu lar é o botequim
Que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida
Que você pagou pra mim
 - Também gosto disto mais por achar divertido do que outra coisa.
Ainda que haja uma outra coisa: Não sou vítima de nada e nem quero ser assim percepcionado sob nenhuma hipótese.

Wednesday, November 16, 2016

Da mesma maneira que é difícil apanhar-se que sou um gajo porreiro, num primeiro contacto, é, também, difícil perceber-se, na mesma circunstância, por que gostam de mim as mulheres (e nem sequer estou a referir-me a nada de libidinoso).

Ela achou-te cool, K.
- É natural. As mulheres costumam gostar de mim.

Acho que é porque percebem que eu gosto delas.
Isso e porque percebem que sou um Homem.

Tuesday, November 15, 2016

GENTE, nem amor nem correspondido.


Esta foi a forma sarcástica - sempre a melhor das formas - com que o House respondeu ao problema que tem com as pessoas em particular que não a Humanidade em geral mas, para o objectivo pretendido, a diferença é demasiado ténue para interessar.

É comum pensar-se que não gosto de pessoas, ideia que alimento pelo mesmo motivo que descrevi: a diferença entre não gostar de pessoas e não gostar da Humanidade é demasiado ténue...sem prescindir de que há pessoas de quem não gosto nadinha.

A realidade, contudo, não é bem esta. 
Não é que não goste das pessoas. O que acontece com muita frequência é que as pessoas que dizem gostar de pessoas não gostam de facto. O que as pessoas que gostam de pessoas tendem a gostar é da ideia que têm das pessoas, ideias essas que são alicerçadas em filmes feel good e em manifs de apoio a animais e coisas do género.
Eu aceito as pessoas e as pessoas são imensamente imperfeitas.

Por exemplo (vamos às celebridades porque é a única coisa que interessa, hoje em dia):
1. ouvem-se loas pelo envolvimento do Leo na causa ambiental. Dá-se que o Leo grita a plenos pulmões com o seu carro eléctrico debaixo do braço enquanto se dirige para o avião privado e para o iate onde vai passear a mais recente Anjo da Victoria´s Secret (respect!);
2. o Bono anda com cenas RED e a lutar pelo perdão da dívida aos países de terceiro Mundo e, no mesmo fôlego, ainda que entre dentes, tem as Holdings dos U2 em paraísos fiscais.

Percebem?
Com estas minhas apreciações - factuais - parece que estou a apontar para o que detesto nas pessoas mas não é o que está a acontecer. Eles são assim, egoístas, e as pessoas são assim, egoístas; Eles são, assim, hipócritas, e as pessoas são assim, hipócritas.
Eu aceito o egoísmo e a hipocrisia, pelo que não me desiludo. Aceito a realidade.
Alguns de vós poderão, agora, ver estas duas celebridades como pessoas horríveis e achar que não é destas pessoas que se deve gostar mas estarão errados: Elas são assim. Vocês são assim.

Eventualmente, irrita-me muito mais o facto de andarem a eleger gente deste tipo como modelos. E irrita-me porque estão a eleger modelos de que não precisam e a imaginar pessoas que não são.
Irrita-me mais esta necessidade de modelos e de heróis porque pobre do povo que precisa de heróis (Brecht, bitches!).

É comum dizerem-me acreditas que X fez isto? e comum eu responder Acredito. Faz sentido...
Onde andam as pessoas com a cabeça?
O PC separou-se de uma gaja porque se apaixonou por outra e está tudo chocado. Chocado? O gajo já fez isto sei lá quantas vezes...é o que ele faz! Surpresa porquê?

Não sou eu quem tem uma relação difícil com a Humanidade.
Quem tem uma relação difícil com a Humanidade é quem espera dela uma coisa que não é...

...mas é difícil pensar que somos todos umas bestas.
Bem, entrando num clássico, se formos todos umas bestas, ninguém é uma besta.

Quase uma novidade: acaba-se num ponto positivo (foi, não foi?).

Monday, November 14, 2016

FÉRIAS

A menos que tenha algo de cool programado, as férias não são bem recebidas por mim. Demasiado tempo livre não me ajuda e as férias podem ser isso mesmo: demasiado tempo livre.
Ou passo a beber mais do que devo;
Ou passo a comer o que não devo;
Ou, pior dos piores, a pensar sem rumo.
(Quase) tudo isto está a ser evitado, desta vez.

Então:

O PLANO

Não gosto de planear demasiado mas o mínimo tem de ser orientado, caso contrário...vou para onde e vou fazer o quê? 
Planeado em demasia é péssimo porque, além de chato, a vida é o que acontece enquanto estamos a fazer planos.

Decidiu-se, então, ir daqui para longe mas ainda dentro das fronteiras (é engraçado eu troçar de quem precisa de ir para o estrangeiro para desligar mas se eu ficar a menos de 100 kms de casa acho que só fui dar uma volta).
Decidiu-se, também, que se iria ver um determinado tipo de cenas mas não se decidiu que cenas, em concreto, e nem a sua ordem.
Decidiu-se ir para um Hotel porreiro, decisão que teve a minha iniciativa mas não tanto a minha vontade porque não gosto, particularmente, de hotéis. Paga-se mais do que o que se deve; tem mais gente do que devia ter; a gente que por lá anda consiste, normalmente, nos turistas que, apesar de serem o mesmo que eu, pretendo, sempre, evitar.

A EXECUÇÃO

O Hotel foi das minhas melhores experiências em geral e se me cingir ao território nacional há-de ter sido mesmo a melhor.
Porquê?
Ficava a uns 3 kms da estrada principal e a estrada que ligava a principal ao hotel não dava para chegar a mais lado nenhum;
Ficava a uns 15 minutos, de carro, da povoação - sim, POVOAÇÃO - mais próxima;
Era sofisticado e nada pretensioso, coisa muito difícil de arranjar.
E o melhor de tudo e ainda mais inesperado: éramos os únicos Hóspedes.

Fomos recebidos e aquilo pareceu-me muito solto e fiquei contente. Passados uns minutos, passei a achar que estava não solto mas sem ninguém mesmo.
Confirmou-se na manhã seguinte: a mesa do pequeno almoço - e o pequeno-almoço, naturalmente - estaca posta só para nós.

Sim, Hotel privado pelo preço de um quarto!
Poderia melhorar?
Poderia.

Jantámos fora 4 vezes e das 4 vezes só numa delas estava mais alguém no restaurante além de quem lá trabalhava:
Boa noite. O restaurante está aberto? Ainda servem? (eram oito da noite)
- Sim. Vou fazer. O que querem jantar?

Poderia melhorar?
Poderia.

Quando fomos visitar as cenas que tínhamos, sem muita precisão, programado, turistas vi, por cima, 10...
Época baixa. Dia da semana. Nada...
Viu-se o que se queria e como se queria.

Para os que pensam ah, ficaste no mesmo lugar... responderei que fiz 1.000 kms.
Fui a muito lado.
Pessoas, quase nada.
Vale muito a pena...

ACASOS

Poderia ter considerado tudo o que descrevi como acaso, que o foi, mas não serve para isto este sub-capítulo.
Este serve para ilustrar o porquê de gostar de me ir embora e o que considero ser o mais relevante sempre que se vai para algum lado.

O GPS levou-nos para os lugares de que mais gostei. Estradas de acaso que ligavam o ponto A ao ponto B mas onde tudo se passava.
Estradas belíssimas, vistas belíssimas, miradouros que não o eram, pontes magníficas, populações esquisitas e acampamentos do mesmo tipo.
Fomos abordados por uma velha que queria atenção e que nos explicou umas coisas que estavam escritas numa parede. Nem me importei de ter sido chamado de burro...a geração nova não sabe ler...;
Fomos abordados por uma velha que nos perguntou se íamos par ao sítio X porque queria boleia. Não íamos. Tinha-lhe dado boleia, se fosse;
Fui abordado pelo padeiro que passava na sua furgoneta e que perguntou quer ver o que levo aqui? e quando se preparava para continuar a vender respondi quero! e fui comprar coisas que nem queria.

Isto que descrevi não se programa porque não se consegue. E é por isso que não gosto de programação exaustiva.
Isto que descrevi será, provavelmente, a parte que melhor recordarei da viagem e não o monumento do Sec sei lá qual ou a Batalha de Qualquer Coisa que ocorreu no lugar Y.
Não se confundam! Eu adoro História e este tipo de coisas mas o que me faz - a mim e aos outros - diferente não é monumento que todos os olhos tocaram mas a velha que me pediu boleia.

Não aprendi isto agora mas gosto sempre de recordar.
Descobri que o inesperado é mais marcante quando fui para um lugar exótico e a minha primeira e mais vivida memória é a de pelicanos a pescarem. Não era inesperado os pelicanos estarem a pescar nem sequer a existência dos pelicanos...eu só não sabia...

SOLTAS

Trump

Eram umas 3 da manhã quando liguei a televisão porque estava há uma hora sem conseguir dormir.
Quando tal aconteceu, tomei nota de que o Trump ia à frente e pendei fode-se, isto ainda vai acabar mal! e acabou mesmo, como vim a descobrir uma horas mais tarde.

A vitória do Trump é menos surpreendente do que parece. Está na esteira da votação que o BE teve por vá, do Brexit e da subida da Le Pen.
Quando algo de surpreendente deste tipo acontece lembro-me sempre do que o Maher disse ao idiota do Piers Morgan (vou parafrasear):
Sabes qual é a série de tv com mais assistência nos EUA?
- Não...
NCIS.
- Nunca vi essa série.
Pois, nem eu. O que acontece é que os EUA não são NY e LA. Há muito mais gente...
Esta troca de impressões teve por base a vitória do Bush nas segundas eleições mas serve para o caso Trump.

A História já nos ensinou vezes sem conta que somos medrosos, merdosos e egoístas, bem como estúpidos.
Os Ingleses acham que saindo da UE os problemas deles estarão resolvidos;
Os Franceses acham que implementando a nunca desaparecida xenofobia vão voltar ao que, provavelmente, nunca foram;
Nós achamos que a esquerda caviar pode ser a solução para os nossos problemas;
Os Americanos acharam que um muro maior os vai resguardar daquilo que, possivelmente, ainda os mantém competitivos.

Aqui, ontem ou antes disso, houve uma manifestação de imigrantes ilegais que pretendem ser legalizados e perguntaram a um deles:
Está legal? 
- Não.
Paga impostos?
- Pago.
Eu conheço gente assim. Não é mentira.
Eu conheço imigrantes ilegais que pagam a segurança social de que eu e vocês beneficiam.

Os alemães não andaram a receber refugiados em bardo apenas por serem porreiros. Eles, como nós, têm um problema demográfico; Eles, mais do que nós, precisam de quem se disponha a desempenhar as profissões mal pagas que os alemães não querem fazer.
Os alemães, povo, estão, contudo, fodidos com a situação porque não percebem o que ninguém lhes explicou.

Somos estúpidos...
Quem pensar que está mais seguro porque tem de se descalçar antes de entrar num avião, padece de neurónios.
Vejam o que fez um camião em França!
Sim, um avião dá mais sainete, pelo que há que amedrontar-nos para votarmos nos falcões que dizem que nos mantêm mais seguros mas, de facto, não mantêm. Só parece, quando muito.

Tinha mais para dizer mas não me apetece...

Sem Som

Todos temos problemas.
Eu não sou complicado mas sou muito difícil e outros serão o preciso oposto disto...muito lamentando os que sofrem das duas coisas em simultâneo.

Não vou discorrer sobre o que faz com que as coisas não funcionem porque são, potencialmente, infindáveis e a minha paciência não o permite.
Prefiro, por uma vez, falar daquilo que talvez fundamente o vale a pena.

Se vocês forem como eu, acharão a maioria das pessoas chatas.
Podem não ser como eu mas estou em crer haverá alguns.
Se vocês forem como eu, além de achar que a maioria das pessoas são chatas, são capazes de lhes dizer - quando necessário - ou picar a mula para não terem de as aturar.
Aqui haverá de haver menos de vocês que sejam como eu e, possivelmente, com bons motivos para isso, sendo um deles o facto de serem adultos e terem aprendido a papar chaços.

Ora,
tendo em conta o descrito, deverá ser raro poderem partilhar tempo em cima de tempo com alguém.
Deverá ser raro poderem estar ou em silêncio ou com coisas para dizer quando não há qualquer distracção à volta.
Deverá ser raro não pensar de vez em quando - quando têm a sorte de ser de vez em quando - o que será que o X e o Y estão a fazer ou o que será que está a dar na televisão enquanto ouvem o que não vos interessa. Por vezes, enquanto ouvem o que não vos interessa pela milionésima vez.

Para mim, por exemplo, é raro sentir que não quero estar noutro lado e, por ser raro, não costumo ficar imóvel durante muito tempo.
...e quando se sente que não se quer estar noutro lado, talvez seja momento de parar mesmo.

...e de volta ao meio:
a minha cabeça diz-me que vale a pena (não que é preciso!) tentar superar as falhas e os problemas e os issues próprios e alheios se se está perante o pouco comum.
A minha cabeça avisa o meu corpo mas o meu sangue nem sempre obedece. É uma luta cansativa. São décadas de reflexos a tentarem ser condicionados e convencidos que o que se faz normalmente não se há-de fazer em condições anormais e que devemos adaptar-nos quando o meio nos oferece o que queremos...que nunca é tudo o que queremos porque a perfeição não existe.

Então,
não haverá motivo melhor para se ser diferente do que quando se está perante algo diferente.

AGORA,
é só repetir 1.000.000.000 de vezes quando o sangue escaldar e esperar que não se esteja enganado. 

Monday, November 07, 2016

(ainda dentro do "Somos Todos Estúpidos")

A análise que consta do meu post anterior parece-me óbvia, certa e de fácil compreensão. Juntando tudo, a análise em questão é suficiente clara para ser entendida por uma qualquer pessoa, por muito espaçados que sejam os seus neurónios.

O meu problema pessoal, confiando não ser a única pessoa que dele padece mas confiando, ainda mais, que não é uma questão que assole todos, é que existe um elástico que me faz aproximar e afastar quando não me é possível confiar como habitualmente confio na limpidez da minha vista.

Este problema é exponencialmente aumentado porque fica a bater de um lado para o outro do cérebro:
Será que estou a exagerar?
Será que estou a ver bem?
Será que estou a exigir o que não é razoável?
Será que o que vejo está a acontecer?
Temo transformar-me numa versão mais intelectualizada do em casa de ferreiro, espeto de pau.

...não deixo, ainda assim, de confiar naquilo que me parece ver e não deixo, também, de ser honesto a respeito. Melhor. Não deixo de tentar ser honesto a respeito.
K, não gosto que estejas chateado comigo...
- É fácil. Evita que me chateie.
Não é sempre culpa minha.
- É sempre culpa tua. O que acontece é que apesar de ser culpa tua a minha reacção é exagerada.
Esta última frase revela mesmo, de forma literal, a minha linha de raciocínio mas, por causa do problema, não é absolutamente certo que seja correcta.

A possibilidade de não ser correcta nasce daqui:
Desde muito cedo aprendi a treinar a memória e a criar um...um Banco de Razão em Reserva, chamemos-lhe assim.
Esta parte da minha cabeça acumular as merdas que os outros fizeram e os motivos pelos quais me desiludiram.
Pode pensar-se que este Banco foi criado para nunca perdoar mas não foi. O que este Banco me permite é que chegada a altura do chega não fique limitado ao que aconteceu, no preciso momento, e que me levou a esta conclusão; tenho uma compilação de tudo o que, congregado, justifica cortar determinada pessoa da minha vida sem que me venha a sentir injusto por isso.

Sendo que tudo está ligado a tudo, não posso garantir que haja um bug que, volta e meia, torne o Banco naquilo para que não foi criado: a incapacidade de perdoar.
Na verdade, a minha descrença na capacidade das pessoas se regenerarem - onde me incluo - levam-me a dizer, frequentemente, que Deus perdoa, Eu não! o que é só meia graça.

Bem, perdi-me um bocado:

A minha honestidade e clareza vão longe mas são obviamente limitadas porque, ao contrário disto onde bato teclas, não sou um emaranhado de 0s e 1s, pelo que estou sempre sujeito a ser o mais honesto que consigo e, ainda assim, não completamente honesto, e o mais claro que consigo e, ainda assim, não completamente claro.

Ser humano é uma chatice.
Estou constantemente a tentar escapar a isto mas ainda não consegui,

Quando Já Está Partido...

Há coisa de um ano (pode e deve ter sido há mais mas não tenho a certeza), uma amiga ligou a dizer que precisava de falar comigo.
Descreveu-me os problemas - conjugais - que estava a ter. O mais recente destes problemas, em termos de o ter descoberto, era um ou dois casos que o marido tinha tido/estava a ter...terá sido a gota de água.
Ora,
durante os últimos anos tinham-lhe chegado dívidas de que não tinha conhecimento mas que estavam, também, em nome dela, nomeadamente cartões de crédito que desconhecia possuir.
Isto seria suficiente, certo?
Errado. O que, aos olhos dela, terá tornado a coisa insuportável foi o gajo ter fodido com outras gajas.

Disse-lhe isto:
Eh, pá, oh M, ele ter casos é irrelevante para o desfecho. Já devias ter saltado disto há muito tempo, ele andar com esta ou aquela não muda coisa nenhuma.

Tenho a certeza que, na altura como agora, tenho razão.
A infidelidade não interessa para nada quanto ao que teria de acontecer mas, infelizmente, somos todos a mesma coisa e a subjectividade não é irrelevante.

Tive um jantar, por estes dias, em que surgiu uma questão semelhante.
Foi-me dito, por uma terceira pessoa e não pela directamente envolvida, que ia apanhá-lo, porque tenho a certeza que ele anda a enganar a J. Nem que tenha de o seguir! e a minha resposta foi, mais ou menos, a mesma que anteriormente tinha dado a outra pessoa: O que me parece é que aquilo já está partido. Ele estar a enganar ou não não vai ter qualquer relevância. Vai estar fadado a azedar, independentemente de quanto tempo passar.

Enfim, não adiantará.
Para que não se pensasse que me acho uma espécie invulnerável a este tipo de parvoíces, expliquei que a J é estúpida como todos nós somos em circunstâncias semelhantes. Todos perdemos a esmagadora maioria dos neurónios e passamos a procurar respostas que não há e a imaginar cenários que não vão acontecer.
Se ele faz isto mais uma vez, está fodido! e, depois, não está;
Se ela me voltar a trair, nunca mais!! e, depois, não é nunca mais;
Se me voltar a aparecer uma dívida, acabou mesmo! e, depois, não acabou mesmo.

Somos todos estúpidos quando as estrelas se alinham nesse sentido.

E

Ontem vi The Secret Life of Walter Mitty e gostei.
Já tinha visto, quando saiu, a sinopse mas, na altura, não o fui ver.

Durante o filme, travei conhecimento com o Major Tom que, com pena e alguma vergonha, nunca me tinha sido apresentado.
Gostei muito porque - obviamente! - me revi no Major.


Friday, November 04, 2016

"Vai-se Sempre a Tempo!" (e eu continuo com muito)

Há várias perspectivas para enfrentarmos esta afirmação. Ela não é uma verdade absoluta.
Ouvimos, frequentemente, este Vai-se sempre a tempo de forma indiscriminada; escutamos sempre este tipo de frases, com carácter absoluto, dos a mente chama-se mente...porque mente e dos treinador, basta atentarmos na palavra, é aquele que treina-a-dor.
Se tiverem o mesmo asco que eu a esta gente vazia e à auto-ajuda em particular (sempre que ouço life coach tenho vontade de pegar fogo a tudo o que me rodeia) é fácil tornar esta frase ridícula mas, se nos abstivermos do veículo, ela tem valor e, em certas circunstâncias, é verdadeira.

Pensemos em termos lúdicos:
Se nós gostávamos de saber dançar, é sempre tempo de aprender;
Se nós gostávamos de saber nadar, é sempre tempo de aprender;
Se nós gostávamos de escrever, é sempre tempo de aprender;
Se nós nos interessamos pela História, é sempre tempo de estudar;
Se nós nos interessamos por Mecânica, é sempre tempo de aprender.

Nenhuma destas afirmações é falsa. 
Todos estes actos são válidos.

Se sairmos do campo meramente lúdico, a coisa não é igual...
Aprendi a nadar quando tinha 4 anos e aos 6 comecei a competir.
Entre os 4 e os 6, nadava 3 vezes por semana; entre os 6 e os 13 (quando a minha carreira terminou), treinava diariamente e, a certa altura, dias havia em que o fazia duas vezes.

Não interessa em que forma física me encontre - e, muitas das vezes, era e é miserável - não encontrei, em altura nenhuma, qualquer pessoa que soubesse nadar e que me derrotasse. Tanto em desafios curtos como longos.
TODOS os que me desafiaram eram manifestamente mais leves do que eu; a MAIORIA era mais alto do que eu; a ESMAGADORA MAIORIA (queria dizer TODOS mas temo haver alguma excepção de que não me recorde) estava em muito melhor forma física do que.

Então,
pode-se aprender a nadar em qualquer altura mas é impossível comparar-se isso com quem se meteu na água pouco depois de conseguir andar.
A minha habilidade técnica permite-me nadar mais depressa e mais tempo, quase independentemente de tudo o que a outra pessoa possa ser ou saber.
Haverá excepções? Haverá gente tão dotada que possa recuperar o tempo perdido?
Haverá mas é um erro estatístico.

O que quero dizer é isto:
Para atingirmos um determinado nível naquilo que queremos fazer, às vezes é tarde demais e quanto mais alto o nível que pretendemos menos vezes, ainda, será possível.
K, gostava de conseguir escrever como tu...
- Em princípio, devias ter de começar aos 6 e nunca mais parar...

K, se gostas tanto de música, e de guitarras em particular, por que não vais aprender?
- Para tocar como queria, já não vou a tempo e gosto demasiado de ouvir para andar a assassinar notas...

Para um gajo se divertir, vai sempre a tempo.
Para um gajo ser realmente bom, é tarde muitas vezes.

Pensemos na Vida
A resposta é um bocado mais complicada e não sei muito bem a que conclusão chegar.

Em tese, podemos sempre dar um sa foda a tudo mas como há experiências que não vivi, é-me mais difícil ser absoluto.

Como já por aqui escrevi, no Heat o Robert de Niro diz um gajo tem de estar pronto para largar tudo em 10 segundos (já não me lembro se eram minutos...) e a minha vida, vista de fora, permite isto mesmo...e não é casual.
Não tenho obrigações;
Não tenho prestações;
Não tenho dívidas;
Não tenho dependentes (no estrito termo da coisa);
Não tenho muitas coisas.
Juntando estes predicados, vou sempre a tempo de mudar mas a realidade não se dá muito bem com esta minha ideia. Esta asserção eminentemente objectiva é real mas nem tudo é objectivo.

Tinha há uns meses uma ideia de fazer uma determinada cena mas, depois, aconteceu uma outra cena - que não a mim - e o plano alterou imediatamente. Não precisei de pensar. Foi instantâneo.
O que levou a essa mudança, que não teria de acontecer, foi o meu sentimento de responsabilidade exagerado. Eu sinto-me responsável mesmo quando, em tese, não sou e, como todos os narcisistas desta vida, só interessa o que eu acho e se eu acho que sou responsável, eu sou responsável.

Então, em termos absolutos, não é certo que se vá sempre a tempo de mudar.

Agora,
coisa diferente do que descrevi - situações afectivas e etéreas - muitos do que pensam ser tarde demais para mudar fazem-no em resposta a bens materiais ou irreais:
O carro que estão a pagar;
O emprego que têm;
A casa comprada em comunhão e o que lhe vai acontecer;
O que os outros vão pensar;
O tempo e esforço que se investiu;
...são incontáveis.

Isto já me é mais difícil aceitar. Compreender, consigo; não recriminar, consigo. Aceitar...

Como é bom de retirar, a minha postura quanto à Vida é a de que a Felicidade em termos completos e permanentes, não existe. Assim, nunca é tempo para se ser Feliz.
MAS
vai-se sempre a tempo de evitar ser Infeliz. Sobre a Infelicidade tempos algum controlo.

(ia acabar aqui mas lembrei-me da Bimby)

Ontem, a Bimby foi assunto.
O meu maior problema com a Bimby - além do preço - é fundamentalmente filosófico: 
eu gosto de cozinhar e do que isso envolve, pelo que a ideia de uma máquina daquelas fazer isso por mim, enerva-me.
Cozinhar relaxa-me e, além disso, acho que alimentar pessoas é um acto de carinho (ia escrever amor mas bolsei, pelo que evitei) e quando se quer que os outros se sintam acarinhados perde-se tempo com isso.
A máquina chateia-me...
Então, ontem disseram-me:
Fui a uma merda dessas. O meu problema era o mesmo que o teu mas, depois, percebi que é muito pior!
"O puré fica óptimo!" e eu perguntei se descascava as batatas...Não!
"As caipirinhas ficam óptimas!" e eu perguntei se era só mandar os ingredientes lá para dentro...Não! Há uma ordem!
Então, para que caralho quero eu isso?!
Pois...
Nunca tinha aqui chegado. Os meus problemas com a Bimby aumentaram...

(Sabes K, eu não pareço mas sou muito tradicional. Eu queria dizer Telecel, ainda! e ri-me muito com isto. Telecel é um sonho e eu era Telecel. Também preferia dizer Telecel)

Thursday, November 03, 2016

Berlim

Estava, certo dia, a falar com uma pessoa que achava que eu sabia imensas coisas sobre política internacional e tal e temeu que, num qualquer futuro, surgissem conversas deste tipo com outras pessoas, caso em que ela estaria impreparada.
Disse-lhe: Não te preocupes. Se estiveres encostada às cordas é fácil! Dizes que o que quer que seja que estiverem a falar aconteceu por causa da queda do Muro de Berlim. É sempre verdade.
Ela riu-me.
Eu não estava a brincar.
O riso dela revelou que, de facto, entendia pouco destas coisas. 
Dá para ligar toda a actualidade ao Muro de Berlim e, se o soubermos fazer, é indesmentível. Tem, ainda, a vantagem de que caso a pessoa com quem estivermos a falar entender um bocado daquilo que diz não terá como discordar: Win Win.

Lembrei-me disto porque estou a ler um livro sobre economia paralela e, também ele, faz remontar o desenvolvimento deste tipo de economia e a sua cada vez maior semelhança a corporações internacionais à queda do Muro.
Será sobre isto?
Não. Vamos em duas pequenas referências ao que não me trouxe aqui.
É engraçado que apesar da ligação histórica de que falei, os Autores não fazem qualquer referência a uma qualquer conspiração para o que sucedeu. É mais um perdoa-os, eles não sabem o que fazem do que um foi a maçonaria! Foi a maçonaria e os illuminatti (se é que se escreve assim).
É sempre giro encontrar algo de ardiloso e complexo que não é pintado como uma conspiração.
Há consequências que são só imprevisíveis e acho que a queda do Muro foi uma delas (sendo certo que algumas delas eram, obviamente, queridas).
Será sobre isto?
Também não.

No dito livro, é contada uma história de uma família fictícia que se destina a ser a imagem da classe média americana e o seu declínio.
O rendimento que, em termos reais, decresceu; a casa que compraram sem a poderem pagar; os cartões de crédito que carregam para se aproximarem das celebridades que lhes entram pela casa dentro; o seguro de saúde e as reparações da casa que não fazem porque não têm como...e a lotaria em que jogam todas as semanas para, com fé, lhes resolver todos os problemas.

....e a lotaria.

O jogo - Euromilhões, por exemplo - são, para mim, a revelação de:
1. desespero;
2. sonho de ver os problemas resolvidos sem fazer rolha.
Na verdade, o jogo faz-me lembrar a religião no sentido em que é uma fé não correspondida; bem, pelo menos no jogo alguém ganha mas não estou certo de ter conhecido alguém que tenha visto água transformar-se em vinho.
Gostaria de ter uma melhor opinião mas não tenho. 
Faz-me uma confusão desgraçada aquela pessoa que vive imersa em dificuldades mas vai rebentar dinheiro em bilhetes de lotaria, em raspadinhas, no bingo e no que quer que seja na esperança de que o pão que lhe faz falta agora será menos importante do que Ferrari que imaginam poder comprar depois.

Sim, eu sei.
Há uns quantos que ganham os muitos milhões que se sorteiam mas poderemos ou deveremos botar fé numa ocorrência em que temos menos hipóteses do que sermos atingidos por um raio duas vezes (sim, disseram que é esta a proporção para o Euromilhões)?

...mas isto, para mim, não é novo.

Há anos, contaram-me uma história de como entraram no casino fodidos e saíram com dinheiro para pagar as férias da família.
Isto foi-me contado, naturalmente, com alegria e orgulho mas eu só pensei - não disso - caralho, mas quanta cheta tiveste de andar a meter durante anos para uma coisa desse tipo acontecer?!
Sim, uma história de sucesso, por quem a contou, tornada em tragédia, por quem a ouviu.

Isto do casino é um bocado como a burrice: ninguém perdeu, ninguém é burro.
Quantos de vocês já ouviram, na primeira pessoa, a história de como alguém se fodeu a comprido no poker? Ou no bjackjack? Ou na roleta? Eu nunca ouvi.
Se só acreditássemos em experiências contadas na primeira pessoa, não se conseguiria perceber como os casinos continuam abertos se ninguém perde...

...e nisto, é como a burrice.
Se ninguém é burro como é que há tantos burros no Mundo?

Wednesday, November 02, 2016

Lupa (vai demorar...estou com tempo)

Ninguém fica bem quando visto à lupa é algo que ouvi há muito tempo e nunca mais me saiu da memória, por mais motivo que um.
O principal é que ao ser uma verdade universal dá para atirar a quem quer que seja que julgue outros pelo que quer que seja e eu uso isto mais como arma de arremesso do que outra coisa qualquer.
Esta frase, contudo, tende a ser eficaz quando o que se critica não é o mesmo mal de que a pessoa que aponta o dedo padece. 
Por exemplo, o bravo que desdenha da cobardia de outro e que tem uma outra característica não aprazível em que deveria trabalhar.

Também eu fico mal quando a lupa se aproxima, por isso tenho (algum) cuidado com isto, cuidado esse que vai de vela quando me irrito.

Lembrei-me disto não por causa da Lupa mas por causa do espelho.

Já ouvi gente muito chata a chamar chata a outra pessoa;
Já ouvi porcas a chamarem porcas a outras pessoas;
Já ouvi mentirosos a chamarem mentirosos a outras pessoas.
Poder-se-ia pensar que todas estas são pessoas de fraca índole mas não me parece ser o caso, na maioria das vezes.
Os chatos não sabem que são chatos;
As porcas não sabem que são porcas;
Os mentirosos não saem que são mentirosos.
Isto, assim dito, parece parvo mas pensem nisto:
A maioria de nós encontra razões quando nem sempre as há.
Se disserem à chata que é chata ela dirá que foi chata porque...
Se disserem à porca que é porca ela dirá que foi porca porque...
Se disserem ao mentiroso que ele é mentiroso ele dirá que foi mentiroso porque...

Entendem?
Não são como aqueles que apelidaram do que quer que seja.
No caso dos próprios, eles foram o que foram e fizeram o que fizeram porque havia um qualquer motivo que os impeliu a tal.
...e não é isso que acontece sempre...

Eu não me vejo assim e por isso tenho problemas com o espelho.
Volta e meio encontro características minhas noutras pessoas e fico extremamente desagradado. Não justifico o que poderei ter em comum ou o que farei em comum com banalidades circunstanciais quando não vejo que assim seja.
As vezes em que mais fico abalado são aquelas em que as características que vejo nos outros me são estruturais.

Em sentido inverso ao de tentar justificar o porquê de ter feito aquilo, procuro não me colocar em circunstâncias que me empurrarão para o ser.
(eu sei que isto parece o mesmo do fiz porque mas não é. O fiz porque leva a uma linha de pensamento em que a envolvente especial levou a tal coisa mas, no meu caso, qualquer envolvente me levará a fazer o que quer que seja. Não é o meio, sou eu!)
Já por aqui disse que evito competição por ser demasiado competitivo. A linha de raciocínio é a mesma mas ligeiramente mais complexa.

Enquanto eu consigo evitar a competição quando de tal sou capaz - por ser uma decisão interna para fora - no caso dos demónios que se tentam enterrar nem sempre o consigo fazer porque é uma faísca que vem de fora e incendeia o cérebro reptiliano. Entro em automático e, por isso, é uma combustão interna ateada por fora.

Há uns poucos dias estive exposto a uma pessoa que julga ter toda a gente como devedora.
Essa pessoa entende que todos deveriam fazer isto e aquilo por ela mas nem sequer sabe o motivo ou, em último caso, inventa um.
- esta mesma pessoa queixa-se imenso da vergonha de pensão de reforma que recebe mas lembra-se menos que só trabalhou até aos 31 - 
O sentimento que ela tem eu também o tenho. Não é nem próximo, em termos de intensidade, mas é o suficiente para me fazer esgar de dor ao imaginar este ponto comum.
Fodeu-me o dia.

Há uma outra pessoa com quem tenho bastante em comum, tanto no bem como no mau.
Em tempos passados, disse-lhe:
Bem, eu poderia não estar contente com isso e decidir fazer alguma coisa mas não me diz respeito. Não vou fazer nada.
ao que me foi respondido:
K, não te diz respeito e não tens como nem porquê não estar contente.
...
É? Bem, então isso é o que vamos ver...
Viu. Não gostou. Ainda não gosta. Aprendeu que há cães maiores. Aprendeu que animais selvagens não são domesticáveis e nem sempre se pode contar que sejam domados.
(Como aprendeu, deixou de achar cenas. É triste ter de se apanhar para aprender e, com pena e vontade de melhorar, não sou de parar de bater.)
Bem...
este segundo caso é o de um gajo que se acha especial e, por isso, acredita não estar sujeito às mesmas regras que os outros. 
Este segundo caso acha que é cão grande e, além de achar, até é mas descobriu, como descobrem todos, que há sempre um cão maior...

Eu também acho que sou especial. 
Não tanto especial no sentido de achar que sou melhor e que não devo respeito a regras mas especial no sentido de pouco comum e que devo respeitar as regras por decisão e apenas por decisão.
Eu também acho que sou cão grande.
Além de achar, sou mesmo, mas não tenho ilusões quanto a haver maiores do que eu, por aí.

Parece um chorrilho de lamentos, eu sei.
Não é um chorrilho de lamentos.
Lamentar-me é um defeito que, felizmente, não me assiste.
O que isto é é uma maneira de tentar fazer das letras e das palavras um espelho para que esteja mais preparado para outros reflexos e, se tudo corresse como se quer, uma maneira de tentar fazer das letras a alteração estética que me afaste dos pontos comuns que encontro em alguns dos outros.