Thursday, August 31, 2006

Mentes Abertas

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"todos são tolerante até serem contrariados"
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É uma verdade inequívoca, nunca vi um tipo chamar outro de retrógrado e nem de tacanho quando está em concordância.

Eu entendo isso, cada um tem as suas ideias e conceitos, acho salutar.
O que me incomoda é o tipo à frente, hiper liberal e super tolerante que explode mal se discorda com ele.
Tolerância não é ter como normal que exista uma coisa chamada relacionamentos abertos, outra chamada homossexualidade, uma outra chamada comunismo e por aí adiante.
Tolerância, pra mim, é admitir que os outros pensem de uma forma verdadeiramente diferente da nossa e até que ajam de forma absolutamente diferente da que nós escolheriamos.

Essa coisa de gente alternativa que acha menor quem é mais tradicional torna-os naquilo de que pensam fugir, despedaça a bandeira da tolerância enquanto estão a dormir.

Dificilmente eu mudo de ideias, no entanto não tento que os outros mudem para concordar comigo.
A minha trilha é seguida sem desvios mas não olho de cima e nem sequer de lado quem escolhe um caminho diferente.

Não sou um exemplo de tolerância mas também não faço por parecer.
Agoras esses movimentozecos intelectualoides de gente cosmopolita que na primeira oportunidae apedreja as vozes discordantes são uma coisa de bradar aos céus.

Rebeldes sem causa..da pior espécie.

Wednesday, August 30, 2006

Directamente das Trevas



A face por detrás da pele, a penumbra que a luz não ilumina e a pedra que não pulsa apesar de bombar sangue.
Já tive a felicidade de ter quem gostasse de mim e elas a infelicidade de gostar.
É mau gostar de o que se pensa ser um anjo e acaba por ter temperamento de demónio. Não que eu passe a imagem de santo, longe disso, basta olhar para mim e à vista desarmada essa ideia despedaça-se em 1000 pedaços.
Não engano, ser mentiroso quanto ao que esperar de mim diz respeito será, eventualmente, o único defeito que não levo na mala.
Sou o que digo e o que pareço, demonstro o que corre nas minhas veias.
Ao que me parece terei aquela característica apelativa de que é impossível entender-me, cada dia será, de facto, uma surpresa.
O problema fulcral é que nem todas as surpresas são boas...por isso pessoalmente não gosto delas.
Surpresa boa é receber flores e não uma dentada.
Não me martirizo com isso, fiz as pazes comigo há muito tempo, no entanto, não consigo libertar-me do estigma de ferir quem tanto gosto...e parece ser Inevitável.
Já me deixaram à vontade para ser como quero...Foderam-se.
Já me quiseram regenerar...Foderam-se.
Já me quiseram moldar... Foderam-se.
O pior de tudo, e isso é o pronuncio de uma solidão anunciada, é que eu colaborei (tentei) com todas estas tentativas de me manter por perto, não foi minha intenção tornar a tentativa num mar de espinhos...apenas não consegui ser o que queriam de mim e nem o que eu mesmo queria ser.
Já me disseram insistentemente "quando te apaixonares a sério as coisas mudam, vais transformar-te num menino doce"
Ora, já me apaixonei a sério e a pele rasgou-se e o demónio voltou a aparecer...deve ser uma verdade para todos menos para mim.
Sou realmente Lobo em pele de Lobo e não Carneiro em pele de Lobo como já me tentaram fazer acreditar e como eu mesmo já me tentei convencer.

Friday, August 25, 2006

Missed




"Onde vives?" pareço escutar ao longe...
Apoiado em pedras laminadas não consigo responder,
doi-me os pés...difícil activar a mente...
Ainda assim gostava também de saber
mas a memória esbarra-me no dente.
Ainda ontem os nuvens iam para lá,
ainda há pouco a estrada tinha sinalização.
A lua encheu e a maré ficou má...
mesmo um marinheiro experiente precisa de inspiração.
Será um canto de sereia?
Não...estou surdo...é mentira.
Será o emperro criado por um grão de areia?
Não...um grão não impede a pedra da vida.
Sinto vento nas pernas...janela aberta?
Sinto espinhos no corpo...alucinação?
Sinto uma mão que me aperta...medida certa?
Sinto cheiro a enxofre...chuva e destruição?

Thursday, August 24, 2006

As Escritas e Eu II


Hoje (porque nesta fase do ano as coisas estão sempre mais calmas) dei uma vista de olhos ao que andei a escrever aqui nestes últimos 2 meses.
A muitos níveis as verdades (minhas) aqui reveladas são até uma surpresa para mim.
Da forma como escrevo este tipo de coisas acontece com alguma frequência e com alguma facilidade.
Não releio nunca o que escrevo antes de lançar pra rede, não corrijo nunca o que faço, penso muito pouco no que estou a escrever.
Parece-me (saber nem sei...e nem me preocupa) que a minha forma de mandar prás teclas o que me ocorre é visceral, intensa e directa.
Não faço concessões de estilo, não me preocupa assolapadamente (ou nada mesmo) o que acharão ao lerem (se lerem)... É o que é da forma que é.
De algumas coisas que li, porque não li tudo, pareceram-me demasiado agressivas, demasiado escuro, demasiado sanguinárias, no entanto, em resumo, são eu demais.
Como não faço particular questão em agradar ou ser prazeroso aos olhos de quem por aqui eventualmente passará, não tenho qualquer filtro. As emoções saem da forma que bem entendem, tanto os beijos (menos...é verdade) como os murros (mais...é verdade).
Não que veja na escrita um escape, não é isso... vejo na escrita um barco sem leme e que, além de não o ter, o dispensa.
Não tenho de chegar a lugar nenhum nem de me explicar e nem sequer de me fazer entender.
Quantas vezes tenho uma ideia de um assunto de que sinto necessidade de escrever e depois sai uma coisa absolutamente diferente da que tinha pensado.
Muitas vezes sai um texto desgarrado e multidireccionado....mas assim também é a minha cabeça.
Eu não sou alienado, nem mental nem socialmente, tenho aquilo a que se poderá chamar uma profissão de respeito, misturo-me com a multidão mas nunca me confundo com ela. Mesmo nas alturas (raras mas existentes) em que me sinto à deriva não me agarro às margens, prefiro encalhar e deixar que as marés me tirem dali....as maré, não os marinheiros.
Sou fogo....umas vezes aqueço e outras vezes queimo.

Ghettização



Não acredito em raças com propensão para o crime ou para a marginalidade.
Não vejo uma relação genética e, tanto quanto sei (que é pouco), nem histórica.
Cada vez mais se vê a criação de buracos sociais, zonas onde se junta determinado tipo de pessoas, não necessariamente criminosas mas pobres....Ghettos.
Se, à partida, é difícil combater a pobreza e a iliteracia, a dificuldade cresce desmesuradamente quando votada ao abandono e ao ostracismo.
Acredito que todas as pessoas podem lutar pela sua melhoria de estado, não aceito que a única opção seja a criminalidade...mas a verdade é que as circunstâncias tornam as escolhas mais reduzidas e mais difíceis.
Se te despacham para um lugar fétido, degradado e marginal tornam a esperança moribunda, à partida as pernas deixam de ter vontade de correr e implicam um esforço (que acredito TER DE SER FEITO) enorme pra te distanciares de onde te querem.
Quando se cresce num meio onde os punhos são a forma de reacção, o tráfico meio de subsistência e o roubo uma banalidade é mais complicado entender o errado de assim actuar, o quotidiano tem o dom de normalizar o que na verdade não é.
Começa pelo miúdo que vê o pai bater à mãe porque é alcoólico/drogado e a mãe faz uns biscates numa das muitas esquinas desse país.
O conceito de que bater à esposa é errado terá como se entranhar?
A ideia de que trabalhar é o caminho do sucesso tem como sobreviver?
Não....
O chavalo cresce a acreditar que "se a gaja se porta mal apanha nos cornos" e que "trabalhar é pra papalvos...cansa e ganha-se menos do que passar uns pacotes".
Estes problemas não acompanham só pobres nem pretos nem ciganos nem brancos nem amarelos....existem em todo o lado não é?
Ok...
Agora pensa no Ghetto ou em estar fora dele.
Se os atentados à dignidade acontecem em tua casa mas quando passas as portas os pais dos teus amigos e os amigos dos teus amigos não são assim dá pra pensar "Foda-se...alguma coisa aqui está errada..."....mas e se quando vens à rua tudo é igual ao que se passa dentro das paredes da tua casa?? Pois...é difícil surgir uma questão quando não há factos contraditórios.
Eu não sou a favor de desculpabilizar, o menos culpado sou eu e tu que em nada contribuimos para esta situação.
Quem prevarica deve ser castigado, lógico, a segurança tem de existir.
O que eu acho é que resolver um problema quando este está criado é temporário e não impede que o cancro se alastre, o mal mata-se na nascente e não na foz.

Wednesday, August 23, 2006

Homens e a Pornografia


Muitas vezes ouço mulheres a questionarem-se o porquê de os homens gostarem de pornografia. Ou porque é "nojento e porco" ou porque "se me tem a mim pra que precisa de ver essa badalhoquice" ou "que horror!!!!".
Bem, Eu gosto de ver.
Não me parece que seja nada de extraordinário e nem nojento (ok...às vezes passará dos limites pra mim mas há quem goste ou não se faria).
Da minha observação ao mundo masculino parece-me quase uma coisa cultural que tomo por absolutamente inofensiva.
Pergunto-me se algum homem passou os seus dias sem imaginar como seria "bom aquela entregadora de pizza podre de boa bater-me à porta e depois de me dizer olá cair de boca como se não houvesse amanhã".
É o imaginário masculino (que acho que começa a infectar o feminino aos poucos) que possibilita um absoluto desfazamento entre sexo e amor. O desligar uma coisa da outra ao ponto absoluto que é caricaturado nos filmes porno.
Não conheço homem que não goste e os que dizem isso estão a mentir.
Lembro-me que uma amiga me disse uma vez que o namorado dela "não via essas porcarias nem se masturbava...aliás...NUNCA se masturbou".
Foda-se...até a credulidade deveria ter limites e quando excessiva pagar imposto.
Tenho pra mim que não haverá homem no mundo que não aprecie esta badalhoquice (se for gay...também há porn para esse gostos) nem homem que nunca se tenha masturbado.
A ameaça ao universo feminino dito como comum por este tipo de películas também não a entendo...é como achar que, efectivamente, o Rambo caiu de um penhasco de 500 metros e apenas se arranhou, tendo saído a correr.
É fantasia meninas...é inofensivo.
Aliás, sempre que vejo um filme porno (ou trechos...todo assumo que não tenho paciência...o enredo a partir de certa altura não desenvolve eheheh) fico com a sensação que nós (ou eu) é que deviamos ficar preocupados.
É cada bacamarte que até a mim, que não sofrerei nunca com a envergadura dele, me mete medo...alguns são capazes de arrombar uma porta.
Isso sim é preocupante, depois de ver aquilo eu penso "não te preocupes...podes ser subnutrido mas és esforçado e quem dá o que tem a mais não é obrigado".
Eu acho até artístico, há movimentos que nem me arrisco a tentar...doi-me as costas só de ver a performance eheheheh.
Eu chamaria "entretenimento extremo" e nada mais que isso eheheheh.
Tem, no entanto, um ensinamento que acho que poderia ser útil para algumas meninas (e até meninos talvez...apesar de ser um universo que felizmente não domino.
Nem sempre é altura de fazer amor...foder é tão bom!

Cajado


Esta semana tive de entrar numa igreja devido ao falecimento de um familiar de um amigo.
Não me lembro ao certo de quando foi a última vez que entrei numa... mas ao todo devo ter estado umas 10 (se tanto) vezes dentro de uma igreja.
Lembro-me que uma vez entrei porque queria paz e não me lembrei de nenhum lugar tão calmo como uma Igreja. Não fui à procura de uma seita, fui porque queria paz...e não me lembro sequer que a encontrei.
Uma Igreja fora dos horários de discurso (AKA missa) é um lugar bonito de se ver, é silencioso (ainda existe um lugar sem se ouvir telemóveis), é bonita (algumas lindas até) e uma homenagem a uma entidade etérea em que se acredita.
Fosse sempre assim e eu mudava-me pra dentro de uma, infelizmente é um antro de falsas moralidades e de ingerência neuronal... coisas que me desagradam.
Estava eu e prestar o meu respeito pela dor da perda de pessoas que me são queridas e começa o discurso do padre... e lembrei-me de tudo que me desagrada em cultos organizados.
Começou por "o matrimónio perdeu-se...e agora nem são os pais que educam os filhos", pulvilhado por "todos se afastam do caminho de senhor e dizem que têm a sua forma de encarar a religião...quando a religião está escrita e devia ser uniformemente seguida" e passou ainda por "temos de nos reunir à volta de Deus".
Tive de me segurar pra não lhe perguntar "mas...era melhor há 30 anos atrás quando a esposa não se divorciava e era miseravelmente infeliz?" ou "os progenitores deveriam deixar de trabalhar e viver debaixo da ponte para estar sempre com os filhos? E estes deveriam ser iletrados? Escola custa dinheiro!" ou ainda "temos de seguir fielmente o que tu achas que é a religião? Às vezes dá em Inquisição e outras em aviões a baterem em prédios!" finalizando com "fico na dúvida se é pra reunir à volta de Deus ou à tua".
Lembrei-me, instantâneamente, das recolhas de fundos anuais para melhoramento da casa do padre da minha paróquia...que tem lugar pra 3 carros na garagem e 7 assoalhadas.
Lembrei-me, instantaneamente, das beatas que falam da vida de depravação de quem por elas passa na rua e questionei-me quantas delas são comidas pelo padre que lhes dá a benção.
Eu acredito numa entidade divina (não sei se por medo ou por convicção...a ideia do "nada" arrepia-me até às entranhas) mas não acho que esta divindade fale pela boca de um tipo que anda na faculdade e ganha o papel de ministro (seminário é mais que isso?!).
Sempre me fez alguma confusão aquilo de confissão. Se Deus é omnipresente... preciso de uma estrada específica para ele me ouvir? Bem...eu acho que não.
Para a escolha do representante supremo de Deus na terra (AKA Papa) juntam-se uns quantos bonas que, politicamente, o escolhem. "Estão imbuídos do Espírito Santo" ouvi dizer...o que me leva a perguntar o porquê de várias votações. Será o Espírito Santo um ganda maluco que diz coisas diferentes aos votantes para dar uma grande confusão?
Apesar de parecer, não sou anti católico ou coisa que o valha, cada um saberá de si.
O que me incomoda é esta tentativa de aglutinação sem cara, esta forma de homogeneizar o que em si é absolutamente diferente, o vender de uma moral que nem se sabe se, verdadeiramente, se quer comprar...é mais reflexo do que escolha.
Eu acredito no que quero e no que vejo, nada mais que isso.
Moralistas de vão de escada quero-os longe.
Se for uma ovelha quero ser a tresmalhada, prefiro ficar sozinho do que não ter cara.

Tuesday, August 22, 2006

O Monstro

Desde muito novo vivi no meio termo (ou dividido) entre um monstro sanguinário e um tipo que gosta de artes e de escritas e até é bom aluno e até é persuasivo...enfim, um tipo civilizado.
A espaços um ou outro tomavam conta do cérebro, quando mais novo era mais monstro e à medida que vou ficando mais velho sou mais o tipo civilizado.
Não é uma coisa tipo Hulk/Bruce Baner, nunca foi uma transformação que controlei ou controlo completamente e nem o monstro é dominado pela minha parte mais cerebral.
O Monstro é contido e reprimido, fujo do que o desperta, evito situações propícias a desfraldar as presas. Fui aprendendo a moderar e a tentar contornar o que me torna naquilo que não gosto: Um tipo indiferente à razão que fica cego e deixa de ponderar prós e contras.
Uma vez ligado o interruptor da destruição tudo perde importância, deixam de haver barreiras, os laços são rasgados e o mundo veste a pele do guerreiro que me irá defrontar.
O que me fez e faz segurar é o laço que se constroi entre as pessoas, a noção de que este não merece isto e nem aquele merece aquilo.
As pessoas com as quais não tenho qualquer tipo de afinidades não lhes quero mal mas também não faço nenhum esforço para lhes querer bem, se me irritarem nem tento segurar o Monstro, deixo-o à vontade.
Agora, quanto mais eu gosto de alguém mais eu tento protegê-la do mar de sangue que me corre fervilhante nas veias, quanto mais eu gosto de uma pessoa mais tento que o Monstro sirva para a defender e não para a atacar... infelizmente, nem sempre sou bem sucedido, infelizmente nem sempre a temperatura corporal corresponde aos meus desejos.
Detesto-me quando sou factor de dor para quem quero todo o bem...já o fui e não posso (mesmo) garantir que não o serei de novo.
Quando causei essas maleitas tudo passou, o Monstro sobreviveu, Eu sobrevivi, quem sofreu o ataque sobreviveu também... tudo continua a seguir o seu curso.
Não me arrependo, aconteceu, está feito.
Não tenho remorsos, era pra ser, foi.
O que me custa mesmo é ser o Alfa de uma dor que não tive a intenção de causar e ainda assim fui incapaz de evitar.
As pessoas aprendem com os erros, pelo menos as que não são idiotas e burras...mas eu nunca disse que era inteligente...

Sou de lamber as minhas feridas em absoluta solidão.
Não sei partilhar dor, não sei dividir problemas, não sei "descarregar"...sou o solipsismo eremita.
A minha jaula tem de egoista e de altruista.
Não gosto de espalhar o desânimo, parece-me desnecessário estar a sobrecarregar quem quer que seja com um problema que é so meu, dividir uma questão destas parece-me multiplicar o problema e não dividir o peso.
Sou (tenho de ser) capaz de resolver e superar tudo e todos porque, no fim do dia, a única coisa absolutamente segura é que te vais deitar contigo e és a última pessoa com quem podes contar.
E se decides amaparar-te em alguém? E se um dia a muleta falhar? E se um dia, quando menos esperas, estás sozinho?
"Dá-lhe um peixe e alimenta-o por um dia, ensina-o a pescar e alimentá-lo-ás a vida inteira" (é mais ou menos por aí).
Eventualmente seria muito bom existirem certezas absolutas na vida, saber seguramente que o nascer do sol de amanhã será igual ao de hoje...mas se até o horário de Verão é diferente do do Inverno que certezas se pode ter? A que certezas te podes agarrar além de que enquanto viveres conviverás contigo todos os dias?
Há sempre a célebre "única certeza que tens quando nasces é que vais morrer"...e na verdade haverá mais alguma além desta?
A outra questão é o facto de eu, quando em fase menos boa, ser um verdadeiro buraco negro e a menos afável das criaturas.
Sou uma pessoa muito pesada, quando abaixo do nível das águas do mar é muito difícil conviver comigo.
Quando a coisa não está famosa mato toda a luz que anda à minha volta, aliás, acho que até as plantas do jardim vão padecendo à minha passagem.
Conviver comigo quando a coisa está preta retira a alegria até ao vencedor do Euro Milhões.
Não é algo que deseje a ninguém, prefiro alienar-me de convívios.
Sou bom de segurar tristezas alheias, não tenho qualquer problema, sou muito útil a segurar alguém que está a cair da ponte, talvez porque estou tão habituado a carregar o meu peso que tudo o resto me parecem plumas.
Tudo isto porquê? Porque não sou um gajo porreiro e muito menos um gajo simples de lidar...mas gostaria de ser? Infelizmente acho que não.
Sempre fui dado a mundinhos e não ao mundo globalizado.
Alegra-me que mesmo na tristeza Eu seja diferente de ti e tu do outro.
Coerência?! Onde onde? Nunca a desejei.
Sempre que se fala em coerência soa-me a previsibilidade e a vontade de que a massa seja cada vez mais amorfa.
Coerência? Não, obrigado.

Monday, August 21, 2006

Flexibilidade

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"Pouco me interessa como o mundo olha para o céu e para a sua cor, os meus olhos são meus e pouco dados a uniformidade"
Não sou seguidor do adágio "diz-me com quem andas dir-te-ei quem és".
Não que o ache falso em absoluto, o que acho é que dependendo do EU ele perde força.
Tenho amigos de todas as formas e feitios (não que sejam muitos, no entanto são diversificados).
Tenho desde o mais tótó ao mais radical, do mais neuronalmente deficitário ao mais brilhante, do mais compreensivo ao mais infléxivel e do mais púdico aos mais lascivo.
Todos são meus amigos e todos me acrescentam alguma coisa.
Não acho que um tipo burro seja má pessoa só porque é burro e nem um tipo direitinho seja insuportável porque é todo ajuízado.
Exigo sinceridade e carácter, nada mais que isso.
Aliás, não me importo que um amigo meu seja falso para 100000000000 de pessoas desde que não seja comigo. Com o mal dos outros posso eu bem.
Estou longe (muito) de ser um exemplo a qualquer nível, aceito-me e gosto de mim (muito eheheh) mas sei, porque não sou cego, que muitas das coisas que vivem dentro de mim são nefastas e sem qualquer possibilidade de serem admiradas.
O que quer tudo isto dizer?
Bem, que o "diz-me com quem andas dir-te-ei quem és" está intimamente ligado com a capacidade, ou falta dela, de o próprio se definir, de saber qual o seu caminho e, a trechos, não ter qualquer problema em fazer parte da caminhada com quem pouco ou nada tem em comum.
Eu não perco o meu horizonte de vista e nem o confundo com outros.
Gosto da diversidade, gosto de gente (alguma) e gosto de sair do casulo, ainda que seja apenas para observar.

Maneiras


Se eu quiser fumar eu fumo, se eu quiser beber eu bebo
Eu pago tudo que eu consumo com o suor do meu emprego
Confusão eu não arrumo, mas também não peço arrego
Eu um dia me aprumo, pois tenho fé no meu apego
Eu só posso ter chamego, com quem me faz cafuné
Como o vampiro e o morcego é o homem e a mulher
O meu linguajar é nato, eu não estou falando grego
Eu tenho amores e amigos de fato tá tudo errado,nos lugares onde eu chego
Eu estou descontraído, não que eu tivesse bebido
Nem que eu tivesse fumado pra falar de vida alheia
Mas digo sinceramente, na vida, a coisa mais feia
É gente que vive chorando de barriga cheia
É gente que vive chorando de barriga cheia

ps: Zeca Pagodinho sabe tudo eheheheh

Friday, August 18, 2006

The Fly

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"It's no secret that a liar won't believe anyone else"
A projecção dos medos.
Olhando com atenção para quem te rodeia e para o tipo de medos, ou falta deles, vê-se com maior ou menor exactidão o que constitui a personalidade e os olhos com que se vê o mundo.
Parece de todo natural que um tipo que diz sempre a verdade desconfie muito pouco que lhe mintam.
Poder-se-á chamar de inocência...que até é, no entanto, é muito difícil pensar-se numa qualquer coisa que não faz parte de nós.
Se pra ti é de todo natural dizeres a verdade, reveste-se de estranho o facto de te mentirem.
O mesmo vale para o mentiroso...mas ao contrário.
Veja-se por exemplo um tipo que seja assassino a soldo.
Este passará a vida a olhar por cima do ombro porque o quotidiano dele é ser a mosca que observa o próximo alvo.
Agora eu, que nem sou (muito) esquisofrenico, porque teria medo de ser assassinado?
Não me ocorre porque é um mundo onde não vivo e é, supostamente, um risco que não corro.
É como aquele teu amigo forreta. Ele é forreta porque tem dinheiro, quem não o tem não tem qualquer necessidade de o poupar.
Eu sempre perdi muito tempo (ou ganhei) a observar como as pessoas andam, que tipo de passo utilizam, pra onde olham, o que temem....
Foi um hobby que se transformou profissão, hoje a minha competência, capacidade e eficiência dependem em larga medida da minha capacidade de ouvir o que não se diz.
Coisas inofensivas.....
Por exemplo, pra onde olham quando falam contigo, a alteração de um tom de voz, tiques nervosos...esse tipo de coisas.
Para potenciar movimentos e palavras reflexivas e não pensadas fui-me aperfeiçoando na arte do picar, na arte de irritar, na arte de chamar mentiroso sem o dizer, de duvidar sem o fazer claramente, de repetir a mesma coisa 10 vezes sem repetir palavras... o Torturador dos Tempos Modernos.
Em consequência, não tomo as palavras como inocentes, ainda que o sejam.
Em consequência,vivo em permanente alerta.
Em consequência, "trabalho" 18 horas por dia (as que estou acordado).
Se é saudável? Não, não acho que seja.
Se há saída? Não, não acho que haja.

Thursday, August 17, 2006

"Estórias"


Nunca fui muito amigo dos contos infantis...sempre os achei meio ridículos.
Ok...houve tempos em que não tinha sentido crítico e nem sabia como utilizar a sanita e o autoclismo, estamos em momento posterior eheheh
Hoje olho prás coisas que se contam às crianças e penso "pá...pra quê este chorrilho de mentiras?? Conta-se estas merdas e uns anos mais tarde nada faz sentido!!!"
Faz sentido pra alguém que uma gaja podre de boa como a capuchinho vermelho perdesse todo o tempo da sua vida a tomar conta da avó?!
Onde andam os garanhões da história? Tem de vir um lobo para a tentar comer (pra que come ele carne de 2ª como a avó quando tem aquele pitéu é outro mistério)?!
Usar um avental e aquela saia a arrastar-se no chão....com umas cochas daquelas??? Onde anda a mini saia e a bota de cano alto assente em stilletos (viajei agora eheheheh)?!
Depois há a bela adormecida....outra que esperava o principe encantado.
Se ela fosse horrível, tipo chiuaua, compreender-se-ia que aquela espera não era espera mas antes contingência.
Depois vem um bonas que andou a cavalgar sei lá quanto tempo e depois subia 100000000000 de escadas para a acordar com um beijo....tomou banho?! Foi aquele jagunço beijá-la a tresandar a suor e mau hálito??? E ela acorda com um sorriso?!
Pá...uma criança vai nesta e morre virgem se não abrir os olhos a tempo.
Não me poderia esquecer da gata borralheira, esse exemplo prás oprimidas que parecem feias mas na verdade são a puta da loucura de tão boas que são.
"Ah...muda-se a roupa e manda-se uns pós pra cara e junta-se a iluminação certa e toda a gente fica linda" - ERRADO, a transformação dela tem de ser feita ao bisturi e não com uns pózitos.
Pior....desloca-se dentro de uma melancia!!!!!! Porra....aquela merda deve cheirar mal pa caramba.
O Princepezeco dá uma bailadita com ela (nem funk brasileiro, nem lambada, nem bolero....foi uma valsita) e fica logo apaixonado. Onde andam as camareiras? Onde andam as gajas que se oferecem ao Príncipe? Ele era virgem???
Depois vivem felizes para sempre....."então para que se divorciam os meus pais??? Falhados de merda!" eheheheh
A Alice é uma outra história, aqui entra-se na onde escritor on drugs, mas, também por isso é bem mais divertida.
Repugna-me a imagem da Alice boa porque é uma criança, acho desnecessário e de mau gosto mas...passando isto....
Ela manda-se pra dentro de um espelho, aparece por lá um ovo falante (?) e anda sempre com um coelho atrás.
Pergunta: Tomamos todos o nosso LSD hoje?!
É a loucura....alguém duvida que o coelho comeu a Alice?
Alguém duvida que nos episódios cortados (eheheheh) houve por lá uma rave que acabou num bacanal em que até o ovo se safou?!
Estas são as questões que as nossas crianças deveriam colocar!!!

"Deixem de nos tratar como débeis mentais" pareço escutar....ou então estou a sonhar eheheheh

Era bom se fosses assim...mas seria mesmo??

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"Nem sempre o que sai da boca de uma mulher é verdade...apesar de ela não saber que está a mentir"
Sempre foi uma coisa que me chamou a atenção.
Gosto de todo o tipo de nuances que vagueiam pelos cérebros, e nisso não há animal mais rico do que as mulheres.
Um homem (falo por mim mas também pelos que conheço) tem a perfeita noção do que quer para si, qual o tipo de mulher que quer para mãe dos seus filhos e conseguirá (tentará) encontrá-la.
Já nas mulheres, do que tenho visto (e sentido na pele) a coisa não é tão linear...
Exemplo concreto:
Tenho um amigo que é um gajo impecável. Se tiver algum defeito é ser perfeito demais.
É mega atencioso com a(s) namorada(s) que tem (teve), é incapaz de levantar a voz, não se chateia, é compreensivo, a(s) família(s) dela(s) adoram-no.
É um gajo absolutamente fiel (nem mentalmente trai), não tenho qualquer dúvida (porque sei) que jamais poria o pé em ramo verde.
Se eu fosse pai, queria um gajo destes para a minha filha.
O que lhe acontece? Leva pontapés no cú como se não houvesse amanhã!
Tenho amigas minhas que me disseram "quem me dera um homem assim...e essa despacha-o" aos que lhes respondi "também não o aguentavas...não digas asneiras"
Há mulheres que já têm noção de que este tipo de homens ficam muito bem no quadro mas não no quarto.
Pra mim, uma mulher poderá dizer aquilo que muito bem entender, poderá querer enganar-me, poderá querer enganar-se...mas ninguém me fará acreditar que uma mulher quer ao seu lado um tipo assim. Melhor, até o pode querer...mas não o aguentará.
Tenho pra mim que as mulheres podem ser emancipadas, votar, ser absolutamente independentes, não precisar de um homem predador nem dominante...mas querem-no, não precisam mas querem.
Não é o neandertal que as quer na cozinha ou no tanque, não é o cavernoso que acha que pode foder por fora só porque é homem e nem o retrógrado que não pode ter um vencimento menor do que a mulher....mas ainda assim querem um homem.
Mulher quer-se protegida, quer saber que o tipo que está com ela tem voz grossa, quer que o empregado do restaurante sinta nas orelhas quando o serviço é uma merda, quer que o tipo que lhe olha prás coxas numa discoteca sinta que ela não está sozinha e que o homem dela não é paspalho.
Podem-me querer vender todos os panfletos de feminista reprimida, podem-me chamar machista (acredito que até pareça) mas o que eu digo é o que vejo e até o que ouço de quem é mulher e suficientemente segura de si para assumir.
Aqueles totozinhos de "amor e cabana" e de "respeito pela individualidade" e de "somos todos iguais" e "o que sinto por ti é incondicional...nunca te deixarei, nem que tentes!" podem até ser óptimos para aquecer a cama mas na hora da verdade é preciso sangue a correr e um cabelo ou outro a ser puxado (ehehehe)... sim sim, "fazer amor" é bom mas às vezes precisa-se foder.
Não entrarei (hoje) numa outra problemática que me deixou bastante curioso....mas um dia volto a isto.
Já ouvi que:
"Uma mulher adora um tipo com cara de cafageste!!"
Esta última ainda estou a tentar deslindar...quando chegar a uma conclusão eu volto ehehehe

Wednesday, August 16, 2006

Profile Views 1000


Ando numa dúvida que não quer calar:
"Se 1.000 pessoas diferentes visitam o meu blog por que motivo não dão ar de vida?"
Em primeiro lugar, e importantíssimo, não é um clamor por atenção, criei este blog pra não perder o que penso e não com o intuito de publicação ou de partilha.
Nunca foi minha ideia criar amigos (que são sempre bem vindos) ou uma legião de fãs (que além de tudo seria absolutamente imerecida).
A minha dúvida não é de hoje, já a partilhei e já pensei sobre ela.
Quando partilhada a resposta veio sob forma de uma afirmação que, na verdade, nunca me tinha ocorrido:
"Há muita testosterona no que escreves" e "é agressivo...não encoraja a que ninguém diga nada....aliás, eu também só comecei a comentar depois de apareceres no meu...." (BEEEEEEEEIJO Pandora eheheh).
Hmm....é uma maneira de ver as coisas, não me parece sem sentido...
A minha escrita é como eu...visceral e brusca. Não sou ameno na vida vivida,muito menos o conseguiria ser na escrita.
Há, no entanto, uma conclusão a que cheguei em forma silogistica.
Das voltas que dou por aí encontrei escritos com imensos comentários, no entanto, não encontrei um único que dissesse alguma coisa de facto.
Quer-me parecer, e espero estar enganado, que se eu escrevesse "ai como sofro de amor" e "o perfume que ela me deixou na almofada era uma mescla de rosa e jasmim que nunca mais olvidarei" teria mais alguma reacção eheheheh.
Mas, do que vi, essas coisas receberiam "entendo-te tão bem" e "luta pelo amor" regado de "que liiiiiiiiiiindo!!!!!".
Há saco? Não...não há...
Será esta política de boa vizinhança que se cria?
Será que do que se escreve só a parte feita de mel é alvo de atenção?
Será que não há interesse por outro tipo de coisas?
É a propensão pelo mediano que me preocupa na sociedade, é esta vontade de passar sob o radar e apenas dar a opinião que se quer ouvir.
Não sei onde isto começou, não sei em que ponto se perdeu o espírito crítico....mas todos somos pensadores livres e cheios de ideias...até temos blog...
Gostaria de ler como comentário aí num dos muitos que são sofredores uma coisa do tipo "foda-se...come gajas e esquece essa..tantas no mundo!!!!" ou naquelas feministas inveteradas e fundamentalistas que vêem ofensa, por exemplo, no facto de um homem lhes abrir a porta do carro para entrarem (eu abro, assumo eheheh) "precisas é de ser bem comida...acho que isso te passava!!"
Parece agressivo e desnecessário?
Que raio, se escreves para que leiam sujeitas-te ao que pensam. Se te dizem porque é o que acham e não com o intuito único de te magoar....aguenta ou fecha o blog.
Pra se sentir mártir e sofredor ou mesmo alvo de hiper injustiças sociais basta saber-se disso...pra quê ter 1000000000000 que aparecem só pra te adoçar os ouvidos?!
Gosto do desafio e gosto da contradição.
Sou dado a ideias e não a marasmos.
A terceira hipótese, e também a ter em conta, é que escrevo mal (até palavrões eu uso) e não tenho qualquer tipo de interesse...sou chato.
Não me incomoda particularmente esta última opção, não vivo à custa disto e sei que nunca irei viver.
Seria, no entanto, falso se dissesse que acredito com mais força nesta última opção que nas outras....e nem sou falso nem modesto em demasia.
Finalizando:
Não sei porque motivo "afugento" (ehehehe) as pessoas, é apenas mais uma dúvida existencial a juntar a tantas outras ehehehe.

Que Liberdade?

"Se eu fosse livre não necessitaria de saber o que Liberdade quer dizer"
Sempre me gostei de ver como um tipo livre e que faz as suas próprias escolhas, sabendo as consequências mas independente destas.
Infelizmente, o próprio jogo da vida é viciado à partida.
Se eu escolho o que muito bem entendo, e escolho, não o faço em absoluta e lírica liberdade. Não existe uma página em branco que me permita decidir sem mais, não construo a estrada que percorro, apenas decido para onde quero ir....e nem isso é puro.
Para começar, e isto é mesmo o início, as minhas decisões resultam de uma reacção ao meio.
Eu vejo o que me rodeia, eu sinto as farpas e os beijos do dia a dia e opto por isto ou aquilo.
Começa desde cedo, começa quando ainda não te lembras de ter começado.
O ambiente familiar é um modelo a ser seguido ou não. O tempo passa e, muitas vezes sem te dares conta disso, tudo que vais construindo é para fugires ou para te aproximares do que te envolveu e ainda envolve.
É a infidelidade do tão propalado e amado livre arbítrio.
Incomoda-me todos os constrangimentos, não gosto de limitações, detesto esta jaula que permite uma liberdade fictícia.
Não consigo escapar a isto...e reajo....
Não é uma escolha fria e racional, muitas vezes veste-se de vermelho fogo (ou sangue), é mais não querer isto do que querer aquilo...e isto não é maneira de se decidir nada.
Porque não tenho paz?
Porque não aceito as coisas como inevitáveis?
Porque as provocações não me passam ao lado?
Porque só morto farão de mim o que quiserem!
Porque só morto me escolherão as roupas e a sepultura onde vou ficar!
Tenho medo de muito pouca coisa, na verdade tenho medo de 2 coisas.
De morrer e de me tornar naquilo de que fujo.
Muitas vezes páro pra pensar se de tanto querer chegar a outro lado não estarei a fazer o caminho que não devia, a aproximar-me do que detesto, a trocar de pele sem perceber.
Enfim...tenho de começar a correr outra vez, não tenho tempo para muitas paragens...

Monday, August 14, 2006

...

"I want you to notice when I'm not around "
Simples e verdadeiro.
Será preciso muito mais que isso? Querer-se-á muito mais que isso? Haverá coisa mais reveladora do sentimento que se nutre?
Muitas vezes sente-se falta das palavras, outras vezes sente-se falta dos actos, algumas de um olhar mais doce, por vezes de uma mão colada na tua....mas no fundo, o que se quer mesmo, o que não se diz, o que muitas das vezes não se sabe, o que quase sempre é ininteligível é esse sentimento que cobre quem gosta:
O sentir a falta quando não se está junto
Não sei a partir de que altura na história tudo se complicou e se passou a exigir que quem acompanha a tua vida tenha os mesmos interesses, exactamente as mesmas vontades, os mesmo gostos....
É impensável ter-se qualquer tipo de relação com que não se tem qualquer tipo de afinidades, quando os mundos são em absoluto diversos e quando se quer coisas diametralmente opostas mas....é preciso ser-se gémeo siamês?
Em que ponto se institui o racionalismo no "gostar"??
Haverá coisa mais inexplicável?? Haverá coisa em que o "porque sim" se reveste de plenamente aceitável?
Eu não preciso de justificativa, eu não quero explicações, eu dispenso racionalização do que é irracional.....
Quero que sintam a minha falta quando não estou presente...
Já me pareceu pedir pouco, ou pedir o suficiente....mas a simplicidade tá ao preço do ouro nos dias que correm.

Aparências de Pessoa

Sempre me preocuparam, porque detesto ser enganado, aquelas pessoas que são complacentes e que amam a terra e arredores e que não desgostam de ninguém e que são compreensivas e que evitam conflitos a todo o custo.
Como se pode levar assim a vida?!
Entendo que, por vezes, é necessário camuflar uma determinada posição e um certo tipo de vontade que poderá ser prejudicial quando colocado perante uma situação em que a paridade não existe e se está numa situação de fragilidade.
Mas...sempre?!
Conheço um tipo que toda a gente adora. Aliás, seria o homem (se é que se lhe pode chamar isso) que queria para a minha filha (se a tivesse...e se não fossem todos os meus filhos machos como gostaria).
Mas pra mim soa-me a estranho... Como se pode levar uma vida sem criar um odiozito de estimação? Como se pode levar uma vida sem conflitos com ninguém? Como se pode ser bonzinho para toda a gente?!
Definitivamente não entendo...
Tenho pra mim que quem se dá a toda a gente não se dá a ninguém e esta gente amorosamente nauseante é assim.
Nunca sei onde estão, qual o lado da barricada...porque não a têm, parecem-me aqueles agentes duplos em tempo de guerra fria...a contorcionista da fotografia.
Essa gente horrivelmente conciliadora que gosta de ver toda a gente bem e que quer a fim da fome no mundo e preconizam a paz entre os homens.

Gente chata!!

Já não me chegava haver padres...

Saturday, August 12, 2006

Sedativos Neuronais




É com grande orgulho que digo que adoro séries de merda.
Adoro o "sem nexo" camuflado de "eventualmente poderia acontecer".
Tem coisa mais bonita do que ver Pam "boias" a afastar um tubarão...com a boia de salva vidas?!
Existe coisa mais espectacular do que o desmantelamento de um cartel internacional de narcotráfico por pessoal de bikini??
Onde mais poderemos ver uma junção tão perfeita de paternalismo e vingador de que no ENORME David Hasselhof (não fui confirmar como se escreve o sobrenome ehehehe)?!
Os polícias de bicla que resolvem todos os casos que a CIA não conseguia e apanhavam quem o FBI deixava escapar....e usavam licra!!
O Dr. House, que é um Macgyver da medicina misturado com Steven Seagal (nunca perde a calma eheheheh) e que descobriu que um top model era hermafrodita...simplesmente porque o diagnóstico tinha de estar certo!!!
É a melhor coisa do mundo depois de um dia de trabalho ou de uma noite de copos.
O cérebro D-E-S-L-I-G-A!
Nem todos os dias são dias de "Lost" ou de Wenders....pra mim não são.
Irrita-me o "intelectualoide" que não se preocupa com mais nada do que encontrar a coisa mais pretensiosa, confusa, desconecta, intragável e povoada de nomes que só são sonantes quando no underground ou quando não se percebe o que fazem...para amar aquela obra!
Graças a uns quantos que lambem o rabo uns aos outros e, pra não perder o balanço, apelidam-se reciprocamente de intelectuais é que o termo me soa a ofensivo.
Andar praí a citar nomes de uns tipos quaisquer em saraus sem sangue a correr e no marasmo milenar de repetir o que já foi dito e saber de cor em que página está parece-me mais estatismo e preguiça cerebral do que "movimento artístico".
Faz-me lembrar histórias adolescente....
Lembro-me de que os Metallica tinham uma falange de apoio "pequena" mas aguerrida.
"Metal pra Machos" e sei lá o quê.
Quando lançaram o Black Album não demorou a serem chamados de vendidos e de que tinham "abichanado"....porquê?! Porque os fãs anteriores deixaram de ser uma minoria revoltada e iluminada quando apareceram mais tipos a gostar e saber quem os Metallica eram.
Pior (sem sair da música)!!!!
Os Nirvana montaram a onda saída de Seatle e todo adolescente que era adolescente vibrava com o berros vindos bem de dentro de Kurt Cobain (assumo que nunca fui grande fã de Nirvana...a minha onda sempre foi mais Alice in Chains - negro até dizer basta - ou Soundgarden - que tocavam que se fartavam).
Mas..quando saiu o Unplugged (que acho pouco menos do que obra prima) lá vieram os rebeldezecos sem causa dizer "isso não é Nirvana...cover de Bowie?! Como é possível!!!"
E assim andam os "pseudozecos", gostam do que poucos gostam porque "o pessoal não percebe" e deixam de gostar quando os outros gostam porque "se estragaram" ou porque "são muito maus".
A esses iluminados de baixa voltagem preferia-os como o salmão, a nadarem contra a corrente até se afogarem!
ps: juro que ia fazer uma coisa mais animada....mas o veneno não pára de jorrar eheheheh

FDP´s

"Não é o ventre que te gera que te torna Filho da Puta,
é o ventre que te acolhe depois de nasceres"
Como se entenderá, o FDP não é, na verdade, resultado de ter nascido do ventre de uma prostituta.
Pode ser usado como uma forma de insulto sem que, pra mim, isso se reveja na mãe do destinatário das palavras.
Pode ser, e é o caso de que falo, a apreciação de uma personalidade no seu conjunto. Uma forma simplista de analisar a postura de alguém perante o mundo.
Não a considero em si ofensiva, acho que é uma forma descricional. Não tem necessariamente um tom pejorativo nem valotarivo...apenas é.
Quando se contacta com o mundo, logo à nascença, há um advento que metaforicamente falando é uma prognose do que te irá acontecer.
A Palmada do Médico.
Ok....é uma coisa médica e tal pra respirares e não sei que mais....mas o mundo, tal como existe, é isso...pancada.
Existe quem bate e quem apanha, tens os que seguem, os que são seguidos e os que não são uma coisa nem outra.
É uma selva, civilizada (nem sei bem o que isto quer dizer...), mas ainda assim, uma selva.
Basta olhar à volta com um pouco, muito pouco, de atenção e é fácil identificar que há passividade e actividade, que há predadores e presas, que há opressores e oprimidos, que há afortunados e desfortunados....em suma, que há fortes e fracos.
Não poderei afirmar com segurança o que te torna membro de uma facção ou de outra. Acredito no peso do meio ambiente, das vivências, da educação, do exemplo e até da genética.
Não sei se é escolha ou fado, não sei se és naturalmente propenso pra bater ou para apanhar, não sei se nasces e decides ser realista ou idealista.
Tenho dificuldade em assumir-me como "realista" ou como "idealista".
Sei que tenho os dois dentro de mim e sei que ambos são influentes. A medida dessa influência é mais difícil de aferir.
Sou um "com todos" e outro "contigo".
"Com todos" sou realisticamente cru e "contigo" idealisticamente adocicado.
Mas.....o FDP.
Eu sei que prefiro bater a apanhar, sei que tenho muito mais vontade de ser opressor do que oprimido, sei que o meu bem estar se sobrepõe ao da generalidade.
Nunca serei alvo de pena ou de piedade.
Colho exactamente o que semeio, sem qualquer necessidade de complacência ou constrangimento. É como eu quero ou de maneira nenhuma.
Nunca correrei o risco de de hoje para amanhã pensar "foda-se...pra que segui aquilo que aquele me disse??! A culpa é dele!"
Eu decidirei por mim e as minhas costas são suficientemente largas para levar com as consequência.
Se um dia as minhas escolhas e as minhas acções me levarem à forca saberei porque lá cheguei e não sentirei arrependimento.
Tenho o mesmo orgulho e a mesma arrogância quando acerto e quando falho.
Não fui eu que construí este mundo mas vergo-o às minhas vontades e serei tão hostil com ele quanto me for pedido.
Não há clemência nos meus olhos e amor existe apenas para com quem sinto que o merece...mais ninguém.
Poderei, é até provável, nunca ser o rei desta selva mas seguramente nunca serei o vassalo!

Os Olhos de Quem a Vê



É daquelas verdades que até já deu origem a bordão popular: "Quem feio ama bonito lhe parece".
Acredito que até esta verdade que também eu tenho como absoluta tem limites, ninguém de bom senso achará Anjelina Jolie menos que linda como ninguém achará Odete Santos menos que feia...mas acredito que se poderá, em tese, amar ambas com a mesma intencidade.
Nunca me foi possível apaixonar por uma qualquer mulher por ser bonita (apesar de que, evidentemente, prefiro que o seja).
A pele é efemera mas o espírito não.
Já tive casos com mulheres lindas que não duraram mais do que uma semanita (às vezes nem isso), nada me doi mais na alma do que um jantar em que não se sabe o que se vai dizer...ou não se tem. É uma dor sem par utilizares um humor um pouco mais rebuscado do que "Os Malucos do Riso" e não teres resposta....pra mim não dá...eu não aguento....
Não estou a fazer uma apologia a mim próprio e que só o interior me interessa, não sou falso a esse ponto.
Adoro um peito empinado, um rabo rijo, umas coxas torneadas, uma boca carnuda, enfim, gosto de um belo embrulho.
Assumo mesmo que durante um certo período de tempo nada mais me interessa do que isso, no entanto, tem prazo de validade. Quando o brinquedo já não é novo perde a graça e vei pra prateleira.
Não estou também a dizer que uma mulher linda é por isso mesmo desinteressante. Agradeço a todas as entidades divinas que encontro na imaginação pelo facto de ter prova em contrário.
Existem mulheres lindas e interessantes...apesar de eu ver nisso concorrência desleal ehehehe.
Lembro-me, infelizmente, de um jantar em concreto há um bom tempo...um erro com o qual aprendi.
Conheci uma menina LINDA numa discoteca. Conversa casual e tal e pareceu-me, efectivamente, interessante.
Contrariando as minhas regras (primeiro avanço sempre pra um café, é uma forma fácil de ver se se confirma a impressão e mais fácil ainda de me raspar quando não se confirma) convidei-a para jantar.
Meia hora depois do jantar começar estava a pedir outra garrafa de vinho...já não estava a aguentar.
Rematei com dois wiskheys pra anestesiar a dor e fui levá-la a casa.
Chegado à porta de casa dela o clássico "queres subir?", ao que respondi "melhor não, tenho de me levantar cedo" (assumo que mesmo com o desastroso jantar...ainda ponderei eheheh).
Não...pá...gente chata não.
Admito até gente burra...chata não aguento.
Tudo isto porquê?
Porque adoro o deserto e porque gosto da constante mutação em que se encontra apesar de parecer sempre igual.
As dunas que acordam não estão iguais às dunas que se deitam.
Há quem goste do Arco do Triunfo, da Torre de Pizza, das praias da Polinésia Francesa...a mim isso parece-me permanentemente igual e imutável.
Gosto da renovação, gosto do deserto.
ps: juro que não fumei nada antes de escrever eheheh

Friday, August 11, 2006

ZIGUE ZAGUE

Acordo muitas vezes com a sensação de "onde foi o tempo parar!?"
Lembro-me de ter 15 anos e pensar que nunca mais era mais velho, de estar cansado de ser tratado como criança...e agora??
As semanas seguem-se como se de minutos se tratassem, escorrem-me entre os dedos como areia, quando vou ver já passou.
Ainda há 10 minutos passava para o 10º ano, ainda há 5 minutos entrava para a faculdade...e agora tudo me parece irreal.
Quando fiz a minha primeira viagem para as Américas pensei "loucura!!! nunca pensei que cá viesse!!!" e agora, sem sequer saber muito bem porquê, parece que nunca lá estive...que sonhei.
A desatenção com que olho para o passado empurra-me pra frente mas não me deixa saborear momentos. Sempre pensei que fosse uma escolha consciente e que assim seria enquanto o quisesse, no entanto, transformou-se em reflexo.
Ontem ouvi falar de "remorsos".
Não sei o que é...não sinto.
Arrependimento talvez....ou melhor, eu sinto que erro, que errei, que deveria ter feito de outra maneira....mas não chego ao arrependimento.
Não penso "quem me dera poder mudar o passado" mas antes "que ganda merda...isso não foi bom ter acontecido assim..."
Confundo muitas das coisas que faço e que sinto com o próprio respirar, é reflexo e irrefletido, é inevitável e deprovido de planeamento, apenas é...não tem nada de científico.
Sorte a minha que não me sinto na obrigatoriedade de ser coerente e nem de tentar passar aos outros o porquê da minha incoerência.
Sou suficientemente seguro (ou alienado) para arcar com o sentimento externo de "és um idiota" e "não sei como se pode ser assim".
Os dias correm e se ontem não era o mesmo que sou hoje a verdade é que não sinto qualquer vergonha no que fui e no que me tornei...e acho que também não sinto orgulho.
Aceito-me...
Os meus fantasmas existem, as minhas virtudes estão cá, os meus defeitos andam por todo o lado, as incoerências pintam todo o cenário, a intensidade é condimento de todos os pratos, o "que se foda" é mais comum que o bom dia...é o caso de 2+2= a qualquer coisa que ainda não descobri e nem tenho pressa em descobrir.
Vou caminhando...é isso que vou fazendo.

Thursday, August 10, 2006

Pequenos Prazeres




Ouço muitas vezes que "gosto dos pequenos prazeres da vida" e "tenho gostos simples".
Não sei ainda se estas coisas são ditas porque são verdade ou se porque, muitas das vezes, fica bem e é politicamente correcto.
Ora, eu não sonho com um Lamborghini, não tenho particular interesse em ter um avião particular, um iate não me faz sonhar, aquela mansão de não sei quantas assoalhadas e jardins e bosque e piscina não me tira o sono.....
O que eu quero é ter dinheiro pra jantar fora, pra viajar (sem ter de me ficar hospedado num super hotel), ter um relógio bom, roupa pra vestir....enfim...coisas que nem são difíceis certo?
Errado....estas "coisas simples" são, à minha escala, complicadas.
Gosto de Veuve Clicquot a acompanhar um belo leitão na Bairrada.
O meu relógio terá de ser um Frank Muller.
A caneta que usarei para escrever o meu nome será uma MontBlanc.
O isqueiro com que acenderei os meus cigarros será um Duppont.
Haverá caviar nas minhas refeições.
Terei um Montecristo classe A pra finalizar o respasto.
Um Henessey a rematar.
Jantarei com fato D&G, camisa e cinto Hermes e sapatos italianos feitos à mão (obviamente os óculos de sol serão tb D&G).
As minhas viagens serão, no mínimo, bi anuais, uma trans atlântica e outra mais europeia.
Pequenos exemplos de o que os meus "gostos simples" são na realidade.
Para satisfazer estes caprichos precisarei de algum dinheiro (ehehehe), não os quero como excepções mas como diários, é assim que me sentirei realizado.
Acho mesmo que sou filho do prazer e da volúpia eheheheh

Wednesday, August 09, 2006

Vermelho Sangue

The stones from my enemies
these wounds will mend
But I cannot survive
the roses from my friends
Sou Homem de combate.
Não sei como cheguei a este ponto e não sei se dele alguma vez sairei.
Desconheço em que ponto da minha vida (se é que existiu só um) decidi ou fui empurrado para ser uma arma de ataque e deixei de lado a docilidade filantrópica.
Não sou indiferente ao sofrimento alheio, quer dizer, não retiro disso um prazer sádico. Não há uma parte de mim que fica feliz ao ver alguém sangrar, alguém que não sei quem é, alguém que nunca me faz mal nenhum.
Preferia que não existisse sofrimento no Mundo (excepção feita aos que eu escolheria como sofredores, porque existe de facto quem mereça apanhar), no entanto, sinto-o por fora e não por dentro.
Uma vez estive a pensar "o que me aconteceria se de hoje para amanhã tudo fosse idílico e deixasse de ter de se lutar pelo que se quer? Se de hoje para amanhã todos tivessem o que precisam e fossem todos irmãos?"
Quase entrei em pânico...
Primeiro porque me lembrei de imediato que "não quero ser irmão daquele filho da puta...foda-se!!", depois porque "se todos tivessemos o mesmo como me distinguiria da multidão? Pra que me levantaria de manhã se não tivesse um objectivo real e premente?" e por fim, e este é o que me deixa prostrado,"que utilidade eu teria?!"
Pois... não me vejo a fazer outra coisa que não lutar, não me vejo em outra posição que não a de ataque, não sei o que faria se de hoje para amanhã não tivesse adversário, não sei qual seria o meu lugar no mundo, não sei em que lixeira me iriam colocar, não sei onde arrumam o material de guerra quando se torna obsuleto...não sei o que seria de mim.
Não vejo o Mundo como meu amigo, até porque não é...mas e se fosse?
A minha casa é uma parte pequena do Mundo...mas e se fosse todo?
A minha forma de avançar e evoluir é tão estranha e, até, sádica que um elogio será a única forma de me deixar calado...ou tentar a graçola em forma de fuga pra frente.
Fico com ar de adolescente que vai dar o primeiro beijo, sinto o terreno a fugir-me dos pés...não sei se porque me tenho em tão alta estima que todos os elogios me parecem repetidos (não me parece que seja) ou se porque não compreendo por que motivo se vê algo de positivo em mim (mais este).
Em contrapartida, se me querem ver em ebolição e em actividade absoluta é pôr-me à frente um idiota que se acha capaz de me desafiar e pensar que sai vivo da provocação.
Sou idiota?
Bem...sou mais idiota hoje que ontem e amanhã serei mais do que agora.

Tuesday, August 08, 2006

Casa


Nasci onde tinha de nascer.
A minha cidade é, de facto, a minha casa.
É parte de mim e revejo-me nela.
É difícil explicar como gosto dela, gosto do cheiro (mesmo quando às vezes é nauseabundo), gosto das ruas e da falta de simetria delas, gosto das gentes e da forma destemida como usam o vernáculo e o palavrão, gosto do sentido de pertença que habita em quem aqui habita, gosto dela e ela gosta de mim.
É difícil explicar a batida da minha casa sem a sentir... não sei se será melhor ou pior que as outras, mas a verdade é que não conheço outra igual.
É ir ao mercado e ouvir "Foda-se freguesa...não leva nada?!" num tom muito mais familiar do que ofensivo.
É perguntar a um tipo como se vai daqui pra não sei onde e ouvir "Carago...não lhe consigo explicar...Olhe, venha atrás de mim que eu aviso-o quando tiver de virar." e lá vai o tipo dar a volta ao bilhar grande para te mostrar onde tens de ir.
Há uns tempos um amigo mouro (eheheheh) vinha jantar comigo e eu tentei explicar-lhe onde sair e por onde ir pelo telefone.... O resultado, obviamente, foi que quando ele me ligou outra vez estava do outro lado da cidade....
Parou numa bomba de gasolina e perguntou como haveria de ir...pro lado oposto onde estava.
Pelos vistos terá ouvido "Caralho...essa merda é do outro lado. Tá perdido mesmo!" e no segundo seguinte o tipo desenhou-lhe um mapa (?) num guardanapo para ele se orientar...É a minha cidade e a minha gente.
O meu amigo pensou que estava na aldeia de Arrechousa de Baixo quando se encontrava, de facto, numa cidade mesmo.
É MINHA!!
Estranho, ou não pra quem não está bem em lugar nenhum, quero deixá-la há bastante tempo.
Não me sinto bem aqui mas acho que não me sentirei bem em lugar algum.
É uma sensação de não ter raízes, gosto muito dela mas tou cansado de cá estar...
Já estive em alguns lugares do mundo e sempre gostei de lá estar (ok, menos a Tunísia...detestei aquela merda), sempre me custou voltar, sempre quis ficar....um dia destes fico mesmo...
Não sei nem consigo e nem quero explicar...
Não sei porquê....apenas É.

Monday, August 07, 2006

Bando de Idiotas


EU SOU FUMADOR!
Não o digo com orgulho mas muito menos tenho medo de o assumir!
Tou a ouvir alguém pensar "Que corajoso...que tem de especial assumir?!"
Pra já nada...mas vejam o que li ontem no Público...
Uma empresa Irlandesa lançou um anúncio para emprego que acabava assim:
"Se for fumador nem se dê ao trabalho de responder...não tem chances!"
A Eurodeputada britânica (ou coisa que o valha) foi à UE e perguntou-lhes:
"Pá...isto parece-me discriminatório...o que acham?" (parece-lhe..eu já achei isto meio ridículo mas...quando a resposta veio...)
"Oh filha...não, isso não é descriminação. Nós proibimos a discriminação em razão de sexo, de etnia e de deficiência. Os fumadores podem ser discriminados!"
Será que podem ser discriminados se forem mulheres fumadoras? Se forem deficientes fumadores? Se forem "não brancos" fumadores?!
É a puta da loucura....
Tou-lhe a dar uns aninhos e gordos não têm empregos e pessoal que pinta o cabelo de vermelho também não e quem tem piercings também não.
Mas ainda não acabou...o Filho da Puta que colocou o anúncio (que só é menos filho da puta do que o idiota da UE que aceitou esta discriminação como legítima) disse:
"Ah...quem fuma não pode ser muito inteligente e está sempre a faltar (?!), se não é suficientemente inteligente pra não fumar não é suficientemente inteligente pra trabalhar pra mim!"

1) As mulheres caso sejam mães (e não podem ser proibidas disso de forma alguma) ficam 6 meses em casa....mas não podem ser discriminadas.

2)Eu que fumo devo demorar uns anitos a morrer disso (se isso acontecer) mas se o meu hobby fossem carros de corrida dava pra morrer amanhã...seria assim suficientemente inteligente pra trabalhar pra este mentecapto?

Eu concordo que seja proibido fumar em alguns lugares...como acho que devia haver onde se pudesse (não percebo como se inventa tanta merda e ainda não se descobriu como fazer um cubículo nos aviões onde se pudesse fumar sem incomodar).

Mas...proibir o acesso ao emprego por fumar e ser apoiado pela UE?!

Esta "geração saúde" de inspiração Norte Americana anda-me a deixar doido!

Convivo com gente que é "rato de ginásio" que só fala na merda do horário das aulas e como cresceu não sei quanto no bicep e perdeu não sei quanto nas coxas. Não há saco que aguente!!

Eu gosto de cigarros e de charutos e de comida e de vinho e de whiskey e de cerveja e de me deitar tarde e de ficar horas a escrever/ler/fazer coisa nenhuma... Fazia desporto por competição (o único que pra mim faz sentido) e não porque queria que as fêmeas se deliciassem com os meus (inexistentes) abdominais em vez de com o meu (existente) cérebro.

Aliás...gaja que me venha com as tretas de "step" e de "spining" e de "body combat" é direccionada de imediato pró primeiro camelo que esteja para aturá-la.

Detesto fundamentalista...TODO o tipo de fundamentalistas!!!

PS: admito, apenas, que se seja fundamentalista no que respeita ao ENORME FCP! eheheh

Ambivalências


Não sou um tipo coerente...também não tenho particular interesse em ser.
Não sou fácil de compreender...nem quero.
Viajo à velocidade da luz do bom para o mau humor, da docilidade para o escárnio, do sono para o estado de alerta.
Para quem me vê de fato ou para quem me conhece de dizer olá ou mesmo para quem lê as coisas que eu escrevo, passo por um tipo taciturno, mal humorado, precocemente velho, austero, arrogante, maquiavélico, dantesco....e tudo isso é verdade, apenas não é toda a verdade.
Muitas das vezes tenho 12 anos...
Sou de ficar perplexo quando uma luz se acende (como se lembraram de inventar isto...), quando uma televisão se acende (incrível..), o non sense do Seinfeld e do Gato Fedorento (com as devidas proporções...) deixa-me em êxtase, sou o tipo que se ri do que mais ninguém se ri na sala de cinema.
Decoro linhas de filmes como "he´s like a piece of iron...i keep hiting him and he keeps coming back..." (com o devido sotaque russo imprescindível para se entender que imito Drago no Rocky IV) e rio-me até o ar me faltar.... idiotamente.
Sou o gajo que ouve "dá-me uma chupinha" quando alguém está a comer um gelado e a minha cabeça cai na promiscuidade até mais não parar.
Além de ser inevitável...gosto de ser assim, dá alegria e cor aos meus dias, diverte quem está comigo (presumo) e impede a crise depressiva de acomular de responsabilidades e não dar tempo para responder a todas.
No resto do tempo sou um FDP eheheheh.
Uma coisa não muda apesar da ambivalência e da disparidade dos meus mundos que habitam conjuntamente o mesmo lugar.....A Intensidade.
Quando sou puto sou muito, quando adulto muito também....quando irritado é de fazer tremer a terra ehehehe
Enfim...não sou perfeito.....mas também não queria...que graça teria?!

Lei da Selva


Ontem estava a ver o Batman (não resisto a qualquer filme que reproduza - mais ou menos fielmente - os herois da banda desenhada).
O Batman nem é dos meus heróis favoritos...depende muito de tecnologia e de armadura e tal...sou dos que gosta dos mutantes e coisa desse tipo.
Ontem, durante o filme, lembrei-me de um mito urbano que se criou (julgo não ter passado de mito) que preconizava o aparecimento de um filme que iria colocar em confronto o Batman e o Super Homem.
Quando apareceu esse mito tive vontade de vomitar.
A simples perspectiva de o que esse filme traria deu-me náuseuas.
O desfecho não o posso adivinhar, se bem que a minha aposta vai para que ou ficariam amigos (bah) ou que o batman ganharia o confronto (argh). No limite, tenho a certeza que não fariam um filme com menos do que 90 minutos sobre uma "não história" e mesmo que o Super Homem ganhasse seria, seguramente, uma vitória difícil.
Irrita-me!
Qualquer pessoa que perca 2 minutos a pensar nisto não poderá deixar de achar que é ridículo.
Num plano de realismo (sendo o realismo surreal porque se presumiria a existência de ambas as personagens), bastaria ao Super Homem cuspir ao Batman que ele cairia fulminado.
É a lei das coisas, a diferença de poder é absurda pelo que nem com toda a argúcia do mundo uma formiga vencerá um elefante.
Mas...estes filmes são a projecção de uma "mensagem", uma forma de transmitir à grande massa amorfa de que "é possível superar as dificuldades" e de que "o mais fraco pode vencer" juntando um pouco de "inteligência supera a força".
Acredito em todas as mensagens que transcrevi acima, mas acredito ainda mais na relativização das mesmas.
Acredito que todas as qualidades podem servir para equilibrar uma balança desiquilibrada....mas tudo tem limites.
Este contributo para que as pessoas acreditem nas suas capacidades anda perto do alucinogénico.
Antes do mais acho de toda a utilidade saber que batalha se vai travar e ter a noção de que esta pode ser vencida. Mas é indispensável o realismo.
Tentar derrubar uma parede com a cabeça, por muito grande que seja a crença nas capacidades, pouco mais resultado dará do que uma cabeça rachada...então para quê?!
O orgulho de "não desistir" é útil num plano de combatividade mas ridículo quando ultrapassa as marcas da impossibilidade.
É preciso empregar as forças onde elas serão úteis e não onde o insucesso está a 2 cms do nariz e não se consegue ver.
Batman...espero que, a acontecer o filme, o Super Homem o desmembre em 5 segundos!!

Friday, August 04, 2006

Protótipo Avançado


Hoje a minha mãe veio comigo, precisava de um documento que tinha aqui no escritório e depois levei-a ao emprego dela.
Quando vinhamos a subir as escadas (que são de madeira) ela diz-me baixinho pra ninguém ouvir:
"Estas escadas precisavam de ser enceradas..."
Não o disse com maldade pra com quem deveria prover pela conservação e apresentação de um escitório que se quer (e até é) de topo, disse-o porque reparou naquilo....
Eu jamais repararia (Homem + absolutamente desleixado) e se o dissesse sair-me-ia da boca qualquer coisa como "Não sei para que se paga à X pra esta merda estar neste estado!".
Muitas vezes me pergunto como pode aquele ventre ter gerado uma "coisa" como eu...e depois lembro-me que também tenho pai eheheh.
Surpreende-me, todos os dias, a complacência com que ela olha para as pessoas, a humildade que lhe corre pelas veias, a docilidade que lhe sai em cada palavra...muitas vezes (quase sempre) acho excessiva esta postura de compreensão, acho que não se valoriza como devia, no entanto, valorizo-a eu.
Para eu sentir admiração por alguém é preciso muita coisa, se parar pra pensar não encontrarei seguramente uma mão cheia de pessoas que admire.
Pessoas como ela (que suponho que existam, apesar de não conhecer) estão sujeitas a serem mordidas por todo tipo de víboras que andam por aí.
Acho que a única coisa de bom que resulta de eu estar na vida dela e de eu ser seu filho é que uma viborazita terá muita dificuldade de a morder sem perder a cabeça antes...mas às vezes quem a morde sou eu (merda de feitio estupurado).
Fenris que sai de um anjo que caminha entre nós.
Alguém por aí tem um sentido de humor muito estranho.

Thursday, August 03, 2006

Linhas Ténues


Todos criticam quem mente...inclusive os mentirosos...que o fazem porque até aqui estão a mentir.
Como já escrevi antes (assunto que tem tanto de interessante como potencialmente ilimitado...por isso gosto tanto) não vejo o Mal como absoluto e nem o Bem. Nada, pra mim, foge à gradação e à perspectiva.
"Mentir é de gente sem coragem!"
Não me parece verdade e nem me parece mentira.
A Mentira, como tudo o que faz quem tem 3 neurónios funcionais, tem um objectivo, se assim não for é patologia.
Quem mente em seu exclusivo benefício pode ser egoista ou realita.
Egoista quando prejudica desnecessariamente e pouco ou nada ganha com isso.
Realista quando disso vai retirar um claro benefício de uma situação que o ajudará e não prejudicará ninguém ou de uma situação que lhe será beneéfica e quem é prejudicado ou merece (há quem mereça) ou simplesmente é um dano colateral e aceitável.
O tempo Quixotesco acabou e quem ainda não percebeu arrisca-se a um belo pontapé no cú.
Quem mente porque não quer sofrer as consequências disso ou é desprovido de espinha ou um herói.
O desprovido de espinha mentirá porque porque não quer levar com as consequências do que provocou ou criou.
O herói mente porque prefere rasgar-se por dentro e sangrar escondido do que arranhar quem não merece sofrer com o acto realizado.
Da leitura desta "racionalização do mentiroso" poder-se-ia retirar uma daquelas teorias sociológicas ou coisa que o valha que desculpabilizam quem faz merda ou que, no limite, atenuam a merda feita.
Nada disso!
Acho que quem faz merda deve pagar pelo sofrimento que causou independentemente da intenção que guiou a sua actuação.
O menos culpado é aquele a quem se mente e não o que inflinge a dor da decepção.
No entanto...tudo é o olhar de cima da mesa ou do chão (olá Clube dos Poetas Mortos) e nada é absolutamente virginal ou demoniaco.
Veja-se o Spawn (a explicação da imagem):
O tipo era assassino profissional e foi recrutado pelo Lucifer para comandar os seus exércitos na invasão à terra.
Depois disso, numa reviravolta Hollywoodesca, passa a defender o bem.
O importante é que ainda que defendesse o Bem (conceito quimérico mas que serve pra passar a imagem que pretendo) ele não perdoava nem dava a outra face....fodia o canastro sem complacência aos "Maus".
Existe uma coisa chamada mal menor e outra chamada mal necessário.
Eu, pessoalmente, não quero ser demónio (até porque o vermelho me fica mal) mas tenho bem presente que não quero e não sou um anjo.