Saturday, January 30, 2016

FÉ RESTAURADA!

E não é uma coisa boa!

Por estes dias fui avaliado. Não me importo de ser avaliado, per se, o que me chateia é perder tempo com as reuniões conjuntas de apreciação. Chegava-me mandar a cena e depois saber o que tinha resultado, tudo por escrito e com muito menor perda de tempo.
A perda de tempo que referi não se prende, apenas, com a inutilidade do confronto que não o é (se fosse pensaria diferente) mas com a inutilidade do formalismo em si. É uma coisa para dar sainete e não para cumprir o objectivo a que se destina.
Entre muitas outras coisas, o avaliado reflecte-se no avaliador que responde por ele porque a posição hierárquica a isso obriga e o segundo tem tendência a defender-se inflacionando a nota do primeiro. 
Eu sei, é a natureza humana e a isso lá iremos. O que quero dizer é que as avaliações a que fui sendo sujeito durante a minha vida premeiam a mediocridade e a incompetência e, de caminho, a fraqueza das estruturas onde nos inserimos porque se andam a arrastar animais mortos de cima a baixo e quando é preciso correr...

Bem, falaremos de mim, no sentido voltairiano da coisa.
É comum achar-se que as avaliações me chateiam porque não gosto de ser contrariado e apesar de, de facto, não gostar de ser contrariado (quem gosta?!) isso não é um problema desde que perceba. E porque não temo confronto já aconteceu pensar-se que tinha pressionado as notas que me deram, o que levou a um pedido de explicações e cenas pelo topo da pirâmide.
A verdade é esta:
desde que não sinta que a diferença de opiniões é estúpida não tenho qualquer problema. Se eu acho X e a outra pessoa Y, tudo certo. 
Então, nas coisas pretensamente importantes não houve qualquer problema ainda que tivesse havido diferenças de opinião. Entendi-as e não as discuti. Tudo certo.

Depois chegou-se a uma cena de relacionamento inter-pessoal, o ponto onde haveria menos discórdia e onde ainda que houvesse não daria azo a conflitos, certo? Não faço questão de ser social ou sociável, daí...não é? 
Pois, não é. A coisa aqueceu.
Em termos latos, o que aconteceu foi o seguinte: dei-me uma determinada nota (que nem me agradou porque era demasiado alta e isso não é sexy, neste parâmetro mas era justa) e a resposta foi que deveria ser mais baixa.
Novamente: não haveria de ser um problema porque o relacionamento inter-pessoa interessa-me pouco, certo? Errado.

Especialmente neste parâmetro, a nota tem de ser em curva, ou seja, em contexto. Não é possível avaliar este tipo de relacionamentos individualmente porque, afinal, envolvem uma comunidade.
Então, disse tudo bem, essa nota não me incomoda mas gostava de saber quantos 1 vais dar. Pois...nenhum. Começou um sem número de justificativas que envolveram a palavra empatia ao que perguntei então...empatia só com o próprio? Isso parece-me um conceito esquisito ou, no máximo, punheteiro como fazer amor consigo mesmo.
Vou poupar-vos, e a mim, a uma versão desenvolvida, pelo que:
olhando à volta, eu que sou uma besta desbocada dou-me bem com quase toda a gente mas quem não iria ter 1, não. Poderão dizer-se muitas coisas mas, neste quesito, a opinião generalizada conta ou, se preferirem é a única coisa que conta.
Foram dadas voltas e voltas e voltas mas, como é sabido, quando irritado eu não desarmo e pressionei mais e mais até que: pá, é preciso ser hipócrita muitas vezes...

Descansei. Chegou, Tinha de ser verbalizado para me servir. Foi verbalizado. O meu trabalho estava feito. Sa foda a nota.

E a Fé

Já por aqui disse que fico surpreendido quando se vê mais do que a pele das pessoas. E fico surpreendido porque não espero isso mas no caso que descrevi isso acontece com alguma frequência.
Foi esquisito para mim saber que me fazem as vontades porque percebem que não sou só apenas as palavras que digo mas também os actos que pratico. Foi esquisito mas agradável.

O que isto revelou é que apesar de ter renascido a minha esperança na humanidade e na sua inteligência, ela continua a ser muito reduzida, ainda que menos reduzida do que imaginava.
O que isto revelou é que continuo certo. As pessoas continuam a ser cobardes e limitadas nas impressões que têm. As pessoas continuam a cingir-se ao conforto do que parece.

Não tenho de rever a minha filosofia e isso agrada-me. Daria muito trabalho e teria de fazer introspecções mais agressivas do que as que já faço.

E sem sair disto:
Porque hoje em dia está na moda ninguém se assumir como vítima isso parece ter-se transformado em não haver vítimas. Não se diz então não existe.
Entendam: quando uso o termos assumir como vítima não me refiro a vítimas de facto, coisa que não se escolhe a maioria das vezes, refiro-me a vitimização.

O que acontece é mais ou menos isto: descreve-se a situação a que se chamaria vitimização e assume-se que assim se vê aquilo por que se passa mas, depois, diz-se eu não me estou a fazer de vítima como se dizer torna-se, magicamente, em verdade.
Se se descreve o cenário e nele se insere o próprio interessa pouco a ginástica lexical que se tente fazer.

Por exemplo:
A moda feminista em curso ajuda a que se diga que muito se espera delas e que isso é injusto. 
Não desconsidero que a forma superficial com que as mulheres são encaradas (bonitas, feias, arranjadas, sérias, putas...enfim) seja ridícula e irritante. É óbvio que têm razões de queixa. É óbvio que o mundo é assimétrico.
Agora, digam-me se desconsideram isto:
da mesma maneira que se espera, injustamente talvez, determinadas características e comportamentos das mulheres não se faz o mesmo aos homens?
Não é esperado que o homem cace? Não é esperado que o homem proteja? Não é esperado que o homem seja mais insensível?

Sabem o que é um gajo - para homens e mulheres - que veja um outro gajo a apalpar ou desrespeitar a sua mulher e nada faça? Um banana.
Pode ele escolher um caminho de superioridade e pensar que aquilo não justifica a confusão? Pode...e é um banana.
Pode ele justificar mas não te tirou nenhum pedaço e continuar a sua vida? Pode...e é um banana.

Isto para dizer o quê?
Queixem-se menos e façam mais.
Se não querem ser vítimas façam por isso. Não o conseguirão evitar sempre mas aí serão vítimas de facto e não se vitimizarão.
É fácil culpar os outros pelas nossas desgraças e verbalizar que não é isso que se está a fazer, já se fazendo.
É fácil achar-se que os únicos problemas são os nossos mas depois verbalizar que não é isso que se acha.

Politicamente correcto deveria ser o caralho mas não é.
E porque deveria ser mas não é encontra-se, temporariamente, pelo menos, restaurada a fé nas minhas opiniões e na minha visão do mundo.

Ah, isso não é motivo para festejar dirão e poderá muito bem assim ser mas mais do que coisas más irritam-se surpresas.

Friday, January 29, 2016

O Controlo De Egos

Por uma questão de feitio, tento ser o mais realista que consigo com os meus defeitos e as minhas virtudes e como me dói mais perder do que me dá alegria ganhar, tenho uma tendência natural para dar muito mais relevo e atenção aos meus defeitos.
Na verdade, interessa perder muito tempo com o que está bem?

Então,
dá-se com muita frequência haver opiniões díspares sobre o que sou e como sou (falo de amigos, apenas!) sendo raro achar que não sou sobre ou sub-valorizado. É raro as opiniões coincidirem com o que acho mas só me preocupa quando são demasiado distantes.
Por exemplo:
 - Parte dos meus amigos acha que estou perto do génio que não sou e que há 200.000 mil gajas que me querem comer e as que não querem é porque são burras;
 - Parte dos meus amigos acha que me acho mais espero do que devia e que julgo que há menos gajas a quererem sacar-me do que julgo.
Como resulta óbvio do que já escrevi, acho que sou espero mas não um génio; acho que há gajas que me querem comer mas não são aos milhares.

O que tem mais graça, provavelmente por haver laços de amizade a não ser feito por mal, é que os que pensam que me acho mais do que o que sou não sei se o acham realmente ou se apenas acham que o meu balão já é demasiado cheio sem que haja colaboração e, nesta parte, acho que podem muito bem estar certos...sendo certo que a minha opinião de mim é muito mais relevante do que a exterior (menos quando acho que posso estar a imaginar coisas e isso preocupa-me muito...)

Bora a exemplos práticos?

1.
A minha melhor amiga é-o há 20 anos. Por isso, mais do que conhecer-me muito bem e saber que há coisas em mim que têm de ser controladas tem uma enorme dificuldade - que é recíproca - em ver-me como um gajo.
A ela conto-lhe tudo ou tudo o que consigo contar e tenho pouco ou nenhum medo de ser ridículo.
Então,
contei-lhe a cena da recente fixação feminina pelos meus braços e a confusão que isso me fazia; apalpou-me os braços e disse que elas eram estúpidas ou que nunca tinham sentido um braço decente. Devem ser o refugo, disse-me e eu ri-me muito.

Pouco tempo depois:
Fomos jantar dar uma volta a um bar.
Quando estávamos na pista disse-me foda-se... Vou ter de sair daqui prás gajas se poderem roçar em ti à vontade?! (já tinha sido uma e agora era outra. Empurraram-na um bocado).
Respondi: Que gajas, X? Deves estar enganada. Aqui na confusão só parece que se estão a encostar...
 - Ó K, eu sou gaja. Eu sei quando se estão a fazer ao piso!!!
Não percebo, X...mas afinal há gajas que me querem comer?!
 - Vai à merda!

Umas semanas depois:
Porque detesta não ter razão e a coisa já lhe tinha corrido mal antes, tentou dobrar!
Num outro bar onde estava com amigas (amigas que eu também conhecia), disse-lhes o que lhes tinha contado da cena de ser apalpado e como isso era ridículo. Acreditam?!
Duas das amigas dela ganharam coragem e agarraram-me os braços. Não desgostaram (direi assim para não me sentir demasiado pavão).
X, isto está muito bem! Não sei quem anda a apalpar mas mau gosto não tem...

Ela ficou ainda mais fodida.
Dói a todas!

2.
É sabido que não ligo muito ao que visto. 
Quero estar limpo e não parecer ridículo mas excluindo isso... mesmo sabendo que uma determinada peça não me fica particularmente bem uso-a na mesma porque não quero saber.
Coisa diferente é eu achar que não me fica mal e ela ficar.

Essa camisola não te fica bem.
- Não concordo. Mas não temos de gostar todos do mesmo...
Fica-te muito justa.
- Sim, mais do que devia.
Ficas parecido com a C (gaja impecável mas que não percebe como as coisas que usa não a favorecem).
- Ah?! Não pode ser!!

Esta merda chateou-me e deixou-me a pensar.
Percebem? Não me interessa que me fique mal se eu souber que me fica mal. Eu achar que me fica bem e a generalidade entender que fico ridículo chateia-me mais.
Chateia-me muito não saber...

...e duas horitas de arte:

Thursday, January 28, 2016

Será Inteligente?!

(isto não deveria vir para aqui por mais do que um motivo mas se quiser escolher aquele que me irrita menos aqui fica: detesto queixar-me!
acontece que estou um bocadinho irritado)

Por circunstâncias que não em apetecem aprofundar - por um dos motivos não revelados que me deveria levar a evitar aqui vir - o meu humor está esquisito. Preferia dizer que estou de mau-humor mas não estou; preferia dizer que estou com vontade de matar gente mas não estou; preferia dizer que estou com vontade de me embebedar e procurar o primeiro buraco para fingir que é uma trincheira mas não estou.
O meu humor está esquisito...entre uma acalmia que precede a tempestade e a preparação para algo que se não quer mas que, hoje, parece difícil de evitar. É esquisito. Não gosto de coisas esquisitas.

De qualquer maneira: sendo raro, este estado de espírito não é único. Dá-se, se bem o percebo, quando permito que se fuja ao que me interessa saber. Ao que me interessa dizer. Ao que considero importante.
Ora, nos casos corriqueiros, quando não se me diz o que me interessa ou o que considero importante deixo estar mas desligo. Nos casos menos corriqueiros tenho mais dificuldade mas não é uma impossibilidade, apenas custa um bocado mais.

- Bem, se conseguiste estar até às X a trabalhar, pelo menos não estás assim tão mal...
- Boca pró barulho?!
(não foi)

- Eh pá, isso não são dias a mais? Não é melhor veres se é mais alguma coisa?
- Para ti são sempre dias a mais...
(não era uma questão egoísta mas ou se projectou egoísmo próprio ou se defendeu)

E esta coisa acaba mais ou menos nisto:
Como é sabido, detesto aproveitamento. Não gosto que se usem as características alheias em benefício próprio. Não gosto que só porque estabeleço prioridades quanto ao assunto a tratar se faça de conta que mais nenhum existe. Não gosto que a minha bondade seja entendida como fraqueza. Não gosto que me façam de parvo. Não gosto de me sentir parvo.

É a história da vítima: quando o idiota do Gustavo Santos diz que a vítima tem culpa porque se põe a jeito não está enganado (dentro de determinados limites) mas não se desculpabiliza a besta que se aproveita da vítima. Não é porque se pode que se deve.
Não é uma má maneira de se transformar um humor esquisito num humor mais comum.

Porque isto está esquisito e não quero dúvida em ninguém, onde me incluo: eu não sou vítima. Não tenho perfil nem tempo para isso.
O que prefiro é que não me forcem a ser a besta que consigo ser porque não gosto. Custa-me ser o animal que está constantemente a cutucar-me para se mostrar.

Tenho de me sujeitar, agora. Tenho de ficar onde me mandam porque senão acusam-me de querer ir para X só para Y seria uma resposta que entenderia mas não quero dar ideias. 
Estou a ficar farto de paneleirices.

...e espero não voltar cá.

O Orçamento Que É Como a Vida

Vamos imaginar que não há uma agenda meramente eleitoralista para quando o PS tombar, como há-de acontecer a curto prazo;
Vamos imaginar que o PCP não está todo contente com o chumbo - provável - do Orçamento pela Europa porque ou saímos ou saem eles do Governo a acusar o pessoal de ser contra o povo.

Eu sei que é precisa bastante imaginação para isto e ainda mais para o cenário de que o PS quer apenas o bem das pessoas e por isso anda a repor cenas e a desfazer privatizações e dar menos horas de trabalho e essas merdas todas.
É preciso muita mas vamos assumir que assim é.

Ora,
o PS vai ter um encontro com a realidade e isto é o que acontece com quem acredita muito e não olha para as evidências.
O PS, como muitos de nós, acha que o que vê não existe e o que existe os outros não vêm. Vocês não estão a perceber parece ouvir-se, estão errados. O que nos dizem não é para levar a sério porque nós estamos certos e todos vocês errados.

Os filmes são feitos deste tipo de coisas. Nos filmes só se contam as histórias de quem luta contra uma qualquer evidência e vence e nunca quem luta contra a evidência e a evidência ganha. 
Alguém quer adivinhar qual dos cenários é mais comum? Eu sei, eu sei, a palavra evidência dá uma pista.

A realidade é uma merda!

Wednesday, January 27, 2016

Coisas Com Graça

1.
Ontem vi um filme que ias adorar! Tinha que ver com a história do vibrador, K!
- Sobre o início como instrumento médico para aliviar as gajas?!
Também viste?
- Não. É só o tipo de estupidez que eu e meia dúzia de mentecaptos sabem.
É, não se percebe...
- Sabias que a Cocaína também começou a ser usada clinicamente e quando começou a dar problemas davam Heroína na rehab?
...

2.
K, será que hoje vai haver forró?
- Não sei. Nunca fui às quartas.
Não queres ver se há? Gostava de ir. E se fores comigo amanhã não trabalho...
- Eh pá! Isso é que é entrar de pés juntos!
Não estás sempre a dizer que te irrita perder tempo?!

3.
Hmm...isso é uma questão interessante. Não te sei responder se ela tem ar de porca...
Por um lado, a roupa indicia que sim e a maquilhagem também. Só que se ela for mais nova do que parece, a maquilhagem, de facto, fá-la parecer mais porca. Se ela for da idade que aparentar, a roupa fá-la parecer porca.

O que acontece é que as duas coisas vistas de forma independente podem ser contraditórias...
É muito possível que por ser miúda usa as roupas que usa e maquilha-se como se maquilha porque ainda não sabe aplicar a coisa. É um assunto interessante! Não sei como a hei-de classificar.

- Não sabes como a hás-de classificar porque é boa.

Não é costume mas pode dar-se esse caso...

- Isso não é muita teoria gasta neste tipo de coisas? Não tens mais onde empregar isso?

Não, não é. Não, não tenho.

4.
- Então, K?! 
Tá tudo. Estou só um bocado cansado...
- Não há nada para fazeres? Ainda há pouco te ligaram para ires não sei onde...
Pera lá: tás a instigar-me a ir?
- Se te animar, estou. Amanhã tens sono mas é que se foda!
Pera lá: estás a instigar-me a ir comer gajas?!
- Não, não. Não, não estou. Não disse nada disso. Não é para isso, é para te distraíres!
Foda-se! Não consegui contar quantos "nãos" disseste.

Coisas Que Aprecio

Uma vez (mais que uma mas para efeitos literários comecemos assim) perguntaram-me o que queria numa altura em que estava em baixo. Não estava irritado, não estava chateado...estava em baixo, coisa que preocupa muito mais quem me é próximo do que as alternativas anteriores.

(considero quase uma marca de água de carinho aqueles que se preocupam mais quando ficamos com pouca reacção do que quando estamos dispostos a bater)

A minha resposta não costuma variar: preciso que me distraiam, quando possível, ou que estejam lá e só isso. Não gosto de desabafar porque me faz, normalmente, sentir pior. Só consegui falar sobre a pior fase por que passei mais de 1 ano depois de ter acontecido mas aí foi só falar, já não se considerava um desabafo e isso consigo.
Então, é distrair-me ou estar lá.
....e distrair-me, quando a coisa está um bocado pior é difícil.

Ontem, quando já estava em casa, recebi uma mensagem que dizia qualquer coisa como vê lá se te animas para amanhã, ó franganote coisa a que respondi com franganote é o caralho! e depois, as, assim está melhor!
Quem me mandou a mensagem esteve comigo o dia todo mas preferiu não tocar em assunto nenhum nem perguntar coisa nenhuma. Esteve por perto e tentou distrair-me, sendo que distrair não resultou.

Bem ou mal, depende sempre das pessoas com quem se interage, não há muita gente assim ou, pelo menos, não as conheço. E como é uma característica - que, por norma, acompanha outras - que me é querida tendo a ser um bocadinho mais para este tipo de gente e, naturalmente, bocadinho é um eufemismo por ser uma prática que me escapa.

Se olharmos à volta e muitos de vocês para o próprio umbigo, repararão que os mais que nos rodeiam são os que correm para a maternidade quando uma criança nasce não porque querem agradar os novos pais que provavelmente precisam de paz mas porque se sentem importantes por serem os primeiros ou segundos; repararão que os mais que nos rodeiam ficarão fodidos se os nossos pais falecerem e não os avisarmos disso.

Há uma confusão generalizada entre os conceitos de egoísmo e altruísmo. O pessoal confunde mas eu não, independentemente de quantas vezes quiserem travestir as palavras eu continuo a saber o que querem dizer.
Eu, por exemplo, sou egocêntrico porque acho que tudo tem que ver comigo mas não egoísta porque distingo o que os outros precisam daquilo que eu preciso.
Eu, por exemplo, não pararei se sentir que outra pessoa precisa de qualquer coisa mesmo que ela não saiba ou não diga mas não insisto se for em meu benefício.

Acho que tudo isto faz de mim esquisito.
Tudo isto e mais coisas, suponho...

Tuesday, January 26, 2016

A Televisão (ainda que não nacional...) Às Vezes Ajuda...

Descoberto ontem:


VERMELHO

Um facto pouco reconhecido por pouco visível quando me conhecem é que penso em muitas coisas. Por aqui a coisa é mais ou menos evidente e quase pode ser encarada como um desporto mas sou manifestamente reservado e tenho pouca vontade que se veja o que não me apetece.
Na senda da ignorância é uma bênção, pensar em todos os cenários que se consegue como se de um reflexo se tratasse é mais ou menos o mesmo: é fixe quando visto de fora mas, muitas vezes, manifestamente desagradável para quem vive nisto.
Um dos problemas de gente como eu é que paralisa porque cada decisão determina um caminho mas quando se vê muitos a coisa complica; aprendi a contornar este obstáculo com a vocalização em termos literais (desde que diga tenho de fazer) e metafóricos (na minha cabeça ouve-se sa foda).

Estou a divagar, não é bem isto ou é isto numa aplicação prática.

Como não escolho no que quero pensar ou fazer um juízo de prognose, acontece-me em tudo e ainda antes de eu querer ou não (a cena do reflexo).
Há uns tempos - não tanto assim, na verdade - imaginei um cenário que se veio agora a concretizar; imaginei que não iria ser bonita a minha reacção quando confrontado com a sensação que isso me ia dar.
O que tem de bom é que pode não estar a ser pior porque a vi antes; o que tem de mau é que não sei se poderia ser muito pior. No momento em que digito caracteres, não vejo como seria pior mas o facto de estar a fazer isto e não a pegar fogo a tudo revela-me que poderia ser.

Já verbalizei isto: não é isto em concreto que me chateia. Ou melhor: chateia-me mas não é o que me preocupa mais. O que me preocupa mais é que isto envenene o que poderia ser e se prevê que seja.

Eu sou rancoroso.
Isto, para mim, não é mesmo uma escolha, é o resultado de não ser bom a esquecer-me de coisas.
Eu sou incapaz de conseguir, durante muito tempo, dirigir-me para a luz que há no fundo do túnel quando com toda a probabilidade me parece que encontrarei um comboio.

Quanto a isto do comboio: a avaliação do risco é de tremenda importância. Quando o prémio não é particularmente alto não compensa corrermos o risco de mais do que parecer ser um comboio; quando o prémio é particularmente alto compensa corrermos o risco de apenas parecer ser um comboio.

Percebem? Isto parece-me simples.
Sabem quem se está a cagar completamente nesta construção teórica? O Comboio.

Monday, January 25, 2016

AS ELEIÇÕES

Ontem fui votar e o resultado, das votações, foi pior do que julgava.
Como disse antes, votei no Henrique Neto e não contava que ganhasse e, na verdade, nem contei que ficasse à frente dos candidatos apoiados pelos partidos mas achar que ele ia ficar atrás do Paulo Morais e do Tino...não previa.

À noite, ouvi o João Miguel Tavares dizer que era assustador que o primeiro dos não partidários tinha sido o Tino.
Eu também fiquei mas não me lembrei do mesmo que ele e tenho apreço por quem se lembra de coisas diferentes - e melhores, por vezes - que eu.

Então, o Tavares lembrou que era uma maravilha um gajo querer candidaturas da cidadania mas quando elas apareceram (eram 6), o resultado, entre elas, foi o Tino.
Foda-se...não está enganado.

...e o que é triste é isto: com mais razão do que se desejaria, os partidos são a doença (depois deste resultado reluto em chamar-lhe cancro) da democracia onde andamos metidos mas se não tivéssemos este parasita seríamos governados pelos Tinos desta vida porque o povo não tem todo o juízo que teria e só assumo que tem algum porque, como tantas vezes repeti, se não tivesse já teríamos tombado para os marxistas-leninistas.
Quando ouço a clássica que reza que a democracia é um mau sistema mas o melhor que temos remete-me para isto do Tino... se os chupistas que impregnam os partidos e vivem no tacho não existissem...seria o Tino.
É fodido e revolve-me um bocado o estômago mas...

(e as eleições tiveram o condão de nos relembrar, também, que o único motivo para sermos comunistas seriam as gajas.
Não diria não à Marisa Matias e nem sequer me custaria muito dizer Sim)

MAIS CENAS DE ADOLESCENTE?

Este fim-de-semana tive uma coisa parecida com festa de aniversário e lá fui eu.
Antes de me debruçar sobre a cronologia da coisa, a cena adolescente:
Quando saí dos teens comecei a dar conta daquilo que deles se diz, e com razão, quanto à rebeldia e ao sentimento de desintegração que é compensado com necessidade de ser aceite. Este sentimento que leva, por exemplo, às piadas sobre homossexuais e, à vezes, a um racismo que não o é mas aparenta ser. Será, talvez, por esta insegurança de um mundo que julgamos não nos compreender que aceitamos (eu não o fiz, felizmente, mas entendo) pastores que caçam as ovelhas tresmalhadas que nada têm de raro quando ainda estamos a formar-nos.

Nesta festa aconteceu o que era previsível: as minhas forças para me integrar esgotaram com alguma rapidez e fui sentar-me, durante alguns períodos, para outro lado ou para a varanda com uma cerveja e um cigarro. Pode dar-se o caso de a humanidade ser desinteressante mas quanto a maioria o é o problema passa a ser meu e não dela.
Felizmente, o dono da festa sabia o que se passava e deixou-me em paz e os restantes integrantes apesar de me conhecerem pior fizeram o mesmo porque, tendencialmente, é preferível deixar-me quieto.

18.00 - 20.00
Ainda com pouca gente, a coisa foi andando tranquila. Piada aqui e piada ali. 
Trouxeram-me um vitelo para abate e tudo e eu ainda estava na minha fase sociável ou o mais próximo que disso me aproximo.

Aqui surge um gajo que conheço há uns tempos mas cuja psicose aumentou com os anos. Era - e ainda deve ser - um gajo porreiro mas parece-me que padece de uma patologia psíquica, no termo médico da coisa.

Começou a falar do Putin e do seu entendimento da coisa. 
Podia ter-lhe corrido bem, não se desse o caso de ser um assunto que me interessa e, como me interessa, perco tempo com isso.
O que me irritou, além da pouca preparação para o assunto, não foi tanto o que ele achava do Putin mas antes a incapacidade de entender coisas simples. Por exemplo: é justo querer discutir se o Putin é bom ou mau para a Rússia; se a Rússia está melhor ou pior com o Putin. Não é tolerável discutir se aquilo é ou não uma democracia no sentido ocidental da coisa.
Entendem? Apreciações subjectivas podem ser feitas e defendidas, ainda que não se concorde com elas; Apreciações subjectivas sobre dados objectivos, não.

Depois, o mesmo gajo disse que o incomodava que um gay lhe dissesse que ele não fazia o seu tipo (este gajo não é gay).
Ora, porque a gente em geral acha que me conhece mas está enganada, fez-se um silêncio de morte aguardando-se que eu sacasse do bastão e começasse a bater na sua pouco definida sexualidade.
Nada disso. Disse que percebia o que ele queria dizer, achava mais ou menos normal. A mim não me incomoda que um gay não tenha interesse em mim mas também não me incomoda que uma mulher não tenha. Caso não sejamos homofóbicos ou ainda dentro do armário, desde que não se ultrapassem limites não deve haver problema em que nos queiram. Aliás, se se sente necessidade que nos queiram, em termos apenas emocionais não interessa de que sexo vem o desejo.

Não.
Estavam à espera que lhe chamasse paneleiro porque não conseguem distinguir o humor fácil quanto à sexualidade alheia (que pratico) e o que realmente acho sobre as diferentes orientações quanto a discussão é real.

Juntando isto com a costumeira discussão sobre castas e taninos e fui pró canto.

20.00 - 22.00

Fui para um canto.
Horas antes, abri a porta a um casal que estava a chegar e quando chegaram a mulher entrou primeiro. Apresentei-me olá, sou o K e ela respondeu eu sei! Não me reconheces?! Olhei para a porta para ver quem era o marido dela e quando o vi reconheci-a porque sabia com quem ele tinha casado mas ela, ela mesmo, não me disse nada.

Depois, lembrei-me de tudo.
Sei quem ela é. Sei de onde a conheço. Sei a que propósito a conheço. Sei como a conheço.
Aquele relacionamento e, mais em concreto, a minha exposição a ele sempre me fez confusão. Gosto do gajo com quem ela casou e tenho pena que o tenha feito. Bem, também não é assim tão meu amigo...
Pensei bem, ela agora é mãe. Pode ser que tenha mudado...

Voltando ao meu canto:
A criança deles veio para perto de mim (espantoso como no meio destas festas prefiro a criançada porque acho mais interessantes e divertidas, apesar de, por vezes, ter vontade de as mandar dar uma volta) e ela depois de fingir que estava a falar com outra gaja veio para lá, também.
Sentou-me mais perto do que devia, ficou lá mais tempo do que devia, encostou-se mais do que devia, fez mais contacto visual do que devia...enfim. Reparem: nem sequer vou dizer que fiquei a achar que me queria sacar (embora não seja capaz de jurar o contrário) mas achei desnecessário...

A mulher do dono da festa que me conhece mais ou menos mas acho que a conhece melhor a ela passou lá ciclicamente para dizer coisa nenhuma. Aparentemente, só para ir controlando;
O marido - com quem me dou bem - olhava de vez em quando para ver como a coisa andava. Não me disse nada e apostava que não lhe disse nada a ela.
O dono da festa, quando saímos (já noutro enquadramento cronológico) disse-me:
Pá...aquilo foi esquisito... 
- Também achei mas que querias que fizesse? Que me fosse embora do nada?! Não fui eu que me fui sentar ao lado dela. Ainda parecia que havia alguma coisa a esconder e não há.
Pois. Bem...sabendo o que sabemos e o que me contaste...enfim. Não foi de estranhar.
- Não. Não é de estranhar mas é desconfortável. Ainda me perguntou como era para o próximo fim-de-semana. Disse-lhe que já tinha falado com o A (marido dela) e eles que se orientassem.
Pá. É esquisito.
- Eu sei. Também não gostei. Ainda por cima está um bocado estragada...

04.00 - 05.00 (menos certas as horas)

Na volta da coisa (não correu bem, não foi fixe):
Então, K. E como andam as cenas com a X?
(não me apetece relatar o teor mais exacto e desenvolvido da conversa)
Lembrou-se, então, este gajo de me dizer: Sabes quando fui com a F e contigo e a L para o G? Vocês estavam a desmoronar na altura. Pá. Foi triste. A F achou a mesma coisa. Vocês davam muito bem um com o outro...nós ainda achámos que era uma fase e que iam ultrapassar isso...

Lembram-se há uns posts atrás da cena do House? Do que não ouvi?
Pois bem: não me lembrava que o que o gajo contava tinha acontecido. Tinha varrido da memória mas quando ele me falou chegou-me. E ele tinha razão. Aquilo não tinha corrido bem. Aquilo foi numa altura em que estava à vista que não era como deveria ser e como tinha sido. Aquilo foi o velório.

E isto tem graça...
Mesmo lembrando-se daquilo, continua a achar que deveria ter dado certo e que é incompreensível o que terá corrido mal.
Ela tem mais ou menos a mesma impressão que ele.
As pessoas lembram-se do que querem mas este lembrava-se de, mais ou menos tudo, e ainda assim condicionou o resultado.
Eu sei por que motivo não resultou. Eu também acho triste não ter dado mas tenho poucas ilusões quanto ao poderia ter sido diferente.

Ia contar o resto mas, por agora, não me apetece e já tinhas umas linhas feitas sobre o assunto.
Apaguei-as.

Friday, January 22, 2016

Coisas Recentes Que Me Fizeram Rir (a ressaca está a apanhar-me, tenho de me distrair)

(a minha sigla num telefone é LB que significa, bem, uma determinada coisa)
Little Bitch 

Olha o que estou a ouvir, hoje? 
(era um print screen de um CD de samba de raíz)

Lembras-te quando estávamos em X e rias-te muito enquanto me tiravas fotos ao rabo porque me irritava? Tava a pensar "porque não o comes em vez de fotografares?!".

Não percebo para que queres esses braços! Nem percebo para que andas a fazer exercício e essas merdas! Nem a merda de uma garrafa de champagne consegues abrir? Tenho de ser eu?! (era uma gaja e sim, teve de ser ela)

Como Cerejas e os Idiotas que Pululam

GENTE ESQUISITA?

Ontem, entre as primeiras cervejas da noite (2 delas tinham 11%...foi má ideia) estávamos a falar das provações familiares que uma criança nova, especialmente quando é a primeira, provoca. 
A dada altura, diz-me ele: Pá, de onde esperava menos está a aparecer mais. A minha mãe, por exemplo, pega na A e começa a dizer "não te ris para a Avó? Pois...nem me conheces.." e essa merda irrita-me (a A tem, acho, 8 meses).

E a partir disto, entrou-se naquilo que parece ser a génese de toda esta gente que nos rodeia.
Dá-me nos nervos aquele clássico de tratar as crianças como animais de circo. Sim, animais de circo: olha o que ele aprendeu a fazer! Oh X, faz lá o pino! Oh Y, diz lá olá em inglês! Oh Z, desenha a mamã!"
Não. Não.
Depois as crianças que se tornam adultas acabam a pensar que quando comem uma perna de frango e mostram que a estão a comer deveriam ser aplaudidos em pé e que isso é muito interessante (olá, Facebook e quantidade de likes). Depois as crianças que se tornam adultos precisam que os aprovem e sentem que devem agradar os outros a qualquer custo (olá, por exemplo, crianças estrelas de cinema que depois crescem e ficam perdidas).

Temos de ter respeito e ser educados mas não temos de ser outra pessoa para espelhar o que de nós se espera porque, nestes casos, é possível que nem sejamos outra pessoa mas antes ninguém.

E não termina aqui...
O caso da avó que se queixa que a criança não se ri para ela precisa de ser aprovada pela criança! Já viram esta puta da loucura? E é comum.
Olhem para as estupidezes a que se sujeitam as pessoas para que as crianças gostem delas. Será que porque uma criança - que pode ser uma besta, diga-se - não lhes dá (ao adulto...puta da loucura, de novo) atenção isso revela-o um falhado?
Para que conste:
eu gosto muito de crianças e dou-me muito bem com crianças mas caguei se preferem ir brincar sozinhos ao invés de falar comigo; se não estão numa de se rir do que digo; se estão numa de ver televisão e que não os chateiem. 
E nunca, NUNCA, as trato como atrasadas mentais.

Eu sei que isto parece extremo mas não me parece que o seja.
Como já disse, passei a minha vida a dizerem que sou um génio e a mostrar as merdas que escrevia noutros lados desde a primária e a ser bem sucedido no desporto e por aí fora. A minha vida está a léguas de ser só sucessos mas não tenho o pior dos CVs.
Ora,
não me foi fácil abrir os olhos e perceber que não sou um génio porque não tinha descanso;
não me foi fácil perceber que shit happens;
não me foi fácil convencer os outros que não é porque esperam coisas de mim que as vou fazer.

Mudei muito desde os meus, vá, 20 anos e talvez seja por isso que consigo ver coisas que escapam a muitos. Já as vivi e saí delas.

OS IDIOTAS

Vou descrever-vos, não sei se já o fiz, o que faço quando saio à noite: pista (muitas das vezes sozinho) a curtir a minha e a ver o que se passa à minha volta; falo pouco, não mudo muito de lugar a menos que vá ao bar e seja ocupado; não tendo a dar sorrisinhos e olás às gajas do nada.
Ontem não foi diferente.

Houve 2 ou 3 ameaças mas uma delas com sede.

Só para se ter uma perspectiva real da coisa: porque não tenho pachorra para trabalhar forte e é preciso mostrar-me o pescoço (quanto mais cervejas mais pescoço tem de ser mostrado), perco muito e, pelo menos, duas das que me ameaçaram acabaram a ser roídas por outros gajos que têm mais paciência (e bem!) que eu.
Só para que conste, também: mesmo para este tipo de coisa descartável não sou muito apreciador de andar atrás de gazelas mancas.

Voltando:
uma delas estava a ser violentamente atacada por dois gajos, dois gajos que se não eram amigos pelo menos eram conhecidos (nem vou começar a falar do nojo que este tipo de competição me provoca...) e, no entretanto, estava a atacar-me. Não tenho a certeza se não terei ficado com um decalque das mamas dela na minha T-shirt.
(não esquecer que eu não saio do lugar, nem para mais perto nem para mais longe e não me ando a esfregar em gajas, ainda que não evite que se esfreguem em mim).

Ora, um dos gajos ficou sem espaço para se pôr entre eu e ela e fez menção de me afastar com o braço. Não levei a bem...
Perguntei-lhe o que queria e ele responde-me: é que eu estava a dançar com ela... e assim não consigo (gajo mais velho que eu, não era nenhum miúdo...). Disse-lhe pá, que queres que faça? Não vou desaparecer daqui. Puxa por ela ou leva-a para outro lado.
Ficou convencido e lá a puxou.

Fiquei a rir-me e a gaja percebeu que me estava a rir daquilo.

No fim, avisei o gajo que estava comigo que estava na nossa hora, aquilo tinha acabado.
Ela percebeu, largou o gajo e perguntou-me Já vais? Precisas que te vá abrir caminho?
Não, não preciso. Não sou fraquinho. E não quero que os teus amigos se chateiem!
Ri-me outra vez e fui embora.

Gabo muito - e invejo - a paciência que os gajos têm para apalpar um rabo mas gabo menos - e não invejo nada - a figura triste e desesperada que fazem por um qualquer par de mamas. E o risco que correm de levar na boca para guardar um território que nem está a ser ameaçado... quando é o gado que sai da reserva não se vai reclamar mais terra, puxa-se o gado de volta.


Wednesday, January 20, 2016

House and Mr. Reese

Há uns dias apanhei o primeiro episódio da série House + Cuddy.
A(s) cena(s) final correspondia ao fim do dia em que andaram a malhar à má fila e cenas e quando a porta abriu para ela ir embora, onde o Mundo os esperava, ele disse-lhe que aquilo não ia dar certo.
A porta fechou e voltaram para o sofá onde ele lhe disse tu vais achar que eu mudei e eu não mudo e vou voltar a ser a besta que faz mal e vais perceber que nada disto vai resultar (parafraseei).
Ela diz-lhe tens medo de ser feliz e passas daqui para o que ainda não sabes se vai acontecer. Achas que a felicidade não vai durar.
Pois, não dura...disse ele e penso eu.
Mandei a cena do sofá e em retorno ouvi que me tinha em muito boa conta, o que me pareceu esquisito. Identificar-me com este tipo de diálogo e sentir que me seria elogioso é esquisito...

Ora,
aparentemente (depois fui confirmar), a Cuddy não diz só isto. Diz também não quero que tu mudes. És a pessoa mais espectacular que conheci e mesmo que corra mal vais continuar a ser a pessoa mais espectacular que conheci.

Sim. fui confirmar e é dito isto, pelo que é mais fácil presumir que me tenho em elevada consideração mas o pior é que eu não ouvi - e isto, literalmente! Não facturei as palavras elogiosas - mesmo a segunda parte.
É um ouvido selectivo esquisito...

...e ontem o Mr. Reese.

No episódio que vi ontem, a Joss voltou dos mortos em forma de alucinação (look it up!) mas o Reese só percebeu isso mais tarde. Estava a alucinar com hemorragia e hipotermia (óbvio, isso não o parou!).

Não vou perder tempo com detalhes porque estou a perder a paciência para escrever, pelo que o mais relevante é isto:
O Reese imaginou que tinha havido um momento em que tinha falado dele com a Joss mas veio a descobrir que isso não tinha acontecido. Teve, então, de dizer à alucinação o que não tinha tido coragem de lhe dizer quando estava viva e, aparentemente, ela estava à espera que lhe dissesse.

Então,
poderia isto banhar-se de I LOVE YOUs por todo o lado mas se assim fosse não gostaria tanto da série e só viria para cá falar disso por escárnio.
O que ele lhe disse e ela esperava que acontecesse foram coisas dele, coisas que ele não diz. Não era particularmente relevante o quê, coisa que não deveria ser nunca particularmente relevante porque o relevo delas merece-o quem as partilha e não quem as recebe. Interessa o que dói a quem fala para se atribuir o relevo que merece e não o que doeria a quem ouve; interessa a singularidade da palavra e a virgindade da partilha e não tanto a sua tragicidade ou algo que o valha.

Não foi um I LOVE YOU...ou foi?

...depois, o menos interessante por mais corriqueiro por quem aqui perde algum tempo.
O Reese, como o House, é estragado e só não quer ser salvo porque não acredita ter salvação. Afinal, o que adianta desejar-se muito ganhar o Euro-milhões? Certo? Bem...depende... se não se desejar não se ganha porque não se joga. A pergunta mais relevante, neste quesito, é o seguinte: estaremos preparados para perder? Para acreditar que podemos ganhar e depois isso não acontecer?
E o pior de gente estragada - mais como o Reese do que como o House - é que decide, por quem eventualmente esteja disposto a salvá-los, se serão ou não capazes de o fazer e ao assim agir completam a própria profecia.

Como sou egocêntrico, não traria para cá nada com que não me identificasse ou com que não me irritasse.
O que - ESPERO - me distinga muito marcadamente desta gente é que eu ainda tenho a Disritmia mas pode ser que um dia a perca.

Tuesday, January 19, 2016

Very Cool!

1. Gajas em solo de guitarra (basta tocarem, na verdade);
2. Quando antes de um gajo começar o solo se ouve da plateia GO DEREK!;
3. Elmore James.




Monday, January 18, 2016

Duas Visões da Mesma Coisa (dentro de "Coisas com Graça)

Na alta madrugada de Domingo encontrei a minha amiga.
Era suposto termo-nos encontrado mais cedo mas achei que tinha desistido e ido para casa.

- K, não imaginas... Puseram-nos na rua do R. Uma miúda idiota foi fazer queixa de nós e os seguranças puseram-nos na tua. Pá, empurram a M e ela quase que caia.
Ainda bem que não estavas lá...
(uns metros à frente encontrei as outras, de entre as quais se contava a M)
- K, a X já te contou?! Que pena que não estavas lá!

Duas perspectivas da mesma coisa sendo que o mesmo motivo levou a que uma tivesse pena que eu lá não estivesse e a outra estivesse contente porque eu lá não estava.
A M gosta de sangue e a X não gosta de me ver envolvido nestas coisas porque prefere ver-me longe de situações que darão - provavelmente de forma literal - sangue.

Por mim, digo isto: gostava de ter lá estado mas ainda bem que não estava, especialmente porque não foi a X que foi empurrada (o que me incomodaria bem mais e poderia dar azo a que mesmo fora de tempo lá fosse) e porque foi apenas um empurrão de gente parva.

Estou, claramente, a ficar velho e ponderado.
Not sexy....

Saturday, January 16, 2016



Thursday, January 14, 2016

...porque há coisas muito mais rara do que gajas boas


Wednesday, January 13, 2016

DUALIDADE

És muito fácil de lidar/És muito difícil de lidar;
Não dás trabalho nenhum/Dás muito trabalho;
Contigo está sempre tudo bem/Contigo nunca nada está bem.

Não saberei responder se sou o único - presumo que não seja - que houve este tipo de coisas. Acontece-me com frequência.
Algumas das vezes, as mesmas pessoas acham estas duas coisas em momentos muito próximos.

Acho que custa a quem me quer bem perceber que não pode fazer muito por mim (daí o és difícil de lidar) e é um descanso não para quem me quer mal mas para quem não quer nem uma coisa nem outra para mim. Quem apenas por cá anda.
É difícil em ocasiões de céu nublado perceber-se que sairá dentada a quase tudo que se aproxime e, dentro do mesmo hiato temporal, que sairá dentada quem não se aproxime quando eu entenda que o devia fazer.

Um gajo - Eu - fica um bocado esquisofrénico.
O que tento fazer é o mesmo que os Alentejanos fazem quando têm vontade de trabalhar: sentar-me e esperar que passe.

Coisa recorrente quando estou a tentar que passe:

Monday, January 11, 2016

Kriptonite

A coisa da kriptonite é mais ou menos parva, tão parva como o tendão de aquiles e aqui refiro-me ao que o Aquiles tinha e não ao que temos todos.
Não faz muito sentido que uma pedra rebente com um gajo como o Super-Homem nem que a Deusa que mergulhou o Aquiles no rio e o tornou inexpugnável se tenha esquecido que não o podia segurar sempre pelos tornozelos.

Como é óbvio, estas duas situações só não são parvas porque criadas pelo Homem e, por isso, jamais terem existido.
Reparem nisto que tem graça: o Super-Homem é dos poucos super-heróis de raiz, ou seja, nasceu assim e não humano para posterior mutação e o que faz o gajo para passar despercebido no meio da humanidade? Torna-se um medricas caixa- d´óculos...é isto que a humanidade (ou o humano que o fez) pensa de si mesma: fracos, medrosos e de vistas curtas.

O que estes mitos nos querem demonstrar é que toda a armadura tem uma brecha e que toda a fortaleza tem o seu ponto fraco, mesmo quando Super e mesmo quando invulnerável, o que faz com que sejam menos Super e menos invulneráveis.

Tantas voltas para isto:
todos temos a nossa pedra ou o nosso tendão. Não conheço ninguém diferente. Não deve haver ninguém diferente...
A minha pedra e o meu tendão não são fáceis de encontrar mas, de vez em quando, tropeça-se neles e dói-me. E o que os torna menos visíveis é que são menos comuns do que aquilo a que se está habituado; quer dizer, eles estão lá mas não se olha para eles porque não são os mesmo dos dos outros.

Não me apetece dizer, em concreto, onde está a pedra mas só por graça e por não ser novo:
a maioria de nós preocupa-se com o seu aspecto e preocupa-se com ele da maneira mais comum, ou seja, com aquilo que se considera bonito ou feio ou gordo ou magro; eu interesso-me menos por isso.
Nessa fotografia estavas maior...
- Maior ou mais gordo?!
Não sei...maior...
....e esta merda obrigou-me a intensificar a potência muscular numa altura em que já estava a fazer as pazes com ela...e, só para que fique claro, preferia (prefiro!) engordar do que ficar pequeno!

Porque Há Coisas que Não Se Explicam Com Palavras, mesmo que se tente...


Saturday, January 09, 2016

SOLTAS

AS PESSOAS SABEM DEFENDER-SE!

Vou ultrapassar sem parar o facto de ser um tipo de afirmação que não tem correspondência, enquanto literal, com a realidade.
Ficaremos pela eventualidade de ser verdade.

O contexto em que isto apareceu foi o seguinte: aconteceu uma cena que não me agradou e, como de costume, o que não me agrada tende a não agradar-me mais do que um bocado mas, no caso em concreto, não o revelaria a quem a cena aconteceu a menos que me fosse perguntado porque não gosto de me meter onde não sou chamado.
Ora, esta minha irritação fez confusão a quem a contei porque quem ouviu parte do princípio que dá título a esta primeira Solta.
Novamente, vamos partir do princípio - errado - de que assim é. Interessa-me nada!

Fui educado para defender e para me importar apenas com quem me devo importar. Isto continua comigo mas houve uma ligeira mutação nesta forma old school de ser homem.
A mulher (sempre especificamente a mulher) deve ser respeitada enquanto tal mas não se deve chatear com coisas porque é para isso que lá devia estar; não precisa nem deve saber defender-se ou prover por si porque é para isso que lá estou; deve ser frágil e bonita e tratar de mim.
É machismo, eu também acho, e não gosto de tudo o que significou o que me foi ensinado mas, como disse, houve uma ligeira mutação que, para uns, será insuficiente, mas que, para mim, não poderia ser muito maior sob pena de deixar de me entender como homem.

Então,
a Mulher deve chatear-se, a mulher deve saber defender-se e prover por si, a mulher não deve ser frágil mas agradeço que seja bonita.
Agora, todas estas características que descrevi e que quero, quando eu ando por lá, serão sempre mais manifestação de vontade do que actos.
Porque se deve chatear mas eu chateio-me melhor; porque deve saber defender-se mas eu defendo melhor; porque não deve ser frágil mas eu sou menos.

Eu quero que se saiba defender mas não quero que precise de se defender.

O caso que descrevi não é sobre uma mulher minha no sentido carnal mas é uma (mais uma) que entrou no meu círculo e, por isso, chateia-me e chateia-me muito mas, acabando como disse já, não me meto a menos que me seja expressamente pedido porque sei qual é o meu lugar.

AS AMIZADES

Não sai do período temporal da questão anterior mas sai do âmbito específico.

Faz-me muita confusão quem tem muitos amigos (vá, partiremos do princípio que isto é, sequer, possível...) mas, depois, quando ouço uma ou outra merda a coisa começa a fazer mais algum sentido ao mesmo tempo que o termo amigo vai perdendo o seu.

É muito esquisito dizerem-me que sim, dou atenção ao X e finjo que me interesso pelo assunto mas os meus amigos não me vêm com essas merdas porque sabem que não tenho paciência.
Say What?
Percebem o meu dilema? Eu só papo chaços pelos meus amigos...se não estou disposto a ser massacrado com merdas que não me interessam por gente de quem gosto nem o início da frase ouço dos outros. Foda-se a necessidade de atenção!

Depois (muito mais dentro do tema anterior), imagine-se que, por exemplo, se quer fazer um agrado a gente que se conhece (e, por muito pouco que seja, agradar dá sempre trabalho) mas, depois, deixa-se que um amigo se desenrasque porque se sabe (ou devia saber) defender-se.
Serei obtuso por não entender? Deveria querer a aprovação de conhecidos (queria chamar-lhes estranhos) e não me dar ao trabalho de meter o pescoço por quem gosto/gosta de mim?! Porquê? Porque já sou aprovado?

Sou muitas vezes acusado de dar demasiada atenção às palavras e ao que elas significam. A minha tendência, pouco comum ao que parece, é ouvir Amigo e pensar Amigo e não uma qualquer escala da coisa.
...e volta-se ao início:
Como ter Amigos me dá muito trabalho não consigo entender quem tem muitos.
Ou são muitíssimo mais organizados e eficientes do que eu ou chamam Amigo sem grande esforço (na mesma medida de que agora se Ama tudo, desde um lápis a uma palavra).
...e é por isso que também sai caro ser meu Amigo: falhem-me de maneira que não entenda e são riscados da lista porque...dá-me muito trabalho.
...e é por isso que quando alguma coisa não me agrada mas ainda não me desagrada muito, ponho de castigo e desapareço uns tempos para que entendam que a coisa não me caiu bem. Poderão achar que é uma idiotice e eu concordo mas se não o fizer pode escalar e se escalar. risca-se.

A PERCEPÇÃO

Porque vou exigindo menos da Humanidade, a percepção dos outros não deixa de me causa espécie mas já não me deixa em ponto de bala. Além do mais, porque sei que assim é e colaboro com o que os outros pensam perceber sobre mim tenho ainda menos motivos para me sentir injustiçado.
Se os meus assuntos andam à volta de putas e vinho verde deverei esperar que pensem que me interessa mais do que putas e vinho verde?
Se gosto pouco de assunto triviais e cafezinhos chatos deverei esperar que não pensem que sou pouco sociável?
Se faço o que quero e não o que quero que façam deverei esperar que não pensem que sou egoísta e egocêntrico?

Tudo certo ainda que se devesse dar tanta atenção ao que se vê como ao que se ouve.

Coisa diferente é, por exemplo, mais do que pensarem dizerem que viram. Isso já me cai menos bem.

Imaginem este cenário: chego ao trabalho com uma mão partida e de mau humor.
Porque a percepção é que sou uma besta, falam entre si e dizem: o K deve ter-se chateado no trânsito e deu um soco em alguém e deu cabo da mão... Ok. Não foi o que aconteceu mas não é uma presunção completamente estúpida.
Coisa diferente é dizerem isto: Sabes, o K ontem chateou-se no trânsito, saiu do carro e deu dois socos a um gajo e deu cabo da mão... Isto não é uma presunção! Isto é uma mentira porque não podem ter visto o que não aconteceu.

Dir-me-ão ah, quem conta um conto acrescenta um ponto sim e a isso respondo vão pró caralho! Pensem o que quiserem, achem o que entenderem mas não digam que sabem quando não sabem.
Ah, e acrescento (para ambos os casos, embora, como disse, aceite nas presunções) METAM-SE NA PUTA DA VOSSA VIDA!

A DEPENDÊNCIA

É mais ou menos frequente confundir-se querer agradar com dependência, uma dependência psicológica por aprovação.
Normalmente, e bem, vê-se as coisas vindas de referir como diferentes mas, mais normalmente ainda, não se percebe que se chamam coisas diferentes sendo, no concreto, a mesma coisa.

Não há nada de errado em querer agradar quem merece ser agradado mas já há bastante de errado quando se quer agradar para que esse agradar se reflicta na ideia que têm de nós e não no bem estar de quem se agrada.
Elaborado? Confuso? Ok.
A minha Mãe quer que eu jante com ela todos os dias mas há uns em que não me apetece e outros em que prefiro fazer outra coisa. Ela não vai gostar quando eu não aparecer.
Ora,
eu quero que ela fique contente, sempre, e por isso aparecerei o maior número de vezes que conseguir;
eu não quero que ela fique desiludida comigo e por isso vou sempre.
Entendem a diferença entre uma coisa e outra?
Na primeira quero agradar e na segunda preciso de aprovação.

É como a incapacidade mais ou menos generalizada de entender esta subtil mas fundamental diferença: querer e precisar.
Imaginem que algum amigo me diz para ir ter com ele daqui a 20 minutos e, no caso, eu tenho outra coisa para fazer naquele momento. Pergunto precisas que vá? e ele responde-me que sim.
Saio de onde estiver e vou para lá e, quando lá chego ele não precisava mesmo, apenas queria.
Vai dar merda porque vai-me irritar. Se precisar eu largo tudo mas se quiser há menos coisas que largarei. Ele vai ficar fodido comigo mas terá de engolir porque não preciso que me valide e que me valorize de acordo com as suas vontades.

Eu quero mas eu não preciso.
Eu não preciso de aprovação nem de pancadinhas nas costas e, por isso, sou muito mais livre com tudo o que isso tem de bom e de mau.

FINALIZEMOS COM ALGO MAIS PESSOAL

Há uns dias foi-me dito que um abraço meu tinha sido especial e isso fez-me confusão porque não tinha sido o primeiro nem o segundo nem, acho, o milésimo.
A minha ideia foi que a única diferença real é que tinha sido um abraço público e isso tinha feito a diferença. Porque ela queria que soubessem que a, bem, abraçava.

A resposta foi que não era que quisesse que soubessem que a abraçava mas que não queria esconder que a abraçava.
Isto joga a direito à minha percepção das coisas porque penso exactamente o mesmo: se não gosto de publicitar também não gosto de esconder...porque não preciso que me aprovem nem tenho medo que me desaprovem.
Achei que fazia sentido, achei que era mesmo isso.

Passado algum tempo deixei de achar o mesmo.
Por motivos que não me apetece descrever porque isto já vai longo e está a cansar-me, o comportamento e acontecimentos seguintes revelam que a minha primeira apreciação estará certa (ainda que não o possa garantir).

Então, é legítimo achar que me chateia pensar que alguém quer fazer de mim o que eu não faço aos outros e nem sequer gosto de ser: uma demonstração pública do que me pertence ou, no caso, de que pertenço. 
É legítimo mas errado.

EU não preciso que se saiba mas EU quero que todos se fodam; quem não é como eu não tem de querer ou precisar as mesmas coisas.
Não em importo - neste caso muito em específico como em casos semelhantes anteriores - que me escrevam nas costas PROPRIEDADE DE X
Se for propriedade de alguém (e, nas condições certas, até quero) não é o facto da comunidade saber que me incomoda se for verdade.

...e é isto.

Friday, January 08, 2016

Quem Disse Que é Difícil Fazer-me Feliz (pelo menos durante um curto espaço de tempo)?

Neil Young by DMB n Warren Haynes!


MEDO e CENAS

MEDO

Há uns dias uma amiga contou-me que o seu gajo achou que tinha ouvido um barulho em casa, à noite, e instou-a a ir ver.
Lembrei-me que a diferença entre esse gajo e eu não é de monta nem de génese, é outra.

Há uma síndrome que impede que quem dele padece sinta dor. 
Isto visto desarmadamente parece um sonho, poucas coisas hão-de ser mais fixes do que não ter dor mas, como com frequência acontece, fala-se antes de se pensar.
Estas pessoas não sabem que se estão a queimar, não sabem que têm uma perna partida nem outras maleitas que, quando não detectadas, podem levar a desfechos muito desagradáveis (não me lembro se a insensibilidade à dor traz a companhia da insensibilidade ao prazer mas não me parece difícil imaginar que assim será).
O que tem isto que ver com o início?
Bem, 
ter medo não é esquisito nem sequer é mau.

Voltando à história, também eu de vez em quando ouço ou julgo ouvir cenas na escuridão da noite e também eu fico desconfortável com isso. Não me agrada - bem pelo contrário - achar que vou sair do quarto e levar uma paulada ou um tiro. Não é fixe.
Pessoas insensíveis ao medo sofrem de uma patologia parecida com a que já descrevi, não é normal, não é saudável e não faz delas heróis ou heroínas; faz delas doentes.
É muito interessante ponderar-se se quem não sente medo é passível de ser considerado como herói porque a heroicidade é um conto de superação.

...e novamente Eu:
o que me distingue de alguns e alguns de mim é que ter medo chateia-me e não gosto de coisas que me chateiem.
Se ouvir um barulho posso estar a borrar-me de medo mas vou!
Se saírem dois manfios do carro para me atacarem percebo que a coisa não será, provavelmente, agradável mas vou!
Quando praticava desporto e tinha de me deslocar a um campo onde iria ser apedrejado odiava mas ia!

Eu tenho e sinto medo mas não em rendo nunca!
Muitas vezes confunde-se com ausência de medo mas não é. Ele está lá. Ele assusta-me mas não me paralisa.
O medo - como tudo que me rodeia - deve perceber que me pode ganhar mas vai dar trabalho e tem de estar disposto a apanhar.

CENAS

Como é mais ou menos fácil de ver, tenho dificuldades com medidas e tenho, ainda, dificuldades em que as minhas opiniões sejam entendidas como outra coisa que não ordens.
Percebendo as bestialidade disto e não gostando do efeito que estas duas características provocam, tenho um imenso cuidado para não engolir mas, de vez em quando, o sangue aquece e vai tudo com o caralho. Porque como tenho dificuldade com medida, quando me irrito tendo a não me irritar um bocadinho e as coisas que poderiam irritar-me só um bocadinho (ou nada) passam a irritar-me muito!

O que tem graça, no meio disto, é o seguinte:
Gente com uma personalidade manifestamente mais doce que a minha tende a tentar fazer de propósito o mesmo que eu evito.
Gente que viaja um bocado mais com o vento do que eu tende a ter mais opiniões sobre o que os outros devem ou não fazer e devem ou não vestir.
Não saberei dizer se é uma manifestação de insegurança mas...é esquisito...

Lembrei-me disto porque, há momentos, alguém me disse que tinha de sair e pediu-me para avisar um gajo. Perguntei-lhe isto: está tudo bem? porque queria saber se estava tudo bem mas não queria, nem quero, saber mais nada porque não tenho nada que ver com isso e ninguém me deve satisfações.
Foi-me respondido que estava tudo bem e, depois, uma tentativa de me dizer por que motivo tinha de sair...coisa que, como disse, não é da minha conta e que disse não querer saber.

Eu sei que isto parece áspero mas só parece porque pouco comum.
As pessoas querem saber coisas para se sentirem importantes, para sentirem que controlam...e eu não. Eu que sou muito mais controlador, de facto, do que a maioria.

Talvez seja o Medo com que começou este post ou talvez seja outra coisa mas, regressando, o que é engraçado é que o meu medo de engolir é semelhante à vontade de engolir de gente que tem uma boca muito mais pequena que a minha.

....e há um motivo que poderá ser egoísta para eu tentar ser aquilo que descrevo e não o animal que se esconde debaixo desta fina camada de verniz:
Se me deixarem engolir e fazer desaparecer o que antes existia eu deixo de ter interesse. Eu QUERO que a pessoa exista. Eu QUERO que pessoa lá esteja. Eu NÃO ME QUERO porque se me quisesse já me tinha e a vida seria uma puta de um inferno.

E ROCK N ROLL, BITCHES!

Wednesday, January 06, 2016

Queria Escrever cenas mas estou um bocado ocupado...

...mas como sou compulsivo, caí aqui para decorar com arte da boa (Ry Cooder não faz coisas más mas não é para todos os dias nem para todo o dia)


Cena Cool para Começar o Dia, porque sou um Gajo Porreiro



Monday, January 04, 2016

Voto de Vencido

Vou votar no Henrique Neto.
Desta vez irei menos triste para a urna e, apesar de Vencido, espero não ser tão mau como seria de prever.

Mesmo os que, como eu, andam a votar por exclusão de partes hão-de cair perto.
Excluindo comunistas e bloquistas, por motivos óbvios, sobra Maria de Belém - quem no seu perfeito juízo..., Sampaio da Nóvoa - a escrita inteligente deu "Nódoa"..., o Justiceiro cujo nome me escapa e os palhaços que, um, representam a ignorância e confundem isso com o "povo" e outro de óculos esquisitos que representará o pedantismo intelectual que me repugna.

Eu sei...sobra o Marcelo que ganhará.
Não chamarei burro a quem nele votar porque ele até tem pose para a coisa e não é burro...mas é curto, mais do mesmo, mais donos disto tudo, mais Cascais e mais gente de valor mas que nada criou além de retórica (vamos esquecer o ar professoral e o meu problema com autoridade).

Sobra o Henrique que parece mesmo sério e tem uma profissão mesmo e é pouco simpático, coisa que me encoraja porque de paneleirinhos estou farto.

PS. Sampaio da Nódoa acaba de dizer que vai fazer cenas inspirado no Soares  (pessoa que o Neto não curte, só virtudes...)...mas nem para salvar o meu pai da forca votava nisto!

A CENA DA MONTANHA

Não me lembro qual o filósofo Grego (e acho que era Grego), que disse que o gajo que acha que a montanha mais alta do mundo é a montanha que viu é estúpido e estúpido será, de facto.
Coisa parecida mas ainda assim diferente é, imaginem, o gajo que anda a tentar escalar a maior montanha do Mundo e fá-lo mas, depois, descobre que há outra. Este gajo, se for compulsivo como costumam ser este tipo de gajos, não ficará tão satisfeito como estava antes porque o que pensou ter acontecido não aconteceu.

E a minha dúvida é esta: mesmo que o gajo decidisse não subir e, assim, não cumprir o desígnio da sua vida, será que seria o mesmo gajo que era antes de saber que tinha falhado? Gostaria de si da mesma maneira? Admitiria que os outros gostassem de si da mesma maneira?

Eu sei, eu sei, isto é um bocado on drugs demais mas ocorreu-me.

Acho que há um botão que descontinuaram quando nasci, um botão que permite o pronto, assim é suficiente e a coisa é tão assoberbante que de entre as muitas coisas que compreendo nos outros e que são diferentes de mim esta não é uma delas.
Nem todos gostamos do mesmo;
Nem todos podemos ter o mesmo;
Nem todos conseguimos fazer as mesmas coisas;
...agora, saber que há mais e, eventualmente, poder ter mais e ficar pelo menos faz-me uma imensa confusão.

Ah, K, continuas a ser um adolescente...
Não sei, talvez mas muito pra mim é tão pouco...

Saturday, January 02, 2016

3 Coisas!

1 FEDOR

A última coisa que pus cá foi uma exultação com a vitória do Fedor no combate de merda que teve. 
Sim, um combate de merda com um gajo que ninguém conhecia e que combateu com o melhor (melhor!!) lutador de MMA de sempre. Porque esteve parado 3 anos e porque presumo que há-de haver uma desilusão a caminho, perdoo esta fantochada porque fiquei muito contente de voltar a vê-lo combater.

Não perderei tempo a explicar ou dizer o motivo de ser o melhor porque o que mais aprecio no Fedor é uma outra coisa e uma outra coisa que aprecio nas pessoas em geral, independentemente de serem lutadores ou trolhas e é isto que mais interessa.

Se derem uma volta pelos lutadores - e não precisam de ir para os melhores - darão conta de que são pessoas que pertencem, mais ou menos, ao estereotipo do que esperamos deles: bravata, sempre; tatuagens, muitas; problemas com a lei, algumas; ar tresloucado, frequentemente; agressividade quase gratuita, a rodos.
O Fedor, não.

O Fedor vai à pesagem com a roupa de dia-a-dia e não faz pose de musculatura;
O Fedor não diz que vai rebentar ninguém;
O Fedor não fica a olhar com ar desafiador quando estão no meio do ringue a receber instruções;
O Fedor não tem tatuagens (que se veja);
O Fedor não existe quando não está a combater.
...e depois fode-lhes a puta da boca toda...aos que dizem, antes, que o vão rebentar.
...e depois de lhes rebentar a boca, sai de cima ou do lado deles e volta para o canto, sem gritos nem guinchos e sem festejos elaborados.

O Fedor não veste o papel e isso faz dele e gosto disso em todos o que não o fazem.

Depois, em algo mais técnico, o Fedor tem 1.80mts e pesa 101Kg.
Para que se perceba: ele é pequeno para peso pesado.
O que poderia ele fazer? O mesmo que todos os outros... 
Para ganhar vantagem competitiva, os lutadores desidratam kgs para lutar na categoria inferior ao seu biotipo e o Fedor, para o fazer, precisava de perder 5kgs, 5 kgs para depois os ganhar logo e combater com gajos mais fracos por mais leves.

Faz isso?
Não. É mais pequeno, é mais leve, é menos musculado...e fode-lhes a boca na mesma.

Salve, Fedor! 
Bem regressado!

2. A PASSAGEM

Possivelmente por presumir que ia ser uma merda, foi porreira.
Jantei sem confusão e sushi (sushi que poderia ter dado merda umas horas mais tarde, como é habitual, mas que acabou por não acontecer) e, melhor, a dada altura aquilo deu discussão acesa, coisa que me agrada.
A discussão começou por ser sobre os idiotas do PAN e uma das minhas amigas que gosta dessa treta; não da treta da defesa dos animais - que não é treta - mas da sua humanização.
Quando aqueceu e lhe disse que não estavam preparadas para ter uma discussão de graduação de castigo porque não sabiam o suficiente ficaram muito ofendidas. Ah, só tu é que és esperto! o que não se confirma mas confirma-se que estou até academicamente mais preparado.

Porque já tinha mais 2 copos de vinho, tornei-me naquele gajo que evito ser:
Perguntei-lhes várias coisas sobre várias coisas e uma delas foi esta:
O que acham do aumento do salário mínimo?
Naturalmente, eram a favor e, porque também já tinham 2 copos de vinho, entraram na parvoíce de dizer que eu devia ser contra e que sou retrógrado e esse tipo de coisas.
Perguntei-lhes, então, como se reflectiria nelas o aumento; em que as afectaria e elas, como a maioria das pessoas a quem perguntarmos isto e que ganhem mais do que o salário mínimo responderam em nada.
Ora, isso não é, pura e simplesmente, verdade.
É desconhecido que o SMN não é apenas um valor mínimo a receber pelo trabalho (sendo certo que nem isso é) mas antes uma unidade de medida. Há um sem números de valores que são indexadas ao salário mínimo e, para que elas percebessem um caso real e fácil, uma das coisas que pago mensalmente vai subir porque o SMN subiu.
Em suma, a desculpa desculpa que o SMN apenas afecta as empresas é falso. Afecta-nos a todos!

Voltaram, então, ao então és contra?!
Não, não sou contra. O que vos estou a tentar explicar, e serve, também, para a cena dos animais é que só porque não se entendem as consequências elas existem na mesma. Nada é isolado. Da mesma maneira que o aumento do SMN vos vai custar dinheiro e vocês não sabem, desconhecem, também, que a modificação de uma pena ou de uma moldura penal tem de ser enquadrada e entendida no quadro geral em que se insere.

Pareci o pedante que não sou mas...é o que é.
Deveria aprender-se que não se entra num tiroteio de faca e eu, por norma, tenho sempre a arma carregada.

Uns minutos voltou tudo ao normal porque já somos o que somos há mais de uma década e o que as chateia, e a muitas outras pessoas, é que não gostam de perder e eu muito raramente perco...

3. ACREDITAR E VER

Há pouco tempo tive de fazer uma cena que é impressionante porque pouco comum, o que é pena.
Quem me conhece mal - a generalidade - ficou impressionada porque não era expectável e quem me conhece melhor disse que não porque esperava que assim fosse; não estava errada mas o que lhe respondi foi:
Eu sei que estavas à espera mas uma coisa é esperar-se e uma outra é ver-se.
Não me parece que tenha concordado e tenho a certeza que disse que não concordava mas nem sempre se diz o que pensa e sente.

O que interessa isto?

Então,
era suposto eu não ir a lado nenhum depois do jantar mas, enfim, o meu telefone tocou e havia samba, pelo que o plano furou mais ou menos (preciso rapidamente de acalmar porque têm sido tempos de muita roda no ar....Dezembro não foi bonito).

Apareceu uma gaja que estava claramente cega para sacar o meu amigo, chegava a fazer alguma impressão. Ele estava menos praí virado e houve uma altura em que estávamos os 3 a conversar e ela depois de dizer  que eu a intimidava (ao que respondi é bom, revela que tens juízo) fez uma referência a sairmos de lá os 3, uma coisa meio ao de leve. 
Disse-lhe: Olha lá, se pensas que vou entrar numa cena de eu e o J te comermos, estás enganada. Não estou virado para isso, não é muito a minha cena.
O gajo ficou escandalizado e, como previsto, ela ficou menos. Ele esbugalhou os olhos e ela disse qualquer coisas como Ok....

Quando viemos embora ele ainda estava meio abalado e, acreditem, tem pouco de virgem este gajo. 
Perguntei-lhe qual era a surpresa, já me devia conhecer ao ponto de saber que sou pouco de andar a perder tempo e a fazer joguinhos parvos por muito boa que a gaja seja.
Eu sei, K. Não é que seja uma surpresa, só nunca tinha visto...

É mais ou menos a mesma coisa: eu digo o que sou e o que faço, não sou de segredos nem disfarces e isso não é surpresa para ele e nem sequer duvida de que sou e faço o que digo. O que se deu é que, desta vez, não ouviu dizer: estava lá e viu e isso é bastante diferente.

...e Aos Pés da Cruz: