Monday, April 29, 2013

Apesar de à primeira vista não parecer, não sou um gajo intempestivo. À medida que o tempo passa vou-me tornando cada vez menos mas nunca fui tanto quanto parecia.
Havia uma ideia, que não cultivei mas que também não desmenti (a menos que mo perguntassem directamente), de que o Inferno estava ao virar da esquina, a irritação iria dar lugar a raiva em muito pouco tempo.
Porque aconteceu isto?
Porque, de facto, passo da irritação à raiva com uma velocidade enorma mas demoro a chegar à irritação e isto, pura e simplesmente, não se vê porque não há, em mim, exteriorização.
Parece, também, que tomo decisões radicais à velocidade da luz, o que também é errado. Apenas o faço quando não tenho, de facto, tempo. Em todos os outros casos eu até demoro algum tempo a decidir, só não demoro nada a executar. Mais uma vez, a parte invisível de ponderação não aparece por isso pensa-se que decidi tudo entre o dizer e o fazer, o que não é, de todo, verdade.

Sou, ainda, bom a aguentar as consequências sem me queixar. A fraqueza de ser incapaz de exteriorizar, em palavras ou actos, sentimentos que não me agradam - sem terem, necessariamente, de ser maus - também evita que passe por coitadinho ainda que, como todos nós, às vezes o seja.

Apesar de este parecer um exercício masturbatório não o é. Estas evidências de bons traços de carácter, se é que o são, têm na sua sombra a incapacidade de lidar, por exemplo, com o fracasso. Aprendi, mais ou menos, a aguentar o erro mas não o fracasso.

Gente estóica tem disto...
É como a mobília que parece impecável mas se desfaz mal abrimos uma gaveta porque está infestada de térmitas.

Saturday, April 27, 2013

Away We Go

Um dia destes apanhei este filme pela frente. Tarde e a más horas, como é habitual na TV nacional que prefere apresentar filmes de merda a que apelida filmes para a família aos sábados ou domingos à tarde.
Este, se bem me lembro, começou pelas 2 da manhã de um dia de semana.

Em suma (muito suma) é sobre um casal em que a mulher está grávida e eles estão meio perdidos, tanto pela pressão de virem a ter um primeiro filho como pelo facto, demasiado conhecido, de não estarmos em dado momento da nossa vida no lugar onde havíamos imaginado.
É um filme sobre vida e nada é mais interessante que isso. Nem monstros nem mundos pós-apocalípticos que têm a desvantagem de nunca acontecerem (como 2001 - Odisseia no Espaço, por exemplo. 2001 chegou e vazou e nada. Podia dizer o mesmo do Mad Max mas não me recordo em que ano a narrativa - pumba, narrativa! - terá ocorrido). A vida, pelo contrário, está sempre a acontecer.

Mais engraçado ainda é o facto de a vida se repetir em todos nós. Não necessariamente da mesma maneira, não necessariamente com a mesma cronologia e não necessariamente com o mesmo impacto porque este é subjectivo. Mas acontece a todos!
Todos conhecemos ciúmes, todos conhecemos amargura, todos conhecemos tristeza, todos conhecemos desapontamento... por muito especiais que sejamos ou que julguemos ser, são pontos comuns, objectivamente, que depois são valorados de forma diferente, subjectivamente.

Ainda dentro desta temática, passei ontem por um programa que comemorava o fim da novale Guerra dos Sexos (o remake da anterior de há 30 anos atrás) no Brasil. A novela foi escrita, a original e a recente cópia, pelo mesmo autor e, a dado momento, ele disse que lhe perguntaram se fazia sentido, hoje em dia, uma novela sobre a guerra entre sexos ao que ele respondeu que obviamente que sim, ela não desapareceu só se maquilhou.

Ele pensa mais ou menos o mesmo que eu e muitos outros, seguramente.
No caso da guerra entre os sexos, por exemplo, ela não acabou e não acabará. Pode mudar, e mudou, pode ter outros temas em virtude do avançar dos tempos, e tem, pode, até, parecer que já não existe, mas existe.

A vida é muito mais interessante que a ficção, mesmo quando ficcionada.

Friday, April 26, 2013

...e a saga continua...

Os dias passam mas continua a não haver o mínimo de algo diferente de extremos que não se tocam. E o pior nem sequer é, exactamente, isso; o pior é que nem sequer são tão extremos quanto isso mas temem que nós, o povo, tenhamos dificuldade a distinguir nuances.
Por exemplo:
eu tenho muito dificuldade em distinguir um cavalo do outro. Assim, uma diferença subtil, mesmo que fundamental, não é suficiente para que os possa identificar.
Parece-me que é mais ou menos isto que se passa. Os gajos que discursam têm medo de que se não disserem algo completamente diferente não os consigamos distinguir.

Sou um espectador assíduo do Medina Carreira (especialmente quando, como nas últimas duas semanas, aparecem pessoas de quem nunca ouvi falar e que têm coisas diferentes a dizer sobre os assuntos de que ouvimos falar todos os dias) mas não concordo sempre com ele. Ou melhor, não concordo sempre com a abordagem que ele apresenta.

Porque continuo a ver?

Eu acho que o Medina Carreira é um gajo com bom senso mas é forçado, pelas circunstâncias, a apresentar-se como alguém que apenas vê cifrões.
Ou seja:
num país em que tudo são achismos e enormes palavras sem nada (quando alguém vem dizer que quer baixar o desemprego ninguém vai discordar mas se não apresenta qualquer solução eu podia fazer o mesmo que ele, eu e qualquer outro) o Medina vê-se forçado, por causa desse bom-senso, a ser cru e despojado de ideologia ou distopia. Roubaram-lhe a possibilidade de teorizar porque não lhe permitem, nem ele quer, imagino, ser mais um.

E assim, o extremo volta a roubar o bom-senso: para contrabalançar um extremo nasce outro e por aí adiante.

Wednesday, April 24, 2013

Quando, há anos atrás, decidi começar a viajar sozinho o pessoal ficou estupefacto. Afinal, sozinho não é sem ninguém? O que se faz sozinho?
Bom, não é sequer um caso de mais vale só do que mal acompanhado, era e é apenas uma caso de mais vale só.
As primeiras vezes que fui daqui pra fora foram, primeiro, com os meus pais e, depois, com amigos e sempre foi divertido; mais divertido com os meus amigos que com os meus pais, claro, mas sempre divertido.

Como eu não sou de decidir contra coisas que funcionam, no caso ir de férias com boa companhia, o acaso deu-se quando eu queria ir e não tinha quem fosse comigo. Não foi uma decisão filosófica foram apenas as circunstâncias acrescidas da minha personalidade: quero ir agora! Não há quem queira ou possa ir também? Vou sozinho!
Este acaso passou, então, a ser uma escolha. Percebi, em muito poucos dias, que via muito mais coisas que me interessavam, que tinha, por necessidade social, de falar e conhecer gente do lugar onde estava e que não precisava de relógios para nada.

Não transplantava comigo um, neste caso, Portugal que me limitava alhures; estava onde estava e em mais lugar nenhum, sem memórias ou histórias curiosas, sem hábitos circulantes que não se adaptavam.

Não foram nem são tudo rosas.
Às vezes sentia-me só porque não tinha com quem partilhar o que se passava nem pessoas que entendiam um sentido de humor que só se entende quando há um convívio alargado.
Mas também esta pequena infelicidade serve de sal. Este sentimento de perda de Norte é importante porque a viagem imita a vida e não deve ser um parêntises...motivo pelo qual apenas uma vez, por escolha própria, fiquei num resort e jurei que nunca mais o faria...

Depois de ter sido pioneiro, entre as pessoas que conhecia, claro, nesta ida em regime singular há mais um ou outro que me seguiram as pisadas e não se arrependeram mas a maioria, sem que aqui faça qualquer juízo de valor, nunca entenderam este apelo e nunca o entenderão.

Eu gosto de andar sozinho...

Monday, April 22, 2013

Empreendedorismo

Esta palvra causa-me urticária.
Não é só esta mas esta mania moderna do spinning deixa-me um pouco nervoso. Há uns anos havia patrões e empresários, hoje temos criadores de emprego e empreendedores.
Enoja-me.

A parvoíce não acaba aqui.
Um dos últimos actos do Miguel Relvas foi o de empossar (vamos chamar-lhe assim) um tipo que, acabo de descobrir só por causa deste post, pelos vistos se chama Miguel Gonçalves.
Um Idealista Revolucionário de Braga (nas palavras do próprio, o que é sempre giro) que dá conferências numa onda auto-ajuda e que entende que o pessoal deveria ir, por exemplo, vender pipocas para os cinemas por 100,00€ (interessa que só para executar um trabalho deste tipo se gaste mais do que o que se ganha porque é preciso comer e deslocar e tal? interessa que as salas de cinema estão a fechar em catadupa? Vamos assumir como uma metáfora manhosa e seguir em frente) e que muitas das pessoas não trabalham porque não querem ou porque não sabem (mais uma revelação: há pessoal que não gosta de trabalhar) e que padece de uma ligeira semelhança com a Liza Minelli.

Até aqui parece que tenho alguma coisa contra ele. Não tenho.
Se ele quer dar conferências é porque alguém as quer ouvir; se ele gosta da Liza é lá com ele; se ele quer dizer insanidades não tenho, por princípio, nada contra.
É verdade que não gosto de gurus de auto-ajuda (o Cláudio Ramos agora também o é) porque são vendedores de banha da cobra.
FALAM FALAM FALAM FALAM mas eu não os vejo a fazer nada.

O meu problema é que um Governo decida ter por embaixador um papagaio que nada tem a dizer a ninguém! Quer dizer, nada de relevante.
Um Governo, como qualquer instituição ou empresa séria, deveria mover-se com o mínimo de dignidade de ciência, um mínimo!

Reparem:
ver-se-ia com bons olhos que para tratar da moral nacional se elegesse embaixador um tipo da IURD?

Saturday, April 20, 2013

Isto está tão podre que...

Um otário, vendo o terreno fugir-lhe, manda uma carta ao outro para tentar acender uma chama que nunca existiu;
O outro otário lê a carta, vai ter com ele só para depois dizer que não sentem nada um pelo outro e que nada mudou;
Aparece, ainda, um outro otário, da turma do primeiro, dizendo que não ficou contente com os amigos novos que foram aparecendo, nem ele nem a turma toda.

Otários são eles ou julgam otários todos os outros.

Os malucos fugiram todos os manicómio...

Friday, April 19, 2013

Pannonica Rotschild

Há meses que apanhava, de forma incompleta, o documentário The Baroness of Jazz dedicado à memória de Nica Rotschild. Ontem apanhei-o todo.

Além de tudo que me atrai no documentário, em especial o Be-Bop e o Monk e o Bird, chamou-me à atenção, logo no início, a informação, por parte de Hanna Rotschild, que os filhos da Nica não tinham querido colaborar com o documentário.
O que poderia levar filhos a não apoiar um documentário sobre uma mulher com uma tão grande influência, como mecenas, sobre o Jazz e, mormente, sobre uma figura icónica e irrepetível como o Monk?
Uma mulher que, tanto quanto o documentário nos revela, ia apanhar um avião para o México e apanhou, em vez disso, um outro para os Estados Unidos, Nova Iorque, porque ouviu, no próprio aeroporto, o Round Midnight?

Ora bem, no meu muito limitado entender exactamente por isso.
A história da Nica é, para mim, absolutamente brilhante!
É de ficar eternamente grato alguém ter alimentado altruisticamente talentos como o Monk e o Dizzy, por exemplo. É de ficar eternamente grato a quem andava, de Bentley, o que é delicioso, a fazer rondas em NY a entregar comida a músicos esfomeados e a pagar-lhes a renda ou a visitá-los no hospital quando ninguém o fazia.

No entanto, tão verdade como o que acabo de escrever é que não acharia o mesmo se fosse minha mãe.
Não acharia graça que tivesse preferido o Be-Bop em vez de mim ou dos meus irmão;
Não acharia graça que andasse a distribuir apoios a outros que não as crianças que tinha gerado;
Não acharia graça que, apesar de se dizer que tal nunca havi acontecido, a minha mãe andasse metida com um heroinómano bipolar e casado.

Eu entendo os filhos dela, não sei se algum dia seria capaz de colocar o bem do mundo acima do meu e, talvez ainda mais importante, do dos meus irmãos.

Wednesday, April 17, 2013

Porquê a Arte?

Ultimamente tenho cozinhado mais. Uns 4 ou 5 dias por semana, talvez mais próximo dos 5 que dos 4.
Juntamente com esta actividade mais acentuada, tenho, também, ouvido mais música porque o tenho feito exactamente enquanto cozinho.

Ontem, depois de dar uma reviravolta nos CDs à procura de alguma coisa para ouvir deparei-me com o OK Computer dos Radiohead, um CD que não ouvia há bastante tempo porque, desde há uns tempos para cá, tenho andado mais virado para o Jazz e a Bossa e o Choro e o Charlie Parker e o Monk e o Getz... enfim, a idade vai-me apanhando e vou dando mais valor à harmonia e a execução do que à força bruta que me acompanhava na época do grunge e afins.

O CD começou a rolar e, para ser sincero, já não me lembrava do alinhamento do disco. Conheço o reportório completo dos Radiohead mas não necessariamente onde andam todas as músicas e como se agrupam.
Então, a dado momento, no momento certo, naturalmente, começou a dar a Lucky, umas das minhas músicas favoritas. Naquele momento deixei de ser capaz de cortar cebolas ou marinar carne; deixei de conseguir ver medidas e alourar cenas; naquele momento não conseguia raciocinar para além da melancolia arquitectónica de uma extraordinária beleza e de uma voz que nos leva para longe onde as cores se esbatem e tudo é sentimento, tudo é um aflorar de sentidos. Para uns será dor e para outros será prazer.
Depois da música acabar lembrei-me, por exemplo, que não consigo ouvir música enquanto estou a malhar uma menina porque ouvir música, para mim, implica exactamente ouvir e muito pouco mais; não sou capaz de desenvolver decentemente duas actividades que ocupam tanto...

Então porquê a Arte?
Nestes dias em que vivemos, todos nós, imersos em economia e euros e taxas de juros e marginais e impostos directos e indirectos, sentimo-nos incapazes ou a padecer de uma fobia que não conseguimos identificar.
Mas é isso que são, Estes Dias. É muito provável e desejável que, a dado momento, os dias sejam outros mas com a Arte, seja ele qual for desde que nos agrade, os dias não são outros, são sempre os mesmo.

O dinheiro e as coisas palpáveis definham, a Arte não!

Monday, April 15, 2013

Anarquia

A primeira vez que me lembro de ter tido contacto com o termos "Anarquia" foi na época da faculdade quando conheci uma gajo que era anarco-sindicalista e achei-o uma besta, o que se veio a confirmar na altura como depois, quando ele passou de anarco-sindicalista para a Direita.
Esta é a primeira de que me lembro mas não o foi seguramente. Já na altura tinha conhecimento do termo e até do símbolo usado pelos seus defensores, aquele A com um círculo em volta.

A maneira como terei sido apresentado ao Anarquismo não deve ter sido positivo porque, como a maioria das pessoas, liguei-o ao descontrole e caos. Na verdade, mesmo quem defende o anarquismo, mormente entre o pessoal mais novo, tem a mesma ideia  e é essa mesma ideia revolucionária e radical que se torna atractiva.
Não gosto do caos, embora viva bem na sua envolvência, por isso nunca aderi a este género de posições políticas.

Mais recentemente a minha visão da Anarquia mudou, muito por culpa do Chomsky, esse anarca.
Naquilo que apreendi da Anarquia do Chomsky a coisa tem muito mais que ver com o questionar da autoridade e não meramente o seu desrespeito; uma coisa do tipo por que hei-de seguir as regras e indicações e não não seguirei as regras e indicações.
Desta Anarquia eu gosto e tem a vantagem de nos mostrar, se com ela perdermos algum tempo, que tudo é construído em papel. Quero com isto dizer que as coisas são o que são e valem o que valem porque acreditamos nelas de uma determinada maneira.
Em suma, o dinheiro é um papel ao qual atribuimos um valor que não tem, o Estado é apenas Estado porque acreditamos nele como tal e se deixarmos de o fazer ele deixa de o ser e as leis regem-nos porque aceitamos que o façam e quando esvaziadas de crença perdem todo o seu conteúdo.

Este caminho é doloroso mas muitíssimo interessante.
Tem uma imensa vantagem que consiste em ver o policromático apesar de nos apresentarem essa miríade de cores como monocromatismo.

Não estou pronto para entender o Anarquismo como exequível em termos organizacionais (que é possível, o Anarquismo não é desordem, é apenas uma profunda alteração à ordem actualmente instituída) mas como exercício teórico é uma indubitável mais valia.

Bourdains

Começou o Parts Unknown na CNN, ontem (ou devo dizer hoje porque foi depois da meia-noite?).
Gosto muito dos programas do Bourdain e gosto também do próprio Bourdain, o que é dizer mais ou menos a mesma coisa.
Tem partes irritantes? Tem. Mas estranho seria que não tivesse, os defeitos têm o condão de, contrariamente ao que aparentemente se acredita, tornar o que quer que seja um pouco mais real e, por isso, mais credível.

Isto de ter um programa de televisão e de ser um tipo como o Bourdain parece, manifestamente, que tem de papar uns chaços e, há uns dias atrás, vi um deles: a presença do Bourdain no Piers Morgan.
O Piers Morgan é das pessoas mais irritantes que se pode ter o desprazer de ver na televisão. Penso que se identifica com jornalista mas é tudo menos isso; é óptimo a insultar uns mentecaptos que aceitam aparecer no programa dele para discutir a sua agenda mas quando aparece um verdadeiramente passado baixa a bolinha.
É tudo contexto, não é? Só és mais forte quando o outro é mais fraco e quando és tu quem escolhe quem o outro é...

Bem, eu estava em casa e sentia a dor do Bourdain na presença daquele idiota que nada de novo tinha para perguntar ou dizer e um gajo que gosta de Borges ou do Coração das Trevas ou de Queens of The Stone Age está claramente deslocado num sítio liderado por um fã de Trump...

Não tenho pena do Bourdain, não me entendam mal. Este é um preço muito baixo a pagar por fazer algo que nem sequer é um emprego (como o próprio afirma) mas que chegou, quase, a ser doloroso...isso chegou.

Saturday, April 13, 2013

Coreia do Norte

Algumas histórias arrepiantes que fui ouvindo, lendo e vendo...
1) Os tipos têm campos de concentração. Não no sentido figurado mas na real acepção do conceiro.
Vi uma reportagem de um gajo que de lá fugiu e...bem. Este tipo nasceu lá e passou cerca de 20 anos com fome.
Quando perguntado sobre o motivo de não ter fugido ou tentado fugir mais cedo respondeu que não percebia a utilidade de o fazer porque achava que o mundo era assim, que em todo o lado viveria da mesma maneira.
Foi quando conheceu um tipo que tinha sido encarcerado que descobriu que lá fora era diferente e qual foi a primeira coisa que lhe perguntou? O que comia. Foi nesta altura que conheceu o conceito de frango (conceito...apenas o conceito) que decidiu mandar-se.
Pelo meio ainda condenou a mãe e o irmão à morte, ainda no campo, mas não me vou alongar neste terror.

2) Há uma mulher que figiu há cerca de 10 anos da Coreia do Norte por todos os motivos que consigamos imaginar.
Ora, quando confrontada, na televisão, com imagens dos líderes (passados e presente) bloqueou e reconheceu que ainda sentia amor por eles e que os pensava divindades.
Esta mulher sabia de tudo e fugiu ao horror mas as cranças ainda a matraqueiam.

3) Pelos vistos, facto revelado por um jornalista ocidental, as casas na Coreia do Norte têm um altifante incorporado, sem on/off, que os acorda, pela manhã, e os aconhecha, à noite, com mensagens de glória.
Parece mentira? Pelos vistos, não é.

4) Há uns anos, pelo que ouvi, a mulher do anterior presidente achou ou descobriu que ele andava a dar umas facadas no matrimónio e, acto contínuo segundo a doutrina que recebeu, escreveu ao Partido a dar conta disso mesmo.
O Facador reuniu o Partido e chamou a mulher que andaria a malhar e respectivo marido, acusando a mulher de espalhar boatos sobre ele.
Porque a mulher espalhou boatos (o que, ao que consta não tinha sido o caso, havia, de facto, sido malhada pelo líder) instou o marido a dar-lhe um tiro na tola ali mesmo. O marido deu.

É arrepiante, eu sei.
Para nós ocidentais é, até, inacreditável.

Isto revela, contudo, a fraqueza de mentes constrangidas. Tudo o que relatei, bem como o caso do marido que abateu a mulher, aconteceu e ainda acontecerá com o beneplácido do povo. Ou seja: a lavagem celebral não os leva a obedecer mas antes a acreditar.
A mulher de que falei e que escapou do Coreia do Norte ainda ama os seus líderes ainda que não concorde com nada do que fazem.

Será que muitos do orientais também nos vêem como aves raras?
E será que têm razão?

Thursday, April 11, 2013

Eixo do Mal

Sou espectador assíduo do Eixo do Mal e, sem que me queira tornar um crítico televisivo (ainda que tenha todas as qualificações e experiência necessárias), incomoda-me a voz esganiçada de um, a raiva revolucionária de outro, a displicência de um terceiro e a soberba de um quarto.
Juntanto isto e contando o deve e o haver, acho o programa bastante melhor que os seus concorrentes e, por isso, assisto.

Há, talvez, duas semanas, contudo, ouvi a Clarinha dizer, na esteira do Jon Stewart (na esteira ou plágio, como preferirem), que apesar de não apreciar a Fox News admirava como esta passava a mensagem, por contraponto com os inoperantes da CNN (como disse, qualquer pessoa que veja o Daily Show já ouviu isto milhares de milhões de vezes. Aliás, sem querer ser demasiado mauzinho, metade dos comentários da Clarinha podem ser encontrados, em primeira mão, no Daily Show e no GPS do Fareed).

Há uma diferença enorme entre a Clarinha e o Jon Stewart, uma diferença profissional porque das outras há muitíssimas, e que reside no facto de um ser um comediante e outra uma jornalista (acho que é jornalista) e enquanto tanto o Jon como a Fox News se dedicam a transmitir uma mensagem nenhum dos dois pratica jornalismo.
Assim, quando uma suposta jornalista admira a qualidade de transmitir uma mensagem de uma suposta rede noticiosa perde-se do facto de que o que uma cadeia noticiosa deve fazer é transmitir uma notícia e não uma mensagem.

Se o tema de discussão é que a CNN deveria fazer pelos Democratas o que a Fox faz pelos Republicanos a hostória seria outra, como outra seria a minha opinião.
Agora, jornalismo não é suposto ser propaganda e não é suposto uma jornalista admirar como competentes quem cria uma narrativa (palavra da moda) em vez de contar o que acontece, sem mais nem menos.

Tuesday, April 09, 2013

O Ninguém é de Ninguém

Tenho algum receio de me estar a transfomar num Velho do Restelo.
Entrei nas redes sociais quando estas ainda eram muito embrionárias e enchi-me delas. Hoje, nem Twitter nem Facebook nem nada de semelhante. Enchi-me.
Há uns tempos atrás não me fazia nenhuma confusão malhar mulheres casadas ou comprometidas, algum tempo depois disso começou a chatear-me malhar mulheres casadas ou comprometidas caso houvesse filhos na jogada e, hoje em dia, começa a incomodar-me malhar mulheres casadas ou comprometidas tout cours.
Ainda as malho, não se confundam, mas incomoda-me um bocadinho.

Esta coisa que serve de título ao post, o Ninguém é de Ninguém, pode ser muito moderno ou, olhando para a antiguidade, um regresso do que já acontecia.
Num quadro mais alargado e abrangente, é um desvio ao meu romantismo crónico. Não aquele romantismo de mandar flores, mal de que não padeço, mas o romantismo real de que haverá uma coisa chamada Amor e que será perene quando encontrado.

Este fim-de-semana fui sair, o que já não acontecia há algum tempo. Foi até ao sol já ir alto e foi muito divertido.
Nesta saída, dei por mim, certa altura, a ser apalpado e, quando senti a mão a passar em mim, reparei que era uma mulher, uma mulher que me agradou muito (ainda que admita que talvez a cevada fermentada que andei a devorar possa ter ajudado...não sei). Ora, fui apalpado enquanto estava na pista com uma amiga e, para todos os efeitos (e era mesmo verdade) estava no preâmbulo do que viria a acontecer.
Isso incomodou a apalpadora? Não!
A Apalpadora, entretanto, também estava acompanhada e isso não a impediu de apalpar.
Se isso me fez diferença? Nenhuma. As pessoas que se cruzam comigo normalmente são bem mais pequenas que eu, daí o risco ser apanhar ser sempre diminuto, ainda que existente.

Ora, a Apalpadora, quando a confrontei relativamente ao apalpanço, disse-me qualquer coisa como "Não, foi mesmo de propósito. Estamos a perder tempo com estes dois (o amigo dele e a minha amiga) quando podíamos estar a ganhar tempo os dois!!
Não concordei nem deixei de concordar mas fiquei com o número para depois lhe ligar.

Não precisei de esperar muito tempo...
Fui tomar o pequeno almoço e lá estava a Apalpadora e o amigo.
Quando a Apalpadora me viu a ir para a casa de banho seguiu-me e tentou provar-me (sem conseguir, diga-se) que tínhamos, de facto, tempo a ganhar juntos.

Pá...
Sinto-me mal neta época de libertinagem...mas não sou eu quem vai mudar o mundo neste aspecto e, quanto a isso, tenho de me esforçar muito para continuar a acreditar em decência.

Saturday, April 06, 2013

Seguro? Será?

Começa a chatear-me escrever tanto de política mas como é o tempo em que vivemos e consome-nos todos os minutos do dia...enfim...vou sacrificar a imprevisibilidade em favor do inevitável.

Cavalgando a decisão do Tribunal Constitucional (e o medo de parecer manso com o regresso de Sócrates e com medo de ser novamente atacado por outro que não o Costa e com medo que lhe retirem o tapete porque isto de ser oposição já deu o que tinha a dar e porque os Galambas e Isabel Moreiras desta vida - um wannabe Sócrates e outra que tatuou uma data de uma decisão relacionada com os direitos dos homossexuais no braço - querem sague e...e...e...e), Seguro, numa cadência crescente que começou uma semana antes da chegada do Emigrante (pasme-se) disse que era altura do PS voltar ao Governo ou que o actual Governo tem que cair ou que está na hora de voltar a dar a palavra ao povo o que, naturalmente, significa uma e a mesma coisa.

Havia muito a dizer sobre isto mas falta-me a paciência. Direi apenas os que me faz mais espécie:
1) O papel que o Seguro está a fazer agora é o mesmo que o Coelho fez, exactamente o mesmo. Acredito que nem Seguro agora nem Coelho antes queriam assaltar o poder no momento em que o fizeram. Foram forçados pela máquina num estilo de programa de entretenimento: Agora ou Nunca!
2) É assustador que o Seguro venha dizer-nos que está na altura de mudar mas informe a Troika que, na verdade, nada vai mudar. Era mais honesto dizer que precisa de garantir uns empregos (entre os quais o seu) mas de honestidade não vive este mundo.
3) Foi vergonhoso (V-E-R-G-O-N-H-O-S-O para que fique claro) o tom assolapado do Seguro, ontem. A coisa levou-o à rouquidão porque deve ter entendido que não tem outra maneira de se fazer ouvir ou que - mais uma vez Sócrates - veio elevar o tom da conversa, até em termos de volume puro, e ele não lhe pode ficar atrás.

Como diria um Carioca (já estamos a escrever como os brasileiros e somos mais colonizados do que colonizadores): Tâmu fudjidu!

Friday, April 05, 2013

Compreender é diferente de Perdoar

A polarização tem este efeito secundário, um de muitos, desagradável. No momento em que tentamos o contexto e a compreensão do porquê somos, muito frequentemente, acusados de apoiar/gostar/perdoar aquilo que tentamos entender.
Esta forma de entender o mundo como monocromático é eira de gente ou ignorante ou maldosa. Ignorante porque não quer saber ou Maldosa porque, apesar de saber ou ter interesse nisso, entende a diversidade como um ataque ao que possui ou pretende possuir, as mais das vezes influência que se pode transformar em dinheiro.

Eu, por exemplo, tenho limitações que conheço, coisas erradas que continuo a fazer apesar de serem erradas. Não consigo evitar e pior que não conseguir evitar é o facto de saber, à partida, que a estrada não é aquela.
O facto de me compreender não é, manifestamente, suficiente e, neste caso em concreto, talvez fosse bem mais proveitoso que não soubesse ou que não quisesse saber, mas isso é impossível. Seria mais proveitoso porque evitava reconhecer o ciclo e, com isso, na minha ignorância, teria menos uma palete de cores com que me preocupar.

É engraçado... com o passar do tempo e com a experiência que vou adquirindo vou acrescentando motivos que explicam alcoolismos e outro tipo de vícios análogos.
Um deles, que descobri há mais tempo, é o excesso de coisas para fazer; a noção que o tempo não chega e que somos esmagados por ele parece-me, apenas teoricamente, suficiente para que o pessoal que necessita, por exemplo, de operar horas e horas seguidas ou acompanhar mercados intercontinentais precise de um impulso químico.
Outro, mais recente, é o reconhecimento de falhas e características muito prejudiciais que, apesar de conhecidas são impossíveis, por incapacidade do próprio, de ultrapassar; e este sentimento de impotência pode levar a que se pretenda atenuar uma consciência demasiado activa para o próprio bem.

Felizmente, nesta busca por compreender ou ultrapassar há uma lição que aprendi há muito: não tenho capacidade para controlar um determinado número de coisas, não consigo fazer um bocado de coisa alguma.
É um bocado como trair a pessoa amada. Não me chega gostar ou ter respeito pela pessoa para manter o Golias nas calças. Neste caso, não há que enfrentar o medo, há que fugir dele.

Miguel Relvas

Finalmente!
Felizmente não se confirmou que o Relvas era como o Hulk que quanto mais zangado mais poderoso. Chegou ao fim uma das grandes vergonhas a que estávamos sujeitos diariamente mas temo pelo Governo...é que sem uma figura péssima que tornava todos os que o rodeavam príncipes o sol é capaz de começar a alumiar mais gente.

O que me incomoda, contudo, é que a saída de cena de Relvas será um motivo de regozijo por um facto desconhecido: Ele é a versão 2.0 do Zé Povinho.
O Relvas era o espelho de um anorético e como todos os que padecem de semelhante mal, os anoréticos odeiam os espelhos...

Relvas é a corporização e forma de gente de tudo que Portugal têm de serôdio. Começa com a infinita necessidade de se ter Dr. como nome próprio, substituindo o de baptismo, e continua com a incapacidade de se admitir que falem mal de nós mas mantendo a aparência de que tal é indiferente e passa por fazer pela vidinha sempre que possível desde que implique o menor esforço possível para, depois, um gajo poder ir mamar uns chops para o Copacaban Palace.
Isto somos todos, mesmo os que não são porque a virtude desaparece quando engolida pela massa amorfa que a rodeia.

Relvas tem o azar de ser como a maioria, um gajo que pretende (e, no caso dele, consegue) viver de expedientes, o chico esperto, o malandro (no sentido de Vera Cruz), o maior porque engana os outros. Há, em Portugal, um segredo mal guardado que consiste em quase admirar um tipo assim e, como todos os segredos, não é partilhado.

Voltando ao que me incomoda: O Relvas é o nosso lado lunar, aquele que desprezamos e detestamos ver ao espelho mas que, na verdade, todos seríamos se ninguém soubesse...

Wednesday, April 03, 2013

Moção de Censura PS

Estou mais farto destes otários do que se pode imaginar. Está a transformar-se de impaciência a ódio.
Não, não do PS mas de todos eles amarrados e emaranhados.
Há uns anos ouvi a seguinte piada: O que se chama a um conjunto de 100 Advogados que se afoga? Uma sorte do caralho!
Neste momento, a mesma piada não teria por objecto os Advogados.

Os idiotas do PS apresentam uma moção de censura sem que ninguém saiba exctamente para quê. Melhor. Sem que se saiba o que o País poderá ganhar com isso.
São os mesmo idiotas que andaram excitadíssimos com o Hollande. Hollande que ia mudar a Europa.
Mudou merda nenhuma. Inventou o eufemisto Austeridade de Esquerda!
São os mesmo idiotas que entendem que se formou um enorme acordo social para que o Governo tombe. Não estão errados! O erro deles radica no facto de imaginarem que são o epicentro do acordo. Não são. São o epicentro da tempestade.
Isto é tão estúpido que seria cómico: vem o emigrante (não de mala de cartão, claro, será uma cena mais Hermés) pedir o fim da austeridade e as varas verdes dos rosinhas vêm com moções de censura e tal a pedir o mesmo.
Ok.
Também quero que a austeridade termine mas ela não vai terminar nem porque sim nem com uma moção de censura vazia de uns idiotas (devo estar a usar tanto o termo idiotas como o outro usou narrativa) que se apressam a, concomitantemente com a moção, avisar a Troika que isto não é para acreditar; a moção apresenta-se, quer-se tombar o Governo mas o plano é para cumprir.
Puta que Pariu!

O que mais me deixa em ponto de bala são, ainda assim, os idiotas do Governo.
Nunca lher perdoarei ter de concordar com o BE e afins quando lhes chamam coveiros e incompetentes. São isso e muito mais!!
É porque estes idiotas não acertam um número (rectificam número em espaço de DIAS!!), é porque inventam uma cena na TSU e depois baixam as calcinhas (sim, não usam calças), é porque chamam as pessoas de cigarras e mais dúzias de barbaridades entre governentes e consultores!
Puta que Pariu!!

A finalizar, acabo de ver que um tipo de ontem apresentou uma carta ao Provedor recusando-se a pagar impostos com fundamento constitucional acabou de arranjar emprego.
Foda-se! É este o País que temos!
É preciso um gajo ir manifestar em público a situação miserável em que se encontra para que algo aconteça; é a televisão que lhe arranja emprego porque não acredito que as suas credenciais profissionais tenham aumentado de um dia para o outro, literalmente.
Não tenho nada contra este gajo, fico contente que tenha arranjado emprego.
O que me revolta é que só um mediatismo de terceira categoria metido ao sentimental faça o que quer que seja andar para a frente.
Foda-se!

Perdi-me no Anterior...

Então, o filho do meu amigo.
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A visão que a mulher do meu amigo tinha dele era a de um gajo estoico e queria isso mesmo para o filho, o que é absolutamente legítimo e, à vista desarmada, óptimo.
É, no entanto, menos óptimo para o estoico.
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Não desejo essa qualidade pára-raios a ninguém porque não é coisa que se ligue e desligue, se o fosse pensaria mais no assunto.
O reflexo, que é naquilo em que se torna, de ser tudo para todos deixa o próprio de fora porque se torna uma forma de encarar a vida errada (por não ser possível ser aquilo a que se propõe) e destrutiva (porque ao não ser possível ser aquilo a que se propõe é criado um vazio de difícil preenchimento).
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O determinismo rouba-nos o livre arbítrio porque apesar de pensarmos fazer e ser o que entendemos que devemos der, na verdade somos aquilo que não conseguimos evitar.
Estava um dia destes a ver uma série em que uma personagem diz a outra que não queria ser como tu ao que esta segunda responde que ninguém quer.
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Há uns anos atrás um amigo meu casou-se e, como no caso dele era absolutamente natural, queria ter um filho. A mulher dele esperava que o filho saísse ao pai, o que era mais que legítimo porque estava (como ainda está) apaixonada por ele e esse foi, seguramente, um dos motivos que a levou a querer casar-se.
Eu, pelo contrário, que o conheço muito bem e que vejo algumas coisas dele em mim, apesar de não sermos particularmente parecidos, esperava que o filho não saísse exactamente ao pai; não porque não apreciasse as suas qualidade, e, a caminho, as minhas, mas porque essas qualidade são óptimas para fora e menos que óptimas para dentro.
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Este é um assunto antigo com o qual me debato, ou melhor, em que penso porque não tenho muitas dúvias quanto ao mesmo.
As qualidades são aferidas como tal externamente. Quero com isto dizer que o Justo é-o porque o é para com os outros, o Honesto é-o porque o é para com os outros, o Bondoso é-o porque o é para com os outros e...bem, estão a perceber.
Não há lugar para egoísmos quando pensamos em qualidades mas, caso estas qualidades fossem apontadas para o tido como seu possuidor, o egoísmo seria, efectivamente, uma qualidade.
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Deve ser uma coisa judaico- cristã, suponho, uma coisa na esteira do herói e da glorificação de oferecer a própria vida em prol de qualquer coisa que não aproveita a quem bateu as botas.
É uma cena de controlo da turba, eu acho.
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Repare-se, por exemplo, que ao contrário do que vulgarmente se pensa a primeira classe a debandar para a barbárie é a chamada elite.
Porquê?
A resposta exacta não a sei mas suponho que as virtudes, para eles, sejam vistas do avesso e com do avesso quero, talvez, dizer, do lado certo.

Tuesday, April 02, 2013

Dias Ferreira Abandona "O Dia Seguinte"

Acabei de descibrir que o Dias Ferreira se mandou do Dia Seguinte a meio do programa.
Não percebo como aguentou tanto tempo como não percebi como o actual candidato à Câmara do Porto aguentou tanto tempo a aturar o António-Pedro Vasconcelos (quanto a este, bastará dizer que foi ele quem ifenizou o próprio nome porque o incomodava ser tratado por António ou por Pedro...).
Não tenho orgulho algum, ainda que também não sinta vergonha, de ser espectador dos programas deste género em todos os canais (O Dia Seguinte, o Prolongamento e o Trio D´Ataque) sendo certo que é exactamente o Dia Seguinte que não assisto com regularidade; na verdade nunca vi um do princípio ao fim e pelo mesmo motivo que levou o Dias Ferreira a ir-se embora: Não é suportável nem o Paulo Gargia nem o Gomes da Silva e em conjunto....
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Contrariamente ao habitual no panorama nacional, estes programas conseguem mesmo ser diferentes uns dos outros. Não nos assuntos, é bom de ver, mas nos estilos.
A saber:
 - o Trio é o mais dócil. Apesar do apresentador desconhecer o que deve um moderador fazer (é péssimo) os comentadores são respeitadores uns dos outros e dos próprios espectadores chegando, no caso do comentador do Sporting, a passar da educação para a bajulação...
- o Prolongamento é o que vejo com mais assiduidade. Tem, quanto a mim, o melhor moderador (apesar de me custar ver os seus penteados, o que chega a ser distrativo) e o painel mais equilibrado entre um que se acha o maior do mundo e arredores (Eduardo Barroso), um que se comporta como um pseudo-revolucionário sempre bem informado (Fernando Seara) e um que abandalha a cena e dá um pouco de disputa ao que por lá se passa, ainda que seja, felizmente, um pálido reflexo daquilo que em tempos foi (Manuel Serrão).
- o Dia Seguinte é uma miséria... O moderador é péssimo mas julga-se uma outra coisa (o mesmo se passando com o do Trio, diga-se), o Gomes da Silva é pura e simplesmente horrível e a imagem de tudo que se deve desprezar num faccioso cego, o Guilherme de Aguiar é duvidoso que esteja sempre consciente e, pasme-se, o único de quem se poderia dizer que eu gostava foi-se embora.
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Acho que o Dias Ferreira fez bem. Aquele programa é um atentado ao bom nome, quando ele existe, de qualquer participante...