Thursday, April 30, 2015

Como estou a raiar de raiva, em vez de destilá-la com uma imensidão de palavrões vou optar por falar daquilo que me diverte.
Lamentavelmente, como não sou um gajo que se divirta com uma miríade de assuntos, a coisa anda quase sempre à volta do mesmo ainda que com intervenientes diferentes.

AO ALMOÇO

estive com uma amiga que há algum tempo não via e, infelizmente, o almoço não foi tudo o que deveria ser porque não estávamos só os dois e há assuntos que não convém tocar dependendo das companhias.
Ainda assim e vindo mais ou menos do nada: eh pá, tás moreno! Quando estava a chegar só via olhos! Estás óptimo, não admira que a X e a Y tenham ficado admiradas quando te viram no (insert bar)!
Uma das duas eu não tinha visto ou talvez até tenha visto mas como conheço mal e vi poucas vezes não notei mas a outra das duas foi diferente. Veio ter comigo e disse-me: não me estás a conhecer?! porque não estava mesmo, talvez porque estivesse demasiado perto de mim, e depois ficou a olhar com bastante insistência...mas como estava com o namorado/marido/junto com ela achei que era impressão minha (eu sei, bebé) e já era a 4ª gaja na mesma noite em relação à qual tinha a mesma sensação; apesar de me ter em boa conta, procuro ter os pés no chão e pareceu-me que já estava a viajar.

Atalhando,

Pá... eu fiquei com a sensação que ela estava claramente a secar-me (e disse o que acabei de escrever) mas achei que estava enganado.
 - Não devias estar... foi a primeira coisa que me disse quando me viu e estava muito animada!

Tem muita graça...

NA MESMA ONDA MAS EM OCASIÃO E ALTURA DIFERENTE

é muito engraçada a forma como as pessoas se adaptam àquilo com que experimentam a vida toda.
Eu, por exemplo, que não me posso queixar daquilo que me foram dando, estranho ter de fazer muito menos para ter o mesmo resultado; Outras estranham ter de fazer alguma coisa pelo mesmo resultado.

Há uma miúda com quem tive, desde que a conheci, um sentimento de graça recíproca. A diferença entre ela e eu é que ela é muito bonita e está habituada a dar um pequeno empurrão para que o carro pegue e eu não me dou muito a isso.
Ultimamente, por motivos que me recuso a referir novamente porque até a mim me nauseia, começou a empurrar com mais força; melhor, na escala dela deve sentir que está a atirar-se abertamente. Infelizmente, comigo, isso não chega. Não importo de fazer 90% mas o pessoal tem de meter o pescoço de fora.

Não sei se vai chegar a fazê-lo mas quando passada uma hora de termos falado de perfume - eu, ela e outra pessoa - e de me terem dito que eu não cheirava a nada, ao que respondi mas não é para ser ao longe, é para ser quando se chegam e não para deixar rasto, disse-me, enquanto encostava a cabeça ao meu ombro: cheira cheira. E cheira bem...

Foi um esforço que apreciei mas ainda não é suficiente.

Horas depois mas no mesmo dia e em sentido diferente, uma junção da primeira parte deste post e do segundo,

encontrei uma amiga que já referi aqui, que tem a mãe em mau estado e prestei-lhe a atenção que consegui.
No fim da noite, quando onde estávamos estava a encerrar, perguntei-lhe se ela queria ir a qualquer lugar para terminar em grande (referia-me a Bares, nem tento malhar amigas).
Ela estava com algumas amigas à volta e quando me disse que não queria ir a mais lado nenhum, não insisti...e uns metro depois, quando já estava sozinho: então? Ouvi-te dizer à S que querias ir ao T. Vamos?!
Maravilha, certo? Bem...quase...
Ainda antes de ter respondido e antes mesmo de saber o que iria responder, continua com: eu já soube como tu és. Perguntei por ti à S. Só te estou a convidar para ir para o T, mais nada!
Azedou-me. É? Bem, não é caso para te preocupares. Ia se a S quisesse ir, sem ela não vou.

O que aconteceu aqui?
Queria ter a consciência limpa. Ou seja, Queria ser comida, era evidente!, mas não queria que eu achasse que ela era uma porca, coisa que achei mal a vi e que nada me incomoda.
Meteu meio pescoço de fora, também não chegou.

(10 metros à frente apareceu um não querei ir para o P?, de uma outra amiga da S que também tinha perguntado por mim. Não fui mas a coisa ficou prometida porque não se fingiu de púdica).

PRECISAVA DE FALAR COM ALGUÉM SENSATO E LIGUEI-TE

coisa que juro nunca ter ouvido de ninguém.
Ri-me muito porque este telefonema aconteceu depois daquele em que prestei assistência.

Eh pá, foda-se! Não me digas isso! Isso faz-me sentir a voz da razão e isso não é um look que me fique bem!!!

DO FUNDO DO BAÚ


Wednesday, April 29, 2015

Há uns dias estava à conversa à mesa e a pessoa com quem estava tinha descoberto, por causa de um documentário, que os recursos eram escassos e era por isso que havia desacordos e guerras. A pessoa em causa não era parva mas há evidências que apenas se entendem sabendo coisas que não se encontram em redes sociais.

Sempre foi assim, desde o início dos tempos.
Os recursos, em si, mudam mas não a natureza humana, essa, parece-me, é imutável. Antes era a caça, depois o petróleo, depois a cena cujo não me lembro e é indispensável para os telemóveis e o ouro só é mais valioso do que a prata porque há menos.
Pode ter sido, de início, a luta de aldeias pelos poços de água e depois por território tendo-se, também, alastrado para o espaço.

A mesma coisa acontece com o tempo, que também é limitado.
O tempo que queres perder com as coisas é directamente relacionado com a importância que lhes dás e isso, por vezes, dá problemas mas problemas comuns com demonstrações diferentes.

A mim dói-me estar a fazer outra coisa quando está, por exemplo, a dar a Good Wife mas troco esse programa por outro que me faça sentir melhor e que me pareça mais importante em termos tanto relativos como absolutos.
Outras pessoas há a quem dói sentir que troca convívio social, interessante ou não, dependo de quem o sente e vê, por uma coisa mais unívoca e absorvente.

Escolhas.
Como a natureza humana não é alterável como a tecnologia, troca-se o comum pelo extraordinário mas dores de mudança, não da natureza mas do comportamento, cria dificuldades e, em alguns de nós, medo de deixar de se reconhecer quando se olha ao espelho.
A outros, mais deterministas, cria outro tipo de dificuldades mas o que se quer não é outra coisa que isso mesmo e poucos sacrifício merecem contrariar a vontade.

Tuesday, April 28, 2015

MEDINA CARREIRA

Há pessoas que evito por terem características parecidas com as minhas, particularmente as que são parecidas com as minhas que me desagradam. Poderia desfiar um rol delas, conhecidas e desconhecidas, que têm em comum não só o que acabei de dizer mas o facto de não as achar más pessoas porque sei que muitas vezes me incomoda o que vejo nelas.

O Medina Carreira tem algo disso, daí evitar ver o programa dele mas, volta e meia, preciso do contacto com a minha cena analítica e utilitarista, que tem muito de existencialista, também.
Ontem, e como de costume, a coisa foi simples, como é: meus amigos, o pessoal não quer fazer isto nem aquilo mas é o que vai ter de fazer. Para se cortar muito corta-se no 80% especialmente quando o 20% não serve e, em termos gerais, fodam-se.
Disse o mesmo que penso e pensava do Varoufakis (acho que é assim que se escreve), que era um gajo que só queria protagonismo onde se não deve ter sede disso mesmo. Infelizmente, esta apreciação, a dele e a minha, vai de encontra a uma coisa que muito me incomoda que se prende com o lobo e vestir-lhe a pele: este Varoufakis comprova que um ministro das finanças não deve andar de casaco de couro porque o facto de querer e não de usar um casaco de couro faz muita diferença.

O meu problema com este meu lado não é que o quisesse eliminar mas gostaria de o moderar. Gostava de ver menos a solução e depois ir em seu encontro com qualquer dor que o percurso implique e deixando, quando necessário, corpos estendidos pelo chão.

A verdade dói e eu sou mau a evitá-la.

COISAS ESQUISITAS

Tema recorrente.
É comum estranhar-se que comportamentos se alterem. 
Porque estás a fazer isso é uma pergunta muito mais que legítima. O que é mais esquisito é que se diga o motivo da alteração do comportamento, esse motivo ser - em tese - bom e elogioso para quem essa alteração sofreu e, ainda assim, a estranheza e desconforto se não altere.

Há uma coisa que eu percebo: a diferença em querer o que se tem e continuar a querer depois de se ter. Entendo-a, apesar de não ser uma maleita que me apoquente. Normalmente, ainda que não sempre, quando quero não costuma ser capricho porque não tenho muita paciência para querer por querer, se bem que tal possa parecer muitas vezes.

ARTE

Friday, April 24, 2015

A mãe de uma amiga minha está em coma induzido, o que me fez lembrar das atrofias musculares que afectam os comatosos.
E lembrou-me porque deve acontecer o mesmo quando as emoções não se exercitam. Eu apaguei, há mais de uma década, certo tipo de exposição e de sentimentos, não por escolha ou não só por escolha mas porque não aconteceu e eu não quis que acontecesse.

Ontem senti o músculo a exercitar e doeu-me muito, ainda me dói muito.
Foi tão desconfortável que tive necessidade de perguntar o que queria que eu fizesse porque não quero decidir porque sei para que lado me empurra a natureza.

Estou aberto.
Estou em ferida.
Não sei o que acontecerá mas é estranho não querer que me deixem sarar. 

Segurem-me.

Wednesday, April 22, 2015

...

SER E PARECER

Aparentemente, nunca fico nervoso (nervoso no sentido de indeciso e assustado, do outro, que faz partir para cima, fico muitas vezes) o que muito me agrada.
Agrada-me porque para o que se passa mesmo fora de nós, para o que nos diz pouco ou nada, para o que não está perto da pele, ser e parecer é a mesma coisa; se parece, é; se não parece, não é.

Sim, também fico nervoso.
Sim, também tenho dúvidas.
Sim, também patino.
Felizmente, estas coisas duram-me pouco e por isso quase parecem não acontecer mas eu sei que acontecem e quem está suficientemente perto sabe também.

A minha forma de lidar com este tipo de sentimentos, contudo, é muito pouco agradável.  Se durarem mais do que aquilo que entendo como justo sinto a necessidade de queimar tudo que os provoca e, assim, matá-los, o que se liga ao...

PORQUE CORREM MAL AS COISAS COMIGO

Não é nada que deseje, embora às vezes possa parecer.
O Jarabe de Palo canta (perdoem-me a eventual bastardizar das palavras para o português) se saio a correr, agarra-me o braço e se não te ouvir, GRITA! e a coisa é mais ou menos assim mas às vezes é precisa uma força que a pessoa não tem.

A injustiça disto, e o motivo pelo qual me leva a pensar que em última análise a culpa foi sempre minha, é que a outra pessoa não tem de se sujeitar a isto e, às vezes, não se consegue sujeitar a isto.
Não é justo que a mesma pessoa, que sinta o mesmo, que tenha a mesma intenção, que seja a mesma que era segundos antes tenha, comigo, um resultado muito diferente só por causa do tom que usa.
Não é justo que a forma que nada altera o conteúdo faça o Inferno subir das profundezas para se sentar à mesa...
...e as pessoas não são obrigadas a ter de ter cuidados muito mais que redobrados para não atingir o botão da insanidade que tenho na cabeça.

A injustiça disto é, também, que não deviam ter de se sujeitar a entender que há momentos em que têm de me convencer - com força - que não me devo ir embora; que devo ultrapassar a minha natureza de escapista; que não devo sentir-me enclausurado quando quero estar; que devo aceitar que não há problema em ter alguém que me vai causar problemas que não quero, de vez em quando; que não devo sentir o sopro da vida esvair-se dos meus poros porque a realidade não se ajusta ao que dela quero.

Poderia dizer que a culpa não é minha.
Poderia dizer que tudo que escrevi deveria ser ultrapassável e, aparentemente, para quem as não vive, até parece relativamente vulgar e até concordo. O problema, aqui, como acontece vezes e vezes sem conta naquilo que me diz respeito, não é de originalidade. Não sou SÓ eu que sinto estas coisas, Não sou SÓ eu que tenho estes problemas. Não sou SÓ eu que passo por isto.

O problema não é ser especial e diferente de todos vocês e de todos os outros.
O problema não é de essência.
O problema é de medida.

ps. durou muito mais do que é comum em dias como este mas a minha cabeça está longe e preciso manter-me ocupado, de qualquer maneira. 

Monday, April 20, 2015

Uma vez estava a ver uma reportagem ou algo do género sobre sadomasoquismo em que era dito que quem tinha o controlo neste tipo de relações era o submisso.
Por parecer estranho, a pessoa que isto afirmava explicou que era assim porque a coisa dura enquanto o submisso quer e não o contrário.
É esquisito mas não é mentira.

Lembrei-me disto este fim-de-semana porque respondi à pergunta onde vamos da maneira que mais me é costume: Onde quiseres.
Quando não tenho uma especial vontade de fazer qualquer coisa, deixo escolher; quando a minha agenda está aberta, deixo que marquem para quando quiserem; quando me é indiferente onde vou almoçar deixo à vontade.

É verdade que isto é mais ou menos contrário à minha mentalidade de control freak mas, como o maso da relação sado, não faço, seguramente, o que não me apetece por isso posso sempre colocar travão e quem manda é quem trava.

...Das Coisas Esquisitas...

23.00hs (mais ou menos), absolutamente do nada:

- Olá. És mesmo um homem bonito.

Saturday, April 18, 2015

Silver Linings Playbook

(último)

Andava há muito tempo para ver isto e quando digo muito tempo quero dizer desde 2012, quando saiu (já foram tempos em que ia ao cinema...) e ontem, para evitar acordar cedo hoje, o que nem resultou, decidi pôr a vontade em prática.

O enredo, como o tinha entendido, interessava-me porque se tratava de gente estragada que se encontrou e, tendencialmente, iria arranjar-se. Por causa do realizador ainda achei que ainda que pudesse acabar bem a coisa ia fazer sentido; as coisas podem resultar sem que pareça forçado porque, às vezes, o sol brilha mesmo.

Ledo engano...

Num passe de mágica, o gajo deixa de ser mentalmente instável e esquece a mulher pela qual era doente (andou o filme todo a trata-la, perante os outros, como esposa quando ela já tinha dado à perna).
As pessoas endireitam-se, às vezes, mas não assim...

Enfim... 
Nem tudo se perdeu e haveria muito mais a ganhar porque o que mais me interessou ficou muito longe de ser explorado e foi abordado en passant.
Então:
O gajo foi traído pela tal mulher e colou-lhe o fusível.
O que fez? 
Começou a perder peso, a entrar em forma e a estudar literatura americana, aquilo que a gaja ensinava.
Porquê? Porque ela não o tinha traído por ser uma pêga mas antes porque ele era gordo e não se interessava pelo que lhe interessava a ela.
Evidente.

A gaja colou-lhe o pistão porque o marido morreu.
O que fez ela?
Começou a malhar (ou ser malhada) por tudo quanto mexia. 
Era uma pêga? Bem, na prática sim mas o porquê é muito mais interessante: porque se sentiria insegura no casamento, não malhava com o marido há meses e quando o gajo morreu atropelado tinha no banco do passageiro uma lingerie que lhe tinha comprado para ver se a coisa se resolvia.
Reacção? Foder com toda a gente.

Isto é interessante.
O que leva as pessoas a fazerem o que fazem; o que as danifica e estraga; o que estão dispostas a fazer para ultrapassar ou recuperar o que quer que entendam como fundamental.

Mas para isso é provável que o filme tivesse de ser europeu...

IDIOSSINCRASIAS (não são sugestões, é o que está a acontecer)

Nos ouvidos:


e


Para Ler:

A Ordem Mundial - Reflexões sobre o Carácter das Nações e o Curso da História.
Henry Kissinger

O que Quer a Europa?
Slavoj Zizek e Srecko Horvat.

El Português.
Paulo Futre.

A Vestir:

Os Camelos Conseguem Passar 14 Dias sem Beber...
Eu Não!
T-shirt originária do Egipto.
A VIVER NO SÉCULO PASSADO

Sempre que ouço pessoal na televisão a dizer que estamos de joelhos na Europa e que deveríamos fazer-nos ouvir dá-me vontade de sorrir, especialmente porque são, normalmente, as mesmas pessoas que entendem que devemos ser independentes porque somos um País autónomo.
Esquecendo que a única vez que, talvez, tenhamos sido autónomos data do Estado Novo (e mesmo aqui com dependência de uma aliança milenar com Inglaterra que nos protegia e sem vontade de afrontar Nazis com quem se tinha negócios), não é perceptível como se quer agora que o Estado Nação definha com a globalização e que, particularmente, os Estados Nação europeus definham com a moeda única, se quer pensar em independência nos termos do século passado.

O que se tentou fazer na Europa e ainda não se desistiu foi uma federalização semelhante à Americana; federalização que se torna difícil porque contrariamente aos americanos um gajo aqui tem asco aos espanhóis que por sua vez têm asco aos portugueses que por sua vez não gostam particularmente dos gregos que ainda se lembram do que os alemães lhes fizeram que acham os latinos um povo atrasado.
Esquecendo isto, por aqui, como disse, ainda se vive no século passado.

A autonomia ardeu; fomos resgatados 3 vezes em 30 anos; queremos que nos dêm dinheiro de borla (queremos os BEs desta vida)...mas também ser independentes!

Portugal só tinha a ganhar com a Federalização porque não perdia nada do que tem, neste momento, e em troca aprofundava aquilo que ainda não tem na Europa como, por exemplo, uma força de bloqueio ainda que sendo um País minoritário porque Federações têm este tipo de mecanismos de ressalva (contando que o pessoal não se esquecia deles).

A outra solução seria virar-nos para dentro, como a China fez e lhes custou séculos ou como a Coreia ainda faz ou como Cuba tentou e, ainda que a custo, percebeu que era uma estratégia de dias contados.
MAS os que ouvimos falar em ter mais independência não querem sair porque sabem o que lhes custa (vejam a Grécia) e não há almoços grátis.

CUBA

Nem ia falar disto mas é como as cerejas.

A importância de Cuba na América Latina é parecida com a importância da Síria no Médio-Oriente, ainda que por motivos diferentes. Cuba não é rica, Cuba não é grande...Cuba não tem nada que interesse particularmente em termos materiais. O que Cuba tem é o cerne de um pensamento; o que Cuba tem é a liderança espiritual (em itálico porque não há espiritual no comunismo).
O que os Estados Unidos quiseram não foi a paz cubana mas sim o aniquilar do líder de um bloco e conseguiu-o.

Reparem que a Venezuela foi, a correr, falar com o Obama e o Obama falou com eles.
Porquê?
Porque os americanos cortaram a cabeça da serpente.
Agora, morre o comunismo Sul Americano ainda antes de acontecer o mesmo ao Fidel.

Engraçado: numa altura do mundo em que apenas se fala em economia e comércio e tudo que envolve o vil metal é o espiritual que se continua a combater porque os tempos mudam mas a natureza humana não.

O QUE NÃO SE SABE

As pessoa tendem a contar-me coisas.
É esquisito, visto de fora, que assim seja porque, como é consabido, não sou particularmente sociável nem o melhor dos ouvintes em termos daquilo que se espera, em geral, destes últimos. A incapacidade de passar a mão pelo pêlo quando acho que não o devo fazer parece, à primeira vista, um dissuasor.

Mas como já por várias vezes descobri mas me surpreende e parece sempre novo quando acontece, as pessoas, individualmente, são melhores e mais espertas do que aquilo que espero delas.

Por estes dias retornou à minha vida uma pessoa antiga e retornou com vontade!
Ela é incomparavelmente mais bem sucedida que eu em todas as áreas que se possam imaginar, começando pela profissional e passando pela pessoal e social. Profissionalmente deve ser das mais bem sucedidas que conheço: prémis disto e daquilo, aqui e além fronteiras, gente a procurá-la para aparições em congressos, programas de televisão e artigos de opinião e sei lá mais o quê, sendo que tudo isto acontece desde tenra idade. Pessoalmente já constitui família e até já completou o círculo habitual: divorciou-se (e o mistério do reaparecimento deixou de o ser e, em boa verdade, seria o único motivo).

O que é engraçado nisto?

Voltem a Cuba...
Em tese, eu nada teria para oferecer se a Vida fosse a soma individual de parcelas. Sou menos em tudo que é quantificável mas, neste caso em concreto, muito mais em tudo que o não é.
Quem tem o Ego férreo sou eu; Quem tem facilidade em dizer Não sou eu; Quem se afasta e tem clareza sou eu.

Isto são duas questões muito interessantes, para mim.
A realidade favorece-a claramente mas a quem ela recorreu foi a quem a realidade favorece incomparavelmente menos. Se fossemos números e não sentimentos e coisas, isto seria a maior das parvoíces mas não somos.
A outra questão muito engraçada é que situações destas explicam uma complementaridade que, às vezes, é muito difícil aceitar no Mundo politicamente correcto em que vivemos.

Não temos de ser todos o mesmo, não temos de ter todos o mesmo.
Há uns anos, num almoço com bastante gente que eu não conhecia, acabei a conversar com uma gaja que se tinha divorciado há pouco tempo e estava a tentar refazer a vida. Como disse, as pessoas tendem a contar-me coisas e ela disse-me que o Ex não se sentia bem por ela ganhar mais dinheiro que ele e que isso levantou muitos problemas e, achava, tinha dado origem ao fim.
Depois (novamente, gente muito mais bem sucedida que eu e que devia pensar que, por isso, a minha opinião valeria menos) perguntou-me: E tu? Se a tua mulher ganhasse mais que tu como te sentirias?
Respondi-lhe o que responderia agora e que é mais ou menos isto:
Não tenho problemas nenhuns com isso. O que me chatearia, pessoalmente, seria não ganhar o suficiente para prover por mim e para ter as minhas coisas; sentir-me dependente. Agora, a minha pila não minga por a minha mulher ganhar mais dinheiro que eu. Óptimos para os dois se ela ganhasse muito!

E é isto que, às vezes, é difícil entender-se e que anda um pouco à volta do cerne desta questão: não temos de ser cópias mas complementos.
A minha amiga retornada não precisa, materialmente, de nada do que eu tenho. Fez e faz tudo melhor que eu mas a força - eventualmente desmedida quando vista em contexto - que me sai de dentro ela não tem e sente que precisa dela. Sente como sempre sentiu.
A mulher que pensava que ela ser mais bem sucedida tinha ditado o fim do casamento assumia como culpa esse mesmo sucesso, provavelmente porque o Ex dela não percebia que se ela tinha dinheiro não era de dinheiro que ela precisava.

...e voltando mais ou menos ao início: se, como se julga e com alguma verdade, suponho, as pessoas apenas pretendessem ouvir aquilo que querem nunca falariam comigo mas, às vezes, percebem que precisam de algo que não querem.
...e fala muita gente comigo...

...E QUANDO O BEBÉ SOU EU

Isto é muito engraçado.

Por estes dias, por motivos mais ou menos desconhecidos, houve uma volta muito numerosa de pessoas que o tempo se tinha encarregado de dissipar.
Voltou gente que estava no Além Mar e que queria ver-te, caso contrário passam-se mais 2 anos, voltou gente que não devia precisar de nada de mim mas que, às 2 da manhã, me manda uma mensagem a dizer o meu pai está internado...não sei que fazer... quando deveria rebolar para o outro lado da cama em que dorme e perguntar, voltou gente - aqui, menos fisicamente - para me informar que é muito triste as pessoas tomarem decisões de que se arrependem mas não se pode esperar para sempre mesmo quando se quer e ainda mais um ou dois casos.
O meu telefone não tem parado e outro dia - atenção!! - estive mais de 1 hora ao telefone.

Bem, mas o Bebé...

Uma destas pessoas carregou forte! Mas como não a via há bastante tempo e conhecia-a bem, não dei uma importância muito grande. Quer dizer, quando escrevo não dei uma importância muito grande o que quero dizer é que não achei que me queria sacar.
A dada altura, ela pede-me desculpa por me estar a ligar tantas vezes e diz que eu devo estar a pensar que ela é muito chata para não pensar coisa pior! Não sabendo o que seria coisa pior, perguntei o que seria e ela respondeu-me assediar-te.
Por ela ser quem é, respondi que nem me passou tal coisa pela cabeça e não tinha passado mesmo!

Minutos depois ligou-me uma das minhas amigas e contei-lhe o sucedido e ela disse-me que ela queria, obviamente, sacar-me. Mantive: nada disso. A questão é outra.

À noite, ligou-me outra vez (talvez a 5ª vez do dia) e, ao fim da conversa, diz-me assim: Vais ser claramente apanhado desprevenido mas quero convidar-te para jantar. Ou melhor, quero cozinhar para ti...
Fiquei uns segundos calado - porque conhecendo a pessoa era mesmo imprevisível...ou nem tanto, contando com o que já me tinha sido dito pela minha amiga - e pensei: Foda-se, K! És mesmo Bebé!!
De todo modo, aceitei porque não se recusam refeições (recusam-se, recusam-se mas como a conheço bem, chata ela não é!).

No dia seguinte, mandei um E-mail à minha amiga a dizer assim:
As duas palavras que mais detesto dizer-te: TINHAS RAZÃO!
Ela respondeu:
Era evidente. És muito bebé!

Não sou mas fui.

Friday, April 17, 2015



Acho que já contei esta história por aqui mas não há-de ser mais repetitivo que o costume.

Quando esta música foi escrita (dito pelo próprio) ela era um grito de revolta ou, pelos vistos, um lamento por ainda estar vivo.
Quando a música bateu, as pessoas - onde me incluo - não a interpretaram como tal mas antes como um grito de vitória, uma vingança às adversidades, um sa foda, ainda estou vivo!! ao invés do original ainda estou vivo....

Então, quando o Eddie falou disto disse que quando todos interpretaram a música da maneira que descrevi e não da maneira ou estado de espírito com que foi escrita ele adoptou o que as outras pessoas viram na música e não a que ele lhes deu e, nas palavras do próprio, levantou-se uma maldição.

Tudo muda mesmo quando o criador não o pede ou deseja e, às vezes, sem pedir e sem desejar, dão-lhe o que precisa.
....e eu odeio mudanças.

Wednesday, April 15, 2015

Tuesday, April 14, 2015

É tão reconhecido o que acho sobre estar com pessoas que vou poupar todos a uma repetição.
Lembrei-me, agora, que a primeira vez que fui exposto à realidade de nem sempre se fica com quem se quer foi por uma amiga que me disse qualquer coisa como: Estás enganado. A pessoa de quem mais gostei foi o X mas estou com o Y. É assim...

Como é sabido, não aceito esse tipo de coisas e lembrei-me, como acontece com uma frequência quase avassaladora, do Cartola:

Acontece que meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu pudesse fingir que te amo,
Ai se eu pudesse.
Mas não quero, não devo fazê-lo
Isso não acontece.

Eu sou disto.
A minha amiga, contudo, tinha razão, como a realidade e a experiência me ensinaram... mas eu não me dou bem com quem me dá ordens, mesmo quando é a Realidade que tem o péssimo hábito de me ganhar.


Monday, April 13, 2015

RAPIDINHO

Self-Fulfilling Prophecy

É uma expressão de que gosto muito mas que tenho dificuldades em usar por não conhecer um tradução para o português que lhe faça justiça.
O conceito é este, em grosso: alguém faz uma previsão e, sem querer, faz com que ela se torne realidade (pode ser sem querer mas parece-me que nesse caso não se enquadrará).

Por exemplo:
Alguém diz a outra pessoa que isto não vai resultar, seja o isto qualquer coisa, e depois os seus padrões de comportamento fazem com que isto não resulte mesmo.
A pessoa que prevê pensa que acertou mas provocou o acerto, não foi um acto do acaso.
Quando, por exemplo, as agências de rating baixaram a cotação da dívida portuguesa porque previam que os juros da mesma dívida iam subir fizerem isso mesmo: previram a subida com um acto que os fez subir.

Dedicado

Como é bom de ver, tenho a ideia de me conhecer bastante bem e parece-me que, em larga medida, será verdade.
Por isso, é muito raro dizerem alguma coisa sobre mim que não tenha pensado anteriormente; é muito raro alguém me dizer que sou isto ou aquilo e não haver, da minha parte, uma ideia concreta sobre o acerto ou não do que é dito.

De vez em quando, sou apanhado de surpresa.
Ontem, disseram-me assim (parafraseando): Não há homens tão dedicados como tu.
Ora, nunca tinha pensado em mim nestes termos; dedicado nunca foi um atributo em que tenha, sequer, pensado.
Apesar de dito com a maior das boas vontades e carinho, senti logo como um insulto! Respondi, meio a brincar mas meio a sério, que preferia que me dissesse que era super sensual que dedicado, fazia-me sentir manso.

Como é mais forte que eu, fiquei a pensar nisto (como é mais forte e bom de ver, porque aqui está) e o que me parece, não excluindo que pode ser uma construção para fugir a um termo que não me agrada, é que, talvez, as outras pessoas sejam menos dedicadas do que deviam.
Eu não me vejo como tão dedicado que mereça tornar a característica como marcante.

Sunday, April 12, 2015

Enquanto se Caminhava à Beira Mar

- K, soubeste mais alguma coisa da L?
- Por acaso soube. Deu notícias há uns dias. Está casada e foi mãe há pouco.
- Sabes, filho, isso é que foi uma pena...

Ri-me muito.
Mais uma que acha que estou perdido.

Saturday, April 11, 2015

(hoje vai ser o último. Já tenho demasiadas coisas a matraquearem-me com és tão bebé na cabeça para ter mais esta e começar a sentir na ponta da língua palavras como desabafo)

As diferenças psicológicas são tudo, como me farto de dizer.
Esta coisa que me segue, tanto por vocação como por gosto, de tentar entender as pessoas é de uma utilidade extrema quando vista, apenas, neste prisma: UTILIDADE.
Porquê?
Porque, como também já me fartei de dizer, interessa saber onde se pode causar dano e, particularmente, como evitar dano. É uma forma de prever o futuro com base tanto no passado como em probabilidades.

O problema que se levanta é quando esta capacidade assume contornos de empatia. 
Reparem, nada tenho contra a empatia mas - segurem-me - tudo que é excessivo torna-se nocivo.
A empatia, se um gajo não está atento, torna-se em complacência e a complacência em quanto mais te baixas mais se te vê o rabo e, quando levado ao exagero patológico, à gaja que entende que apanha porque o marido tem problemas ou à mãe que entende que é roubada porque o filho precisa de droga.

Não costumo ter este tipo de problemas porque, por norma, as pessoas não estão no meu ângulo morto. Habitualmente não vejo o que quero ver porque não quero ver nada em específico, apenas o que por lá anda.
O meu ângulo morto é, contudo, o mais próximo do lugar mais confortável do mundo porque é onde moram as pessoas de quem gosto e que me interessam; é, também, um lugar de muita exigência porque não há almoços grátis.

Finda a Tempestade
O Sol Nascerá.

Cartola.
Encontram-me muitas histórias, mais recentes ou mais antigas, mais interessantes ou menos interessantes, mais líricas ou menos líricas, em que a redenção é o final atingido. Há menos histórias em que a redenção seja pretendida mas não conseguida, muito provavelmente porque, como acontece com a História em si, são os vencedores que a escrevem.
É um bocado como os gajos que encontro e que fazem o mesmo que eu em que os filmes são protagonizados, realizados e produzidos pelos próprios. Casos em que fizeram merda também os há mas... quem conta o insucesso?

Eu gosto de histórias de redenção e suponho que goste não porque me identifique com a redenção em si mas porque acho que preciso dela. Aliás, como em incontáveis casos da minha personalidade, percebo o que preciso de fazer mas sou incapaz de levar a cabo esse tipo de alterações e, confiem, já tentei e tento. Não desisti mas os dias passam e os moinhos de vento não se desvanecem nem aparecem, são socos no vento.

Então,
desde tenra idade acho que preciso de ser salvo porque não consigo salvar-me sozinho. Trata-se de uma impotência que muito me dói mas constitui uma imensa limitação. 
A coisa é fácil de entender mas muito difícil de aceitar com outro termos que não o és maluco quando visto de fora. A explicação é que eu preciso de motivos para fazer o que quer que seja; é necessário que nem que seja pela frincha identifique uma justificação.

Mesmo para quem apenas me conheça do que vê por aqui é muito difícil conciliar o facto de haver um desfile que deve ser contável de mulheres que vão povoando, ainda que brevemente, a minha vida e eu apenas querer ter Uma.
É difícil conceber que quero muito ser mais suave e menos impulsivo mas que nada me afasta de confrontos.
Ainda há umas horas vos contei que não quero que se saiba que penso demasiado sobre complexidades e que sei muito sobre substância. Que prefiro que me vejam o verniz, apenas, mesmo quando fere os olhos. E, contudo, não é uma questão de vergonha ou algo que se pareça, é porque não acho que valha a pena revelar o que, possivelmente mas sem certeza, os outros não estão preparados para ver.

A questão da redenção levanta-me dois problemas, que me lembre, que me fodem a vida.

O Primeiro é que coloca nas mãos de outra pessoa a possibilidade de me fazer aquilo que preciso que me façam. Mais do que custar-me que o controlo sobre o meu destino pertencer a outras mãos que não as minhas, coloca quem tiver o azar de poder fazê-lo sentir uma responsabilidade que não lhe devia pertencer.
É muito e para se querer esse papel é preciso querer muito.

O Segundo liga-se ao Primeiro mas não é igual.
Se a redenção não chega - e ainda não chegou - percebo que os meus esforços são em vão e que o que tento fazer e mudar em mim é muito facilmente desfeito e o regresso ao estado natural e indesejado é quase instantâneo.
Há uns tempos escrevi aqui que, a dado momento, achei que tinha mudado mas quando confrontado com questões antigas e que deveriam ter sido ultrapassadas voltei, logo, a ser o mesmo que sempre fui. Pensei que tinha aprendido mas é fácil pensar-se isso quando não se é testado.

Sinto o vulcão a acordar e não quero. Nada de bom acontece quando o meu cérebro reptiliano ganha a corrida. 
Ouço uma voz antiga que me diz vamos, K! É destruir! e não a quero ouvir.

Vou ouvir o Tá Perdoado da Maria Rita para ver se calo o que me dizem e se apago o que me queima.
Vou evitar o Let The Bodies Hit The Floor dos Drowning Pool mas se entrar...

ANDA PESADO, VOU TENTAR ACABAR EM LEVE (SEM GARANTIR QUE CONSIGA)

RAREFEITO

Há pouco tempo fui convidado para participar num colóquio sobre a consciência por um gajo que sabe que sou um bocado mais do que a capa de selvagem que trago comigo. 
Recusei porque não estou - e acho que não estarei nunca - preparado para assumir um strip deste tipo perante gente indiferenciada e que nunca vi. Não me apetece, hoje como ontem, que saibam de mim aquilo que não me apetece ainda que se entenda que o que não quero que saibam seja mais benéfico do que o que sabem.
Amanhã, não sei mas hoje ainda não.

Porque se lembrou este gajo de mim?
Temos um amigo em comum e uma vez convivemos os 3 e a conversa resvalou para o nível da consciência e a solidão. Naturalmente, evito estas coisas quando consigo mas se me vir lá metido...
Bem, a tese é que quanto maior o nível de consciência atingido pelo indivíduo mais isolado ele se sente; é como uma pirâmide em que a base é o nível de consciência baixo onde há muita gente (como a utilização do FB) e a mais alta onde há muito menos gente (como a compreensão de Espinosa ou Camus).
(não vou discorrer sobre isto porque não vou fazer com vocês o que me recusei a fazer com outros).

A teoria não é errada. Concordo, em geral, com ela.
Thoreau, cuja filosofia não aprecio particularmente mas tenho uma impressão contrária quanto à pessoa e ao que decidiu fazer, pôs-se a monte para se sentir menos sozinho do que se sentia com gente à volta.
Talvez porque concorde, gosto pouco de estar em multidões e de expor complicações internas que parecem de outro planeta para muitos de nós. Não é uma coisa de superioridade ou pedantismo, é mais um para quê?. Se é para me deixarem em paz, e é quase sempre, é mais fácil que as pessoas compreendam o porquê de o fazer; compreenderão que é porque sou misantropo (sendo que poderão não conhecer a palavra) mas já não que é porque quem se sente isolado sou eu e não necessariamente que me isolo.
Menos perguntas = mais facilidade e, o pior, compreendendo-se ou não, o mesmo resultado.

De todo o modo, a pergunta que me faço, muito de vez em quando, é se vale a pena.
A resposta é não.
Já muitas vezes por aqui disse que a ignorância é uma bênção e não o digo em tom jocoso, digo-o porque acredito que assim é. Seria, suponho, mais feliz se, como o Zeca Pagodinho, deixasse a vida me levar mas foi uma porta que se fechou depois de lá ter passado.

Preferiria eu ser ignorante?
Estão a ver? Queria responder que sim mas a verdade é que não é uma escolha que me seja possível porque se deixa de poder escolher a ignorância no momento em que se percebe que talvez se devesse fazê-lo; quando se sobe de patamar na pirâmide não me parece que se possa descer mas pode-se fingir que se desceu que é o que tento muitas vezes... sendo certo que é uma metáfora desconhecida para ignorantes e que, por isso, mesmo que dita esbarra na impossibilidade, o que faz cair a máscara que se tentou usar.

...e é por isto que recusei falar em público sobre cenas destas.
Não estou a falar, não sei para quem estou a escrever, ninguém me conhece e estou com vontade de me esbofetear por exercitar tanto a massa cinzenta.
(o Post acaba em gajas, PROMETO!)

O MUNDO DOS PORQUÊS

(ainda não são gajas...)

A mesma estranheza que banha quem não entende para que quero eu saber os porquês de tudo é quase tão grande como a que me banha a mim quem não quer saber; só não é igual porque eu sei porque se não quer saber e acho, até, mais benéfico para a sanidade mental (e como que por magia, eu quis saber o porquê de quem não quer saber dos porquês. Há insanidade maior?)

Eu quero saber tudo e sempre porque detesto ser dominado. Saber não evita o erro mas evitará a sua repetição - no meu caso não é assim mas o princípio mantém-se - o que é o máximo que se pode pedir ou, inclusive, querer.
Preciso de sentir que sou responsável pela minha vida e tenho dificuldade em sentir isso se desconhecer o que me levou a fazer o quê mesmo que à partida soubesse ser errado. Há umas semanas disse ao meu irmão "meu amigo, precisas de saber onde andas metido, sempre. Não tenho problemas com o que escolhes - mais ou menos - mas não vou tolerar que me venhas, depois, dizer que não sabes por que te aconteceu isto ou aquilo. Pensas, escolhes, pagas!" e é mais ou menos isto.

Já fiz escolhas de merda e que sabia serem de merda quando as fiz mas não as consegui evitar. Até agora, não me arrependi porque estava a par do que se passava e, conscientemente, decidi para o lado que queria ainda que pudesse ser o que não devia.
Decisão minha. Culpa minha. Para o bem e para o mal.

Por isso é que apesar de recorrerem muito a mim para resolver problemas ou para dar opiniões raramente o fazem no primeiro momento em que eles surgem. Primeiro, vai-se falar com quem se sabe que dirá o que se quer ouvir, independentemente do acerto (sim, tens razão; também não percebo como isso aconteceu; fizeste o que podias; deixa andar que as coisas resolvem-se) e só quando se chega à conclusão que não ajudou se recorre a mim.

Ex.
Há pouco tempo uma amiga veio perguntar-me o que haveria de fazer para sair de uma situação complicada em que está metida há muito.
Fui pensando e dizendo que se ela queria resolver teria de sair da sua zona de conforto; teria de encontrar onde dói na outra pessoa e depois bater até doerem as mãos. 
Fomos falando e eu fui vendo resistência no que precisava de ser feito e, a dado momento, ela disse-me qualquer coisa como "acreditas que parece que ele me traiu?!"...e a pedra bateu!
"Foda-se, que interessa isso?! Estás preocupada com isso?! Essa merda tem de ser resolvida por muitos e muitos motivos, isso, para o caso, é completamente indiferente. Acredito que te doa no Ego mas não faz qualquer diferença! Se queres resolver isso o que tens de fazer, PRIMEIRO, é resolver ESSE problema de te preocupares ser traída, depois pensa-se."

Porquê?
Porque o primeiro problema é ultrapassá-lo a ele e depois o resto porque o segundo sem o primeiro não vai resultar.
Doeu mas resolver problemas dói. Manter os problemas é mais o fumar mata...não faz mal, temos tempo. Pode demorar mas o tempo que se perde para chegar onde se chegaria mais cedo ninguém o devolve.

A REALIDADE

(é a seguir)

Já devem ter reparado que as pessoas vão caindo, politicamente, para a Direita à medida que vão crescendo.
As Universidades, por exemplo, são um viveiro de Sindicalistas e Comunistas e Anarquistas e por aí fora; hão-se reparar, também, que os gajos que envelhecem na família da Esquerda, mormente os intelectuais, sacam miúdas novas e, muitas vezes, giras e boas.
Ambos os fenómenos se prendem com a tristeza que é o encontro com a realidade.

Quando o pessoal é novo, não sabe, ainda, que a Humanidade, ainda que muito apreciada, é uma merda e o Mundo quer bem que um gajo se foda. Nem uma coisa nem outra se compadecem com sentimentos e vontades e cravos. 
Podem pensar que isto é uma visão negra da realidade mas, novamente, a realidade faz o favor de me dar razão.
Não quero com isto dizer que não há gente boa, há muita! Só que é engolida pela turba da mesma maneira que, por exemplo, uma pessoa pode ser incapaz de espancar outra pessoa até à morte mas já não o ser se englobada numa multidão que está a fazer o mesmo.
Olhem para a Alemanha Nazi e pensem se, individualmente, todos os envolvidos seriam capazes de andar a mandar pessoal para as câmaras de gás e apesar de a resposta sim nos aliviar a verdade é o seu contrário; a maioria deles não se veria a fazer o que fez mas a verdade é que acabou por fazer.

De volta:
à medida que crescemos vamos tendo contacto com o materialismo que nos rodeia.
Acredito que a maioria é infectada pela sociedade de consumo e pelo sonho de, por exemplo, ter a sua casa no lugar X e isso ser menos adequado a uma mentalidade redistributiva e de igualdade; descobrem, sem o saber (porque não querem saber porquê que os recursos são limitados mas a vontade não).
Outros percebem que apesar das palavras bonitas da Revolução Francesa, igualdade e fraternidade são conceitos de aplicação muito limitada...quando o são. As pessoas vão preferir-se a sim em detrimento da outra, o que não critico porque a evolução fez-se para sobreviver e não para o seu contrário.

Responsabilidade, por exemplo, é um termo indeterminado para muita da Esquerda.
Repare-se que a solução, no caso português, que se houve é não pagamos ou, na extrema, falta dinheiro? Manda-se imprimir mais! desconhecendo o que é uma moeda fiduciária e a sua fragilidade.

Diga-se, contudo: eles têm razão, em abstracto, que o papel não vale coisa nenhuma, nem sequer o valor do papel em que se imprime. Em concreto, contudo, funciona porque se acredita que funciona e se se deixar de acreditar vamos andar com vacas pela corda a trocá-la por porcos (ainda que, pessoalmente, prefira porcas).

Pueril.

GAJAS!!!

Sou muito mais eficaz sóbrio do que encharcado de bebida, É um conceito esquisito, em geral, até porque, só para ilustrar, uma vez estava com um amigo na noite e havia uma gaja que o queria sacar e ele disse-me pera. Vou matar 3 shots para ver se consigo dar andamento a isto. 
Percebo que a bebida desiniba mas como não preciso disso, a mim deixa-me mais alienado e incapaz de perceber o que perceberia se estivesse centrado.
Pequenos exemplos da coisa, bem e mal sucedidos:

Ex1 (bebido e com final infeliz)
Entrei numa festa e percebi, uns minutos depois, que uma das gajas que lá estava tinha um claro interesse. Não claro em termos de palavras mas nas coisas pequenas que consigo identificar com alguma facilidade.
Como o ambiente ainda não era propício, para qualquer um dos dois, a coisa foi sendo deixada para mais tarde e mais tarde e mais tarde... até que ultrapassou 1 garrafa de gin.

Quando já se estava a compor mas ainda em fase de aquecimento, disse-me: Preciso de ir à casa de banho mas tenho tanta roupa para tirar... ao que me predispus a ajudar, naturalmente. Só a ajudei a desabotoar as calças mas os dados estavam lançados.
Algum tempo depois, quando eu já ia a 1.500 kms hora, ela decidiu que queria ir embora e eu respondi que jamais iria! Agora? Nop, vou para o (insert bar)!
Com a porta do Taxi aberta diz-me:
K...vamos embora...É melhor irmos...
Nem pensar! Vou agora para casa?! respondi eu...sem entender que ela não me queria levar para casa.

Foi-se embora fodida - fodida descobri depois, quando me ligou no dia seguinte - e eu só no dia seguinte percebi o que tinha acontecido.
Pensei: foda-se!

Ex2 (bebido e com final feliz)
Já a voar, entrei num bar e andei por lá perdido com mais 1 ou 2 amigos.
Durante algum tempo, pareceu-me que havia uma gaja a encostar-se demasiado a mim em lugares diferentes mas, em abono da verdade, nem sabia se era a mesma.
Como faço sempre que vou contra alguém (presumo ter sido eu mesmo quando são outras pessoas que vêm contra mim).

Fim da noite, luzes acesas, agarram-me pelo braço e arrastam-me para a casa de banho:
Não tenho mais tempo para ver se percebias....

Não tinha percebido, fui forçado a perceber.
Assim, funcionou. De outra maneira, não teria funcionado.

Ex3 (sóbrio e sem final)
Como é de conhecimento público, as minhas sextas são uma merda, algo que se torna aparente mesmo para quem não me conhece mas se cruza comigo, sendo certo que não sabem que é por ser sexta.

A miúda que me mede cenas acha-me graça mas sempre me pareceu que era inócuo. Vou dando corda porque me diverte e sou fraco para mulheres que querem tratar de mim, mesmo quando é de forma profissional.
Vendo-me de mau humor, em vez de largar pressionou para fazer o que deveria fazer mesmo que não me pressionassem para o efeito e facilitei porque, como disse, sou fraco para quem quer tratar de mim e é simpático com isso.

A dada altura disse-me tem o X muito elevado! ao que respondi, porque tinha entrado em automático, que devia ser por causa dela.
Depois de ter ficado ligeiramente vermelha e procurado, deliberadamente, o chão mudou claramente de assunto e para qual? Sabe, há um ano obriguei o meu namorado a fazer dieta! Ele não queria mas está a resultar!
Sorri e olhei para ela. Não lhe disse nada porque não estou interessado em ter contacto com quem vou ter de ver muitas vezes e menos interessado estou em coisa que dure, pelo que acabaria sempre mal: ou ela não queria e seria desconfortável ou ela queria e seria mais que desconfortável depois de facturada e evitada posteriormente.

O que ela faz, pensando estar a bater a porta ao dizer-me ter namorado, foi demonstrar que as antenas estão ligadas e que a ameaça e o interesse existe.
A maioria poderia achar que, de facto, ela estava a manter-me à distância mas fez precisamente o contrário... mas não avancei nem avançarei para a matança pelos motivos que já referi mas o sorriso que lhe dei mostrou, só, que eu tinha entendido o que se tinha passado e a minha sexta melhorou.

Sóbrio é mais difícil eu não entender os detalhes.

Friday, April 10, 2015

Porque Preciso de Desopilar, Um Bocado de Veneno

Porque há coisas que não consigo evitar, há uns dias vi o Hércules com a Iryna e com o The Rock. Foi uma merda, como se previa, mas nem me queixo...metam-me uma cena sobre o fantástico e mitologia e eu gasto dinheiro.

O problema que se coloca agora, e que já se colocou com o Tróia, antes - sim, também fui ver, como um idiota - é que estamos numa fase em que se tenta fazer parecer real o imaginário e tornar mais imaginário o real.

Quem viu o Tróia e nada mais sabia, fica com a ideia que o Aquiles era meramente um gajo fodido para a pancada e que deram o seu nome a um tendão.
Sem me alongar demais, o tendão tem o nome dele porque era a sua única parte vulnerável (daí a expressão tendão de aquiles quando nos referimos a fraquezas) e morreu com uma seta envenenada lá espetada.
Se sabiam isto é porque o sabiam antes.

No Hércules a coisa não varia muito.
A Hidra eram uns gajos de máscara a fingirem-se monstro, o Cerberus eram 3 cães e não 1 cão com 3 cabeças e o Hércules era um gajo com muita força mas, no fundo, um impostor.

Pá... 
As pessoas não são parvas, na sua maioria. Elas entendem que o fantástico é apenas isso.
As pessoas não são parvas, na sua maioria. Elas entendem que quando cais de um penhasco o mais provável é quinares.

Não é preciso explicar tudo e tornar mais acessível o que nem é tão longínquo assim.
As pessoas não são burras, à excepção de mim porque sei que vai ser uma merda e vou na mesma.

(pelo manos, a Iryna aplica um dental, a dada altura...como todas faziam na Grécia antiga)

Monday, April 06, 2015

Hyperthymesia

Isto é o nome técnico para uma patologia (?) que implica a pessoa lembrar-se de tudo com um imenso detalhe e quando digo imenso detalhe quero dizer tudo. Por exemplo, chuta-se uma data e a pessoa lembra-se do que tinha vestido, o que tinha almoçado e por aí fora a uma velocidade estonteante.

Há uns tempos, deu uma reportagem sobre gente deste tipo no 60 minutos e pareceu-me estar a ver a versão actual da mulher barbuda ou do homem elefante de antanho mas como estavam mais bem vestidos e, supostamente, a serem elogiados a coisa foi vista de forma diferente.
Durante o dito programa esta característica foi pintada como um gift, um talento especial e eu vi-o mais como uma patologia.

Sem muito pensar sobre isso, o que fiz depois, pareceu-me uma cruz lembrar tudo. Substituir a ideia do sofrimento de partir uma perna, por exemplo, pelo sofrimento em si; pensei que se todos pudessemos ter esta mesma capacidade já teríamos deixado de existir porque que mulher quer passar pelo parto se, novamente, tiver ideia de quanto dói sentir quando dói.
Como não larguei o osso, fui sabendo mais inconvenientes desta patologia (agora, sem ?). As relações destas pessoas não são duradouras porque...se lembram de tudo e há coisas que convém esquecer.

Isto parece uma construção esquisita vindo de quem não se esquece ou esforça-se por não esquecer. E será. Mas, como acontece com frequência, não faço o que deveria mas sim o que consigo.

Extrapolando para uma onda mais abstracta, veja-se o seguinte:
Se, como acredito, quem gosta de todos não gosta de ninguém, quem se lembra de tudo não se lembra de nada.
O que quero dizer com isto?
Se nada é deixado para trás torna-se impossível estabelecer prioridades, o que o nosso cérebro - esquecido - faz naturalmente. Não deveria ser tão importante o almoço como o encontrar de quem se procura mas se temos a mesma vívida imagem de uma coisa e de outra, como podemos distingui-las?
Não é tão importante o que a pessoa tem vestido como a pessoa em si, certo? Mas se tudo estiver no mesmo degrau...
(ainda dentro deste assunto, descobri, com espanto, que estas pessoas têm dificuldade em reconhecer rostos. Porquê? Porque elas decoram as expressões e não os traços gerais, o que leva a que a mesma pessoa tenha uma miríade de caras e não apenas uma... e têm de vasculhar o arquivo para as encontrar).

Isto para dizer o quê?
Bem, não muita coisa...mas que a evolução é mais esperta, sem querer, do que nós com toda a atenção do mundo, isso é.

Saturday, April 04, 2015

Foi-me chamada a atenção para o facto de que, pelos vistos, eu só gosto de música triste.
Nunca tinha pensado nisso assim mas comecei a prestar atenção e parece que talvez seja verdade, com raras excepções.

Como tive de pensar nisso...
Não existe alegria sem dor, se formos minimamente conscientes e como sou primordialmente realista vejo mais espinhos que flores; e porque a vida é mais cruel que benevolente vejo mais perdas que ganhos; e porque a vida é uma batalha perdida à partida, porque um gajo sabe que vai quinar.

Então,
tire seu sorriso do caminho que eu quero passar com minha dor diz-me mais que borboletas esvoaçantes (até porque as borboletas vivem entre duas semanas e um mês, em média, enquanto a dor...).

https://www.youtube.com/watch?v=dYAfXIlMpyo

Peguem lá.
Salvação!

Assunto Antigos...

Como é sabido, não gosto de datas festivas apenas por serem festivas. Não preciso de motivos para celebrar e quando o faço por ser expectável e quase obrigatório a coisa raramente corre bem.
Se me querem deprimido, por princípio, metam-me nas últimas duas semanas do Ano. 

O mesmo acontece com, por exemplo, aniversários, especialmente o meu porque o das pessoas que me interessam faço o que elas quiserem. É festa? Festa. É presente? Presente. É cantar? Cantar. O meu tem um sinal de proibido em tudo o que disse. Não há festa; Não há presente; Não há cantar. Infelizmente, em termos familiares ainda tenho de papar com o bolo porque não tenho coragem de o negar mas quanto a presentes e cantar, proibição.

Para que serve, no meu caso e em proveito próprio, este tipo de data?
Serve para haver um desfile de cadáveres a aparecer no meu telemóvel.
Em proveito próprio, é uma desculpa (às vezes) para ir jantar a um lugar que me apeteça com a pouca gente com quem me apetece.
Desta vez, foi uma pessoa porque não liguei às, talvez, mais 3 que gostaria que comparecessem; e foi uma pessoa porque a pessoa se lembrou de dizer para irmos jantar fora, caso contrário, nem isso.

Bem,
o jantar foi muito agradável porque foi com o gajo que, neste momento, talvez seja o meu melhor amigo (no masculino) e com quem tenho bastante em comum sendo que este comum apareceu de caminhos muito diferentes.
Pergunto-lhe, bastantes vezes, como ainda aturas o X e o Y? ao que me responde quase invariavelmente que oh pá, não sou como tu. Ainda aguento papar o chaço sem parecer que estou a papar...mas ultimamente tem sido cada vez mais difícil...

Estas pessoas a quem me referi não são más pessoas, foram meus amigos em tempos e o afastamento não partiu delas. O que eles estão a passar eu já fiz há muito, tanto eu como o gajo que jantou comigo. Eu já fiz todas as provas de vinho que consegui aguentar; Eu já fui a todos os restaurantes da moda que me era possível; Eu já me preocupei com a marca das minhas camisas mais do que devia; Eu já quis integrar-me e ser sofisticado e o que é engraçado é que sou muito mais sofisticado agora mas muito menos reconhecido como tal.
Eu (e Ele) já batemos a cidade de lés-a-lés à procura de lugares cool para levar as miúdas e evitar encontrar quem não se queria. Eu (e Ele) sabemos o que são taninos e castas e temperatura e aberturas e que folhas se usam para que charutos e a diferença entre o torpedo e o robusto e o corte macho e fêmea e ...e....e....enfim, aquilo que me parecia importante e sofisticado na altura, numa onde pedante que agora detesto.
Muitas das pessoas que conhecemos em comum chegaram aqui agora de onde já fomos embora há muito!

- Pá! Tou farto que me falem do filho da puta do (insert nome de restaurante) como se fosse a última maravilha. Não se pode comer bem, lá! Nunca lá fui nem irei mas não é possível!
- Tens toda a razão...a F foi lá por causa do jantar de Natal e o serviço e a comida são péssimos! Mas como é decorado pelo sei lá quem e tem Ferraris à porta...

É disto que falo. Andei tempo sem fim envolvido nestas coisas para não entender, sem lá colocar os pés, o que a coisa é. E é má. Só podia ser má. Como todas as coisas do tipo são...

Coisas com Graça

Como já por aqui tem aparecido e quem me é mais próximo sabe, a ideia de ser fisicamente mais fraco levanta-me muitos problemas no que concerne à imagem que tenho de mim e se para muitos isso seria um problema de somenos (porque forma ganha ao conteúdo), para mim não é.
Entramos num bar onde estava previsto irmos e aquilo estava insuportavelmente cheio.
No meio da confusão e dos bêbados (de onde não me excluo mas numa fase ainda baixa), despejaram-me, sem querer, uma cerveja no braço.
Há anos atrás isso poderia criar problemas mas, agora, desde que me peçam desculpa a coisa estará resolvida.

Estes (eram 3 gajos) pediram desculpa...e quiseram ir buscar mais cerveja para me oferecer...e continuaram a pedir desculpas durante mais tempo do que eu estava disposto a ouvir porque aquela interacção estava a cansar-me. E quanto mais irritado eu parecia (por me estarem a massacrar e não pela merda da cerveja) mais desculpa me pediam.
O gajo que estava comigo percebeu e pôs-se no meio e despachou, gentilmente, os gajos. Entendam, eu não estava em modo ataque mas a minha paciência estava a esgotar porque estava a ter dificuldades em ouvir o Tiro ao Álvaro.

Despachada a coisa, disse-me Tás a ver? Não me parece que olhem para ti e pensem em "fraquinho". São 3, não me tinham visto e não lhes pareceu boa ideia arranjarem problemas.

Provavelmente ele tem razão mas o que os outros pensam interessa aos outros.

Horas depois (e muitas outras coisas depois) estávamos na rua porque o tempo era óptimo e as coisas estavam demasiado cheias.
Apareceu um velho desgraçado com claros problemas mentais e oftalmológicos perto de nós. Apareceu, entretanto, também um idiota bêbado com a sua camisinha da moda e dar-lhe trela.
O velho queria um cigarro; o gajo atirou-lhe um cigarro que caiu ao chão e o velho, porque não via corno, continuou à espera do cigarro.

Isto passava-se meio metro à nossa frente.
O idiota ponderou e fez menção de obrigar o velho a pegar no cigarro do chão. Nesta altura, o que terá acontecido (eu não estava na cabeça daquele camelo) é que percebeu que os gajos que estavam atrás dele a falar tinham-se calado. A nossa conversa terminou sem termos combinado porque aquela merda estava a dar-nos nos nervos, o que ambos sabíamos mas não dissemos. 
Então, o gajo tirou outro cigarro do maço, deu-o ao velho e acendeu-lhe o cigarro, Pegou, ele, no cigarro do chão e foi-se embora.

Quando a cena acabou, disse ao meu amigo pá...esta merda tava com todo o ar de que ia acabar mal. Se o gajo tinha obrigado o velhote a pegar no cigarro a vida ia-lhe ficar muito difícil...
Ele, naturalmente, estava a pensar no mesmo e também achou que  o idiota tinha sentido o tempo mudar.

Porque não se falou em vez de se ficar calado a ver?
Porque apesar de estarmos os 2 numa fase muito mais calma da vida e muito mais tolerantes, como todas as pessoas somos só uma fina camada de verniz que conseguimos aplicar. Demora-se anos a evoluir mas apenas 1 segundo a voltar a ser selvagem.

Se 1 de nós tinha falado - o que já aconteceu em outras alturas e em outras situações - o outro tinha entrado, também, em modo neanderal e o idiota tinha apanhado na tromba.
Ficámos calados.
A coisa resolveu-se.
O Idiota manteve os dentes.
O Velho teve o seu cigarro.
Nós não voltámos no tempo.

...E A SOLIDÃO PARECE SEMPRE A SOLUÇÃO...

Como todo os anos, por volta destas altura as pessoas do passado dão uma passada. Algumas por quererem que não nos esqueçamos delas, outras porque é uma desculpa para estabelecer contacto, outras porque é um hábito...enfim, os motivos são contáveis mas não me apetece elaborar sobre o assunto porque o que cá me traz é outra coisa.

Podia falar da que andou a preparar terreno durante uma semana para que permitisse que viesse onde está para me ver, o que não fiz;
Podia falar da que depois de me dar os parabéns voltou ao não entendo por que me fizeste isto, ao que não obteve resposta diferente da que já ouve há mais de 5 anos;
Podia falar da que precisava de me dar notícias e ter notícias minhas, como acontece há muito mais tempo do que devia...e vou.

Esta conhece-me muito bem e porque me conhece muito bem percebe pelo tom e tipo de assunto que puxa se terá resposta ou não.
Como foi mãe, sabia que era uma coisa na qual tinha interesse e, presumo, não sabia que eu sabia; Então, mais um ano! Parabéns da L e do JM! Respondi que não sabia que já tinha sido mãe, porque quem mo poderia dizer, casualmente, já não é meu vizinho de trabalho, e desejei felicidades para ambos.
(Porque me levou isto a dizer que me conhece? Porque ela sabe que não deixo de me preocupar com as pessoas de quem gostei e sou especialmente fraco para crianças. Então, encaixou o nome do miúdo para que reposta não fosse o habitual Grato.)

Aproveitou, então, para me perguntar para onde me tinha mudado; para dizer que a X lhe tinha dito que tinha perdido muito peso e se isso era verdade; para me dizer que, como é habitual (ipsis verbis) tinha fingido que não a tinha visto num determinado sítio.

Parece tudo mais ou menos normal, certo? 
Bem... não. Novamente, como me conhece bem, primeiro entrou com as minhas fraquezas e depois aproveitou para me perguntar o que não poderia perguntar ou, sequer, dizer porque não daria abertura a tal.
De qualquer maneira, poderão pensar: Então, K, é natural que gente para quem tenhas sido importante queira saber de ti! o que estaria certo caso o K em questão não fosse eu.

No meio (mais no fim) da sequência de sms que resumi, em cada um deles e em crescendo, tivemos gosto tanto quando me respondes, ps. quando fingiste que não me viste estavas acompanhado, beijo cheio de saudades, há momentos e pessoas que fazem parte, para sempre, do nosso Eu, e, se não me engano, só nós sabemos o que fomos um para o outro...mais ninguém...

Fui respondendo a tudo, com parcimónia.
Não fui só eu que fingi não ver, foi recíproco e não me pareceu que devesse dizer nada;
Não é por mal. É que é esquisito, no nosso caso, dizer "olá" porque fomos demasiado íntimos para conversa de circunstância e acho que isso te facilita a vida (como é evidente pelo teor das mensagens, eu estava certo e sabia).
Quando recebi a de só nós sabemos o que fomos um para o outro e que terminou com ela a assinar com o termo pelo qual eu a tratava, que não o nome, parei... estava a ir para onde eu sempre previ que fosse e não queria.

Fosse eu outro tipo de pessoa, uma pessoa mais feliz, suponho, e o que teria retirado daqui é que o tempo passa mas eu não. Sou uma tatuagem invisível que nenhum laser consegue ou conseguiu remover. Sou inesquecível para as pessoas que me foram realmente próximas e me conheceram.
Fosse eu outro tipo de pessoa, uma pessoa mais permeável, suponho, e o que teria retirado é que sou melhor do que aquilo que julgo, os meus defeitos não são tão terríveis como os vejo e, por isso, talvez seja capaz de fazer alguém feliz e independentemente de onde se encontrarem algumas pessoas posso sempre contar com elas.

Infelizmente, não sou este tipo de pessoas...

O que aconteceu, na realidade, é que senti validado o meu cinismo; comprovou-se, uma outra vez, que muitos desconhecem onde estão porque julgam estar noutro lugar; atestou-se que, como a política, a vida da maioria de nós é a arte do possível.

Já fui mais crítico em relação às pessoas que vivem dentro daquilo que lhes é mais cómodo ou que se contentam porque ou acham que não merecem mais ou que não podem ter mais. 
Hoje compreendo-as mas não consigo ponderar da mesma forma no que à minha vida diz respeito.

Se Dante criou os 9 círculos de inferno, o 10º, para mim, será estar numa situação em que a pessoa com quem estou (nem preciso de estar casado ou ter filhos em comum) sabe que eu não sou A pessoa mas Uma pessoa; possivelmente a melhor escolha mas não A escolha.
Não admito, desde que saiba e esforço-me muito por saber, ser o prémio de consolação de ninguém.

Ah, K, mas não podes ver como prémio de consolação. A pessoa escolheu-te a ti. Foi a ti quem quis, independentemente de tudo!

Não. Não independentemente de tudo. Ficou dependente dessa pessoa ter achado que a outra, A pessoa, não iria resultar por um qualquer motivo mas não pelo motivo que devia ser: Gostar mais de outra pessoa.

Ela sabe que Ele não é quem deveria ser mas quem pode ser.
Ele - não o conheço, por isso extrapolarei - pode sentir o mesmo em relação a Ela mas não sabe que Ela senti isto.
Eles poderão ser muito felizes mas nunca tão felizes como poderiam ser e, eventualmente, isto ser-lhes-à suficiente.

Cinismo ou Realismo?
A teoria aponta para Cinismo porque a honestidade só chega ao ponto em que não causa desconforto excessivo.
A prática aponta para Realismo porque independentemente do quão honesto consigamos ser com os outros, a realidade tende a ser menos complacente.