Friday, August 31, 2018

Yeah....


Thursday, August 30, 2018

A URSS

Poderia parecer que iria dissertar sobre a URSS em si mas não será o caso. Tanto porque acho não saber o suficiente como porque não tenho muita paciência para cenas longas.

A URSS de que pretendo falar surgiu assim:
Ontem, dei por mim a pensar que talvez fosse melhor que o Mundo ocidental se tornasse, novamente, beato. Que passasse a andar de bíblia debaixo do braço. Que voltasse a peregrinar muito à missa. Que rezasse antes de ir para a cama. Que voltasse a temer, com vontade, a fúria de Deus.

Tendo com conta que não nutro qualquer apreço por religiões organizadas, isto soou-me a estranho.
Então, surgiu porquê?
Bem...para um rebanho se organizar torna-se necessário um nível de cultura e de entendimento que não vislumbro nas pessoas enquanto manada; se o rebanho não se organiza sozinho, o melhor é ter um pastor.

Lembrei-me, por exemplo, de como uma determinada parte do Iraque apreciou a chegada do ISIS ao seu território, apesar da enorme violência que o acompanhou e da perda de toda e qualquer liberdade.
Estas pessoas não eram más pessoas. Estas pessoas preferiram a ordem ao caos, ainda que a ordem chegasse à vergastada e à pedrada.

Este tipo de pensamentos ou esta forma fria e objectiva de ver o Mundo chateia-me mas não estou certo de ser errada.

A URSS surgiu acoplada à ideia que explanei quanto à religião mas não pelo cordel de ateísmo comunista nem pela desregulação que provocou a separação dos soviéticos da Igreja Ortodoxa.

Eu, um anti-comunista primário, pensei: pá...o Mundo unipolar que saiu da Guerra Fria não é impecável. Perdeu-se um contrapeso que tinha um valor que não foi e, possivelmente, não é reconhecido.
Uma das consequências que acompanhou o tombo de Berlim foi o abismo ainda mais profundo em que caiu África. Antes da queda, havia uma luta intestina entre URSS e EUA e esta luta forçava-os a cortejar estados africanos.
Esta corte resultava em apoio e no benefício de se ter duas propostas que podem concorrer uma contra a outra.

Agora, é unipolar.
É isto que tens, se quiseres. Se não quiseres, fode-te.

Uma outra consequência - esta ainda mais próxima da questão da religião - é que as preocupações geopolíticas parecem ter desaparecido e, com elas, o domínio que o Estado ou os Estados podem ter sobre a economia. E neste caso, refiro-me a Estado quando podia dizer Pessoas.

Desaparecida a ideologia concorrente, o vitorioso Capitalismo passou a ver auto-estrada, apenas.
A ausência de fronteiras e de preocupações fez com que o Capitalismo apenas galgasse terreno e nunca é boa ideia não haver predadores naturais ou, pelo menos, predadores concorrentes.

.....

Isto é muito desconfortável.
É muito triste eu sentir a falta de uma força Comunista quando detesto o Comunismo e é ainda mais triste saber, à partida, que o regresso poderia ser em alguma medida positivo mas sempre desejaria que acontecesse com outros.
Não aprecio desejar mal aos outros ainda que por um bem maior.

Apesar de não ter o mesmo asco às organizações religiosas, também apenas desejaria que elas viessem mostrar o cajado aos outros que precisam dele e não a mim.
Novamente, é desejar o que considero ser mau aos outros.

.......

Por fim, poderia, em tese, haver uma outra consequência, ainda:
Havendo um qualquer perigo real, poderia tornar-se necessário um planeamento além do sagrado trimestre.
Talvez se passasse a dar valor ao long term e se deixasse de ver o tono do António Costa a fingir que é jovem em Vilar de Mouros (acho que foi em Vilar de Mouros) e pudéssemos ter alguém que pensasse nesta merda toda a, vá, 10 anos.

Eu tenho fé nos humanos enquanto indivíduos; são capazes de coisas admiráveis.
Eu não tenho fé na humanidade; só me deixa ficar mal. 

Tuesday, August 28, 2018


Yeah...

Fuck It!

Monday, August 27, 2018

"Estás muito calado!" e BOPE

"Estás muito calado!"

Este domingo, tive o aniversário de uma das minhas amigas e tive de comparecer. Este tive poderá parecer que compareci com custo e foi um bocado. Eu não gosto de pôr o nariz fora de casa domingo.

Ouvi muitas vezes Estás muito calado e isto fez-me alguma confusão. 
Não é que não estivesse, de facto, bastante tempo calado mas eu não sou de falar muito. Pode dar-se o caso de falar um bom bocado mas para isso terá de aparecer um assunto que me interesse, o que não é tão comum assim.

De qualquer maneira, neste tipo de circunstâncias junta-se a fome com a vontade de comer no que se refere à minha socialização.
Há demasiada gente - o que, para mim, será tudo o que exceda umas 4 - para se conseguir falar do que quer que seja. Confusão atordoa-me e, por isso, costumo optar por desligar da corrente.
Depois, a maioria das pessoas é desinteressante ou tem interesses que não são os meus (uma das pessoas, a dado momento, mostrou-se triste porque uma gaivota tinha tombado um pombo porque ao menos, o pombo podia dar cabo da gaivota, também!. Este desconhecimento da natureza predador - presa incomoda-me um bocado...por isso disse sim, também deves ficar triste quando o cervo não dá na boca do leão! e depois senti-me estúpido porque...para quê?!).

Não tenho muita vontade de falar para encher ar, nunca tive.
Admito, no entanto, que talvez esteja a ficar pior com o passar dos anos.

Ajuntamentos chateiam-me.
É provável que quando me embebedava com frequência tudo fosse mais simples mas, agora, bebo pouco ou quase nada. E não lhe sinto a falta.

Se as circunstâncias da minha vida mudarem - o que é o mesmo que dizer se algum dia voltar a ter de sacar gajas - talvez volte a ser mais sociável, às expensas do meu fígado.

BOPE

Ok, K. Temos 10 casas para ver.
- Pá...tendo em conta a distância entre elas e o tempo que demora cada uma, não será demasiado ambicioso?!
Não faz mal. Vê-se as que se conseguirem ver.

Pois...não.
Missão dada é missão cumprida, companheiro como disse, e bem, o Capitão Nascimento.

Não existe a ideia de faz-se o que se conseguir. Não reconheço a expressão. Se se define que é para fazer uma coisa é essa coisa que se faz. Não é um bocado dessa coisa
Ela não tem culpa. Ela tem boa intenção.
Eu sou um outro tipo de animal.

Infelizmente, não consigo tudo a que me proponho mas isso nunca é por ter tentado. Eu não tento. Eu faço. 
Poderão vocês pensar que é a mesma coisa e, em certa medida ou em termos literais, até é mas o estado de espírito é um outro.

Não tento fazer o meu melhor, Eu tento o melhor.
Posso falhar. Já falhei. Falharei novamente. Mas nunca me sai da boca vou fazer o que conseguir....

Neste caso, fez-se tudo. 
Por questões de saúde, devo comer de X em X horas mas isso iria roubar tempo e poderia fazer perigar o objectivo.
K, não tens de comer?
- Nop. Não tenho fome.
E não era, necessariamente, mentira. Comida não estava na minha cabeça. Os meus olhos só vêm Meta.
Mesmo água, fui buscar quando Ela pediu porque, para mim, isso era perder tempo e não a pediria para mim.

Ah, K, mas assim acabas por tombar poderão dizer.
É certo.
Já aconteceu.

Acontecerá novamente, se for preciso.
Missão dada é missão cumprida, companheiro.

Friday, August 24, 2018

Gente Difícil

É comum acharem ou dizerem que eu sou uma pessoa difícil.
Eu posso ser difícil. Eu posso ser muito difícil. Mas não considero que - nos termos em que se usa a expressão - seja difícil.

Se me deixarem em paz sou muito fácil e se me disserem o que querem sou, também, muito fácil. Posso não cumprir com o que me pedem mas não sou difícil.
O que traz a este assunto é, no entanto, outro.

Acho que o que me torna uma pessoa difícil não é visível e, talvez por isso, não seja usado como argumento quando me acusam de tal coisa.

A Estória:
Aqui, há duas zonas de ar-condicionado e, por isso, um interruptor para cada um deles.
Normalmente, tenho dificuldade em saber para que lado é o ligado e o desligado e, por isso, presumo que outras pessoas também a tenham.
Ontem, estava um ligado e um desligado e uma pessoa desligou o que estava ligado. Esta pessoa é das que liga o AC e não das que se queixa do frio, pelo que enviei um E-mail e a troca começou.

- B, reparaste que desligaste os dois ACs?
K, o do teu lado já estava desligado, só desliguei o do meu. Não influi com o bem- estar desse lado.
- Eu sei que o do meu lado já estava desligado, pensei que te pudesses ter enganado.
Não, não me enganei. Reitero que não influi com o bem-estar desse lado.

Isto levou-me a:
1. Lamentar gente insegura que pensou que a pergunta era uma acusação;
2. Lamentar que uma pessoa que trabalha há algum tempo no mesmo espaço que eu seja tão distraída ao ponto de tomar como possível que eu dê uma de passivo-agressivo;
3. Lamentar a utilização do verbo reiterar num contexto coloquial porque é uma palavra parva quando nestas circunstâncias é usada;
4. Lamentar que alguém pense que a utilização de uma palavra para 10 pontos me possa impressionar.

Para ser honesto, esta pessoa nunca me interessou muito. Não tenho nada contra mas os nossos santos não se cruzaram.
Mas para o caso o que interessa é que tirei 80% destas conclusões da troca de 4 E-mails e, confiem, não precisaria de nada mais para confirmar que Pois, K....com esta pessoa não vai dar.

Isto, considero, torna-me difícil.
Sou demasiado atento para deixar escapar coisas.
Sou demasiado simplista para pensar se calhar, devia dar mais uma oportunidade.

Vejo.
Actuo.

Raramente há um período intermédio.

Ah, K, mas nunca te enganas?!
Sim. Infelizmente, acontece mas como acerto incomparavelmente mais do que falho, o risco é aceitável. E todas as contas são feitas com base na rácio custo-benefício.

Thursday, August 23, 2018

As In Life:

I never have taken a picture I´ve intended. They´re always better or worse.

Diane Arbus.

Wednesday, August 22, 2018

O Homem Organizado

As pessoas que comigo trabalham acham que sou muito organizado e têm fundamentos para isso.
Não falho prazos nem respostas nem nada. Tudo é feito a tempo e horas (com óbvias excepções porque não sou perfeito).

Isto fez-me espécie quando descobri e fez-me espécie porque eu não sou organizado.
Parece estranho mas não é.

Como é sabido, para mim não há pessoas que são pontuais no trabalho mas não na sua vida pessoal. Estas pessoas não são pontuais.
Entendo a nuance mas trabalho em absolutos.
Quando se perguntar a estas pessoas são pontuais? a resposta certa é não.

...e porque sou assim um gajo simples pareço organizado.

O meu Outlook tem 3 pastas: Enviadas, Recebidas e Eliminadas. Nada mais. Não há pastinhas para quando tiver tempo ou urgente ou menos urgente. Não. Há os que chegam, os que mando e os que elimino e nunca tenho mais de 3 E-mails por tratar.
Quando digo que farei uma determinada coisa até dia X - pessoal ou profissional - ela estará feita no dia X dê por onde der. Não interessa a qualificação de importância. Se há data, respeita-se e assim nada fica para trás.
Entro ao serviço à hora X e saio à hora Y e é neste período de tempo que trato do que tenho a tratar; não o farei antes e não o farei depois. Dando-se o caso de não ter trabalho suficiente que justifique chegar às X, chego na mesma porque é a hora a que se começam a fazer merdas.

Haveria muitos exemplos destes a elencar mas estou a ficar cansado.
De todo o modo, duas coisas:
1. pode sempre acontecer alguma coisa completamente anormal que me faça falhar mas tem de ser muito anormal;
2. esta rigidez não tem só coisas boas mas, para mim, tem muito mais coisas boas.

...e há, ainda, um valor que é pouco tangível mas fundamental: as pessoas sabem aquilo com que podem contar e quando podem contar.
É certo que não terão o que querem quando querem mas sabem que terão quando eu disser que o terão; ainda que possa ser foco de alguma irritação é também um sossego.

Ah, K, mas quando as pessoas dizem "agora" não tem de ser MESMO "agora".
Tem, tem.
Se não for para ser agora diz-se para quando é e assim todos estaremos na mesma onda de pensamento e todos saberemos aquilo com que contar.

A metáfora pode ser uma coisa cool na literatura mas na vida quer-se literalidade.

Tuesday, August 21, 2018

INSTAGRAM

Como já tem sido dito por cá, eu agora fotografo!
A cada dia que vai passando sou mais amador do que era no anterior, de acordo com a minha perspectiva das coisas; a cada dia que vai passando vou percebendo e detectando as minhas limitações com maior certeza.
Isto não é esquisito, isto é comum quando somos conscientes do que andamos a fazer ou tentar fazer.

Na altura em que comecei a carregar no obturador a coisa parecia manifestamente simples: vejo isto - fotografo isto...só que não é assim que funciona, obviamente.
Fui tão camelo como o gajo que acha que quando junta palavras está a escrever.

Bem, mas não era sobre isto:
Criei duas cenas sociais onde coloco aquilo que faço, um bocado - mas não completamente - como este Blog.
Uma delas, porque o permite, é completamente gerida por mim;
Outra delas, porque não permite, não é completamente gerida por mim.

A outra é o Instagram e não é completamente gerida por mim porque não permite carregamentos via computador (na verdade, até permite mas é preciso descarregar merdas e fazer cenas e...sa foda) mas apenas por smartphone (e eu não tenho nem quero smartphone, pelo que...sa foda).
Ora,
no Instagram dei conta do seguinte fenómeno: havia uns gajos que me começavam a seguir e, depois, deixavam de o fazer. Isto fez-me espécie.

Andei a maturar nesta merda e - por ser menos inteligente do que gostava - demorei demasiado tempo a entender que se trata de uma tentativa de troca em que ele seguiria e esperaria que eu o seguisse.
Porque não sou estúpido e, como o Vítor, quero que vocês se fodam, não sigo quem me segue; em abono da verdade, por uma questão de personalidade apenas, não sou de seguir ninguém.

Depois, houve ainda uma outra revelação.
Um dos camelos que me seguiu para não seguir depois, tem uma página um bocado miserável para que se apregoa como fotógrafo mas, ainda assim, tem mais ou menos o dobro dos seguidores quando comparados com os que segue.
Este camelo - vi por conta de um dos comentários - segue e deixa de seguir independentemente de o seguirem e espera que o pessoal não entenda...para assim continuarem a segui-lo e o rácio dele ser melhor no que tange a seguidores - seguidos.

...e ainda querem que socialize mais.
Foda-se, tinham de me pagar muito mas muito dinheiro.

Monday, August 20, 2018

O Sérgio e Eu - uma luta contra a Pós-Verdade

O FC Porto venceu este fim-de-semana o Belenenses por 3-2 e cada uma das equipas beneficiou de um penalty.
Quando vi o penalty contra o Porto na TV pensei: foda-se, mas isto não é penalty! e depois vi o penalty a favor do Porto e pensei a mesmíssima coisa.
Em suma: uma pessoa racional e honesta considerará que ou não é nenhum ou que são os dois.

Uns minutos depois, vi o Sérgio Conceição dizer foi utilizado o mesmo critério em ambos os lances o que é a forma mais honesta possível no contexto do futebol nacional.

O problema com que o Sérgio se depara é igual àquele com que se deparam quase todos os não-mentecaptos em todos os panoramas e em todas as actividades: a honestidade prejudica.

Ah, K, mas isso sempre foi assim! e estarão do lado da razão mas não tenho conhecimento de outro momento em que tal se tenha revelado tão determinante e extremo.
Exemplo: isto passou a ter a designação oficial de Pós-Verdade. Reparem: foi preciso dar uma nome a isto o que, por si só, demonstra a existência de uma necessidade contínua de designar este comportamento de forma sucinta e facilmente perceptível.

Apelo às emoções e às crenças pessoais, em detrimento de factos apurados ou da verdade objectiva.
Isto, enquanto crescia, chamava-se mentira.

...e é por isso que o Sérgio está mais ou menos fodido, como os mais de nós que ainda atribuem os termos verdade e mentira ao que é dito.
Esta insistência do Sérgio em ser honesto leva a que fique exposto e, por conseguinte, a que o clube fique exposto também.
Enquanto o Sérgio assume que ou são os dois ou não é nenhum, o SLB vem, em comunicado, dizer que o Porto foi porcamente beneficiado;
Enquanto o Sérgio assume que ou são os dois ou não é nenhum, o treinador do SLB vem dizer que no último jogo ganharam por 2 mas podiam ter sido 7 ou 8!! só que não podiam.

Ora,
porque, hoje, as pessoas confiam no que se diz e não no que comprova, a honestidade está pelas ruas da amargura e, com ela, a decência e o próprio sustento de uma sociedade.

Eu aplaudo o Sérgio - sempre foi assim porque ele sempre foi assim. Tem defeitos e é destemperado, muitas vezes, mas sempre o tive como honesto - mas estes aplausos não vão adiantar nada quando ele for despedido ou insultado por dizer o que vê e se recusar a apelar às emoções e às crenças pessoais, em detrimento de factos apurados ou da verdade objectiva.

Tristemente, acho que isto que descrevi é um dos muitos motivos que me levam a sentir desconfortável no Mundo em que me insiro.
Este fim-de-semana fui dar um passeio para o meio do monte e, como acontece sempre de há anos para cá, pensei caralho, eu ficava aqui, agora!. E não pensei isto em termos de revolta mas em termos de paz; não é um pensamento belicoso mas pacífico.

Não estou com vontade de me rebelar contra a sociedade;
Estou com vontade de não colaborar com ela.


Friday, August 17, 2018

Soberba?

Ontem, estávamos a falar e Ela diz-me:
K, é desagradável estar num jantar com pessoas e tu desligares; as pessoas estão a falar e tu não estás a ouvir.
- Eu sei...até é um bocado falta de educação e eu detesto ser mal educado...o que acontece é que a alternativa é pior. A alternativa é ir-me embora porque a dada altura não aguento mais...
Eu sei. Eu percebo mas é desagradável.
- Pá...eu vou no terceiro livro este mês. Comecei com Chomsky, passei pelo Asimov e agora esta a meio da "Antologia do Pensamento Geopolítico e Filosófico Russo - Sec. IX a XXI". Eu não dou para vulgaridades desinteressantes e pseudo-intelectuais. Eu não presto atenção a 80% do que as pessoas dizem.

Em boa verdade, este tipo de discurso causa-me algum desconforto mas dá-se que é verdade.
Tento não ser demasiado narcisista mas tento ainda mais ser realista sem ter de me desculpar por isso e o que a realidade me tem mostrado é isto: eu sou mais esperto que a maioria e muito mais culpo que um número ainda maior de pessoas.

O desconforto que esta linha de raciocínio me causa prende-se com o facto de não ser entendido; isto não sou eu a considerar-me melhor nem superior, em termos humanos.
Não considero valer mais, intrinsecamente, que uma pessoa analfabeta e não acho que deva merecer melhor tratamento.
Considero, contudo, que o facto de não dar para mim conviver com pessoas com interesses e níveis de conhecimento diferentes do meu não deverá ser criticado.
(este assunto é tão sensível para mim que até me preocupo com o que outras pessoas possam entender)

Também lhe disse que a minha vida é difícil, C. Sinto-me constantemente deslocado e a minha sorte é que a minha personalidade dá pra isso. Estou deslocado e sozinho mas vivo e convivo bem com isso. Novamente, por sorte junta-se a fome com a vontade de comer.

É-me difícil ter respeito por quem votou a segunda vez no Sócrates;
É-me difícil relevar que alguém acredite no Bruno de Carvalho;
É-me difícil desconsiderar o apreço que alguém tenha pelo Donald Trump.

Acho, aberta e sem subterfúgios, esta gente burra...mas não lhes desejo mal nem acho que devam ser apedrejados nem tratados como escumalha.
Não me peçam é para conviver com eles; não me peçam para entabular conversa.

Por exemplo:
as maiores plataformas baniram dos seus servidores o Alex Jones.
O Mundo liberal bradou em euforia porque foi feita justiça.

Pá...eu detesto o Alex Jones e lamento todos aqueles que o ouvem e apreciam mas, por exemplo:
1. estas plataformas, ao terem assumido uma posição quanto ao conteúdo que é transmitido, passarão a ser responsáveis e responsabilizadas por todo o conteúdo que é carregado livre e constantemente?
2. serão entidade privadas e de tão grande dimensão - eu sei, eu sei, são privadas e, por isso, fazem o que quiserem mas o seu carácter privado conflitua com a sua propagação e implantação - as mais aptas a decidir o que é aceitável ou não dizer?
3. agora que este arauto de uma Direita violenta e virulenta foi banido e terá de continuar o seu trabalho no sub-solo, será que ficamos melhor ou pior por não termos tão fácil acesso às loucuras desta gente? Não é melhor saber do que não saber?

...não dei por ela de nenhuma destas questões terem sido articuladas.
As pessoas só ficaram felizes porque um mentecapto foi banido.

A maioria de nós não vê um palmo à sua frente.

Tuesday, August 14, 2018

"Tás a ver? É por isso que sou assim!"

Outro dia, a Mãe dela fez ou disse qualquer coisa e Ela disse o que consta do título. Apesar de não me lembrar, exactamente, o assunto, tenho a certeza que haverá de ter sido a revelação de uma característica que me irrita.
E daí passamos para o tás a ver? É por isso!

Isto foi dito com um sorriso nos lábios.
Isto irritou-me muito.

É certo que me irrita que as pessoas justifiquem as suas deficiências ou características com exemplos herdados. Não consigo esboçar um sorriso quando reconheço os defeitos que não consegui, ainda, contornar.
Poderiam, então, presumir que aí viria uma diatribe quanto ao que Ela detectou e à sua incapacidade de o evitar ou, pior, uma diatribe quanto à inevitabilidade de assim ser.
Não seria uma presunção parva mas estaria errada.

Sou demasiado egocêntrico para os problemas dos outros me causarem um desconforto do tipo que senti quando ouvi aquilo.
Obviamente, trata-se de um problema próprio.

Às vezes, dou por mim a reconhecer outras pessoas no meu comportamento; algo muito semelhante ao que lhe aconteceu a Ela mas, contrariamente ao que descrevi, não verbalizo essa constatação e muito menos lhe acho graça.

Sou menos complacente com as minhas características do que Ela e Ela é-o tanto com as dela como com as minhas.
Ela, por ser um muito melhor exemplo de boa pessoa, compreende aquilo que não conseguimos controlar ou que ainda não conseguimos controlar bem melhor que eu.

Quando penso caralho, agora parecia ele! fico extremamente fodido e o meu mau humor dispara para níveis muito altos.
....mas também não foi exactamente isto que me trouxe aqui.

Por este dias, ando extremamente insatisfeito e essa insatisfação e as vontades que esta insatisfação me estão a provocar lembram-me outra pessoa.
O reflexo que essa insatisfação está a ter no meu comportamento, também me está a incomodar muito.

A minha sorte, até agora, é que Ela é mais compreensiva que eu.
E eu estou com muito asco de mim.
Não seria bom se fossemos os dois a sentir o mesmo.

Monday, August 13, 2018

A Realidade ofende os Progressistas/Abraçadores de Árvores/ de Esquerda

É conhecida a minha aversão a sermos todos iguais e, por norma, rebelo-me contra esta ideia com os mais óbvios e claros exemplos físicos de quem é mais forte e mais rápido do que nós e que nada podemos fazer para contraria...por muito que acreditemos.

Ontem, lembrei-me de outras coisas do género.
A ideia de que há igualdade de oportunidades é intrinsecamente juvenil e apenas pode ser acreditada por...juvenis ou parvos.

self made men?
Há mas ainda que nos vendam que isso é comum, a verdade é que não é.
Seria mais fácil e indolor usar exemplos como os do Donald Trump que recebeu um pequeno empréstimo do Pai no valor de 1 milhão de euros.
Ainda que tivesse sido a única ajuda que recebeu, só um idiota desfasado da realidade entenderia tal ajuda como pequena.
...mas farei diferente.

Quando era mais miúdo, comecei a dar-me com ricos mas não dei conta de enormes diferenças entre nós. É certo que as casas deles eram muito melhores que a minha mas no resto as diferenças não eram óbvias.
Ia sair para os mesmos sítios e acompanhava as bebidas deles; algumas das vezes, na verdade, tinha mais dinheiro no bolso que eles.
O que não entendia e só o vim a perceber mais tarde é que a diferença se manifestava em coisas que não valorizava como o facto de estarem seguros que entrariam sempre na faculdade - pagassem o que fosse para pagar - e que quando, por exemplo, tinham dificuldades no francês...iam para França durante 1 mês para um curso intensivo.
Não entendia a diferença porque não precisei de privadas e também nunca precisei de explicações; se tivesse precisado de uma coisa ou de outra teria percebido mais cedo que a vida deles e a minha era muito diferente.

E depois a vida foi acontecendo.
Usarei as histórias de 3 penedos:
Um deles era enormemente burros e, quando voltei a ter contacto com ele, era uma merda qualquer na câmara que lhe dava direito a motorista privado;
Outro deles era um bocado menos burro e acompanhei a sua tentativa de exercer a profissão para a qual estudou durante anos com imenso insucesso; depois, foi para o negócio de vinho da família;
O último teve um trajecto parecido com o Outro e teve o mesmo desfecho mas começou muito mais cedo.

Poderão pensar que estou revoltado porque gente incomparavelmente mais limitada que eu teve direito a uma vida mais fácil sem nada terem feito por isso.
Não estou.
É certo que eles são como uns penedos e não têm capacidade para fazer grande merda mas é também verdade que alguém antes deles andou a dar no duro para os beneficiar.
A vida não é igual para todos e nem pode ser.

Uma outra vantagem que a maioria dos gajos com quem convivi teve em relação a mim foi a própria cultura com que conviviam.
Fui eu quem expliquei muitas e muitas das merdas de etiqueta aos meus Pais e não o contrário;
Fui eu quem teve de descobrir o Jazz porque nenhum dos meus familiares mo mostrou;
Fui eu quem teve de descobrir o valor intrínseco e pouco óbvio de ler e aprender coisas que não resultam numa evidente aplicação prática.

Poderão pensar que critico os meus Pais.
Não critico.
Os meus Pais fizeram o melhor que conseguiram e, em abono da verdade, fizeram muito mas estavam limitados nas suas capacidades, habilidades e conhecimentos.

É fundamental tentar dar todas as oportunidades aos menos afortunados que os afortunados possuem como, por exemplo, o gratuito acesso a educação e à saúde.
Esta é uma forma de tentar tornar o Mundo mais plano mas o Mundo será sempre inclinado.

Friday, August 10, 2018

Não sou EXACTAMENTE isto mas estou próximo


Costa, Portugal e os Incêndios

Se o pensamento é de que andarei a bater nos bombeiros e na protecção civil e por aí fora, desenganem-se. Não sei o suficiente para o fazer.
Também não tenho vontade de escrever coisas óbvias como isto tem de ser evitado e não pode voltar a acontecer!! e pode garantir que para o ano não vai haver uma calamidade? e outras que tais.

Não tenho paciência.
...mas o Costa chateia-me muito...

Ouvi, ao de leve, uma qualquer conferência de imprensa dando conta do sucesso da luta contra os incêndios porque se evitaram muitos e apenas o de Monchique deu para o torto.
Sim. Sucesso igual ao da companhia aérea em que apenas cai um avião por ano. Afinal, os outros evitou-se que caíssem.
Não há paciência.

Agora, estava a dar uma vista d´olhos na imprensa e sai-se com isto:
Uma casa é sempre reparável, uma vida humana é irreparável.
Bem: pó caralho.

Primeiro: esta afirmação é mais um exemplo da estupidez em que vivemos. Atesta-se o óbvio e espera-se que isto tenho um impacto fulminante.
Costa é um verdadeiro humanista porque dá mais valor à vida humana do que tijolos!
Costa é um verdadeiro estadista porque acompanhou os incêndios da sua casa de férias; coitado, não tem descanso;
Costa é um verdadeiro socialista porque prefere a justiça social ao capital.

Segundo: para mim e para os outros que ouvem esta frase ela é uma anormalidade de tão óbvia, especialmente porque para mim e para esses outros, as suas casas não arderam.
Se o Costa fosse um humanista no sentido de perceber da natureza humana era capaz de reconhecer que para pessoas que não têm como reparar a casa que perderam (e reparar é demasiado vago porque reconstruir pode ser travestido de reparar), talvez essa óbvia anormalidade não seja tão óbvia mas apenas anormal.

Só um desligado que tem mais do que uma casa e que quando uma merda se parte a pode substituir sem um pingo de suor é capaz de trivializar o trabalho de uma vida de alguém.
Eu sei que, nesta altura, corro o risco de parecer um populista; não sou. Conheço é pessoas que não andam a rebolar o cu em São Bento.

Reparem: também eu acho que uma vida vale mais do que uma casa, especialmente quando não é a minha casa.
Os gajos que andaram a enganar a GNR para ficar de noite a defender a casa de luzes apagadas para não os virem buscar se calhar pensam diferente.

A finalizar,

O Marcelo é que dirige esta merda, enquanto o plácido Costa retempera forças.
Eu nem aprecio o Marcelo por aí além mas crédito onde deve ser dado: quando o pessoal está desesperado precisa de liderança e de, pelo menos, achar que alguém se importa e esse alguém foi e é o Marcelo.

O Costa beneficia do mesmo chapéu protector que o Bloco de Esquerda.
É vergonhosa a boa e imerecida imprensa que tem.
Fosse o Paços ainda PM e tivesse o mesmo vergonhoso comportamento de Costa e seria a puta da loucura.

...o Paços, em momento muito infeliz, chamou piegas aos portugueses e nunca mais se levantou dessa.
O Costa...bem, é que se foda porque uma casa é sempre reparável, uma vida humana é irreparável.

Thursday, August 09, 2018

A Morte na Faixa Etária

Ontem tive notícia que um gajo que andou comigo na faculdade morreu de cancro. Ele era 2 anos mais velho que eu.
Daquilo que vejo à minha volta, as pessoas ficam mais impressionadas quando morre alguém da sua idade - quando ainda não velhos - e ainda mais impressionados se resulta de doença e não de um acidente imprevisto.

Devo dizer que a notícia não me abalou e, como acontece com alguma frequência, causou-me algum desconforto. Foda-se, devia ficar afectado com a notícia! pensei.
E depois, piorou:
Lembrei-me que morte do Hari Seldon no Origens da Fundação me afectou mais.
O que andou comigo na faculdade era uma pessoa e tinha virado, recentemente, os 40 anos;
O Seldon que é uma personagem fictícia, já contava uns 80 anos.

....foi uma sensação ainda mais desagradável esta constatação. Por isso tenho andado o pensar nisso.
A conclusão a que cheguei foi mais ou menos esta:

O gajo que andou comigo na faculdade eu não conhecia realmente. Não sei nada da vida dele. A minha ligação emocional é nenhuma.
A finitude dele não me chateia muito. Na realidade, porque entendo o Mundo como aleatório, a minha finitude também não me chateia por aí além. Porque não sou hipócrita, a minha finitude incomoda-me mais mas, ainda assim...a realidade manda em tudo isto.

As pessoas morrem.
É o que acontece.

O caso do Seldon...
Bem, não foi a morte do Seldon que me fez espécie até porque, não sendo eu um completo néscio, a morte ficcional não me aquece nem arrefece.
O que me faz espécie e me afectou foi o facto de ser revelado e conhecido o sentimento ou os sentimentos que o percorriam pelas horas finais. O gajo não estava plenamente satisfeito com a vida que tinha vivido ainda que também não a entendesse como uma desgraça.
O Seldon arrependia-se de imensa merda.

Isto fode-me.

Ainda que extremamente difícil e a raiar o impossível, não é inevitável em sentido puro arrependermo-nos do que fizemos ou do que não fizemos. Para isto há uma alternativa no momento em que a vida está a acontecer: fazer ou não fazer.

É certo que eu não quero morrer mas é ainda mais certo que não está ao meu alcance ser imortal.
É, porém, certo que posso viver a melhor vida que conseguir e isso é da minha exclusiva responsabilidade.

Achar que posso deixar isto aqui enterrado em arrependimento e com a ideia de que vivi outra coisa que não o que queria ter vivido preocupa-me muito.

Está ao meu alcance não ser o Seldon.
Não está ao meu alcance não ser o gajo que andou na minha faculdade e que morreu.

Wednesday, August 08, 2018

Gente que gosta de se Enturmar

Gente que se esforça demasiado chateia-me um bocado.
Já começo a aceitar - ainda que não a conviver - que alguns de nós sentem uma necessidade intensa de se integrar, de qualquer maneira, num determinado grupo; aceito como se aceita que a chuva me vai molhar quando cair mas, ainda assim, prefiro abrigar-me.

A minha natureza não é de convívio, pelo que sou educado com gente nova mas não particularmente simpático. Eu não sou a comissão de boas vindas.
Depois, como acontece com todos nós, vou ganhando afinidade com alguns mas, de uma forma já mais diferente da maioria de nós, raramente ganho sentimentos desagradáveis porque não houve qualquer investimento emocional.

Qual o motivo deste assunto, K?!
Bem...um gajo que começou a trabalhar cá é do tipo que se quer enturmar com força e isso não me chateia. Desde que me deixem em paz.

O que se dá é que, de vez em quando ou muitas vezes, a vontade de se enturmar vem acompanhado de uma tentativa de se parecer espectacular e culto e inteligente e por aí fora. E isso não me dá paz.

Hoje, estávamos a falar de carros e eu disse que o meu tem 55 cavalos e o gajo diz-me não, o teu tem 70 cavalos.
Pera: tu sabes melhor do que eu o motor que o meu carro tem?!
Engasgou...e bem.

...e depois, começou a falar de motas.
Atirou, então, não sei por que não de encontram mais Benellis por aí!
(isto, sim, é divertido)
A Benelli é o mais antigo fabricante italiano de motos ainda em actividade.
Além do peso histórico, não é particularmente barata e não é particularmente boa e não é particularmente comercial (provavelmente, por todos estes motivos).

O que o gajo quis fazer foi atirar um nome exótico, algo que gente que quer parecer saber mais do que o que realmente sabe tende a fazer.
Vou tentar explicar:
Uma Canon 5D IV é o topo de gama das máquinhas fotográficas profissionais da Canon (deixaremos a 1D de fora), pelo que quando virem alguma estarão perante um:
1. profissional;
2. otário que tem uma cena que não sabe usar.

Poder-se-ia pensar que estaremos, as mais das vezes, perante uma pessoa do tipo 1 mas a minha experiência diz-me que estaremos, as mais das vezes, perante uma pessoa do tipo 2.

...e este gajo é a mesma coisa: para parecer um connoisseur atirou o nome mais exótico que encontrou para impressionar.
...e quando se me tenta impressionar com assuntos que conheço, raramente corre bem.

Há, óbvia e claramente, muita e muita gente que percebe mais do que eu em todos os assuntos mas, uma vez mais, a experiência diz-me que há muitos mais que pensam que percebem merdas porque foram, um dia, à wikipedia.
Esta segunda estirpe, dá-se pior; eu sou obcecado com as coisas que me interessam e apenas limitado pelo meu intelecto porque em esforço sou difícil de bater.

Tuesday, August 07, 2018

Areia para os Olhos

Se eu fosse tão esperto como, por vezes, julgam que sou, o atirarem-me areia para os olhos incomodar-me-ia muito menos do que incomoda.
Aliás, quando não é comigo faço notar que é uma óptima oportunidade para ganhar vantagem. Os que atiram areia para os olhos dos outros consideram-se mais espertos e, por isso, capazes de enganar o areiado; nada é mais proveitoso do que saber o que os outros julgam esconder e ter o conhecimento de que se é mais esperto do que quem se julga mais esperto que o mesmo areiado.

...infelizmente, sou óptimo a demonstrar a vantagem mas péssimo a aproveitá-la.

A minha reacção a este tipo de merdas é muito adversa.
O avanço que conquistei, nesta matéria, é admitir fingir que não percebo com gente com quem sei que terei um contacto, no máximo, esporádico e, provavelmente, único. Nestes casos, sou capaz de fazer o que apregoo mas apenas nestes.

Um outro avanço, ainda que menos intelectual e mais emotivo, é que sou capaz de fingir que não percebo esta mesma actividade a gente a quem quero bem e que muito aprecio. 
Mas este avanço é menos definitivo. Tem limites.

Ontem, tentaram marcar um jantar para hoje e eu informei que Ela não estaria cá.
Em resposta, disseram-me mas não podes vir só tu?! ao que respondi É óbvio que posso. Está marcado!.

Hoje, esqueci-me do telefone e mandei um E-mail às comensais dando conta disso mesmo e que se houvesse alguma alteração, teriam de me dizer por este mesmo meio.
Entretanto, pelo G-Talk:
K, tentei ligar-te. Era giro que Ela pudesse vir também, não achas?
- Acho. Foi por isso que te disse que Ela não estava cá hoje mas, depois, chamaste-me bicha ao perguntares se não podia ir sozinho e aqui estamos.
Achas que dava para amanhã?
- Não sei a que horas Ela volta, por isso não poderei responder antes do fim da tarde de amanhã. E quinta não dá. Só sexta.
Ah, é que a X tem surf hoje...

Não vos massacrarei com mais trocas de mensagens mas isto é atirar-me areia para os olhos.
A vontade/necessidade de adiar o jantar não tem nada que ver comigo nem com Ela mas está a ser assim vendido....o que me irrita um bocado.
Para já, tolerei e tolerarei mas o limite está a ser atingido.

Mais uma ou duas mensagens sobre esta merda e com o mesmo pretexto e não há caralho de jantar nenhum.

Monday, August 06, 2018

Relações e os seus Problemas

As relações implicam limitações.
Eu sei que meia dúzia de idiotas lançarão idiotices como ah, é porque não é a relação que devia ser e se te limita, devias mudar as coisas! e ah, as relações devem ser sempre como o ar que impele as asas dos pássaros! e merdas desse tipo.
A todos eles: pó caralho.

As relações implicam limitações.
Para explicar, em concreto e sem abstracções, o que quero dizer:
Como resulta (pelo menos) do meu último post estou a tratar de me orientar para viajar com Ela. 
A coisa está a encaminhar-se e os passos estão a ser dados.

A minha ideia para este tipo de viagens é muito ampla: um gajo traça, ao de leva, onde quer ir e depois de lá estar decide o resto. É uma tentativa de encontrar o meio termo entre a ignorância de nada saber e a chatice de organizar as coisas em demasia e, com isso, perder o que mais me interessa nestes percurso.

Não é a primeira vez que viajo e não é a primeira vez que viajo para longe durante um período de tempo que gente que tem emprego considerará prolongado e estou a fazer duas coisas que nunca na minha vida fiz:
1. análise do nível de criminalidade por zonas;
2. análise de seguros de saúde em viagem (este segundo estou a ver muitíssimo ao de leve porque me faz sentir um paneleirote que nem é bom...).

Pensarão mas, K...esse tipo de preocupações são normais e devias tê-las tido sempre!
Talvez tenham razão mas, para ser sincero, não acho que tenham.

Não sou um mentecapto e estou sempre de antenas no ar quanto ao que me rodeia, onde se inclui a segurança e criminalidade; e estou sempre de antenas do ar independentemente de onde esteja, incluindo a saída do prédio onde moro.
Mas a minha experiência - e o caralho da CMTV, por exemplo - diz-me que as coisas que ouvimos e lemos sobre os locais são amplamente exageradas.
Quando estive no Rio de Janeiro, não me senti em risco uma única vez;
Quando estive no México, tive um ligeiro calafrio na espinha quando estive na Cidade do México mas, vendo bem as coisas, foi resultado da minha juventude e ingenuidade;
Quando dormi no aeroporto da Holanda e numa estação de comboios em França, nada de relevante tenho para contar.

...eu sei que há lugares mais arriscados que outros mas sei, também, que a esmagadora maioria dos casos relatados ou são isolados ou bolsas realmente a evitar.

Compreendam: não quero ir para a Síria de férias. Eu não quero morrer.

Bem, o assunto nem é este:
a preocupação com segurança e com cenas médicas são preocupações com Ela e este tipo de preocupações limitam o prezar que tenho naquilo que pretendo fazer.

Ah, K, então mais valia ires sozinho! poderão dizer e o descrito poderá empurrar para esse tipo de resultado mas, aqui, o resultado não é igual às parcelas.

Eu prefiro ir com Ela e prefiro as limitações descritas à sua ausência.

Todas as relações impõe limites e isso é normal e, até, desejável.
Primeiro, porque se ignorarmos quem connosco partilha os dias será melhor, de facto, mudar de ares;
Segundo, porque eu preciso de limites.

Friday, August 03, 2018

Impaciência

Trabalho muito para superar aquilo que entendo como limitações e defeitos. Às vezes não parece...mas trabalho.

A minha impaciência é um desses casos.
Hoje, sou capaz de esperar mais tempo do que esperaria há uns anos mas o problema ainda por lá anda.
Por exemplo: anteriormente, seria incapaz de ficar, sem amuo e mau feitio, mais tempo do que desejava num determinado lugar. Agora, já é possível dizer-me K, vamos embora às X e eu aguento...com esforço mas sem problemas.
....mas chegando a X, é para ir embora. X não são X.01.
O meu mau feitio vem a galope.

Nesta altura, estou a planear as minhas férias.
O destino está mais ou menos traçado há algum tempo mas, para evitar situações com X.01, fui deixando rolar sem pensar muito nisso.

Ontem, Ela disse que seria de pensar nisso mais a sério e o que Ela quis dizer foi exactamente o que disse.
Obviamente, não foi isso que eu ouvi.

Hoje já há preços de voo, hipóteses de itinerário, preços de cenas, tempo de deslocações, formas de deslocação e por aí fora.
Há, ainda, um pequeno problema com a altura em que se planeia ir porque ainda não é seguro que o tempo seja o ideal (tufões e merdas) e talvez fosse melhor adiar para o mês seguinte.

Ora...agora, um mês é a minha vida toda.
Por me ter sido pedido que se pense mais a sério já está decidido (para mim, são sinónimos).

Com algum embaraço, assumo que já pensei:
Caralho, se calhar não lhe digo que foi sugerido que fossemos um mês mais tarde por causa dos tufões...

Thursday, August 02, 2018

Não sou Racista Porque...

Porque sou um realista, poderia haver muitos motivos para ser racista. Eu não acho que somos todos iguais no sentido em que a expressão é usada.
Eu acho que uns são melhores do que outros;
Eu acho que uns são mais espertos que outros;
Eu acho que uns são mais rápidos que outros;
...e a lista seria interminável!
É minha convicção de que alguns de nós são mais abençoados geneticamente que outros.

É natural que o que descrevi seja entendido uma banal particularização mas...bem, para não ferir susceptibilidades, haverá quem discorde ou, sequer, se sinta ofendido quando se afirma que os pretos são mais abençoados na prática desportiva que os brancos?
Não é politicamente correcto fazer outro tipo de afirmações - para as quais nem sequer estaria preparado, na verdade - o que, no seu íntimo, é parvo mas que é explicável pelo contexto histórico.
(parece-me estúpido que o termo nigger só não possa ser usado por brancos mas esta estupidez é atenuada pelo...contexto histórico).

Bem, mas voltando:
Ontem, tive uma troca de E-mails deste tipo:
K, hoje não dá para ir ao X depois do expediente porque tenho de ir ao Ginásio; estou no projecto Praia 2018.
- Não faz mal. Era só para saberes. Eu ando numa fase parecida.
Fazes bem! Nota-se.
- Ando numa fase parecida porque as minhas últimas análises não foram grande coisa e não estou virado para andar a mandar insulina!

E perguntam vocês: Mas K, o que tem isso que ver com a explicação para não seres racista?!
É relativamente simples:
É minha convicção que há diferenças óbvias entre pessoas e que poderão haver diferenças entre raças (além das naturais características visuais que as diferenciam) mas estou ainda mais convicto que continuamos todos a ser, despidos, a mesma coisa.

O relevo, para o meu raciocínio, do que descrevi é isto:
Mesmo que a pessoa que recebeu a minha resposta não se tenha apercebido, quando precisei de especificar o motivo de andar a ter mais cuidado com a alimentação (reparem como a própria palavra dieta me incomoda!) estava a tornar claro que me estava a cagar no aspecto físico do meu aumento/diminuição de peso...e quem faz isto é gente insegura e que se importa com o que os outros pensam.

Ora,
é verdade que não sou inseguro e que me estou a cagar no que pensam de mim mas mesmo assim ainda há uma réstia de insegurança em mim.
Eu não sou igual aos outros que são inseguro mas eu também tenho inseguranças.

No fundo, no fundo, somos todos iguais mas, por vezes, esta semelhança é ténue e incompreendida.
É comum acharem que eu gosto de confronto mas isso não é verdade. Eu não gosto de confronto.
O que acontece é que porque não o evito a todo o custo, dá a impressão quer que o procuro quer que nunca tenho medo; não procuro; sinto medo.

As diferenças existem e são óbvias mas entendo a dignidade e identidade humana como tão presentes e óbvias.