Wednesday, March 30, 2016

...Porque Um Homem Não Vive Só de Classe...


Tuesday, March 29, 2016

Vi uma vez um sketch que me passou a acompanhar: um gajo encontrava um conhecido na rua e perguntava-lhe então? tudo bem? e este último dizia-lhe, realmente, se estava tudo bem e, como não estava, contava-lhe, também, por que não estava.
O gajo que perguntou arrependeu-se de ter perguntado.

Achei muita graça e extrapolei este óbvio para pessoas que apesar de serem apenas conhecidas acham-se e os outros também as acham mais que isso.
Quantas vezes ouvem alguém perguntar se está tudo bem mas a não querer saber, realmente, a resposta?
Quantas vezes ouvem alguém perguntar se está tudo bem e sabem, à partida, que mesmo que queiram, realmente, saber a diferença será nenhuma?

Passei poucas vezes por esta segunda situação mas quase nenhumas, presumo, pela primeira.
A segunda irrita-me um bocado. 
É verdade que alguns de nós gostam de dizer o que está mal consigo e com a sua vida só para vomitar o que os incomoda; muitos de nós gostam de dizer o que está mal consigo só para ter alguém que ouça e, maioritariamente, concorde.
Faz-me alguma confusão... revelar problemas desta maneira não os reparte antes multiplica. Se quem ouve não pode, não quer, não está disposto, não sabe o que fazer apenas ficará a saber e isso é pouco produtivo.

Dizermos a alguém o que se passa connosco, especialmente se for um problema ou um obstáculo, deveria ter como objectivo único a solução. Seja ela a correcção de um comportamento ou o ultrapassar de um obstáculo.

Quando a segunda situação corre mal é muito desagradável.
Fica-se com a sensação de para quê.
A primeira não tem como correr mal porque o dizer é a finalidade em si mesmo.

..............

Quando, há uns meses, tive de participar numa cena de grupo em que era suposto dizermos o que nos afligia estive próximo de esfaquear gente e, isso sim, estava a afligir-me.
Perguntaram e quais são as suas preocupações? ao que respondi pois, não tenho... e não tinha. Não tinha nenhuma preocupação em que me pudessem ajudar porque ouvirem-me resolve nada.

Blacklist

Gosto muito do Blacklist e, especialmente, da personagem do Raymond. 
Estava, ontem, a ver o episódio que gravei e a pensar nisto: o que haverá de comum entre o Raymond, o House e o Mr. Reese, por exemplo. Aparentemente, muito pouco.

Então, o episódio de ontem:
o Raymond - por motivos que ainda não são claros ou que ainda não percebi mas que nada têm de romântico - tem uma ligação muito forte com a Agente Keen e no episódio passado, depois de a ter ajudado a fugir, contou-lhe que quando era miúdo desejava vir a ser capitão de um navio. E disse-lhe que achava que nunca tinha partilhado isso com ninguém.
É sabido que dou muita importância à raridade do que se partilha, muito mais do que o peso do que é partilhado. No fundo, é irrelevante e de nenhuma importância dizer-se o que se queria ser quando se crescesse por ser inócuo e nada comprometedor mas quando nunca se disse o relevo é todo.

Depois (estavam num navio), olhou para o céu e disse-lhe, apontando, que aquela é a estrela polar, a estrela que ajudava os marinheiros a chegar a casa. Quando olho para ti é isso que vejo, o caminho para casa.

O Raymond, o House e o Mr. Reese têm pouco em comum mas têm isto: todos são avessos a partilha por coisa alguma, todos fazem o que acham que têm de fazer quando têm de fazer e todos seguem um código de conduta muito próprio que apesar de parecer não existir é extremamente rígido...só que as pessoas normais não entendem um código de conduta com o qual não se identificam e, por isso, confundem isso com ausência de código de conduta.

Têm, ainda, uma outra coisa em comum que os tornam anti-heróis românticos: todos eles quando se apegam ou apegaram não o fizeram um bocado. Todos eles gostam de pouca gente porque, parece-me, não têm tempo nem espaço para gostar de muitas; todos eles são auto-suficientes mas não o desejam, é visto como uma inevitabilidade mas não uma vontade ou um projecto.

Eu sei, eu sei... parece que estou a falar de mim. Não necessariamente porque vocês me conheçam mas porque, como bom egocêntrico, gosto daquilo com que me identifico.
Não estarão errados por completo mas não me identifico, em pleno, com personagens fictícias.
É verdade que encontro pontos de comunhão mas contrariamente aos que descrevi (bem...o House nem tanto...), não acho que tudo valha a pena sofrer e sacrificar por coisa nenhuma.

...e se forem como todos os outros, pensarão que penso em sacrifícios que claros e óbvios, visíveis, palpáveis, clássicos, claros...mas não. O normal não representa um sacrifício, para mim.
Não posso acordar e não gostar do que vejo ao espelho.
Ah, K, todos somos assim!! Não, gente, não somos. Todos dizem este tipo de coisas mas o que lhes interessa, acima de tudo, é o que os outros vêm e não que vemos. Se os outros não sabem, não existe! mas a coisa, para mim, funciona pouco desta forma.

Os únicos momentos em que o que acham de mim me interessa é quando concordo com o que quer que achem.
Se me acharem burro e eu me sentir burro, chateia-me muito...
Se me acharem burro mas eu não me sentir burro, chateia-me nada.

E a finalizar, aquilo que considero etéreo.
Dou muito valor às palavras e ao que elas significam mas casos há em que me interessam menos.
Isto embala-me e eu gosto de ser embalado, quando deixo.

Monday, March 28, 2016

FOI POUCO CARACTERÍSTICO O ANTERIOR

Eu sei que é pouco comum ficar a lembrar-me de cenas que escrevi antes a menos que pense que ainda terei coisas a dizer a respeito.
Este caso é, contudo, um bocado diferente; eu, como Voltaire, falo muito de mim por ser o assunto que conheço melhor. Ok. Isso e egocentrismo, provavelmente. Mas é mais o primeiro, de certeza.

Então,
sofri de um fenómeno de tunelamento, uma coisa que, em termos simples, quer dizer que bloqueei tudo à excepção de uma fina tira de pensamento e consciência, daí ter-me passado que há mais entre o céu e a terra do que eu.
Ia dizer que não me é comum padecer de tunelamento mas isso seria pouco realista. A minha personalidade é, no fundo e sem filtros, bastante obsessiva e isso leva-me a focar única e exclusivamente numa qualquer coisa naquele momento.
Realista é dizer isto: não me é comum padecer de tunelamento durante muito tempo.

É raro tentarem mudar-me a Natureza.
Por muito que se queira, mesmo para quem muito gostaria que fosse outra coisa que não aquilo que sou, torna-se mais ou menos claro que é difícil ter sucesso na empreitada; nada em mim diz ou aparenta que farei alguma coisa diferente daquela que quero, seja ela qual for.
É comum tentar mudar a minha Natureza.
Há um redemoinho constante de tentativa de melhoramento, passo muito tempo a tentar ser aquilo que acho que devo ser e o que tem mais graça, a este respeito, é esta: as minhas características pessoais não são particularmente úteis mas extremamente sexys, há todo um elan que envolve o meu temperamento e fuck´em all que facilita uma visão acalorada.
...e é engraçada porque tento, bastante, mudar algumas destas coisas que são fodíveis mas pouco práticas e, muitas das vezes, perjudiciais quanto tenho a roupa vestida.

Quando digo o que acabei de escrever, quanto a melhoramento, parece falso. É natural. O que se vê, e bem, é que vivo bem com esta cosia de ser do fogo, o que não se vê é que, por experiência própria, o fogo já me consumiu muitas vezes.

E enter a estupidez e o tunelamento:
quando o meu sangue ferve e os meus olhos raiam de raiva, a coisa está perdida. Não vejo nada, não sinto nada, não há bom-senso que me ponha a mão.
Em condições normais, o que faço é ficar calado e sentado em qualquer sítio. Não falo, não ando, não ouço e quase nem respiro. É preciso perder de vista todo o sangue que quero fazer jorrar. 
Só que, às vezes, não dá. Às vezes não me deixam. Às vezes não consigo.

E enter o sexy:
não temo nem tremo.
Quando o Mundo começa a parecer desabar - às vezes, só parece - não é momento para dúvidas e há que andar em frente, custe o que custar e custe a quem custar.

E enter o motivo de querer mudar:
de vez em quando, como disse, o Mundo só parece querer desabar e nestas alturas, quando parece mas não vai, trato de o rebentar e tornar a profecia algo que se realiza só com base numa suposição.
Isto não quero. Disto não gosto.

...só que se achar que só parece e depois desabar mesmo, não queiram estar na minha pele.
Não vai ser bonito..


(Ri-me durante um bom tempo, com isto)

Saturday, March 26, 2016

Contrariar a Natureza

Um dos traços mais marcantes da modernidade - que começou muito antes da própria - é a tentativa de contrariar ou controlar a Natureza; é por isso que se constroem diques e barragens, por exemplo.
Apesar de parecer que somos bem sucedidos durante um tempo, volta e meia levamos com um enxerga-te sob a forma de tsunamis ou chuvas torrenciais.
A Humanidade tem uma ilusão de controlo, coisa que não me choca e nem acho que deveria ser de outra forma.

A Natureza Humana não é assim tão diferente, quando vista em termos de espécie. Somos (mais os Ocidentais) uma fina capa de verniz que estala com facilidade e retornamos à caverna muito depressa. Os bens e as fontes de necessidades mudam (o Petróleo era desinteressante até ser descoberta a sua utilidade, por exemplo) mas o fundamental, não: os bens e as fontes são finitas e, por isso, lutamos por elas de qualquer forma (vide médio-oriente).

A Natureza da Pessoa, contudo, tem mais nuances, vista individualmente.
Aqui, é possível moldar a Natureza individual; a falta de confiança ou excesso dela; a cobardia ou valentia; a bondade ou a maldade.
Podemos educar Uma Pessoa para ser, basicamente, qualquer coisa mas é trabalho para se iniciar cedo, caso se pretenda ser bem-sucedido. 
A dúvida surge-me quando já estamos formados e é este o fundamento do título desta cena.

Sou, ou tento ser, profundamente utilitarista, ou seja, pondero sempre se vale a pena fazer isto para resultar naquilo e se achar que não dificilmente o faço.

Voltando ao pré-início: Será que vale a pena tentar contrariar a Natureza de uma pessoa?

Porque sou utilitarista, depende...
E o depende depende disto: é possível e não tão difícil assim fazer com que alguém contrarie a sua Natureza momentaneamente mas já tenho muitas dúvidas no longo curso. O que acontece é que muitas vezes chegará que alguém faça algo contra-natura uma vez por ser apenas uma vez que precisamos que a faça.

Por exemplo:
Eu preciso que X faça uma chamada que não me apetece fazer. X não gosta de fazer chamadas, não faz parte das coisas com que se sente confortável e prefere evitar, aliás, prefere evitar com muita força.
Porque preciso que X faça apenas uma chamada não terei muitos problemas em forçar a que tal aconteça. Consumir-me-á alguma energia mas, ainda assim, menos do que ser eu próprio a fazer a dita chamada. Empenhar-me-ei para que o resultado aconteça e o resultado acontece.
Verguei a sua Natureza. Era o que precisava e fica feito.

Eu preciso que Y faça chamadas que não me apetecem fazer por tempo indeterminado. Y tem o mesmo gosto por fazer chamadas que X.
Poderia ter o mesmo comportamento que tive com X mas há uma diferença substancial: eu não preciso que Y faça o que não quer/não consegue/não está preparada para fazer apenas uma vez, preciso que mantenha o comportamento. Não me chega vergar a sua Natureza uma vez mas vergá-la e alterá-la de forma mais ou menos definitiva.

No caso do Y, colocam-se dois problemas:
1. não estou disposto a consumir o mesmo nível de energia de cada vez que queira que me faça um telefonema. Deixa de ser útil perder tanto tempo tantas vezes;
2. para uma relação a longo curso, não pretendo que Y faça o que quer que seja contrariado porque preciso que a queira fazer por ser uma coisa de que preciso.

O que fazer com Y, então?
É-me difícil responder. É uma batalha interna em que o meu cérebro diz pá, se não serve é procurar outra letra do alfabeto enquanto a minha parte emocional poderá dizer tens de aprender a fazer chamadas.
Pois...não tenho muito talento para fazer o que não quero nem para não ter o que quero.

Não é útil e não tenho vontade de acordar amanhã e descobrir que, de facto, tinha razão e andei a laborar em erro.

Sem sair muito desta temática da Natureza mas uma outra coisa

Andei a ler um livro que versa sobre o que faz a Escassez (seja ela qual for) ao cérebro e, por conseguinte, à pessoa como um todo.
Não vou fazer-vos papar o chaço de falar sobre o tema da Escassez, por agora, mas um dos exemplos que é dado é qualquer coisa como isto:

O Pai tem uma reunião importantíssima para preparar mas, no entretanto, tem um jogo de futebol do filho ao qual prometeu assistir.
Então, o Pai pensa "vão haver mais jogos de futebol do meu filho e esta reunião é importantíssima e pode ser única, pelo que vou faltar ao jogo para me preparar para a reunião.

O raciocínio do Pai não está errado.
O que se passa é que não se sabe quando faltar a mais um jogo será definitivo para quebrar um laço que se pretende manter.
O Pai corre o risco mas se calhar não pensou nisto porque as pessoas tendem a achar que só mais uma vez não faz mal.

Percebem?
Egoísmo, cegueira e ilusão. Algumas das características que me chateiam estão neste Pai e este Pai é, muitas vezes, o nosso Pai porque nós não somos assim tão diferentes uns dos outros.

Friday, March 25, 2016

Pergunta o Médico

K, está numa relação?

O que ele queria saber era se ia regularmente com a mesma pessoa para a cama e não se tinha uma relação de facto.
A resposta era simples, se me tivesse prendido ao que era mesmo perguntado mas fiquei pendurado uns segundos no significado mais concreto de relacionamento.

Para o que foi perguntado, a resposta é Sim;
Para o que ouvi acho que a resposta é igual mas, depois, preencho, mentalmente, os quadradinhos individuais do que somado daria este resultado e volto a não ter a certeza.

Thursday, March 24, 2016

Ocidente e Os Terroristas

Durante as intermináveis reportagens sobre o sucedido na Bélgica deparei-me, novamente, com o raciocínio de que nós, Ocidentais, perdemos muita da testosterona que nos deveria preencher e tornamo-nos demasiado sensíveis.

A nossa sociedade avançada desabituou-se da dureza e perdeu a perspectiva porque embarcou na tese do Fukuyama de que a história teria acabado com o advento da democracia liberal e representativa.

A morte de uns poucos milhares de americanos empurraram-nos para 2 guerras;
A morte de meia dúzia de belgas (e franceses, antes deles), faz-nos sentir que toda a civilização está a ser atacada e seremos invadidos;
Um burro que entrou com um par de sapatos armadilhados no avião obriga-nos a descalçar sempre que queremos voar;
Um cão que poderia ser uma fonte de epidemia é abatido e há manifestações de milhares e milhares.

Poderão pensar que estou a ser bruto e parvo mas não me parece ser o caso. É só tentar ter perspectiva.
A mansidão da vida ocidental roubou a nossa resistência. É impossível estarmos preocupados, por exemplo, com civis mortos durante uma guerra e querer ganhá-la; entendam, não é que diga que se devem matar civis (sendo certo que quebrar o espírito de um povo não é desprovido de sentido em tempo de guerra) mas não pode ser uma questão crucial nem paralisante.
A mansidão da vida ocidental levou a que, por exemplo, se considere sub-humano o tratamento dado a terroristas e alguns criminosos mas já não empolar a vida de um cão relativamente a milhares de humanos que morrem da mesma doença que levou a que o dito cão fosse abatido.

...e do outro lado temos gente áspera que vive uma vida real que a endureceu.
Quantos iraquianos ou sírios morrerão numa hora? Serão menos do que os que morreram em França ou na Bélgica nos últimos anos? 

Eu acho que o problema com o terrorismo é socio-cultural, ou seja: a análise da estrutura onde se inserem os bombistas e outros que tais é semelhante, até em questão etária.
Miséria física é apta a criar miséria mental e gente sem rumo aceita o rumo que quiser.
O problema principal, contudo, é este:
Também eu acho que a pena é mais poderosa que a espada mas apenas a longo curso. No imediato, aparece com uma pena num duelo e vamos ver quem acaba com um ferimento fodido.

Em suma:
até quando pessoas como eu, que acham, de facto, que a violência não vai resolver o problema poderão aceitar apanhar sentados e, depois, quem no Ocidente terá coragem para uma política de salgar a terra?
Até o Krishna teve de aviar uns quantos, a dado momento, porque era o que tinha de ser feito.

....e agora...

Num dos telejornais, apareceu um general (acho que na reserva) a falar das falhas na intelligence (repetiu esta expressão tantas vezes que me apeteceu espancá-lo) e que o principal problema se prendia com a legislação: era demasiado difícil conseguir escutas e fazer rusgas.
O que lhe escapa - porque para um martelo tudo é prego - é que são as garantias de que não é fácil conseguir-se autorização para escutas e para rusgas que torna o Estado de Direito...Estado de Direito.
Países onde é simples (o que costuma ser sinónimo de arbitrário ) escutar e invadir e prender são pouco democráticos e tendentes a serem democracias musculadas, no mínimo, ou ditaduras, normalmente.

É o livre acesso às pessoas e a indiscriminada ligeireza com que uma suspeita ou um indício se transforma em prova que veste um estado de polícia e coisas como a Stasi.

Então, o e agora foi por isto:
Também eu me sinto a padecer de falta de testosterona quando tão irritado com uma escutazita ou tal, até porque não tenho nada a esconder nem temer (em princípio).
Também eu amansei com a ideia de segurança e de justiça.

Se eu me vejo assim, imaginem como vejo os abraçadores de árvores em que o Ocidente se tornou...

Tuesday, March 22, 2016

Beleza


pensavam que ia ser uma gaja, não é?

Coisas Com Graça (e uma rara ocasião em que acho que fui inocente)

Já aqui contei da entrada a sangrar a canela que dei à enfermeira que me tirou sangue.
Hoje voltei lá.

Não disse nem fiz nada, quer porque acho que já fiz o que tinha a fazer anteriormente (agora, teria de ser gente a meter o pescoço à vista) quer porque não estou em fase de fazer nada do género, agora.
Então,
Veio fazer mais? Não estava tudo bem com as outras? Eu vi-as e pareceu-me tudo certo...
- Pois. Mais do que um médico viu-as e também achou que estava tudo certo mas este quer assegurar-se. 
Ah, mais picuínhas...
- Talvez seja, faço o que me mandam.

Arregacei a camisa, levei o garrote e tirou-se-me líquido, o que muito me desagrada.
Depois,
a) desinfectar, com muito cuidado;
b) ficar a segurar um bocado de algodão bastante tempo;
c) trocar o bocado de algodão por um mais pequeno...e mais tempo;
d) passagem dos dedos da outra mão (a que não segurava o algodão) no meu antebraço, muito gentilmente;
e) colocar cuidadosamente um curita.

Eu sei que estão a ler isto e a ver para onde a coisa foi mas isso não explica a minha inocência, certo? Aliás, faz mais parecer o contrário de inocência só que o que realmente aconteceu é que nas passagens que descrevi eu não achei, na altura, que tinha sido bastante tempo nem que a troca de algodão fosse esquisita nem que a passagem de dedos pelo meu antebraço fosse fora do comum nem que o curita tivesse sido depositado com muito cuidado.

Tendo a não discutir procedimentos médicos, digo sim e é o que for.
Eu sei que a passagem dos dedos é um bocado difícil de engolir mas eu lá sei se é uma cena que facilita ou ajuda a circulação ou sei lá o quê...

Então, 
pergunta justa?
Porque não achei nada daquilo incomum quando aconteceu e agora adjectivo como adjectivei?

Pá...houve um f)...
Quando acabou de fazer tudo o que descrevi puxou-me a manga da camisa para baixo (ok...um bocado excessivo e nada de clínico mas pode ser só prestável) e começou a tentar abotoar a minha manga (ok...passamos a linha em que já posso achar tudo normal).
Fiquei um bocado à toa e sem reacção e depois do que me pareceu uma vida inteira (hão-de ter sido uns 10segs), disse deixe estar, eu nunca aperto os punhos...

Fui bebé.
Fosse a altura uma outra e não estou certo que isto não lhe saísse do corpo.

Monday, March 21, 2016

MOTIVACIONAIS

É sabido o meu asco por pessoal que dá palestras de auto-ajuda e o meu parco apreço por quem leva com elas. E só é parco apreço e não asco também porque lamento quem se banha na da cobra que é vendida nestes eventos.
(Ok, não serão TODOS vendedores de banha da cobra mas permitam-me - e se não permitirem, caguei - tomar o todo pela pequena parte).

Então, vamos antes ao pessoal que usa frases sweets (coisas como o que não te mata torna-se mais forte do Nietzche que o deve fazer revolver no túmulo porque não é para ser utilizado para, por exemplo, maleitas físicas mas é) para se sentir melhor.

Ora,
como comecei no parágrafo anterior, muitas das frases que caíram no uso corriqueiro são descontextualizadas e utilizadas para fins para os quais não fazem sentido;
outras há que são válidas mas completamente incompreendidas. Ouvem-se citações do Osho sem que se entenda o que ele quer dizer ou de Twain sem saber o que o Twain pensava ou dizia.
Para o efeito do que aqui vim fazer vamos, ainda assim, excluir a muita ignorância e imaginar que todas as frasesitas são bem aplicadas e bem compreendidas. O problema que aqui me traz é outro.

Acredito que podemos e devemos procurar fora o que não temos por dentro e nos faz falta. 
Estas coisas motivacionais são, para mim, isto mesmo: uma tentativa de completar o que se não tem e, no fundo no fundo, o que conta é o resultado e se este truque funcionar não serei o primeiro a atirar uma pedra mas sou capaz de ser o segundo ou terceiro.
Se apoiado neste truque a pessoa souber que o está a fazer deveria tentar escapar à muleta e resolver, em si e por si e dentro de si, aquilo que busca nas palavras que outros lhe emprestaram. É admissível que o bebé que está a tentar aprender a andar se vá agarrando ao que terá à mão para não cair mas o objectivo último é conseguir que as suas pernas façam todo o trabalho.

Então,
se se precisa de ter escrito à frente concentre 90% do seu tempo em soluções e penas 10% nos problemas não tenho nada a opor, desde que não se precise indefinidamente de ser lembrado desta coisa óbvia.
Sim, a própria frase dá-me ânsia de vómito mas se ajudar...

Eu sei que isto parece uma crítica a quem usa estas banalidades (olá, FB) mas só o é se for perene.
Querem uma frase bastante mais útil do que tudo que por aí se encontra mas que não é entendida como motivacional?
Nasce-se sozinho, morre-se sozinho.

Entendem?
A muleta e o que vem de fora só dura um certo tempo e não resolve, é só um paliativo.

GORDAS, OBAMA E CENAS MOTIVACIONAIS

GORDAS

Ontem vi uma reportagem sobre o alargamento do conceito de beleza.
O que quer isto dizer? Agora aparecem gordas na capa das revistas (de moda), surgem mulheres importantes pelo seu interior em lugares menos comuns (calendário Pirelli, por exemplo) e outras em listas de gajas mais boas do Mundo (a Askmen fez isto e já me revoltei a respeito).

Isto é, apenas, hipocrisia.
Se pensam que tenho alguma coisa contra gordas, enganam-se. Primeiro porque também sou e já fui muito mais e Segundo porque não acho que devamos punir-nos ou, sequer, sofrer por não sermos aquilo que os outros são ou esperam de nós.
Dito isto:
é estúpido entender-se alguém obeso como um ideário de beleza de qualquer tipo e, mais do que estúpido, não vai acontecer nunca a menos que estejamos a falar de parafilias de qualquer tipo.

Para não ofender ou para ofender menos, vamos usar-me a mim:
Não era um segredo, para mim, o motivo que levava a que alguns dos meus amigos sacassem mais gajas que eu. Eram mais magros e, em alguns casos, muito mais bem apessoados.
Porque assim era, as minhas armas eram outras mas nunca as clássicas dos gordos (bom-humor, diversão, simpatia...). Usava o que tinha e como tinha de usar mas sabia, sem margem para dúvidas, que não seria a primeira escolha quando batiam os olhos em mim.
Ainda assim, nunca quis ser mais magro. Sim, sacaria mais gajas; Sim, compraria roupa com mais facilidade; Sim, as viagens de avião seriam mais confortáveis; Sim, seria menos olhado de soslaio.
Tudo quanto descrevi facilitaria a minha vida mas é-me irrelevante, no centro da coisa. EU não sou o que peso nem o que pareço e o mesmo se aplica a qualquer pessoa mas, agora, imaginar que quando se tira a roupa é indiferente parecer o Demis Roussos ou o Brad Pitt é estúpido.

Case And Point
Apareceu uma modelo plus size.
Ela pesa 108 Kg (decorei) e mede 1.65 (acho) e, durante a entrevista, disse que tinha dificuldades em arranjar trabalhos (óbvio), que se sentia bem na sua pele (perfeitamente possível) e que tinha uma alimentação saudável e praticava desporto regularmente (oi?!).
Novamente: experiência pessoal.
Uma pessoa só pode pesar 108 Kgs para 1.65 (especialmente mulher, por questões meramente anatómicas) se não se alimentar decentemente e não praticar exercício físico (a menos que seja uma questão de saúde que ela pode sofrer mas que não revelou).

Então,
a maior modelo plus size portuguesa adora-se (como devia) mas precisa de justificar o porquê de ser gorda e que é saudável (o que não bate certo).

Eu detesto mulheres escanzeladas, nunca entrei no comboio Kate Moss e estou muito contente que se tenha regressado a mulheres com corpo saudável e curvilíneo mas pensar que o ideal de beleza será qualquer coisa é uma hipocrisia tremenda que fará com que quem ouve e pensa ser verdade passe uma vida frustrada.

Eu não sou diferente desde que perdi uns quanto kgs mas quem me vê acha que sou porque para aos outros - especialmente os menos próximos - interessa o que se vê e não estão errados, não temos tempo para andar a conhecer as pessoas em profundidade.
Eu não sou diferente desde que perdi uns quantos kgs mas a minha vida é mais fácil porque life is a brauty peagent (como ensinou o House).

A vida não é justa.
Andaria facilmente com uma gorda, se gostasse dela, mas andaria com uma gaja boa ainda que não gostasse tanto dela.
É fodido, dói a todos.

OBAMA

Sem sair to tema hipocrisia...
Ontem vi o culminar de meses de antecipação da reconciliação entre EUA e Cuba, A coisa há-de ter começado há mais tempo, nos bastidores, mas tornou-se visível quando há meses o Obama cumprimentou, publicamente, o Castro no poder.
Ah, é um serviço para a humanidade e cenas e pode muito bem ser mas o que é, de facto e já, é o Obama a tentar deixar um marco indelével da sua presidência.

Obama e todos os que chegam a uma posição de inegável poder padecem de um ego gigantesco e, por isso, querem que os outros e, quando em posição para tal, a história os recorde e o melhor para isso não é uma conjunto de actos que tornem o Mundo melhor mas um que ainda que o não faça...pareça!

Os meus conhecimentos e paciência não permitem que dê muitos exemplos mas fiquemos onde estamos:
O Bush que precedeu o Obama tentou o mesmo ao ir concluir o que o pai tinha começado mas não acabado: depor Sadam e levar a Democracia ao Iraque.
É certo que os actos são diferentes mas o fundamento é o mesmo: ficar para a história.

Naturalmente, prefiro a reconciliação com Cuba do que a Guerra com o Iraque mas a hipocrisia anda de mãos dadas com ambas.
Por muito que o queiram vender e, inclusivamente, por muito que acreditem assim ser, o que está em cima da mesa não é a felicidade de outros nem o bem da humanidade mas o marco de um só gajo na história e nos livros que sobre ela serão escritos.

Aquiles, na altura, foi confrontado pela mãe que lhe disse Chavalo, se tu fores para a Guerra de Tróia vais ser recordado para sempre mas não voltarás; se não fores para a Guerra de Tróia a história não se lembrará de ti mas terás uma família e viverás longos anos.

O Aquiles foi.
O Aquiles foi não por querer ganhar a Guerra (que também queria) mas para não ser mais esquecido.
Funcionou mas valeu a pena?
Infelizmente, não nos vai responder.

(as Cenas Motivacionais para depois, a minha quota de paciência esgotou, por agora)

Friday, March 18, 2016

Eu e o NatGeoWild

Não ando um bocado colado no NatGeoWild, ando muito colado no NatGeoWild.

A primeira explicação para a coisa é que por ser menino de cidade tudo que envolve mato e bichos e que tais chamam-me muito a atenção; acho espantoso, por exemplo, gente que cultiva batatas...não consigo dizer exactamente porquê mas acho admirável.
Por ser o que sou e quem sou é difícil acreditarem na admiração que nutro pelas pessoas que conseguem fazer alguma coisa que exista. Uma cadeira, uma batata, uma lâmpada, uma camisola. 
O meu trabalho é meramente intelectual e a minha aptidão também e se é certo que não sou um pamonha que não se sabe defender também é verdade que se me puserem a fazer algo de verdadeiramente útil (mudar uma lâmpada?) terão uma desagradável surpresa.

Sim, é fixe o pensamento complexo mas serve para quê?
É justo pensar-se que acho isso porque o consigo desenvolver e não descarto a hipótese mas, mais uma vez, se a luz falhar o que interessa a minha capacidade de relacionar o comunismo com os teorias milenaristas?
ZERO.

Bem, divago...

O que os programas sobre animais e natureza me agradam é que as coisas são simples mas não simplistas. Têm uma lógica óbvia. Tudo é utilidade.

Acho admirável que quando animais se confrontam (não em caça mas em confronto puro) raramente haver uma morte.
Por norma, o que acontece é que um percebe que perdeu e não vale a pena continuar para quinar. 
Orgulho, não há.
Eu não sou capaz de ser assim...

Como o que interessa é a sobrevivência da linhagem - e é ainda mais espectacular que os animais não saibam isso apesar de o fazer -, o leão que tira o lugar ao outro vai matar as crias que por lá andarem, caso andem por lá.
Com isto faz duas coisas:
1. mata a linhagem anterior;
2. faz com que as leoas entrem no cio e começa a criar a dele.
Eu sei que parece bárbaro mas...se o que interessa é a linhagem e a evolução da espécie (o animal que derrota outro terá genes superiores, o que, no caso, também alegra as leoas) há que descartar o refugo.

Ainda nos leões - sim, é o que dá mais - tem graça que eles participem menos na caça quer porque têm outras coisas para fazer quer porque seriam um empecilho.
Têm de defender o território de outros leões - o que têm para fazer;
A juba impede a camuflagem necessária para emboscadas - onde empecilhariam.

Gosto de coisas úteis.
Um dos meus primeiros pensamentos em tudo que faço é o que ganhas com isso? e, normalmente, se achar que não ganho nada, não faço. Só que como sou mais evoluído (ou menos, depende sempre da perspectiva) que a vida selvagem, tendo a não conseguir cumprir à risca este critério.

(lembro-me que a primeira vez que vi um bando de pelicanos a pescar achei que era a coisa mais maravilhosa do Mundo. E ainda acho um bocado...)

"Não Consigo Fazer Isto Sozinho"

A objectividade revela que dizer isto nada mais será do que a constatação de um facto, aplicável ao que quer que seja que não se consegue fazer sozinho. Desde construir uma casa e mudar o curso de um rio.
Nada tem de especial, como nada têm de especial afirmações que comprovam o que é visível.

A subjectividade, como em tantas e tantas ocasiões - muitas mais do que o número de casas decimais do PI - impede que se tome o que quer que seja como o seu valor facial.

Dependendo de quem diz não consigo fazer isto sozinho, o não conseguir fazer sozinho é uma realidade quotidiana, como deve ser, ou uma facada, como não deve ser.
Pensem no gajo que apenas construirá uma casa se o conseguir fazer sozinho, ou ficará a viver na rua; pensem no gajo que se não conseguir mudar o curso do rio sozinho, verá a sua terra submersa e despedaçada.
Este último gajo é estúdio mas um clássico: é o que é.

Então,
para quem está habituado, adaptado e conforme com a realidade que o rodeia, pedir ajuda é ordinário;
para quem está habituado, adaptado e conforme com a realidade que criou, pedir ajuda é extraordinário.

Como tudo o resto, pedidos ordinários que sejam recusados ou mal sucedidos não constituem problemas porque são muitos e, por isso, não é demasiado decepcionante;
Como tudo o resto, pedidos extraordiários que sejam recusados ou mal sucedidos, constituem problemas porque são muito raros e, por isso, é demasiado decepcionante.

...e talvez o pior de tudo, quando pedidos especiais que põe o pessoal a jeito são mal sucedidos a ideia anterior (de que ou se faz sozinho ou não há quem faça, então, para quê?) sai reforçada e, por isso, cada vez menos se pedirá o que quer que seja para, num Mundo ideal, parar de se pedir o que quer que seja.

LULA 2 (no seguimento e com o mesmo tema)

O Presidente da Venezuela, Nicólas Maduro, apelou esta quinta-feira à solidariedade mundial para com a sua homóloga brasileira, Dilma Rousseff, e o ex-Presidente Lula da Silva perante o golpe mediático-judicial que estão a tentar contra eles.

Sim, a companhia só melhora!
A seguir, será que teremos o Putin e o Pol Pot, este último da cova onde está?

Thursday, March 17, 2016

Era outra coisa...mas I'm a Voodoo Child


LULA

Ando a acompanhar a novela Lula da Silva com muito entusiasmo e ainda mais estupefacção.
Ainda não comentei a coisa porque me falta destreza para articular tanto palavrão de uma só vez e olhem que, como é óbvio de uma breve consulta da coisa aqui, não sou dos menos versados em caralhadas.

O que aconteceu é que acabei de ler uma declaração da Dilma Roussef (acho que em resultado de terem impedido a tomada de posse do Lula) dando conta que é com actos como o destes juízes e magistrados que começam as revoluções.

...mas onde é que eu já vi dizerem coisa mais que semelhante?

A cartilha atravessou o Atlântico.

Feições

Perfeição, além de virtualmente impossível, é chata...
Não queria não ter rugas; não queria não ter olheiras; não queria não ter dentes imperfeitos.

Esquecendo o facto de gente que anda agarrado aos bisturis e cenas que tais tem problemas bem mais graves para resolver do que o tamanho das mamas ou do nariz...a perfeição é chata.
É verdade que é esquisito valorizarmos a beleza - e eu valorizo - para depois não gostar dela em excesso mas a questão é um bocado essa: perfeição não é beleza.

Pensem na separação entre os dentes da frente da Brigite Bardot;
Pensem no rabo da JLo;
Pensem nas cicatrizes do Daniel Craig (só para não me chamarem sexista!).

E agora pensem nas coisas de que se lembram primeiro.
Pensem na mossa que o vosso carro tem e que faz com que vocês o reconheçam como vosso;
Pensem na lasca que têm no dente e que faz com que se lembrem daquele jantar óptimo que teve o seu preço;
Pensem no temporal que apanharam quando estavam bem acompanhados;
Pensem na marca que ele/ela tem na parte de dentro da coxa que só vocês conhecem.

E agora saiam do corpo.
Pensem naquela característica pouco atraente que aquela pessoa, que é ou foi vossa, tem;
Pensem no dia em que ficaram à toa no meio de uma cidade no meio de nada porque se enganaram no percurso dos transportes públicos.

Perfeição é uma chatice e ninguém se lembra dela.
Mesmo os momentos que possam ser considerados perfeitos raramente o foram no clássico conceito do termo. Foram perfeitos porque alguma coisa aconteceu e o acaso é inimigo da perfeição.

O Amor, por exemplo, será mais revelado quando se consegue gostar em alguém de uma característica qualquer que, em circunstâncias normais, seria quase (ou completamente) repugnante.

Perfeição, além de virtualmente impossível, é chata...

Wednesday, March 16, 2016

Tempo a Mais Entre Mãos...e RnR


Cão Pequeno

Não sei se a aprendi ou saiu de geração espontânea mas a teoria de que só cães pequenos ladram muito é-me cara e não costuma ser desmentida.
Há uma variante engraçada que diz que na Savana, por exemplo, os predadores de topo ou aqueles que não têm predadores naturais tendem a andar devagar a menos que andem a caçar. Um exemplo é o elefante e outro o leão.

O problema é que não é uma teoria suficientemente difundida, então há cães pequenos que não sabem que o são e que não conseguem reconhecer cão grande.

Ando há uns tempos para cima e para baixo em negociações com uma gaja por causa de uma cena.
Não tenho muitas técnicas de negociação: preocupo-me com aquilo que entendo desnecessário e a bem da celeridade coadjuvada com a minha falta de vontade de provar o que quer que seja, cedo naquilo que não me prejudica.
Por exemplo:
Eu quero que X aconteça no tempo Y mas há uns quantos passos a serem dados entre o início e o fim e esses passos interessam-me menos. Se querem que escreva porra em vez de foda-se não me faz qualquer diferença e nem sequer discuto; se querem o tamanho da letra a 10 em vez do 8 que costumo usar, tudo certo.

De vez em quando, contudo, esta minha complacência é confundida com fraqueza, coisa que é comum acontecer a cães pequenos.
Esta gaja foi pedindo e eu acedendo, sem discutir o que me é irrelevante, então, burra como é, confundiu aquilo que descrevi com o que descrevi também.
Quando me enchi faz o que fazem os cães grandes: mordi.
Ela, pequena como é, apressou-se a andar para trás e desfazer-se em desculpas. Ah, se pareceu, não foi essa a minha intenção; Ah, não usaria esse tom por mal; Ah, não queria ofender...e como toda a presa, desfez-se em banalidades com medo de ser abocanhada.

Isto poderia ser uma história de regozijo e vitória do A-PEX Predator e vendi-a mais ou menos assim porque não quero que se saiba - por desnecessário - aquilo que realmente me incomoda...
Irrita-me até à quinta casa que me forcem a atacar quando não dou motivos para ser provocado; respondi, ganhei, ajoelhei e não fiquei contente porque a estupidez não é motivo de festejo.

Cães pequenos...foda-se pra eles!

Assunto Repisado (como quase todos...)

Só não me incomoda andar muito à volta do mesmo porque a natureza humana anda sempre à volta do mesmo.
Volta e meia inventam-se expressões para tornar a coisa mais sexy (inverdade ao invés de mentira ou crosstraining ao invés de treino de circuito) mas o cerne está sempre lá.

Quando as dificuldades dos outros não são óbvias ou comuns, tende-se a ignorar ou imaginar que não existem quando as dificuldades e o seu tamanho - tal como sentimentos e traumas e tudo o resto - têm a importância que é dada por quem as sente e não por quem as vê de fora.
Não olvido que é preciso ter uma visão objectiva do que os outros pensam e dizem quando estamos a avaliar o que faremos e o que queremos, contudo, caso nos queiramos manter por perto a apreciação não pode ser feita assim.

Por exemplo:
eu acho parvo a preocupação de alguém ser perder ou ganhar 2 kgs e acho-o, parece-me, justamente.
Então, qualificarei, sem dó, como sem sentido e seguirei em frente.
Agora,
se esta coisa, para mim, parva for uma preocupação de alguém que não deixarei ou não quero deixar pelo caminho terei de a avaliar de uma outra maneira; terei de a avaliar como sendo algo que fará parte - mais ou menos - da minha vida, pelo que mesmo não deixando de ser parvo tem de ser respeitado.

Sucede que alguns de nós temos preocupações e limitações mais esquisitas.
Imaginem a, sei lá, Jennifer Lopez (se gostarem de a imaginar, como eu):
o problema mais óbvio (bem...um deles) é que ela vive do outro lado do mundo, pelo que nem vale a pena pensa nisso;
o problema menos óbvio é que se a distância física desaparecesse mas, no seu lugar, a JLo decidisse ignorar o que me causa problemas e transtorna, o problema seria o mesmo da geografia ou ainda pior.

Não se apanha um avião para entender as pessoas.

Tuesday, March 15, 2016


Monday, March 14, 2016

Teoria Não É Tudo

Há uns tempos li num livro que um filósofo grego terá dito qualquer coisa como:
Estúpido é aquele que pensa que a montanha mais alta do Mundo é a que viu (parafraseei, não me lembro do livro e nem do nome do filósofo), coisa que, para mim, faz todo o sentido. Assim pensar é uma marca d´água de ignorância!

...e depois a prática.

Desde tempos imemorias (literalmente, não me lembro) sempre tive o princípio de que se queremos dar um presente ele dever ser inútil, um bocado como a definição de arte. E quando digo inútil, para que se perceba, quero dizer isto: Não se dá, como presente, uma batedeira a uma mulher.

Ora, descobri que nem todos pensavam o mesmo que eu.
Choque.

Se alguém me convidar ou se convidar alguém para jantar penso em Restaurante. Não penso em coisa super-kitada mas penso em restaurante e comida decente.
Descobri que há quem pense em ir jantar fora e pense shopping,

Reparem: concebo que se coma num shopping (a custo...porque não gosto muito de shopping mas se lá estiver...) mas já não que se chame ao que se lá está a fazer de jantar.

Ora, descobri que nem todos pensavam o mesmo que eu.
Choque.

A montanha mais alta não é a que vi e o que torna as coisas piores é que reconheço e concordo com o conceito mas, ainda assim, não o apliquei.

Danos Colaterais

O mais comum é chamar-se danos colaterais aos civis que morrem no meio da Guerra. Outro nome que se pode dar a danos colaterais é mal necessário mas a coisa nem sempre é necessária, às vezes é o que é, outras quer-se - e usa-se danos colaterais como eufemismo.

Tenho uma nuvem que paira nos meus dias mas que raramente vejo porque aprendi a ignorar e ela aprendeu a ser ignorada. Aparece de vez em quando e quando aparece fode-me um bocado a cabeça.
O pior desta nuvem é que me obriga a fazer o que não quero e é por isso que não a consigo fazer desaparecer; por norma, dou cabo destas coisas com dizimação, terra queimada. Também podia fazer o mesmo a esta mas sinto que não devo e sinto que não devo por terceiros e não por mim...o que me chateia ainda mais mas...

A ramificação desta merda é que me força a criar danos colaterais e porque sei que os crio fico na dúvida se devo apelidar de colateral o que sei que virá a acontecer.
Por que motivo não evitas, então? pareço ouvir. Ora, porque se o fizesse estaria a facilitar a vida à nuvem e já me chega deixar que paire. Não colaborarei para o seu bem-estar...e ao fazê-lo afecto o bem-estar de quem não queria afectar e isso ainda carrega mais no que me irrita a nuvem.

E, no caso concreto de ontem, o que ainda me chateia mais (pareço irritado? Estou!) é que me parece que se dissesse isto no caso concreto e no dia concreto e à pessoa concreta, faria parecer que era ou dramático ou carente, coisas que não sou e que nem na mais remota ideia quero parecer...e isto ainda carrega mais no que me irrita na nuvem.

Foda-se! 

Saturday, March 12, 2016

...Lembrei-me, Depois da Última Parte Do Que Precede

Elogiamos muito as pessoas que não são influenciáveis.
Vamos, por um momento, esquecer os graus que separam os muito dos nada influenciáveis e centrar-nos no facto influência em si.

Ora,
imaginemos que a pessoa que tem a dúvida não é essa admirável raça de gente que se está a cagar no que os outros pensam e são muito mais elas. Imaginemos que não pertence a essa moda falsa - porque só se diz e não se faz - de ser independente do que de si se pensa.
Esta pessoa com a dúvida pode ver a sua dúvida desfeita mediante a apresentação de factos que podem ser verificados enquanto tal. A dúvida é aplacada pela explicação.

Agora,
imaginemos que a pessoa que tem a dúvida é da admirável raça que descrevi.
Esta premissa parte, logo, do erro de imaginar a existência de dúvida. A dúvida parte do confronto do que se acha com o que se retira de outro lado e se nada se retira do outro lado não há dúvida.
Essa admirável raça fica, então, entregue apenas ao que consegue, por si, inferir e não do que lhe pode ser explicado; quer dizer: o que pode ser explicado pode ser explicado mas apenas o será se essa admirável raça concordar.

...e é por isso que não há valores absolutos;
...e é por isso que o preto é o outro lado do branco;
...e é por isso que as virtudes também são defeitos, dependendo das circunstâncias, o que quer dizer que nunca são virtudes e nunca são defeitos qua tale, depende sempre de outras cenas.

I Kissed A Girl, by Travis

O Cão Vagabundo

Para quem for da minha geração saberá o que é (em inglês chama-se The Littlest Hobo, para o caso de precisarem de googlar) e para quem não for ou não souber:
O Cão Vagabundo era uma série que consistir num pastor alemão e as suas aventuras. As suas aventuras eram ajudar pessoas em apuros e, no fim, bazava.
Correndo o risco de estar errado porque não fui confirmar, o genérico final era o cão numa linha férrea a ir embora.

Identifico-me com cães em muitas coisas e com esta personagem em particular.
Lembro-me de vê-lo ir-se embora e não sentir nenhuma tristeza. A minha família - bons tempos em que o pessoal se juntava para ver séries - suspirava sempre porque ele nunca ficava onde o queriam mas eu não. Talvez inconscientemente aquilo fizesse sentido, para mim.
Muitos anos mais tarde, não há tanto tempo assim, comecei a achar que tinha percebido o porquê do quadro descrito; comecei a perceber o porquê de fazer sentido ele ir-se embora.

Por uma questão de educação que se emaranha em personalidade e num romantismo esquecido e já nem reconhecido como tal, eu preciso de me sentir útil. Quando não estou a ser útil ou quando acho que já não estou a ser útil (o que dá no mesmo) começo a pensar o que ando lá a fazer e este é aplicável a todas as situações.
Hoje, por exemplo, disse que viria trabalhar e perguntaram-me porquê? e a pergunta faz sentido...de facto, não precisava de vir trabalhar. Então porquê?
Ora, dias há em que preciso de ocupar porque pensar demasiado, no meu caso, não é uma coisa boa; dias há em que preciso de me sentir ocupado porque inactividade chateia-me...faz-me sentir inútil.

Sem sair disto, do Churchill uma vez terão dito que ele devia estar numa redoma com uma inscrição em baixo onde se leria Quebrar Em Caso de Guerra.
A ideia, comprovada pelo facto de o eleitorado concordar com ela ao banhá-lo com derrotas em tempo de paz, é a de que ele era útil em situações de desastre e perigo, quando era preciso quem segurasse o leme com força, mas já não em tempos de mar calmo.
Acho que o Churchill não concordava e não sei quem estaria certo mas, a completar a cena do Cão Vagabundo, a minha imagem própria não é muito diferente. Se acharem de mim o que terão achado do Churchill não me ofenderia e poderia sentir-me tentado a concordar.

Como acontece com quase tudo que nos rodeia, a mesma coisa tem duas faces.
Esta ideia que tenho sobre o que devo fazer e o que devo fazer é responsável por retumbantes sucessos e desastrosos inversos,
É a minha vontade de ser útil e nunca me amedrontar frente a ventos e marés que atrai as pessoas para mim;
É o meu sentimento de que se não estou a ser útil e de que não há ventos e marés para enfrentar que empurra as pessoas de mim.

Infelizmente, ao contrário do Churchill, não são os outros que decidem que já não interesse quando a tempestade passa, sou eu. Eu acho que não estou a fazer nada. Eu acho que já não é o meu tempo porque haverá gente muito mais talentosa para fazer nada que eu. Eu acho que será melhor que nem sequer percebam que o meu tempo passou porque não tenho nada de especial para partilhar e, como já foi escrito até me doerem os dedos, se for comum eu não quero.

....

Por motivos que não me apetecem detalhar:
Eu acho que não estás satisfeita!
- K...eu estou muito satisfeita. O que estás a dizer não é, sequer, próximo da verdade...
Pois, talvez. Não interessa muito. Eu acho que não estás satisfeita.

Percebem?
Não acho que me tenham mentido. Não acho que me foi dito para me fazer sentir bem, Acho que foi dito por ser verdade...mas não é o que eu acho e - coisa que tenho tentado mudar de todas as maneiras e feitios - porque eu acho a verdade é meramente secundária.

Friday, March 11, 2016


Thursday, March 10, 2016

(Coisa Que Não Quero Perder)


Wednesday, March 09, 2016

Paredes Que Apertam

O assunto nem sequer é este mas queria deixar isto: é comum ouvir-me dizer que não gosto de gatos mas não é exactamente isso que ocorre.
Acho os gastos animais admiráveis e, enquanto animais, superiores aos cães. O que acontece é que me faz confusão aquilo que transcreverei da minha amiga que os tem: Eu acho que ela só me tolera porque lhe dou de comer.
A estes como a outros animais - em grande medida faço o mesmo com crianças e, um bocado, com adultos - não os massacro porque não preciso que me aprovem. Se querem chegar-se, cheguem-se; se não querem chegar-se, não se cheguem.

Por que motivo comecei eu com gatos?
Ela tem 2 gatas e achava que não gostava de gatos quando a verdade é como comecei este texto, coisa que expliquei.
Fui avisado que uma delas era anti-social e tal (coisa que presumo em relação a todos) mas o que aconteceu é que andou muito à minha volta.
Cool, certo? Ela, a dona, haveria de ficar contente por me dar com a gata e a gata comigo, certo?
Bem, não foi a vibração que recebi e algum tempo depois disse-o: pá, tenho a impressão que te incomoda que a gata tenha andado bastante à minha volta e porque as pessoas tendem a demorar para reconhecer coisas que, na sua cabeça, farão delas menos do que aquilo que acham que devem ser, negou.
Ontem, porque não convencido, o assunto voltou e, a custo, o que se terá dado foram ciúmes das gatas me darem demasiada atenção.

Ora, não tenho motivos para achar que o caso foi outro...mas achei que o caso foi outro e não estou plenamente convencido...e começa o que realmente interessa mesmo que não tenha sido o que aconteceu mas apenas o que imaginei.

As pessoas têm medo de muitas coisas e eu também sou pessoa.
O que achei ter acontecido:
Eu sou muito espaçoso.
Para quem me conhece de viés a ideia é que sou despreocupado e que prezo muito a minha independência, algo que corresponde à verdade mas não em todos os quadrantes. Quadrantes há em que nada não me diz respeito; quadrantes há em que sou (ou tento ser) omnipresente e isso, mesmo quando se deseja ou se quer, assusta um bocado.

A sensação com que fiquei foi: foda-se...mas nem as minhas gatas escapam? Nem a idiota que não gosta de ninguém e que ignora toda a gente se atraca a ele? O que irá sobrar? Irá sobrar alguma coisa?!

É justo, compreendo.
As pessoas têm medo de muitas coisas e eu também sou pessoa mas disto não tenho medo nenhum. Aliás, acolho-o.
Não gosto de meio de nada e não quero meio de nada.
Além de assim ser, a minha personalidade está (mal) moldada de maneira a ter botões de segurança. O meu temperamento permite-me não ter medo de ver a minha vida preenchida por outra pessoa porque se me sentir sobre ameaça há sempre uma arma nuclear pronta.

Eu sei que muitos dizem mas poucos fazem ou, sequer, querem mas nisso não sou igual: não quero partes privadas (estou a ser metafórico porque excluo cenas como estar na casa de banho ao mesmo tempo caso não seja para...tomar banho) e não quero fazer e ser noutros lugares o que achar que não faço ou não sou noutros.

As pessoas têm medo de muitas coisas e eu também sou pessoa.
Os meus medos são só outros e, como tudo o resto que reveste as minhas células, pouco comedidos.

Tuesday, March 08, 2016

Cenas Fixes (ando ocupado mas isto chamou-me a atenção e ocupado não é mau)

Estava a passar os olhos pelas notícias e dei de frente com um artigo com fotos de gente famosa, coisa que tende a interessar-me pouco quando são famosos sem interesse e sem mamas que me agradem mas esta era diferente.
As que me prenderam a atenção:

Tenho uma tendência para me irritar com gente que gosta de demonstrar que é diferente quando, na verdade, não é mas apenas parece.
Não acho isso do Dali e quando vi a foto dele a passear o seu papa-formigas achei um sonho!
Um real e claro fuck you, o que muito me agrada.

Duas das minhas coisas favoritas: Picasso e Bardot.
Isto tem graça porque não aprecio particularmente pintura nem loiras.
Duas das excepções numa só fotografia.

Alain Delon, Marianne Faithfull e Mick Jagger.
Esta porque:
1. a gaja prefere o Alain Delon ao Jagger e ninguém a deve poder culpar...mas deve, também, ter doído ao Jagger;
2. a minha Mãe acha que o Alain Delon é o gajo mais bonito que já calcorreou a Terra.

JFK e Monroe.
Esta é só porque é muito cool, não tem nada de político mas muito de natureza humana.

Friday, March 04, 2016

Excêntricos

Não, não se refere a pessoas mas a círculos.
A partir de certo momento, talvez quando descobri ser a melhor maneira tanto de explicar como de me organizar, a imagem de círculos excêntricos pareceu-me uma forma justa de colocar as coisas.
O nome parece pretensioso mas não encontrei melhor, apesar de reconhecer ser uma expressão medita ao kitado para algo manifestamente simples.

Então, a coisa funciona mais ou menos assim:
Imaginem um sem-abrigo. O sem-abrigo estará preocupado em arranjar abrigo e esse será - em tese, nada é seguro - o mais pequeno círculo ao qual seguem outros mais alargados.
Imaginem alguém que tem o que comer, onde dormir e o que vestir. É possível que supridas estas necessidades ele agora queira um carro.
Os círculos representam necessidades ou vontades ou projectos que se vão seguindo uns aos outros mas que de nada servem quando não se preenche o que precede.

Pensarão que isto é lógico e óbvio, certo? Errado.
Há uns anos conheci um gajo que comprou um carro mas não tinha dinheiro suficiente para as coisas e para a gasolina. Ora, na minha opinião, se não tens dinheiro para gasolina também não tens dinheiro para um carro, pelo que terá saltado um círculo.
Sim, a lógica é uma batata e as pessoas são estúpidas.

É-me difícil entender como pode uma pessoa estar desejosa de ter uma mala Hermés mas andar a contar tostões para a renda;
É-me difícil entender como uma pessoa pode estar desejosa de ter um filho mas não estar mais preocupada com quem o vai ter;
É-me difícil entender como se pensa em construir uma casa deixando para segundo plano a qualidade das fundações...porque não se vêm a olho nu.

Parece uma imbecilidade perder-se tempo a pensar no óbvio. Duvido que alguém que leia isto possa discordar e muito menos pensar que é uma ideia estúpida.
O que se passa é que a imbecilidade grassa como erva daninha ou como larvas em carcaça pútridas.

O Mundo é estúpido e um gajo às vezes sente-se deslocado.

Wednesday, March 02, 2016

F-E-L-I-C-I-D-A-D-E!!!

Tou muito ocupado para cá vir e, além disso, não tenho nada que queira dizer.

Depois, sem querer, feliz durante 3 minutos e pouco:

Tuesday, March 01, 2016

MALANDRAGEM não dá um tempo