Friday, December 29, 2006

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A anestesia faz a dor desaparecer ou apenas te impede de a sentires?



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Renascimentos e Falecimentos


Tava aqui a pensar nestas duas coisas.
O trabalhão que me ia dar se houvesse um renascer e um falecer no sentido figurado da coisa (porque no real é tranquilo).
Sou vários num só.
Tento, e consigo, manter a coisa sob controle mas que não tenho um nem dois nem três eus isso não tenho.
Agora que estava a atentar em pormenores descobri, ou melhor, constatei que só neste blog sou 3.
Fenris, o tipo que ataca a jugular ao menor indício de irritação.
Kaiser Soze, o tipo ligeiramente (ou nem tão ligeiramente quanto isso) altivo esquivo e enganador (dissimulado seria mais adequado mas não quis crucificar-me).
Eu, aquele que faz introspecção e que, a espaços, se permite sentir desconfortável (não é possível sofrer e nem deprimir....porque sempre que parece que isso irá acontecer o Kaiser humilha cinicamente um ou outro ou o Fenris trata de partir pró pescoço).
Além destes 3 há mais uns quanto que juntos não resultam no meu Eu, que é, também ele autónomo, mas na carcaça que se presta a teclar e a deambular pelas ruas.
Agora, se todos estes decidissem renovar-se e começar de novo e tal eu tava era fodido, não ganhava pros funerais nem pros psicólogos que teriam de curar as minhas neuroses.
Pior é que eu gosto desta multiplicidade, diverte-me quando nada mais há pra me divertir.
Pior é que é confuso pra uns, execrável pra outros, instigante pra uns (no caso será mais umas), estranho pra outros....
A verdade é que me cansam as pessoas sem texturas.
Nunca fui capaz de entender a beleza da linearidade e da previsibilidade.
Se eu não tivesse prazer e gosto na multiplicidade penteava-me.

Erros Passados

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Há uns anos atrás (uns 10 ou 11 pra ser mais exacto) achava que estava apaixonado por uma miuda.

Achava porquê?

Bem, em primeiro lugar porque passei a maioria desse ano bêbado.
Foi hiper divertido mas fez-me ficar na berma da falésia, felizmente, reparei nisso a tempo e nunca mais lá voltei.

Em segundo lugar porque a miuda em questão estava apaixonada por mim... e isso, entre um e mil wiskeys, fez-me achar que também eu deveria estar apaixonado.

Uma coisa é certa, foi um efeito placebo filho da puta que me deixou, na altura, a fazer aqueles telefonemas às 6 da manhã, aquelas comidelas no meio da discoteca e tal...coisa muito adolescente,

Não resultou em nada, eramos manifestamente incompatíveis.
Aliás, ainda somos.
Lembrei-me disso hoje porque na passagem do ano que acaba por estas horas ela, noiva, me apanhou numa festa e engoliu-me outra vez.

Isto tudo pra dizer o quê?

Na verdade nada...
Foi mais um episódio que me fez colocar os pés no chão.

Thursday, December 28, 2006

Há, de facto, coisas que foram feitas em dias de rara luminosidade.
Pode o tempo passar e o vendo fazer o seu trabalho de erosão nas pedras e o mar embater nas rochas até as desfazer... mas o etéreo toque do sol na pele, mas a nota que te tira os pés do chão não será nunca menos do que brilhante.

Segue exemplo.
Segue luz.
Segue oxigénio.
Segue magia.
Segue melodia...

http://www.youtube.com/watch?v=HVE6dofFBY4

Cegueira?!


Eu não sou um tipo muito exigente com as minhas amizades e nem com quem partilha a amizade e mais qualquer coisa comigo.
Não procuro gente sem defeitos (acho chato) e nem pessoas que me telefonem 5 vezes por dia para saber como eu estou (porque provavelmente estarei da mesma forma nas 5 ligações....e tornar-se-ia chato...novamente).
Tenho um amigo, que o é verdadeiramente, com quem passo tranquilamente um ano sem falar e sem ele falar comigo mas sei que precisando ele aparece.
Gente que se junta pros copos é coisa fácil de arranjar.
Gente que se junta para um funeral é mais difícil.
Uma coisa que não tolero a ninguém é tornarem público o que é privado.
Uma coisa que não tolero a ninguém é fazer da minha intimidade publicidade.
Não fico chateado e nem tiro satisfações, viro a página.
Eu pago e respondo pelas coisas que faço e acredito que os outros tenham a mesma postura.
Aliás, na verdade, nem acredito que tenham essa sensibilidade mas deviam ter. Não perdoo quem me atraiçoa a confiança.
Fico absolutamente surpreendido com o facto de uns e outros não se acreditarem no que lhes é dito expressamente, especialmente quando sou eu quem o diz.
Tenho um cuidado extremo em que, quem me interessa, me conheça.
Tenho um cuidado extremo em que, quem tem interesse em preservar qualquer tipo de relação comigo, saiba exactamente os passos que não deve dar para que a afinidade acabe.
Não se entenda, no entanto, que esclareço estes pontos no sentido de que sou tão especial que tens de ter cuidado ou uma forma de terror psicológico e muito menos uma defesa para quando a merda for feita eu dizer eu avisei-te... até porque não faço qualquer tipo de comentário.
Depois de tudo isto, há sempre quem se lembre se me chamar de extremado e de insensível.
OK!
Então alguém me explique o que é um idiota que ao saber que a parede está ali em vez de se desviar acelera.
Sabem que mais? Há uma expressão recorrente no meu vocabulário que se adequa a imensas situações, sendo esta uma dessas...
FODA-SE!

Tuesday, December 26, 2006

Invariáveis


Um destes dias que passou o círculo voltou a fechar-se porque os diversos pontos voltaram a encontrar-se.
Sempre que isso acontece vejo que sou de todos os pontos o mais pequeno e menos desenvolvido.
Não que seja coisa que me preocupe e não que aspire a chegar a determinado estado de mentalidade ou de postura, cada um chega a onde pode e eu não irei mais longe do que a minha limitação me permita.
O que salta à vista é que sou, de longe, o mais extremado.
Continuo, como ontem e provavelmente amanhã, a ser o que menos compaixão sente e o que mais rancor será capaz de colocar num só saco.
Sinto-me bem assim, não pretendo tomar ninguém por exemplo porque na verdade ninguém o é.
O que me chama a atenção é que mesmo entre marcianos é possível sentir-se que se é um ET.
Agradeço o prazer dos encontros.
A afinidade é uma coisa que me agrada, a sensação de que se faz parte de qualquer coisa por direito próprio e que não é aberto ao público e nem oferecido... ou está ou não está.
Não caminhamos todos pro mesmo lugar mas parece-me que, enquanto for possível, caminharemos lado a lado.

Jardim de Inverno


Gosto particularmente deste tipo de jardins.
Como a maioria das coisas que me atraem, também ele é privado, também ele é de uso exclusivo, também ele não se dá a toda a gente e também ele se revela quando muito bem entende.
Há peles que são assim também.
Há corpos que são assim também.
Há almas que são assim também.
Vejo muito isso em ti.
Não és nem a fachada e nem a pintura, és mais a largura de um sorriso enjaulado.
Não és a caixa e nem o laço, és a pequena safira que se esconde dentro da leve embalagem aveludada.
Há bocas que te marcam à distância, palavras que se escutam com o bramir do vento e olhares que se cruzam na escuridão como se de luz fossem feitos.
Acredito pouco em magias e muito menos acredito em coincidências. Acredito, no entanto, no encontro de desalinhados que se atraem, canções que se criam, melodias que se formam e simpatias que se erguem de lugar nenhum.
Não precisas de um corte para saberes que estás viva e nem de uma ilusão desiludida pra saberes que sentes.
O som do mar a aninhar-se aos teus pés deveria ser suficiente.

Wednesday, December 20, 2006


Andam à minha procura...e nem sei pra quê.
Sinto no ar e nos becos por onde passo uma sombra que, felizmente, apesar de me perseguir não se manifesta porque ainda não tem a certeza de que sou efectivamente eu quem procura.
Nunca perco de vista os pontos cardeais, não me desoriento e, ciclicamente, faço uma plástica pra que só pelo cheiro e impressões digitais seja possível desvendar-me.
O que não sei é porque me querem encontrar.
Não trago nada de bom comigo.
A falésia já se demonstrou antes e, caso necessário, manifestar-se-á uma outra vez.
Já puxei pra baixo.
Espero que o esperado não sejam explicações...não as dou.
Espero que o esperado não seja coisa nenhuma... única forma da perseguição ter algum sentido.
Por motivos escusos já tive de pagar por erros passados que em nada influiam o presente.
Não culpo ninguém (como nunca o fiz) pelas feridas que me ficam na pele porque a culpa acaba sempre por ser minha...ou porque não resolvi como devia ou porque não fui tão sincero como seria de exigir ou porque não atei todas as pontas soltas.
Apesar de todo o reconhecimento e de segurar nas costas o peso que mereço, quem indevidamente se mete nos meus assuntos ou não se cala quando intimado para o fazer é cortado de uma forma clara e cirurgica de tudo que a mim se relaciona.
Com a mesma transparência que aceito o que é meu aniquilo o que lhe deu origem para que não volte mais a acontecer.
O eterno problema sem solução: Dizes o que queres fodes-te como mais conveniente me parecer.
Procurar até me podem procurar.... mas dia em que tiverem a infelicidade de me encontrar o sabre voltará a desembainhar.
E quando o sabre for novemente bramido corto-lhes de vez o nariz pra não voltarem a cair no erro de me procurar o rasto.

Tuesday, December 19, 2006

Cristal


Não gosto de ver mulheres chorar...nunca gostei.
Conheço quem tenha nas lágrimas de sofrimento que escorrem do rosto um prémio, um atestado pela sua qualidade enquanto pessoa pela dor que inflige em quem as dispensa.
Doi-me verdadeiramente ver um esgar liquido de dor em quem nada fez para o sentir.
Prefiro ser eu o filho da puta que provocou a situação, prefiro que a minha imagem aos seus olhos fique irremediavelmente ligada ao mais reles dos homens do que ver aquele sangue que lhe humedece o rosto.
Quando uma mulher chora o chão soluça.
O rosto que lhe foi oferecido e a cor com que brinda o mundo são o cristal que demorou séculos a formar-se e que não merece jamais ser escurecido.
Se adagas que me ferissem houvesse elas seriam forjadas nas lágrimas que te forcei a soltar.

Nop


Desde que me lembro sempre detestei sentir-me preso.
Não sei se é alergia, não sei se é trauma preventivo... o que sei é que existe.
Não tenho qualquer orgulho neste desgotar, não é uma coisa que use para me colocar nos píncaros do especial que é uma alma solta.
Não me vejo e nem quero que me vejam como um Unicórnio.
Acho que já me tentaram colocar correntes de todos os tipos, desde a mais rude às crivadas de diamantes.
Muitas manhãs acordei com o espectro da prisão e nunca demorei mais de um dia a evadie-me.
As ideias de pertencer a alguém atraem-me, no entanto, a aplicação práctica da coisa repele-me.
As inevitabilidades são-me agrestes, não gosto delas.
Uma vez ouvi dizerem-me que eu nunca terei dono.
Engraçado...
Isto visto de fora envolver-me-á numa espécie de misticismo (eventualmente de terceira categoria, mas ainda assim misticismo), um quadro de névoas onde se vislumbram apenas silhuetas, um lugar que os olhos alcançam mas que os braços não atingem.
Isto visto de dentro é um pronúncio de solidão absoluta ainda que acompanhada.

Monday, December 18, 2006

Embrulho


Gosto das fragilidades de quem não se quer frágil.
Não é o acto de comiseração triste de quem procura a bengala seja ela qual for.
Ainda agora vi uma menina que quer, a todo o custo, ser mulher.
De tanto querer até acredita que o é até ao momento em que não basta querer e parecer...é preciso ser.
Esta será uma das poucas vezes em que não tenho vontade de ser corrosivo nem sarcástico e nem frio, não tenho vontade de, como em tantas outras situações parecidas, dizer "fizeste a cama....deita-te".
Tenho esperança na criança porque ela tem brilho.
Acredito na menina porque ela existe debaixo dos panos de seda vermelhos que lhe tapam o corpo.
Gosto dela porque apesar de ser uma ilusão não a vejo como falsa.
Nem todas as almas nascem velhas, como a minha.
Nem todos os corações são empedernidos, como o meu.
Nem todos os seres são matreiros e desconfiados, como eu.
Há dias, como o de hoje, em que a fragilidade dos outros é a minha luz nas trevas e a mão que me puxa pra cima sem sequer saber que eu ando nas profundezas.
Engraçadas estas coisas do não se saber porquê, estranhas estas coisas do sentir na armadura um arranhão que me faz sentir vivo.
A tua tristeza não é a minha.
A tua verdura não me é familiar.
O teu sofrimento nunca o vi.
A tua vergonha não me atravessa a pele....
Mas em dias como este invejo o açucar que cai nas mãos e se escorre pro chão.... não o tenho, nunca o quis, não o quero.... e em dias como estes sinto a sua falta.
Um dia aprenderás, um dia a pele enrugada ganhará aspereza, um dia serás mais como eu... mas nesse dia, em que a agrura não te tocará o açucar fugirá de ti.

Friday, December 15, 2006

Telefones


Não gosto de telefones...
Estou grato ao Bell por tê-lo inventado, não me entendam mal, é muito útil pra quando precisas de uma ambulância ou quando estás impossibilitado geograficamente de estar com alguém.
O que me desagrada no telefone é a falta de calor.
Nunca consegui entender quem passa horas e horas a falar de coisa nenhuma.... eu faço isso também, mas com a pessoa e uma cerveja à frente.
A velocidade com que fico sem o que dizer é absurda.
Se passa do onde tás, quando vamos e a que horas te apanho estou em enormes apuros.
Quando me esqueço do telemóvel em casa tenho uma enorme sensação de alívio...ninguém me massacra, não tenho de ouvir o telefone até se calar quando o número não é identificado, ninguém me pergunta onde estou com o sentido de me controlar e, até, evito tentar forçar o não que não me passa dos dentes quando me perguntam hoje vamos jantar?
Um dos dias mais tristes da minha vida foi quando tive o meu primeiro telemóvel... e nunca mais consegui largar essa maquineta dos infernos.

Recalcados


Os meus amigos mais próximos são aquilo a que, daqui a uns anos, se chamarão se solteirões.
Alguns até têm namoradas, outros estão até noivos, mas, não obstante, têm a alma do solteiro.
À conversa com um deles surgiu a afirmação "esse tá sozinho porque é recalcado!".
Achei aquela afirmação estrtanha e à boa maneira de quem não deixa as coisas por ali disse-lhe "foda-se, tu também não aguentas a mesma fêmea mais de 2 meses....isso faz de ti recalcado também?!".
Resposta rápida e clara: "Claro!!!"
Disse-me claramente quem o recalcou e quando (eu sabia perfeitamente a quem se referia, temos muito poucos segredos) mas não deixou de me surpreender o lanho que ele trazia na pele.
Entenda-se que o "Recalcado" a que me refiro não é sequer um tipo que foi traído (ou se foi não o sabe) mas apenas um tipo que teve um relacionamento intenso que, por um motivo ou outro, não resultou e que o fez sofrer.
Aquilo deixou-me a pensar.... Será que Eu sou recalcado também?!
Eu não me sinto recalcado.
Na verdade, eu não me lembro de alguma vez ter sofrido ao nível do que já vi em várias pessoas que me rodeiam.
Nunca chorei até soluçar com um desgosto, nunca pensei nunca vou ser feliz, nunca me fechei em casa em estado calamitoso por ter tido um desgosto com o sexo oposto.... e ainda assim não tive a certeza de que não sou eu também recalcado.
Às vezes as doenças são diagnosticadas quando já são terminais mas o estado de enfermidade já dura há bastante tempo...
Às vezes na presença de uma limitação as pessoas tentam provar de todas as formas e feitios que ela não existe e esticam as acções mais do que deveriam...
Eu, que nunca posso perder e que nunca posso sofrer poderei ser um exemplo de quem olha para a frente porque não quer olhar para dentro.
Eu não sinto o stilleto nas costas...mas será que ele não está mesmo lá?

Thursday, December 14, 2006

Dúvida que não Cala


De vez em quando dou uma volta aleatória por alguns blogs.
Mais raramente que isso ainda encontro alguns dos quais me torno frequentador assíduo.
A maioria das coisas que vejo é de gente que quer desesperadamente amar.
Não sei qual o encanto pelo amor, o que me parece mais é que há um desencanto com o dia a dia.
Em primeiro lugar, acho extremamente chato gente que fala de uma coisa apenas... especialmente quando quer dar uma beleza que não consegue e que as coisas, efectivamente, não têm.
O show de comiseração é altamente apaludido junto da alma portuguesa. Ou seja, quando se deveria apaludir vencedores apaparica-se falhados.
É o fado do sofredor e do desentendido com um destino que não lhe deu o que merecia.
E a roda viva dos "entendo-te" e "sei bem o que estás a passar" e "aguenta-te, estou a torcer por ti".
Sentimentos são, pra mim, aleatórios.
Se aleatórios são de difícil entendimento para quem os sente.
Se quem os sente não entende como o vão entender os outros?
O mundo não começa e nem acaba na ponta do chicote e não começa nem acaba numa arritmia a que se chama paixã0.
É como aqueles que vivem permanentemente apaixonados, ama gente em cima de gente, sofre a cada ruptura e logo a seguir manda-se pra outra...
Lamento os que se fodem sem nada fazerem por isso, quem decide arriscar se se foder fodeu-se.
Triste o que navega sem mapa à espera de um farol esquecido.
Triste o que tem por meta um pedaço de carne que lhe pertença.
Eu quero encontrar mas nunca me verão revolver pedras à procura.

Tuesday, December 12, 2006


O que envolve é muitas vezes mais importante do que o que toca.
Lembro-me de ficar mais inebriado com um deambular do que com a aproximação vitoriosa.
Desde muito cedo gostei de ver uma mulher a movimentar-se, gosto de ver como se transporta nas pernas.
Algumas delas, as que realmente me prendem o olhar, evitam andar e preferem deslizar.
É como que um pairar por cima do solo, uma leveza que não se relaciona com o seu peso mas com a alma elevada por um balançar ritmado que despreza um qualquer som ou batida.
Há-as em todos os lugares, mas não em igual quantidade em todas as latitudes do planeta.
Na minha última viagem dei por mim sentado, com a óbvia cerveja à frente, e de olhos pregados a diversos vultos que me passavam à frente.
Fiquei na dúvida se aqueles passos eram genéticos ou se de tão queridos e pensados se haviam colado às suas peles.... mas que eram naturais como o respirar, isso eram.
Um puto numa loja de doces sem os pais por perto.
Assim me senti.
Muita gente confunde esta minha profunda admiração pelo corpo de uma mulher com vontade de comer tudo que mexe.
Eu apenas me considero apreciador das coisas bonitas da vida e nada é mais bonito que uma mulher.
E a batucada não pára.

Ano Novo


A passagem de ano é a altura mais deprimente do ano pra mim.
Há milhares de milhões de coisas que me irritam nesta data.
Logo a abrir, há centenas de milhares de promessas de circunstância.
Uns vão deixar de fumar, outros de beber, outros de gastar dinheiro em putas e deve ter até os que prometem que nunca mais vão cagar na vida.
Foda-se!
Depois, umas horas passadas, as uvas passas digeridas e o champagne menos borbulhante e volta tudo ao mesmo.
Eu nem me importo que as coisas não mudem, não existe um truque de magia que altere tudo em segundos, por isso, calem a puta da matraca!!!
Outro clássico do reveillon são os telefonemas e as sms que ninguém entende a que propósito chegam.
Numa altura de congestionamento telefónico absoluto em que queres, talvez, ligar aos teus pais ou aos teus amigos que não estão contigo há 1 milhão de idiotas que ligam a quem não devem.
No meu caso todos os anos ouço o telefone a tocar, olho pró visor e penso: foda-se, que queres tu?!, e nem me digno a atender.
Sessão nostalgia está demodé, liguem a quem quer receber o vosse telefonema e não cheteiem quem não tá pra vos aturar bêbados.
A última coisa que me lembro de momento e me irrita é a obrigação de ser tudo hiper divertido.
Se há noite no ano que tem tudo pra não ser divertida é esta.
Um bando de excitaditos na rua que saem uma vez por ano, bebem uma vez por ano e congestionam as artérias da cidade.
Não tenho a menor paciência para bêbados de circunstância que não entendem que não tens de os aturar a desejarem-te um feliz ano novo e darem-te pancadinhas nas costas.
"Afinal de onde te conheço idiota? Procura a tua turma pá!!"
A única coisa que estas horas têm de bom são as fêmeas que parecem entrar na twilight zone e são comidas com mais facilidade... tornam-se tipo a Suiça, são território neutro por um breve espaço de tempo e aceitam todos sem serem contra ninguém.
Logicamente irei sair e mais logicamente ainda no dia 01 de Janeiro vou-me perguntar pra quê.
Sorte que nunca me exigi ser coerente e nem tão pouco inteligente.

Monday, December 11, 2006

December Rain

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Nos dias em que chove o meu corpo alivia-se.
É uma sensação estranha e impossível de explicar.
Sempre que posso rumo ao sol, é isso que a minha pele pede, no entanto, a sensação de alívio chega com o dilúvio.
A intempérie dá-me uma desculpa para estar quieto, para dormir, para parar, para não sentir a areia da ampulheta a escorregar enquanto me encontro de olhos postos em nada.
Não que queira a tristeza dos céus todos os dias, não que queira o cinzento obscuro a cada segundo...mas quando ele aparece o meu corpo deita-se.
A mágoa é feita de água?
A alegria é feita de água?
A monotonia é feita de água?
A alegoria é feita de água?
Cansam-me os dias de sol... não os sinto como meus, talvez por isso os queira tanto.

I Noticed that You´re Not Around

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Acordei com esta mensagem (por outras palavras) escrita por aí e dirigida a mim.
Pouco?
Muito?
Pouco interessa, é mais que suficiente para o que eu espero de quem quer que seja.
Pouco interessa, foi desinteressado e isso interessa mais que o resto.
Pouco interessa, fez-me sorrir e isso é mais que muitas outras coisas.
Pouco interessa...ou interessa muito...

A Estranheza


Há coisas que por muito que me esforce por entender para conseguir prever como reagirei perante uma determinada adversidade não consigo.
Este fim de semana voltei a sair sem saber porquê,
este fim de semana voltei a acordar de ressaca sem saber para quê.
Eu sabia, à partida, que não ia fazer nada de especial.
Eu sabia, à partida, que ia ser uma reedição do nada que habitualmente tem ocorrido.
Pior...eu sabia, à partida, que não ia, sequer, sacar uma fêmea porque não é etilizado e em grupo que me consigo safar.
Porquê então?
Não sei...
Depois deu-me para pensar se eu me dou bem com a solidão porque quero ou se me dou bem com o solidão porque tenho medo de me dar melhor ainda com a companhia.
Mais uma questão para a qual não encontro uma resposta definitiva e satisfatória.
Racionalmente eu acho que a melhor forma para me preparar para o que quer que seja é sozinho.
Racionalmente eu sei que a melhor forma de caminhar hirto é sem bengala porque se esta se parte um dia eu terei esquecido de como era andar sem ela.
Racionalmente eu sei que eu conheço as minhas necessidades em primeira mão, então, sou a melhor pessoa para as suprir ou, na pior das hipoteses, saber como as suprir.
O pior é que toda esta construção pode estar errada, apesar de eu acreditar (ou querer) nela.
Pode a explicação ser tão simples como eu sei que mais tarde ou mais cedo vão-me abandonar, então, nem vou dar oportunidade de isso acontecer.
Claramente não acredito nesta segunda explicação mas saber que não é a certa... eu não sei.
A melhor forma de me preparar para o amanhã é saber todos os planos possíveis, mesmo os mais improváveis, e este é um deles.
Por estas é por outras é que Fenris tem dentes e garras e não usa luvas.

Friday, December 08, 2006

À Espreita



Não sei se todos têm, mas eu tenho os meus demónios.
Não se trata daquele cliché básico e batido da batalha entre o bem e o mal dentro de mim.
Logo para matar essa corrente sem imaginação, eu não acredito no bem nem no mal, acredito, isso sim, num resultado bom ou mau.
Nunca percebi a utilidade de um mal maior com a desculpa de que fui bem intencionado ou fiz o que achava que estava certo.
Por exemplo, se para salvar 50 pessoas se tivesse de matar uma eu nem hesito no que haveria de ser feito... é um dilema demagógico e falacioso.
É pra salvar 50? Mata uma...parece-me perfeitamente aceitável.
Pode-se perguntar: E se fosses tu o tipo a matar? Acharias bem?
Naturalmente que não, no entanto, as decisões emocionais são tão fiáveis como um tipo casado cheio de tesão que tem à frente a Monica Bellucci nua... não deveria prevaricar....mas....
Eu conheço os meus demónios e não lhes quero mal, são-me extremamente úteis quando o tempo é apropriado.
A minha única preocupação é que seja Eu a domá-los e não eles a mim.
Pra isso, optei por lhes dizer bom dia sempre ao invés de os ignorar e ser, um dia qualquer, apanhado de surpresa.
Não me importo de conhecer o mal em mim da mesma forma como não me importo de conhecer o bem.
Agora, ter uma visão unilateral e forçada de que tenho de ser fiel a um dos dois dispenso.
Não tenho a intenção de ser permanentemente branco nem permanentemente negro.
O que quero é ter a possibilidade de mudar, uma vez ou outra, de traje, conforme a situação o exija.

Thursday, December 07, 2006

E o Mistério Nunca o Foi


Não tenho prazer algum na minha incapacidade de manter um relacionamento.
Não tenho prazer algum em não ter a força de ser fraco.
Não tenho prazer algum em fazer uma lista de supermercado com nomes casuais e aleatórios.
Não tenho prazer algum em não ver brilho algum na escuridão.
Poderá parecer muito facilmente que sou assim porque decidi.
Não me é estranho que seja confundida a minha aceitação de mim mesmo com orgulho em percorrer as calçadas da forma que o faço.
A verdade, no entanto, é outra.... Eu quero pra mim a casa no campo com a minha mulher, os meus 5 filhos e o cão de estimação.
Sinto-me impelido para a frente e é por isso que não consigo manter nada nas mãos.
Não me sinto, sequer, no direito de exigir a uma mulher que tenha paciência e especialmente talento para me segurar ao lado...até porque isso pode ter mais de maldição do que de benção.
Não se pode fazer o rio correr para a fonte...e a mim também não.
Estou naquilo a que se pode chamar um beco sem saída.
Não tenho força pra ceder e não encontrei quem tivesse força para me vergar.
Um dia vai acontecer....e se não acontecer, foda-se, fico sozinho e não infernizo ninguém além das enfermeiras.
Se me sinto parado cortam-me os cabelos e ao contrário dos do Sansão, os meus não crescerão novamente.
Eu quero a porcelana delicada que o tufão não consegue quebrar.
Eu quero a voz doce que uma manada de elefantes consiga parar.

Inesquecível


Acho que nada é Inesquecível.
Parece-me, por experiência pessoal também, que se quer que a coisa seja inesquecível, no entanto, o que fica na memória é a vontade da inesquecibilidade.
A memória turva-se, ficamos com os traços gerais das coisas e, como a memória, o momento torna-se escuso com o tempo.
O que me lembro é que aquilo foi muuuuuuuuuuito bom, maravilhoso mas muitas das vezes (quase todas) a beleza do pormenos esvai-se.
Deve ser a necessidade humana de catalogar os momentos para lhes dar um significado, de fazer com que uma ocorrência se torne uma pintura plena de beleza para que quem dela participe (no caso o próprio) seja ele, também, parte integrante de um momento marcante.
Em conversa de homens, por exemplo, já me perguntaram: "Qual foi a melhor queca da tua vida?"
E aí bateu-me, eu até disse, mas quando parei para pensar não soube justificar para mim mesmo porquê.
Lembro-me e sei que foi muito bom...mas já não sei exactamente porquê.
Lembro-me de ter acabado e pensado "foda-se...que loucura!!!"...mas já não sei precisar o porquê do sentimento.
O mesmo se passa com as viagens (talvez o meu maior prazer a par das mulheres), a maioria das vezes, depois de voltar, parece-me um sonho, não as sinto como reais.
O mundo gira e os neurónios passam a ser utilizados em outros sentidos.

Wednesday, December 06, 2006

O Bom Demais


Desconfio de tudo que me parece bom demais...
Já me disserram que "medo", já me disseram que "nem toda a gente é como eu, existe uma coisa como pessoas boas" e também já me disseram que "deixa ver onde dá.... decidir o desfecho à partida é muito difícil".
Tudo que me foi dito tem alguma coisa de verdade, mas a questão é essa mesma, nenhuma delas está completamente certa porque a perfeição não existe...ou acredito eu que não.
Já tive a felicidade de fazerem coisas por mim que eu nunca faria por ninguém nas condições em que aconteceram.
Já duvidei que fosse possível uma entrega tão completa e ela já aconteceu.
Já me vi a pensar que "foda-se...como é possível? Eu já tinha mandado tudo pra puta que pariu".
Tudo isto porquê?
Bem... porque o diamante um dia vai chegar, porque parece perfeitamente cortado e de uma pureza absoluta mas... eu não sou ourives, não tenho habilitações para saber se é mesmo ou se só parece.
Está-me a parecer que um dia desses vou pagar pra ver.

Tuesday, December 05, 2006

Presença



Várias vezes discuti com quem comigo partilhou a cama a minha impossibilidade de sentir o cheiro da outra pessoa.
Aliás, só depois de muitas confirmações por parte de muitas pessoas comecei a conceber como possível a existência daquela marca.
Ora, essa impossibilidade maném-se, continuo sem conseguir sentir o odor da pele de quem quer que seja.
Há pouco tempo (há uns 3 minutos mais precisamente) dei de cara com uma outra evidência que apesar de suspeitar dela só agora confirmei:
Eu sou capaz de me fazer passar por uma pessoa que não sou mas sou incapaz de fingir que não estou lá.
Estava eu descansado, relaxado, como que a pairar perto de um determinado lugar, sem querer que me vissem, sem ter interesse que soubessem que lá estava, quando me fizeram chegar aos olhos: "eu sei que tu estás aí... não te vejo mas sinto o teu cheiro. Nem vou dizer o teu nome para que só TU saibas que eu sei.... mas que sei...sei!"
É o único elogio que procuro (se é que procuro algum).
Não tenho a veleidade de querer ser o melhor (não sou mesmo), não tenho a intenção de ser insubstituível (ninguém é).
Quero que saibam que sou eu e mais ninguém, quero que a minha indelével marca lá fique.
Não sei se é querer muito ou se é querer pouco, no entanto, no que à minha relação com pessoas diz respeito, nunca pedi mais que isso.
Parece-me pouco quando o objectivo é encontrar alguém (afinal, se é lembrança, ainda que inesquecível, passou).
Parece-me muito quando o objectivo é que nunca te esqueçam (afinal, se é lembrança, especialmente quando inesquecível, daqui a 20 anos quando ela estiver casada, ainda vai saber quem tu és).
Infelizmente, a minha marca tem a cor do sangue e não da alegria.
Uma vez disse a uma menina que: "eu dou muito pouco mas, em contrapartida, sugo tudo que a outra pessoa tem. Não é que seja um predador e nem que retire disso algum prazer... eu só não me consigo ligar verdadeiramente a ninguém mas consigo que se liguem a mim."
De uma coisa ninguém me pode acusar... eu não engano.
Das primeiras coisas que aviso é: Eu se fosse a ti mantinha a distância...
Aliás, uma vez passei uma época de pura lua de mel e no fim, quando tinhamos fisicamente de nos separar, eu disse: Quase fiquei destroçado...a sorte é que eu não tenho coração.
(mas sempre há a teoria, que nunca entendi, de que o que eu faço é marketing...)

Monday, December 04, 2006

Pois É

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Este fim de semana tive um almoço muito porreiro, cheio de amigos (pelas costuras mesmo), entre uns que os são mesmo e outros que são mais conhecidos que outra coisa.

A dada altura, um tipo mais velho decidiu recitar um poema.
Resultado óbvio no meio de 50 homens bêbados:

Uns riram-se e outros seguraram-se para não se rir.

Uns momentos depois estava a falar com um amigo que me disse "foda-se, o homem a recitar, e bem, e este bando de incensíveis a rirem-se..."
Como não podia deixar de ser concordei mas sempre lhe disse pá...há momentos pra tudo e no meio de bêbados não é o momento...".

O gajo, formado numa qualquer merda de artes, começou com a falta de sensibilidade e tal e ru disse-lhe que até tinha um blog e que até me interessava que que até tinha ganho umas merdas e tal (gajo conhece-ma há uns 10 anos e naturalmente não sabia).

A seguinte questão foi "se tens então passa-me o link...".
Tentei explicar-lhe que não por ter este blog que tenho necessidade/vontade que o conheçam , é mais uma forma de terapia do que vontade de palmadinhas nas costas ou de que reconheçam uma sensibilidade.

"Ah..se não me mostras eu não tenho de acreditar que o tens".

Pavio acabou e ouviu-se um "tou-me a foder que acredites ou não... não tenho nada a provar..."

Foda-se prós monocromáticos que têm de conseguir enquadrar as merdas para que estas façam sentido.
Foda-se para quem acredita e para quem não acredita.